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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, novembro 23, 2021

História e atualidade do dia 20 de novembro

RESISTÊNCIA – O racismo é, principalmente, uma estrutura de poder e nossa luta, por isso, conta o racismo é contra o capitalismo e sua besta fascista. (Foto: Reprodução oghermez/Instagram) Caroline Alencar, Gustavo Pacheco e Juliana Gomes SÃO PAULO – O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é uma data que traz à tona questões como o racismo e as desigualdades raciais. Em um país como o Brasil, onde 56,1% da população se declara negra ou parda formando a maior população negra fora do continente africano, esse debate se faz extremamente importante. Entretanto, ele acaba sendo deturpado pela ideologia liberal. 20 de novembro é o aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, que nasceu livre em torno de 1655, onde hoje é o estado de Alagoas e foi líder do Quilombo dos Palmares. Pouco se sabe sobre sua vida pessoal, pois existem muitas controvérsias a respeito, mas é inegável a sua importância na história da luta pela liberdade do povo negro. A colonização do Brasil pelos portugueses foi instaurada simultaneamente com o regime de escravidão e rendeu muito lucro ao trazer africanos para as terras brasileiras em condição de trabalho escravo. Submetidos a um regime de torturas muitos negros começaram a fugir para o interior, longe das senzalas, em busca de liberdade e assim surgiram os quilombos como o Quilombo dos Palmares (o maior deles surgido no final do século XVI na Serra da Barriga) que chegou a abrigar 20 mil quilombolas. Lá viviam da caça, pesca e agricultura liderados primeiramente por Ganga Zumba e posteriormente por Zumbi. Por ser um quilombo numeroso, começou a chamar a atenção dos colonizadores que queriam destruí-lo e reescravizar as pessoas que viviam livres. Foram diversas tentativas de destruição as quais os quilombolas resistiram bravamente, mas, uma expedição botou fim a vida de Zumbi que teve sua cabeça decepada, em 1695. Sem sua liderança o quilombo desintegrou-se por completo em 1710. Zumbi nasceu livre, viveu livre e morreu pela liberdade! Tentam, constantemente, apagar sua luta e resistência, afinal, os grandes capitalistas temem a organização de todos os povos oprimidos porque essas opressões são fundamentais para manter as engrenagens do capitalismo funcionando. Mas os comunistas lembramos e vivemos o legado de todos os guerreiros que lutaram por um mundo mais justo assim como fez Zumbi! A luta por liberdade continua viva Apesar dos 133 anos da abolição da escravatura a realidade brasileira segue evidenciando que a Lei Áurea é um texto morto. Apesar de decretar a liberdade dos negros escravizados o Brasil nunca ressarciu essa população pelos mais de 300 anos de escravidão, tão pouco garantiu seu direito a saúde, educação e moradia, isto é, o direito à cidadania. Desde o fim do século XIX, a população afro-brasileira subsiste sem o devido amparo social. Pelo contrário, resiste à necropolítica imposta pelo Estado brasileiro que sempre serviu como ferramenta aos interesses da classe dominante. No lugar da escravidão surgiram no legislativo estratégias que forçavam a subordinação dos negros como a Lei de Terras (que impedia o acesso à moradia), a