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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 11, 2016

ataque fascista em são paulo
por Conceição Lemes
Primeiro, assista a este vídeo. São apenas 7 segundos.

Estarrecedor, mesmo!
Aconteceu na última sexta-feira, 7 de outubro de 2016, em plena luz do dia, no centro da cidade de São Paulo, mais precisamente numa rua perto da Praça da República.
Casualmente, Maicon Campos estava próximo. Gravou e postou na sua página, junto com esta mensagem:
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Neste domingo, às 9h, Gerson Carneiro republicou na sua págima. Já tem mais de 62 mil compartilhamentos e 2,4 milhões de visualizações.
Indignado, ele me mandou o vídeo, conversamos a respeito.
“Pensei estar vendo cena de filme sobre o nazismo em alguma rua de Berlim, na década de 1940. Não. É São Paulo em 2016!”, compara.
“Certamente a causa é ódio, fomentado por reacionários via imprensa partidária, nestes tristes tempos”, opina.
“Esse sujeito não chuta apenas um morador de rua. Chuta também as políticas públicas capazes de melhorar a vida do morador de rua”, atenta.
Imediatamente, recorre a Ariano Suassuna, em O Auto da Compadecida, relembra um momento antológico: “Jesus às vezes se disfarça de mendigo para testar a bondade das pessoas”.
O post já tem 544 comentários. A esmagadora maioria condenando a atitude fascista.
Mas um particularmente chamou a atenção de Gerson. É este abaixo. Chocou-o, na verdade.
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Felizmente, na sequência, Vanda Santos rebateu à altura.
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Gerson foi atrás do perfil de Maria Lúcia Avils para tentar entender melhor a reação dessa senhora que, diante da cena, ignorou o fascismo do ataque e prejulgou o sem-teto.
“Não me surpreendi, ela é da ‘República de Curitiba’”, observa. “Tristes tempos, mesmo!”

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