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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, outubro 15, 2016

Cunha Preso, Para Sua Própria Segurança




Prisão já
Prisão já

Paulo  Nogueira
Eduardo Cunha corre risco de vida.
Não é exagero.
As chineladas que ele levou de uma senhora no aeroporto foram um alerta. Ninguém terá direito de se dizer surpreso se alguma coisa mais grave acontecer.
Ele é provavelmente o homem mais detestado do país. Cassou 54 milhões de votos da maneira mais abjeta possível. Foi central na interrupção dolorosa da frágil democracia brasileira. Mentiu, trapaceou, roubou. Transformou o Congresso num bordel.
Tudo isso com um riso cínico permanentemente colado no rosto.
Ele é um monstro moral. Até suas lágrimas são sujas e falsas.
Tudo isso é verdade. Mas mais verdade ainda é que devem ser categoricamente repudiados quaisquer ataques físicos contra ele — ou contra quem quer que seja.
Escrachar é uma coisa. No caso de Cunha, um ato plenamente justificado pelo seu conjunto de ações. Agredir é outra coisa — um atentado contra a civilização.
Tudo isso posto e pesado, a conclusão é esta. Há uma única forma de evitar o risco de novos e eventualmente piores ataques contra Cunha.
É prendendo-o.
Sua liberdade é uma afronta a todos os brasileiros. Torna ainda maior o ódio devotado a ele. É um insuportável sinal da impunidade de que gozam tipos como ele — servos da plutocracia. Funciona como uma provocação. E não estamos falando de um sentimento exclusivo de petistas. É uma raiva apartidária, amplamente espalhada.
Repito.
Existe uma única maneira de corrigir este enorme problema.
É prendendo — já — Eduardo Cunha.


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