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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 31, 2014


Para provar que não roubou, homem tira roupa em shopping de Salvador

viaPragmatismoPolitico


Indignado, homem acusado de roubo tira a roupa para provar inocência. “Só porque sou negro? Eu sou trabalhador, rapaz, não sou ladrão, não”, disse, sob aplausos dos demais consumidores do shopping

Um vídeo que mostra um homem se despindo no Salvador Shopping tem circulado por redes sociais nesta quinta-feira (28). Ele é ouvido dizendo que não se incomoda de ir para delegacia. “Eu sou trabalhador, rapaz, não sou ladrão, não”.
As imagens mostram que, enquanto grita, ele tira a roupa. “Cadê o roubo? Mostre o roubo, aqui, d…”, diz. Os outros consumidores do shopping param para assistir à cena e batem palmas diante de sua atitude.
Segundo as testemunhas que registraram o vídeo, o incidente aconteceu na loja de material esportivo “Centauro”, mas a cena filmada acontece no meio do shopping. Um segurança é visto se aproximando do rapaz depois que ele tira a calça. “Não roubei nada, não. Veio de lá do shopping me seguindo”, diz, ainda gritando, ele.
VEJA TAMBÉM: As últimas frases de homens negros assassinados por policiais
Logo depois, ele bota a mochila e sai. Ainda do lado de fora, continua gritando com o segurança. “Saio do shopping e o cara me seguindo (…) Só porque é negro, é negão, vai roubar. Vá se f…”.
O Salvador Shopping foi procurado e afirmou que o caso aconteceu depois de uma discussão entre um vendedor e o cliente e este último saiu, por vontade própria, da loja. A assessoria não confirmou que o caso aconteceu na Centauro e afirmou ainda não saber se o cliente foi acusado de roubo. Representantes da Centauro não foram encontrados para se posicionar.
Vídeo:
Programa debate o assunto que tomou conta da rede
Alberto Dines apresenta o Observatório da ImprensaAlberto Dines apresenta o Observatório da ImprensaO uso da rede de computadores do Palácio do Planalto para alterar o perfil dos jornalistas Míriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg demonstrou mais uma vez a vulnerabilidade das novas tecnologias de comunicação e a necessidade de estabelecer protocolos de segurança mais aprimorados para assegurar a integridade do cidadão.
Para garantir que informações pessoais não circulem na rede contra a vontade do usuário, profissionais altamente qualificados são oferecidos por agências. O negócio é altamente lucrativo e empresas de gerenciamento de imagem empregam profissionais de SEO (Search Engine Optimization). Eles fazem o monitoramento em sites de buscas e deixam o cliente bem colocado nas primeiras páginas.
Hoje, as agências de comunicação unem jornalismo, relações públicas, manejo de redes sociais, publicidade e conteúdo e se esmeram em ferramentas para destacar o melhor do cliente e esconder o indesejável. Diversos mecanismos já foram criados. Alguns são usados para denegrir a reputação de internautas, o secret é um exemplo. Lançado no início do ano nos EUA, o aplicativo permite que mensagens anônimas sejam postadas. O recurso que virou febre entre os jovens possibilita a prática de bulling. O caso já virou alvo da Justiça, investigação da polícia e mobilizou debates nas escolas.

http://tvbrasil.ebc.com.br/observatorio/episodio/reputacao-na-internet
Apresentação: Alberto Dines