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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 01, 2011

Euro em crise


Portugal, à beira da crise, apela à Europa por combate à especulação

28/2 Por Redação, com agências internacionais - de Lisboa

O ministro Fernando Teixeira dos Santos

O ministro Fernando Teixeira dos Santos alerta à Europa

Portugal fez um forte apelo para que a Europa adote medidas mais duras nas próximas semanas contra ataques do mercado, dizendo que, se nada for feito, a reforma econômica será em vão. Portugal é considerado o próximo candidato a ter de recorrer a um resgate internacional, como Grécia e Irlanda, e há dúvidas crescentes sobre a disposição da Alemanha para apoiar a expansão ou a reconfiguração do fundo anticrise da zona do euro, algo que acalmaria os investidores e reduziria a pressão sobre os países.

O ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, disse a uma conferência organizada pela Reuters e pela rádio local TSF que Portugal está pronto para reduzir o déficit orçamentário e implementar reformas dolorosas, como prometido. Porém, ele acrescentou:

– Eu temo que, se a Europa não tomar as medidas necessárias, todo este esforço pode ter sido em vão.

A posição do ministro foi apoiada pelo diretor do BES, segundo maior banco português, que criticou a indecisão europeia sobre como combater a crise de dívida.

– A correção dos desequilíbrios nas finanças públicas está sendo encaminhada e é essencial para a economia portuguesa reconquistar a confiança do mercado – disse Ricardo Espírito Santo Salgado à conferência.

Ele disse que a falta de clareza sobre as decisões que serão tomadas nas próximas reuniões da UE está por trás da disparada nos rendimentos dos bônus de economias fracas da zona do euro, incluindo os de Portugal.

– Após uma correção nos spreads soberanos e no crédito no começo do ano, especialmente por expectativas de uma reforma dos mecanismos de estabilização financeira e de coordenação orçamentária, a incerteza sobre as decisões do Conselho Executivo em março contribuiu para uma nova alta nos prêmios de risco – disse ele.

Em ordem

Teixeira dos Santos disse que os mercados não estão convencidos com as medidas atuais europeias, embora Portugal esteja pronto para agir e colocar a economia em ordem.

– Os mercados querem ação e resultados em três frentes — consolidação fiscal, crescimento econômico e fortalecimento do setor financeiro. Isso depende de nós e nós estamos comprometidos a isso. Nós temos de proceder firmemente com iniciativas nessas três frentes. Existe uma deficiência na construção do euro. Falta uma perna, e essa perna é a componente orçamentária ou fiscal. Temos uma moeda única mas não temos um instrumento orçamentário ou fiscal à escala europeia – disse ele.

*correiodoBrasil

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