6-argumentos-para-acabar-com-o-capitalismo
De todos os modelos econômicos que já existiram na história da humanidade, nenhum foi tão bem sucedido como o capitalismo, ao menos se julgarmos em função de sua sobrevivência, de sua capacidade de adaptação, de sua habilidade surpreendente para eludir crises e conflitos. Uma das invenções mais acabadas do ser humano, o capitalismo encontra-se animado por um mecanismo quase perfeito que o faz parecer imune a todo ataque, capaz de assimilar suas contradições em uma espiral dialética que também parece infinita e ilimitada.
No entanto, depois de ao menos cinco séculos de predominância, dizem que a hora do capitalismo começa a soar. Alguns especialistas falam de sua obsolescência manifestada na deterioração que sua ação surtiu nos mais diversos âmbitos: desde o pessoal e coletivo até o ambiental e planetário, uma degradação que atinge aspectos como o comportamento, a psique e à estabilidade espiritual.
O caso é que de alguma maneira acreditam que no coração do capitalismo bate uma força destrutiva que nos conduz inevitavelmente ao caos e ao colapso, e daí ao nada e o vazio.
Em um livro publicado recentemente, Jerry Mander, conhecido ativista e escritor estadunidense, propõe 6 argumentos pelos quais chegou o momento de declarar o esgotamento do capitalismo, 6 de suas característica mais essenciais que, segundo ele, converteram o sistema em uma ameaça inclusive para nossa própria sobrevivência como espécie.
PIRAMIDE-CAPITALISTA
Traduzimos integralmente:
1 – Amoralidade: o incremento da riqueza individual e corporativa é o coração principal do capitalismo. O reconhecimento de qualquer preocupação social ou relação com o mundo natural que transcende a meta de incremento do acúmulo de capital, é extrínseca ao sistema.
2 – Dependência do crescimento: o capitalismo descansa no crescimento ilimitado, mas os recursos naturais essenciais para a geração de riqueza são finitos. A super exploração é exaustiva com aqueles recursos e destrói os ecossistemas dos quais fazem parte, arriscando tanto a sobrevivência humana como a de outras espécies.
3 – Propensão à guerra: em vista de que a única meta é acumular e não distribuir a riqueza, os recursos que produzem riqueza devem ser controlados, portanto, a guerra é inevitável.
4 – Iniquidade intrínseca: sem nenhuma força exterior que a restrinja nem um princípio internalizado de equidade social, o acúmulo de capital leva quase exclusivamente a mais acumulo e o capital se concentra em poucas e poucas mãos.
5 – Antidemocrático: as democracias são corruptíveis, ou seja, a riqueza pode comprar muito da representação que precisa para obter as leis necessárias para mais acumulo e concentração de riqueza. Isto significa que conforme a concentração da riqueza incrementa, a democracia degrada e ao final se destrói.
6 – Improdutividade de felicidade real: a felicidade humana e o bem-estar estão evidentemente ligados a outros fatores além do acúmulo de capital. A extrema pobreza claramente não produz felicidade, mas a riqueza também não, passado um nível relativamente modesto. A felicidade encontra-se mais disseminada onde há garantias de que as necessidades básicas estejam cobertas para todos, a riqueza se encontre melhor distribuída e os laços entre as pessoas e o ambiente natural sejam mais fortes que o desejo de acumular riqueza.
Talvez agora, que algumas nações ricas começam a fazer água e que o todo poderoso EUA exibe tímidos sinais de debilidade, a pergunta seja se realmente nos encontramos ante o ocaso deste sistema ou se, como já aconteceu em outras ocasiões, o capitalismo perambulará ainda por muito tempo como um zumbi putrefato (para os novos pobres), expondo suas entranhas que seguirão alimentando com fartura a muitos (os novos ricos).
Extra:
A transição entre o feudalismo e capitalismo se deu graças ao mercantilismo e a formação dos Estados nacionais modernos. Capitalismo só existe com Estado, pois este é o único que pode garantir e legitimar a propriedade privada.
Contradição capitalista: qual seria o auge coletivo possível do nosso sistema ? Todo mundo virar bilionário?
Mas se isso acontecer, o bilionário não terá poder algum sobre os outros, já que todos os outros serão. Ou seja, a desigualdade é a essência do capitalismo. Não existe bem-estar social.