criminalização da vadiagem (que reprimia pessoas negras e sua cultura) e até mesmo os critérios atuais de prisões preventivas. Não restam dúvidas de que o enunciado “somos iguais perante a lei” não passa de uma falácia. Isso comprova-se ainda hoje pelos recentes dados do número de pessoas mortas pela polícia em 2020, no qual 78,9% eram negros, e pelo percentual de pessoas desempregadas no país. Sem hesitações, nunca houve alforria! Por isso, faz-se necessário manter viva a memória dos verdadeiros heróis deste território como Zumbi, Almirante Negro e Tereza de Benguela. Não só para celebrarmos suas lutas, mas para manter vivos nossos quilombos na luta pela organização e resistência do nosso povo rumo à vitória final: a emancipação do povo negro e o poder popular! Os comunistas e o 20 de novembro O Dia da Consciência Negra e o racismo são deturpados nas escolas, meios de comunicação e nas chamadas redes sociais que omitem que foi a população negra a vanguarda da superação da escravidão e quem construiu as riquezas do Brasil e de vários países europeus à custa da morte de milhões de negros. Omitem que o povo negro foi condenado à condição de coisa, objeto, propriedade e que foi a rebelião, a quilombagem (projeto político muito mais avançado que o das classes dominantes) o motor da História que possibilitou o fim da escravidão. É tarefa dos comunistas – que constroem os movimentos sociais revolucionários de juventude –, mulheres, operários e famílias pobres de grande maioria negras em suas fileiras combaterem radicalmente essa deturpação financiada pela elite. Como afirma Leonardo Péricles, as classes dominantes brasileiras são, desde a invasão de 1500, “autoritárias, racistas e patriarcais, perseguindo e não aceitando o povo, os negros e mulheres nos espaços de poder. São entreguistas, ficando ricas mantendo o povo na miséria, principalmente o povo negro e quando há mudança é para aumentar a exploração e opressão sobre nosso povo, pois essa é a tendência do regime capitalista imperialista”. E diferente do que afirmam os capachos das elites brasileiras, majoritariamente brancas e racistas, os comunistas são as pessoas que lutam de fato pela libertação do povo negro, diferente dos fascistas que põe “quilombola e gado no mesmo patamar citando arrobas.” Leonardo Péricles, coordenador nacional do MLB e pré-candidato à presidência da República pela UP, descende de Zumbi dos Palmares não só do ponto de vista racial, mas também político. Afinal, os quilombos muito se assemelham com as lutas travadas pelo MLB que, desde o início da pandemia, fez 16 ocupações pelo Brasil. E a Unidade Popular pelo Socialismo representa o Poder Negro, da juventude e das mulheres, reforçando o que disse o rapper Eduardo Taddeo: “Sei onde mora o pânico da classe rica, na ideologia afrodescendente, ativista e feminista que diz que não precisamos cantar o hino, ser filmados e sim de líder vindo das ruas de barro.” Como afirmou Léo Péricles: “não podemos ser como os reformistas traidores que não pisam no barro.” Nosso papel enquanto comunistas é ser a vanguarda para uma revolução socialista que acabe com a exploração capitalista e o racismo e instaure o poder popular.
https://averdade.org.br/2021/11/historia-e-atualidade-do-dia-20-de-novembro/?utm_source=feedburner&utm_medium=email

