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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 07, 2016

Manuela D'Ávila escreve carta a Marcela Temer; leia na íntegra - Portal Fórum

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Pragmatismo Político

A íntegra da carta de Manuela D’Ávila a Marcela Temer  Redação 
Manuela D’Ávila com sua filha Laura (reprodução/facebook)

Por Manuela d’Ávila, via Facebook

Cara Marcela,

Quem me acompanha por aqui ou na vida cotidiana sabe o que eu penso sobre os cuidados e estímulos na Primeira infância. Tanto que decidimos, Duca e eu, ficar esse primeiro ano com Laura. Decidimos para tornar exclusiva a amamentação até o sexto mês, para prolongar a amamentação por mais tempo (Laura ainda mama com 1a1m), para curtirmos nossa pequena.

Porém, isso só foi possível pois Duca é um artista que normalmente não trabalha durante os dias em que eu trabalho. Isso só foi possível porque nos dois não temos jornadas equivalentes de trabalho, não somos “CLT”, pois eu posso viajar para o interior com Laura. Isso só foi possível porque nós somos dois, não sou sozinha nessa aventura. Isso só é possível porque eu tive acesso a toda informação sobre a importância da amamentação e também porque Não ouvi de uma creche que era impossível armazenar leite materno ou que meu leite é fraco.

Mas Escrevo apenas para dizer que sim, oprograma criança feliz, coordenado por ti, Marcela, pode ser importante.

PORÉM, São muitos os poréns.

Não vou falar sobre a volta do primeiro Damismo, esse papel secundário, decorativo, destinado a ti e a todas as mulheres nesse governo golpista.

Quero falar sobre maternidade, sobre não termos receitas, sobre criação com apego, sobre violência obstétrica, sobre creches, educação infantil, horário de atendimento em postos de saúde. Quero falar sobre licença maternidade de 4 meses e paternidade… bem, ser apenas licença hospitalar!

A absoluta maioria das mulheres, Marcela, torce pra conseguir uma vaga em creche quando o bebe tem 100 dias para fazer a adaptação nos últimos 20 da licença. Outras passam o dia angustiadas pois deixam uma “vizinha” cuidando do bebe em ambientes não adequados.

A média desmama aos 56 dias (aliás, porque você não falou em amamentação? A indústria não gosta?). Muitas mulheres são


  • A íntegra da carta de Manuela D’Ávila a Marcela Temer  Redação
    Manuela D’Ávila com sua filha Laura (reprodução/facebook)

    Por Manuela d’Ávila, via Facebook

    Cara Marcela,

    Quem me acompanha por aqui ou na vida cotidiana sabe o que eu penso sobre os cuidados e estímulos na Primeira infância. Tanto que decidimos, Duca e eu, ficar esse primeiro ano com Laura. Decidimos para tornar exclusiva a amamentação até o sexto mês, para prolongar a amamentação por mais tempo (Laura ainda mama com 1a1m), para curtirmos nossa pequena.

    Porém, isso só foi possível pois Duca é um artista que normalmente não trabalha durante os dias em que eu trabalho. Isso só foi possível porque nos dois não temos jornadas equivalentes de trabalho, não somos “CLT”, pois eu posso viajar para o interior com Laura. Isso só foi possível porque nós somos dois, não sou sozinha nessa aventura. Isso só é possível porque eu tive acesso a toda informação sobre a importância da amamentação e também porque Não ouvi de uma creche que era impossível armazenar leite materno ou que meu leite é fraco.

    Mas Escrevo apenas para dizer que sim, oprograma criança feliz, coordenado por ti, Marcela, pode ser importante.

    PORÉM, São muitos os poréns.

    Não vou falar sobre a volta do primeiro Damismo, esse papel secundário, decorativo, destinado a ti e a todas as mulheres nesse governo golpista.

    Quero falar sobre maternidade, sobre não termos receitas, sobre criação com apego, sobre violência obstétrica, sobre creches, educação infantil, horário de atendimento em postos de saúde. Quero falar sobre licença maternidade de 4 meses e paternidade… bem, ser apenas licença hospitalar!

    A absoluta maioria das mulheres, Marcela, torce pra conseguir uma vaga em creche quando o bebe tem 100 dias para fazer a adaptação nos últimos 20 da licença. Outras passam o dia angustiadas pois deixam uma “vizinha” cuidando do bebe em ambientes não adequados.

    A média desmama aos 56 dias (aliás, porque você não falou em amamentação? A indústria não gosta?). Muitas mulheres são

4 h

"Sabe, Marcela, é muito bom cuidar da Laura. Muitas mulheres, como você, optam por não trabalhar, eu as respeito. Outras, como eu, trabalham, estudam e cuidam…
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