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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, agosto 26, 2014


Casal sofre racismo após publicar foto no Facebook

Jovem negra que namora um rapaz branco sofre enxurrada de ataques racistas no Facebook após a publicação de uma simples imagem

racismo casal facebook
Jovem negra sofre racismo após publicar foto ao lado de seu namorado branco (reprodução)
Um casal foi vítima de comentários racistas após a publicação de uma imagem no Facebook.
A jovem negra D.M, que namora L.F, um rapaz branco, postou uma foto que é considerada habitual pelos brasileiros que frequentam as redes sociais: a demonstração de afeto de um casal. No entanto, o que deveria ser normal se transformou em um manancial de ódio e de deboche criminoso.
Alguns comentários sugeriram que D.M seria uma escrava por namorar um rapaz branco. “Onde o rapaz teria comprado a escrava?”, questionou um perfil, que recebeu apoio: “O casal parece que está na senzala”. “Se mexer vira nescau”, publicou um outro internauta já identificado pela Polícia Civil.
D.M postou uma mensagem no Facebook lamentando as manifestações racistas que se sucederam após a publicação da imagem. “Haverá racismo enquanto as pessoas não entenderem que por dentro somos todos iguais”, afirmou.
Para quem ainda duvida da existência de racismo no Brasil, não há outra motivação para os ataques a não ser a pigmentação da pele. Preconceito racial puro e indiscriminado.
A página Pretinho do Poder repercutiu o caso nas redes sociais. Até o fechamento desta edição, mais de 146 mil curtidas e 18 mil compartilhamentos foram registrados.
A Polícia Civil informou que deverá iniciar a apuração dos fatos e instaurar inquérito assim que o casal formalizar a denúncia e registrar a ocorrência.
*PragmatismoPolitico

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