terça-feira, setembro 07, 2021

A MACONHA E VOCÊ

"FALHEI EM TUDO" | Fernando Pessoa

Órfão de pai e mãe vivos

7 de setembro de 2021 Órfão de pai e mãe vivos Por Luiz Fernando Leal Padulla* Há quase três anos ameacei escrever um artigo com esse mesmo título, uma vez que tive a tristeza de constatar que meu pai e minha mãe eram apoiadores do lesa-pátria Bolsonaro. Relutei e não escrevi. A meu ver, após o golpe de 2016, todas as mazelas e crimes – ambientais, políticos e sociais – fariam com que parte desses alienados, incluindo meus genitores, abrissem os olhos. Mas não foi o que aconteceu. E ainda tento entender o que leva essa gente, que se diz cristã, que frequenta missas, que se dizem patriotas, continue a acreditar nas mentiras alienáveis que esse criminoso continua a fazer. Pessoas que, inclusive, tiveram a oportunidade de estudar, mas preferem o desvio de caráter. Hoje, definitivamente, torno-me órfão de pai e mãe vivos, pois desde 2016 começaram a morrer para mim, mas tinha a esperança de uma sobrevida e cura da doença bolsonarismo, fazendo-os perceber que foram enganados. Optaram pela morte ignorante que me machuca e me envergonha. Não vou enumerar aqui todos os adjetivos desqualificáveis que seriam perfeitos para Bolsonaro em mais uma tentativa de mostrar quem ele realmente é e o que representa. Ao invés disso, queria entender como esses “cristãos e cristãs” continuam a apoiar esse canalha que ataca nossa jovem democracia. Como pode alguém, no mínimo humano, defender falas e atitudes contra os pobres, homossexuais, negros e indígenas? O discurso de ódio me fere não apenas por ser esquerdista, mas por notar claramente que o que se passa na cabeça dessa gente não é o bem-estar, igualdade e melhoria para a sociedade, mas apenas o ódio a quem defende isso a ponto de desejarem nossa morte. Será que realmente acreditam no “fantasma do Comunismo” que, infelizmente, jamais aconteceu nem mesmo na “comunista” China, cuja política não apenas é capitalista, mas a maior economia do mundo? E o que dizer desses acéfalos que, na mesma frase, combinam as palavras LIBERDADE e INTERVENÇÃO MILITAR? Como olhar nos olhos raivosos de um pai e uma mãe que apoiam crimes contra o ambiente e o aparelhamento do Estado? Que são coniventes com o desmatamento e os incêndios criminosos na Amazônia e Pantanal, sem que percebam que isso reflete diretamente na crise hídrica e, consequentemente, no custo da energia? Como conviver com essa gente que apoia um corrupto escancarado – não por convicções e perseguição política, mas com provas e laranjas! – que não apenas rouba, mas esfrega na cara da população? Será que realmente esses analfabetos políticos estão concordando em pagar R$7,00 o litro da gasolina, mesmo sendo o Brasil um dos maiores produtores do combustível, mas graças às políticas entreguistas e lesa-pátria do “patriota”, sujeita-se à dolarização do mercado, prejudicando o mercado interno? Estarão esses alienados contentes com mais de 584 mil mortes que a Covid-19 causou graças ao apoio do “cidadão de bem” ao defender o uso de medicamentos superfaturados que não têm eficácia comprovada, recusa da compra de vacinas e incentivar aglomerações e o não uso de máscaras? Comemoram o fato do BraZil ser o 3º país da América Latina no ranking da inflação? Ou ainda os 14,5 milhões de desempregados? Será mesmo que estão vibrando com o retorno do país ao Mapa da Fome, com 20 milhões de pessoas sem ter o que comer e outras 120 milhões (sobre)vivendo em insegurança alimentar? Seria isso o que o deus dessa gente faria? Realmente não está sendo fácil descobrir que muita gente ainda não quer enxergar todo o retrocesso e o caminho ao caos que Bolsonaro nos colocou. Não é mais uma questão de disputa partidária. É a DEMOCRACIA contra a barbárie antidemocrática! Como se sentar à mesa com pessoas que não apoiam incentivo à Educação, que aplaudem a destruição da Ciência e os desmontes das políticas públicas, e ainda te ofendem quando você defende evidências científicas e critica a cloroquina e ivermectina como prevenção à Covida-19? Esse irresponsável, eleito com o apoio das mesmas instituições que hoje ele critica, as quais perseguiram opositores políticos, assim como pelas “fake news”, conseguiu fazer do país um pária mundial com suas bravatas e sandices. Conseguiu, inclusive, destruir famílias. Lamentável, inacreditável, surreal que certas pessoas ainda comprem esse discurso vazio de Bolsonaro e não enxerguem que essa tentativa de novo golpe visa a autoproteção dele e de sua faMILÍCIA, uma vez que as instituições que ele critica e tenta jogar a opinião pública contra, na verdade estão cumprindo seu papel democrático, investigando e punindo os responsáveis pela corrupção e desmandos contra o país. E ele sabe que as investigações da “rachadinha”, “fake news”, a corrupção envolvida na compra de vacinas e remédios, e até mesmo do assassinato de Marielle Franco estão avançando e chegarão até eles. O ataque ao STF é sua cartada final que visa desviar o foco de seu desgoverno. O cerco está fechando. A casa – ou melhor, as mansões compradas em plena pandemia – está caindo. Essa tentativa de insurreição é sua única alternativa. E para isso, muito dinheiro – ilícitos, é bom que se diga! – está sendo investido e derramado nas manifestações. Sinceramente, entristece-me olhar e presenciar fascistas que ainda apoiam esse sujeito vil. Ao mesmo tempo, motiva-me a seguir na luta por uma educação emancipadora, ainda que tentem nos calar com ameaças constantes de censura por justamente educarmos e apresentarmos os fatos que vão além da desinformação dos grupos de WhatsApp e memes das redes sociais. Mas tenho esperança – do verbo esperançar, como diz nosso eterno Paulo Freire – de que esses dias turbulentos irão acabar. Que seja pelo impeachment (ainda que tardio!) ou pelas eleições democráticas que defenderemos e deixaremos essa triste parte da história apenas registrado nas páginas obscuras do verdadeiro BraSil. Já essa gente que se viu representada pelos discursos racistas, homofóbicos, xenofóbicos, deverá ser combatida diariamente. *Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação.

