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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 04, 2011

Serra prepara voo para o partido criado por Kassab após perder espaço no PSDB

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“Está aberta a janela para o candidato derrotado à Presidência da República José Serra voar para fora do ninho tucano. Na noite passada, uma reunião entre o governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves (MG) praticamente encerrou a discussão sobre o nome que irá conduzir o PSDB até as eleições municipais, no ano que vem. Ambos resolveram apoiar a recondução do deputado Sérgio Guerra (PE) à Presidência Nacional da legenda e enterrar os sonhos de Serra, que desejava comandar o partido e se fortalecer para uma próxima disputa com a presidenta Dilma Rousseff, em 2014.

Aécio, no entanto, tem deixado claro aos interlocutores que não pretende ceder tão facilmente quanto na convenção de 2010. Os delegados, divididos entre os dois líderes da legenda, terminaram por votar em Serra, diante da decisão do ex-governador mineiro de concorrer a uma vaga ao Senado. A cisão, no entanto, aprofundou-se durante a campanha em Minas, onde o candidato tucano amargou uma de suas piores decepções e Dilma, por sua vez, comemorou a vitória sobre o adversário em um Estado controlado pela oposição.

Terminadas as eleições, Serra “perdeu perdendo”, como classificou a derrota dele a adversária do PV, Marina Silva. O grupo serrista, no entanto, ao se ver reduzido apenas a alguns parlamentares e aliados de sempre, como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), procurou minar a candidatura de Guerra para ocupar o Diretório Nacional da legenda. O senador pernambucano, no entanto, aliou-se ao governador paulista e ao senador mais votado da agremiação partidária para se manter no cargo, enquanto Serra, segundo alta fonte no governo paulista desconfia, incensa a criação do Partido Social Democrata (PSD), articulada por Kassab.

O PSD, de acordo o secretário de Alkmin, será a opção natural de Serra caso resolva bater asas do PSDB.” 
*amoralneto

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