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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 07, 2016

Vítima do médico estuprador faz abaixo assinado em defesa de Monica Iozzi

Vítima do médico estuprador faz abaixo assinado em defesa de Monica Iozzi

Da Redação
Vana Lopes : solidariedade a Monica Iozzi
Vana Lopes : solidariedade a Monica Iozzi
A história ganhou repercussão acima do esperado pelo autor do processo. Ao condenar a atriz Mônica Iozzi a pagar uma indenização de R$ 30 mil por ter criticado a decisão de soltar o médico estuprador Roger Abdelmassih, acusado de cometer estupro contra mulheres que tentavam engravidar, o ministro do STF, Gilmar Mendes, mexeu em algo que parecia sepultado. Além da repercussão que ganha nas redes sociais, o caso suscitou um abaixo assinado de uma das vítimas do médico. Vana Lopes pede que o ministro recue na decisão de condenar a atriz. Algo sutil diante da ação que pedia silêncio e reparação.

A ação de Gilmar, ganha na Justiça, obriga Monica Iozzi a pagar-lhe R$ 30 mil e ainda assumir as custas judiciais. Mônica, como cidadã, criticou a decisão do ministro. Ao liberar o médico estuprador, Gilmar permitiu, involuntariamente, que fugisse. Afinal, o homem que atacou mais de 50 mulheres estava condenado a 278 anos de prisão.

Lançada na última terça-feira (4), a petição tinha o apoio de mais de 20 mil pessoas até o início desta manhã. Mônica fez o comentário no Instagram. de um comentário publicado em sua conta no Instagram.



Na sua página a atriz escreveu:


"Cúmplice? "Gilmar Mendes concedeu Habeas Corpus para Roger Abdelmassih, depois de sua condenação a 278 anos de prisão por 58 estupros. Se um ministro do Supremo Tribunal Federal faz isso. Nem sei o que esperar.", escreveu. 

Por causa do comentário, Gilmar Mendes pediu na Justiça indenização de R$ 100 mil à atriz. Para o juiz que condenou Monica, o comentário dela violou "a dignidade, a honra e a imagem" do ministro.

Vana Lopes criticou a postura do ministro do Supremo. "Quem maiores danos sofreram com todo este drama foram as vítimas de estupro, que não receberam nenhuma indenização. Gostaria de lembrar que o Poder Judiciário deixou escapar o Monstro Abdelmassih, oportunidade que o médico aproveitou para fugir, e esta situação nos trouxe traumas irreparáveis", escreveu Vana, autora do livro Bem-vindo ao inferno, em que relata o drama das vítimas.

"Ademais não podemos esquecer que esta decisão por fim onerou o Estado em gastos para prender o foragido que recaiu sobre todos nós brasileiros. Abster-se de receber a presente indenização certamente não irá ferir vossa honra nem causar maiores danos à militância das vítimas", acrescentou.

Prisão e fuga


Em agosto de 2009, o juiz da 16ª Vara Criminal de São Paulo Bruno Paes Stranforini decretou a prisão de Abdelmassih. No dia 24 de dezembro, Abdelmassih foi solto após Gilmar Mendes, então presidente do Supremo, ter concedido habeas corpus revogando a prisão preventiva do médico. Roger Abdelmassih foi condenado em 23 de novembro de 2010, a 278 anos de prisão pela juíza Kenarik Boujikian Felippe, da 16ª Vara Criminal de São Paulo.

Ele foi acusado de 56 estupros de pacientes em sua clínica. Apesar de condenado, e não poder recorrer da decisão em liberdade inicialmente, Abdemassih conseguiu, por decisão de Gilmar, através de liminar concedida no habeas corpus impetrado no Supremo, o direito de recorrer em liberdade. Em 2011 ele fugiu e só foi localizado em 2014 no Paraguai, onde foi preso e extraditado para o Brasil.

Considerado um dos maiores especialistas em reprodução assistida do país, ele passou a ser acusado em 2008. De acordo com as vítimas, os ataques ocorriam quando elas estavam sozinhas com o médico em salas de consulta ou recuperação. Algumas contaram ter sido abusadas enquanto estavam dopadas por medicamentos.


"O maior estupro foi feito por Gilmar Mendes", diz vítima de Abdelmassih
Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, Monica Iozzi anunciou que vai recorrer da decisão e que apenas exerceu seu direito de expressar uma opinião. "A atriz reafirma que não houve qualquer tipo de ofensa ao ministro, mas sim a expressão de uma opinião sobre um fato público a respeito do julgamento de um médico que chocou o país. Médico acusado e condenado por ter abusado sexualmente de dezenas de suas pacientes", diz o comunicado divulgado pela assessoria da atriz.

Veja a íntegra do texto da vítima de Roger Abdelmassih direcionado a Gilmar Mendes:


"Vossa Excelência Senhor Ministro Gilmar Mendes, meu nome é Vana Lopes,escritora do Livro Bem vindo ao Inferno. Sou uma das vítimas de Roger Abdelmassih e represento dezenas de outras vítimas do ex-médico; também falo em nome do Grupo Vítimas Unidas, que tem mais de 78 mil participantes; por último, falo como cidadã. Venho por meio deste abaixo assinado pedir que a ação onde foi condenada a atriz Monica Iozzi a pagar R$ 30 mil de indenização por danos morais a Vossa excelência seja relevada.



Ao nosso ver, quem maiores danos sofreram com todo este drama foram as vitimas de estupro, que não receberam nenhuma indenização.Gostaria de lembrar que o Poder Judiciário deixou escapar o Monstro Abdelmassih, oportunidade que o médico aproveitou para fugir, e esta situação nos trouxe traumas irreparáveis. Ademais não podemos esquecer que esta decisão por fim onerou o Estado em gastos para prender o foragido que recaiu sobre todos nós brasileiros. Abster-se de receber a presente indenização certamente não irá ferir vossa honra nem causar maiores danos à militância das vítimas. Tenho a certeza de que vossa excelência certamente saberá compreender as nuances do caso. Grata, Vana Lopes (Grupo Vítimas Unidas)".

Acesse a página do abaixo-assinado


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