segunda-feira, agosto 16, 2021

Ancine manda arquivar projeto de lançamento de “Marighella”

Cena de Marighella, o filme Filme Marighella Credito: Globo Filmes No último dia 2 de julho, em uma diligência interna, uma gestora do setor de análise técnica e seleção de projetos da Ancine encaminhou o projeto de lançamento comercial do filme “Marighella”, de Wagner Moura, para arquivamento, com a seguinte justificativa: “Procedemos ao cancelamento do projeto acima referenciado e encerramento do respectivo processo devido à DESISTÊNCIA DA PROPONENTE em prosseguir com o projeto na Chamada Pública”. A reportagem entrou em contato com a 02 Cinema, produtora do filme, perguntando se a empresa teria mesmo desistido da Chamada Pública (e, automaticamente, da quantia de R$ 1 milhão), e a produtora enviou a seguinte nota: “A O2 não confirma essa informação”. Se não houve desistência da produtora de “Marighella”, a Ancine cometeu um crime, no mínimo, de falsificação ideológica. Porque, como o projeto foi aprovado pela Diretoria Colegiada, somente uma solicitação formal da empresa é que confirmaria o cancelamento. E não há, no processo, nenhum documento do tipo anexado. Uma presumível censura prévia do Estado brasileiro ao filme de Wagner Moura já foi denunciada em diversos momentos e negada pelo governo em todos eles. Esse último episódio parece demonstrar que há uma predisposição muito bem enfronhada na agência de cinema nacional em relação a isso, assim como uma estratégia. Pronto desde 2019, o filme não consegue estrear comercialmente no Brasil, embora tenha sido selecionado em Chamada Pública da Ancine. O diretor Wagner Moura sempre atribuiu essa dificuldade à ação censória do governo de Jair Bolsonaro, que tem diferenças com o personagem central do filme, o guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969). Bolsonaro até tentou, em 2018, incluir-se entre os “heróis” que fizeram a perseguição ao guerrilheiro (o problema é que ele só tinha 14 anos na época, mas não é exatamente de respeito factual que vive este personagem). A Ancine, por seu lado, argumentou que havia um problema burocrático com a produtora do filme, a O2 Cinema Ltda, e que essa pendência – relativa a um outro filme da produtora, o documentário “O Sentido da Vida” – é que impediria a empresa de prosseguir com os trâmites dentro da estrutura do Estado. A Ancine exigiu a devolução dos recursos investidos no filme “O Sentido da Vida”, dirigido por Miguel Gonçalves Mendes, porque resolveu indeferir uma simples prorrogação de prazo intempestiva. A obra não foi concluída no prazo inicialmente fixado, em junho de 2019, mas a Ancine nunca tinha analisado o pedido de prorrogação (um procedimento corriqueiro na agência) alegando que “em razão da atual composição da diretoria, estão sendo tratadas apenas matérias de caráter urgente”. A vacância de diretores na agência, situação causada pelo próprio governo, foi um cenário que perdurou durante todo o ano de 2019 e o início de 2020. A inflexibilidade seletiva da Ancine não passou despercebida. O próprio agente financeiro que opera o audiovisual brasileiro, o BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento Econômico), em e-mail enviado à agência, questionou a decisão de não estender o prazo, dizendo que os pedidos de prorrogação eram usualmente aceitos. A equipe jurídica do BRDE tomou o cuidado de enviar, nesse e-mail, uma lista com alguns casos em que os pedidos de prorrogação intempestivos tinham sido concedidos: os filmes “Antártica por um ano”, “Organismo”, “Minha fama de mau”, “O imaginário de Juraci-Doréa no Sertão-Veredas”, “Tabuh” e “Breves Miragens de Sal”. A negativa ao pedido da O2, além de ser uma penalidade desproporcional, configurou uma quebra do princípio de isonomia. A verdade é que a censura subliminar sempre teve um alvo bem definido e não confessado: o incômodo (para os revisionistas da História) filme “Marighella”. Para vetar o filme, a Ancine lançou mão de uma justificativa “técnica”: como a O2 estava em inadimplência por causa de “O Sentido da Vida”, não poderia prosseguir com o programa de lançamento que tinha previsto para o novo filme. Mas é agora que vem a parte mais assombrosa dessa situação. No início de abril de 2021, a situação do filme “O Sentido da Vida” foi resolvida com a concessão da prorrogação do prazo de finalização. Isso, em tese, encerraria as pendências da O2 e liberaria o lançamento de “Marighella”, cujo projeto de comercialização tinha sido aprovado em Chamada Pública após reunião da Diretoria Colegiada da Ancine, mediante solicitação da empresa. É então que entra a diligência interna relatada acima, que fala em “desistência” da produtora – fato que é negado pela empresa. Com Seu Jorge no papel principal, “Marighella” segue sendo exibido com êxito em festivais de cinema no mundo, além de já ter sido aplaudido no Festival de Berlim. No Brasil, entretanto, não consegue estrear: já teve outras duas datas adiadas somente este ano. O filme se baseia na biografia escrita pelo jornalista Mário Magalhães e publicada em 2012, “Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo”. https://farofafa.com.br/2021/08/13/ancine-manda-arquivar-projeto-de-lancamento-de-marighela/?fbclid=IwAR1DBmPO6mlxJikyMgwQxVDSID0GZVbncpkAEqDWk8VyOIEMzjVu_w8WWh8

terça-feira, março 23, 2021

QUEM É SILVIO SANTOS

Como Ser Homem Na Nova Era (TÁ TUDO ERRADO)

STF: Moro foi parcial ao julgar Lula. Bolsonaro cedeu à pressão dos EUA ...

VISTA DO CORCOVADO EM 1841 - RIO DE JANEIRO ANTIGO

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SEIS RAZÕES PARA CHAMAR BOLSONARO DE GENOCIDA

domingo, março 07, 2021

“O mundo não conhecerá a paz” até que os EUA deixem de “interferir nos assuntos internos de outros países”

“O mundo não conhecerá a paz” até que os EUA deixem de “interferir nos assuntos internos de outros países” Segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, “a cooperação deve ser o objetivo principal” tanto para Pequim como para Washington. “O mundo não conhecerá a paz” até os Estados Unidos deixarem de “interferir nos assuntos internos de outros países”, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Yi durante uma conferência de imprensa. “Durante muito tempo, os EUA interferiram arbitrariamente nos assuntos internos de outros países sob a bandeira da chamada democracia e dos direitos humanos, causando muitos problemas no mundo e tornando-se mesmo uma fonte de tumultos e guerra”, salientou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês. “Os EUA devem perceber isto o mais depressa possível; caso contrário o mundo não conhecerá a paz”, acrescentou Wang Yi. Segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, o mais importante nas relações sino-americanas é o respeito pelo princípio da não-intervenção nos assuntos internos, que é também uma disposição clara da Carta das Nações Unidas e o princípio fundamental de todas as relações internacionais. Salientou também que tudo relacionado com Hong Kong, Tibete, Xinjiang e Taiwan são assuntos internos da China e que só o povo chinês pode decidir se o governo chinês está a fazer bem ou mal. Por outro lado, Wang considera normal que os EUA e a China mantenham diferenças e contradições – uma vez que têm sistemas sociais diferentes -, embora o importante seja saber “controlá-los eficazmente através de uma comunicação honesta, evitar erros estratégicos de julgamento, e evitar conflitos e confrontos”. Segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, “a cooperação deve ser o principal objectivo perseguido tanto pela China como pelos EUA”. O chefe da diplomacia chinesa também apelou aos Estados Unidos para “remover todas as suas restrições pouco razoáveis à cooperação bilateral o mais rapidamente possível” e “não criar novos obstáculos”. Num discurso semelhante no mês passado, Wang apelou à nova administração dos EUA para que removesse as tarifas e sanções, particularmente sobre as empresas tecnológicas da China, de acordo com a CNBC News. https://estrategiaglobal.org/2021/03/07/china-o-mundo-nao-conhecera-a-paz-ate-que-os-eua-deixem-de-interferir-nos-assuntos-internos-de-outros-paises/?fbclid=IwAR2HVeOmsIN5HveAPK8uCZJJctSzdHK9p9UJZRRab2u6kstQL9HnBQxeOOg

ABUSIVA, COCA-COLA É KAROL CONKÁ DO CAPITALISMO

QUEM FOI CARL SAGAN

Shiva Um Ser Masculino e Feminino Pleno | Sadhguru Português Yoga

UMA FRENTE AMPLA CONTRA BOLSONARO É POSSÍVEL? FLÁVIO DINO RESPONDE

sábado, fevereiro 27, 2021

MAO TSÉ-TUNG │História

China: da revolução comunista ao protagonismo mundial

Rita von Hunty: uma intelectual do seu tempo | Entrevista com Leandro Ka...

🔴 Eduardo Marinho - A Faculdade Da Vida ( Reflexão e Motivacional )

PM invade ocupação no centro de São Paulo e prende lideranças do movimento de moradia

PM invade ocupação no centro de São Paulo e prende lideranças do movimento de moradia Posted: 26 Feb 2021 11:01 AM PST Isabela Alho e Felipe Fly Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas Fileira de viaturas e motocicletas da PM cercam a Ocupação Mauá. Foto: Reprodução. SÃO PAULO – Na tarde do último sábado (20), 4 viaturas da BAEP, 4 da Força Tática e 11 Rocam chegaram à Rua Mauá, onde se encontra a Ocupação Mauá, na região do centro de São Paulo. Fortemente armados, os policiais invadiram o prédio sem mandado judicial e sem abrir espaço para negociação com as lideranças do movimento que estavam no local. A invasão foi realizada pelo 7º batalhão da PM tem histórico em invadir ocupações urbanas, como fez em 2013, reintegrando violentamente a Ocupação do Espigão. Além de impedir a entrada das lideranças do movimento no prédio, os policiais também proibiram as famílias que estavam no prédio de sair de suas casas. Depois de algum tempo, pressionada, a polícia permitiu a saída de algumas pessoas, mediante revista invasiva e injustificada. A invasão ocorreu sem amparo legal, seja de um mandado expedido previamente ou autorização para o porte de armas ou uso de cães farejadores nas residências das famílias. O quadro se agrava mediante o registro das câmeras internas que mostram um dos policiais entrando com uma mochila cheia, e saindo com ela vazia, logo após deter uma das moradoras que foi levada grávida para a 2ª DP, acusada de porte de entorpecentes. Outra moradora da ocupação relata que: “eles chegaram numa loucura, por volta de 15h e pouco da tarde, eu me apresentei, não deixaram eu entrar e quem estava dentro não podia sair. Foi bem constrangedor, muito desrespeito.” No vídeo da câmera interna da ocupação é possível ver os fuzis da polícia apontados para cima, mirando nas moradias de trabalhadores, crianças, mães e pais de família, ou seja uma ação fascista, violenta e inconstitucional. Liberdade imediata a Adriano, Silmara e Neti Na noite de ontem (25), lideranças das ocupações Mauá e Pena Forte, os companheiros Adriano, Silmara e Neti, foram levados pela polícia civil sob a justificativa de que estariam envolvidos nos casos de furto da região de da Luz (SP), mesmo sem ter nenhuma prova. A prisão destas lideranças da luta por moradia tem por objetivo criminalizar os movimentos e impedir a luta pelos direitos do povo pobre. Apesar disso, a Ocupação Mauá resiste. “Eles tem feito de tudo para criminalizar os movimentos de moradia. Nós lutamos por habitação, é isso que fazemos, há anos. Não vamos nos assustar, seguimos firmes na luta, que é o nosso lugar. Precisamos denunciar nas ruas, com o povo” disse o coordenador da Ocupação, Nelson, ao Jornal A Verdade. Assembleia realizada na Ocupação Mauá em 2017, quando a ocupação passou por outra ameaça por parte da Polícia Militar. Foto: Paulo Pinto/AGPT. Na próxima semana, a Ocupação Mauá comemora 14 anos de existência. Quando a ocupação foi realizada, naquele terreno havia um hotel que já não exercia atividade alguma havia anos e encontrava-se em total situação de abandono. No lugar de um prédio abandonado surgiu a ocupação que abriga mais de 230 famílias, além de atividades culturais e educacionais. As famílias que moram ali cumprem o previsto no ordenamento jurídico, uma vez que conferiram uma função social à propriedade que estava inutilizada. Alinhado à política do Governo Bolsonaro de extinção dos programas habitacionais para a população de baixa renda, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), massacra todos os dias o povo que precisa de moradia. Não podemos permitir que ações inescrupulosas como essas ocorram sem denúncias. Num país em que 7,8 milhões de pessoas se encontram numa situação de déficit habitacional, em que tivemos a pior gestão do mundo com relação à pandemia da COVID-19, é preciso, justo e necessário que defendamos as ocupações de moradia organizadas. Não recuaremos. A cidade é do povo. A terra é do povo. E se estamos em nosso direito, ninguém há de tirá-lo. Todo apoio à Ocupação Mauá! Só o povo salva o povo! Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito!

quinta-feira, fevereiro 18, 2021

PM-SC executa jovem à luz do dia, pelas costas, em meio a crianças e moradores.

 

PM-SC executa jovem à luz do dia, pelas costas, em meio a crianças e moradores.

Posted: 17 Feb 2021 08:10 AM PST

Florianópolis(SC) – No último dia 15/02, a redação do Jornal A Verdade em Santa Catarina, foi chamada para cobrir um ato de protesto em frente ao Morro do Mocotó em Florianópolis, capital do Estado. Mais uma vez, a Polícia Militar do estado de Santa Catarina( PMSC) tirava a vida de um jovem da comunidade. Bruno Adriano de Barcelos, o “Caju”, foi morto com um tiro nas costas na manhã do último sábado, às 08 horas da manhã. O jovem havia completado 26 anos na sexta-feira, um dia antes de ser assassinado.

Por: Redação de Santa Catarina

Segundo conta sua esposa, Jennifer, Caju descia o morro pela manhã, quando foi alvejado com dois tiros, sendo um deles pelas costas. Os moradores que estavam pela região e até mesmo a ambulância do SAMU foi impedida de acessar o local para prestar os devidos socorros, o que acarretou na morte do Jovem. Caju deixou esposa e um filho de seis anos. “O que eu fiquei sabendo foi isso, mataram ele pelas costas, e ele estava desarmado, não tinha arma, não tinha nada, ele estava no morro, ele era tatuado, e falaram que ele era traficante”, conta Jennifer sobre o marido que não era envolvido com tráfico de drogas.

A moradora Elainebeth, de 54 anos, testemunhou a ação e contou sobre as cenas de terror produzidas pela PMSC na morte de Caju: “(A Polícia) já chegou atirando, atirou pelas costas do menino, o policial engatilhou a arma três vezes e eu me meti na frente, com medo dele atirar nos meus netinhos que estavam brincando. Aí eles desceram a escadaria, entraram na casa de um moço, o guri caiu duas casas abaixo da minha, eles pegavam o guri pelos cabelos, levantavam o guri de um lado pro outro dizendo ‘tá morto!’”

À acusação de agressão e execução sumária de Caju se somam as denúncias de omissão de socorro por parte dos policiais. Sobre isso, Elainebeth continua: “Nós ligamos pro SAMU, mas eles disseram que só viriam se a polícia autorizasse, um descaso com a nossa comunidade, pra mim isso é omissão de socorro. Aí nós ligamos para os bombeiros, quando eles chegaram, já fazia mais de uma hora que o guri estava no chão, nos disseram que ele estava morto.”

Florianópolis, cada vez mais se mostra como terra de contradições gigantescas, sendo a famosa “Ilha da magia” para os ricos, e estado de exceção para os pobres, pretos e favelados, onde subindo morro acima, parte da constituição não vale, e as violações não são exceção, mas a regra.

É o que encontramos nos relatos de outras mulheres presentes no ato, como Priscila, de 19 anos, que perdeu o marido também para a Polícia em 26 de Abril de 2020, atingido por um tiro na perna e outro no pescoço. Seu marido foi alvejado enquanto esperava um lanche, foi agredido mesmo após ser baleado, como indicavam marcas em seu rosto durante o velório, e também teve o atendimento médico negado pelos policiais ao impedirem o acesso do SAMU ao local.

Na segunda-feira, durante o ato de protesto, muitos policiais acompanhavam o movimento, ostensivamente armados e não poucas vezes intimidando as mulheres e demais moradores presentes. Se não bastassem todos os abusos relatados, fontes afirmam que sempre após as mobilizações da comunidade, a violência aumenta no morro. “Pode ter certeza que amanhã ou depois eles vão entrar na nossa casa e quebrar tudo!”. São diversos relatos de intimidação, ameaça e perseguição, sobretudo às mulheres, vítimas da violência direta e indireta de quem deveria proteger a comunidade, garantir o direito constitucional à ampla defesa, julgamento justo e presunção da inocência. Preceitos jurídicos fundamentais que parecem não valer nada

As consequências da violência de Estado são diferentes de pessoa para pessoa. Enquanto Jennifer não quis dizer mais nada além de relatar o caso, Dona Elainebeth afirma “Esse ato é para avisar para o povo o que está acontecendo na nossa comunidade, e não vou dizer que são todos os policiais, porque não é! É uma equipe só que entra no morro e barbariza, que já chegam atirando na gente.” E continua, “Eu queria que as pessoas entendessem que nós temos filhos, nós sofremos, eu perdi meu filho a dois anos e sete meses, executado pela polícia, e hoje passando pelos policiais, um deles mexeu comigo – ah, o Wallace não existe mais – ele falou pra mim, mas por que mexe comigo, deixa minha dor! Porque eu não superei ainda”.

Mesmo em meio a todos esse cenário de crimes de guerra, não se vê em Florianópolis manifestação das instituições catarinenses a favor das famílias, da comunidade, não se vê rastro nem cheiro de uma postura mais ativa em defesa dos direitos humanos e contra as absurdas e constantes violações. De tudo isso,  ficam afirmações e questionamentos sobre o lema da Polícia Militar do estado: “Preservar a ordem”, e aqui vemos o quanto injusta, violenta e estruturada ela é, e  “Proteger a vida”, mas a vida de quem?

Enquanto mais um caso explode em Florianópolis, as famílias lidam com o luto ao mesmo tempo em que se agarram à luta. “Pelos nossos direitos” como diz Priscila, e “não vamos parar” como gritavam as mulheres, é a luta de classes que se impõe na cidade. Enquanto as forças de segurança do Estado buscam a manutenção da ordem da violência, do abuso e da execução contra favelados, pretos e pobres, e as políticas de genocídio avançam nas periferias do país, do outro lado mulheres, mães e jovens se organizam para resistir em meio à sangue e lágrimas, até que se faça a justiça e se garanta o direito de viver com dignidade. “Por todos os meios necessários”, como dizia Malcolm X, um novo dia chegará!

Segue link dos vídeos do ato em Florianópolis-SC.

https://drive.google.com/file/d/1KNxLy_KVLjiAv8j4a1BUc356h-L4f383/view?usp=drive_web

https://drive.google.com/file/d/1UpD1NsFzlNQMCCeoZSdIHbvTRAu7OO5S/view?usp=drive_web