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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 31, 2013

A Globo, afinal, cospe no golpe em que comeu e engordou

globogolpe

A Globo, afinal, cospe no golpe em que comeu e engordou

31 de agosto de 2013 | 20:41
O Globo divulgou agora à tarde um comunicado, em que reconhece que seu apoio ao Golpe de 64 foi um erro.
“Desde as manifestações de junho, um coro voltou às ruas: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”. De fato, trata-se de uma verdade, e, também de fato, de uma verdade dura.
Já há muitos anos, em discussões internas, as Organizações Globo reconhecem que, à luz da História, esse apoio foi um erro.”
Não foi um erro, foi um crime e deste crime as Organizações Globo beneficiaram-se lautamente, ao ponto de fazer com que a fortuna dos três herdeiros do capo Roberto Marinho constitua-se na maior do Brasil e uma das maiores do mundo.
Nenhum militar dos que tenham feito e servido à ditadura tem sequer um milésimo do que o regime deu aos Marinho.
Portanto, começemos assim, chamando as coisas pelo que elas são. Não erro, não “equívoco”.
Crime. Contra a democracia, contra o voto popular, contra a vida de milhares de cidadãos mortos pela ditadura que a Globo ajudou a fazer e a sustentar, e ganhando muito, muito, muitíssimo dinheiro com isso.
Esse dinheiro, certamente, a Globo não considera um “erro”, pois não.
Pois seu império nasceu ali, junto com a ditadura, com um negócio ilegal que o regime ditatorial tolerou e acobertou: a associação com o grupo Time e as fartas verbas que os EUA destinavam a evitar o “perigo comunista”, colocando a nascente e poderosa mídia, a televisão, nas mãos amigas de “gente confiável”.
A Globo usou esse poder. Em condições ilegais perante o Código Brasileiro de Telecomunicações que proibia a concentração de emissoras em todo o país nas mãos de um só grupo empresarial, comprou televisões em todo o Brasil, dissimulando-as na condição de “afiliadas”, quando são verdadeiras sucursais do grupo, presas inteiramente a seu comando e estratégia de negócios.
Para isso, lambeu as botas da ditadura e serviu-lhe de instrumento despudorado de propaganda.
O que seu editorial de hoje diz, ao procurar desvincular-se do horror da tortura e da morte, ao falar de como Roberto Marinho protegia “seus comunistas” é de uma indignidade sem par. Ou vamos entender que aquele que não era seu empregado poderia bem morrer sob seu silêncio, ou vamos entender que aqueles profissionais, que trabalhavam e contribuíam para o sucesso da empresa, merecem ser exibidos como “gatinhos de estimação”, gordos e protegidos, e “livres da carrocinha” que laçava outros pelas ruas deste país.
A Globo nunca teve vergonha de, nas palavras de seu Füher, “usar o poder” de que dispunha em benefìcio dos políticos e governantes de sua predileção, durante e depois do período militar.
Patrocinou a Proconsult contra Brizola. Manipulou o debate de 89 em favor de Collor e contra Lula. Apoiou desavergonhadamente a eleição de Fernando Henrique Cardoso, encobrindo-lhe a escapada conjugal desastrada, somando-se à manipulação eleitoral da nova moeda, promovendo a dilapidação das empresas pertencentes ao povo brasileiro e apoiando e dando legitimidade à vergonhosa corrupção que envolveu a aprovação da proposta de reeleição em causa própria.
Quem quiser provas disso, leia O Príncipe da Privataria, que chegou este final de semana às livrarias.
A autocrítica, que nos homens de bem é uma virtude e um momento a ser louvado, na Globo é apenas o que ela é: interesse em dinheiro transformado em sabujice.
Percebeu que o projeto Lula-Dilma não pode ser derrotado, malgrado todas as suas tentativas, e lança estes “mea culpa” fajutos para se habilitar – ainda mais, ainda mais! – aos dinheiros públicos do Governo, vício incorrigível de seu ventre dilatado e enxundioso.
Tudo na Globo é falso, como tive a honra de escrever há quase 20 anos para Leonel Brizola em seu famoso “direito de resposta” à Globo.
Nem o coro que diz que “voltou às ruas” – ele nunca saiu! – não é esse: é “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”.
Porque o povo, que não é bobo, pode perdoar aqueles que erraram e mudaram sinceramente de atitude ao perceber seu erro.
A Globo, não.
Comeu cada côdea do rico pão que o regime lhe deu e só mudou de lado quando as ruas, inundadas pelas “Diretas-Já” tornaram o regime uma sombra em ruínas.
Seus jovens executivos, que planejaram este ato de contrição fajuto, com todos as suas melosidades e senões, são apenas pequenos maquiadores deste monstro que acanalhou a vida brasileira e que vai ter um fim mais rápido e ruidoso do que muitos imaginam.
Porque o povo não é bobo, sabe que a Globo é um cancro que precisa ser extirpado da vida brasileira.
E é por isso que grita o que a Globo não pode confessar:
Abaixo a Rede Globo!
PS. reproduzo, enojado, o texto editorial de O Globo.

Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro

  • A consciência não é de hoje, vem de discussões internas de anos, em que as Organizações Globo concluíram que, à luz da História, o apoio se constituiu um equívoco
RIO – Desde as manifestações de junho, um coro voltou às ruas: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”. De fato, trata-se de uma verdade, e, também de fato, de uma verdade dura.
Já há muitos anos, em discussões internas, as Organizações Globo reconhecem que, à luz da História, esse apoio foi um erro.
Não lamentamos que essa publicação não tenha vindo antes da onda de manifestações, como teria sido possível. Porque as ruas nos deram ainda mais certeza de que a avaliação que se fazia internamente era correta e que o reconhecimento do erro, necessário.
Governos e instituições têm, de alguma forma, que responder ao clamor das ruas.
De nossa parte, é o que fazemos agora, reafirmando nosso incondicional e perene apego aos valores democráticos, ao reproduzir nesta página a íntegra do texto sobre o tema que está no Memória, a partir de hoje no ar:
1964
“Diante de qualquer reportagem ou editorial que lhes desagrade, é frequente que aqueles que se sintam contrariados lembrem que O GLOBO apoiou editorialmente o golpe militar de 1964.
A lembrança é sempre um incômodo para o jornal, mas não há como refutá-la. É História. O GLOBO, de fato, à época, concordou com a intervenção dos militares, ao lado de outros grandes jornais, como “O Estado de S.Paulo”, “Folha de S. Paulo”, “Jornal do Brasil” e o “Correio da Manhã”, para citar apenas alguns. Fez o mesmo parcela importante da população, um apoio expresso em manifestações e passeatas organizadas em Rio, São Paulo e outras capitais.
Naqueles instantes, justificavam a intervenção dos militares pelo temor de um outro golpe, a ser desfechado pelo presidente João Goulart, com amplo apoio de sindicatos — Jango era criticado por tentar instalar uma “república sindical” — e de alguns segmentos das Forças Armadas.
Na noite de 31 de março de 1964, por sinal, O GLOBO foi invadido por fuzileiros navais comandados pelo Almirante Cândido Aragão, do “dispositivo militar” de Jango, como se dizia na época. O jornal não pôde circular em 1º de abril. Sairia no dia seguinte, 2, quinta-feira, com o editorial impedido de ser impresso pelo almirante, “A decisão da Pátria”. Na primeira página, um novo editorial: “Ressurge a Democracia”.
A divisão ideológica do mundo na Guerra Fria, entre Leste e Oeste, comunistas e capitalistas, se reproduzia, em maior ou menor medida, em cada país. No Brasil, ela era aguçada e aprofundada pela radicalização de João Goulart, iniciada tão logo conseguiu, em janeiro de 1963, por meio de plebiscito, revogar o parlamentarismo, a saída negociada para que ele, vice, pudesse assumir na renúncia do presidente Jânio Quadros. Obteve, então, os poderes plenos do presidencialismo. Transferir parcela substancial do poder do Executivo ao Congresso havia sido condição exigida pelos militares para a posse de Jango, um dos herdeiros do trabalhismo varguista. Naquele tempo, votava-se no vice-presidente separadamente. Daí o resultado de uma combinação ideológica contraditória e fonte permanente de tensões: o presidente da UDN e o vice do PTB. A renúncia de Jânio acendeu o rastilho da crise institucional.
A situação política da época se radicalizou, principalmente quando Jango e os militares mais próximos a ele ameaçavam atropelar Congresso e Justiça para fazer reformas de “base” “na lei ou na marra”. Os quartéis ficaram intoxicados com a luta política, à esquerda e à direita. Veio, então, o movimento dos sargentos, liderado por marinheiros — Cabo Ancelmo à frente —, a hierarquia militar começou a ser quebrada e o oficialato reagiu.
Naquele contexto, o golpe, chamado de “Revolução”, termo adotado pelo GLOBO durante muito tempo, era visto pelo jornal como a única alternativa para manter no Brasil uma democracia. Os militares prometiam uma intervenção passageira, cirúrgica. Na justificativa das Forças Armadas para a sua intervenção, ultrapassado o perigo de um golpe à esquerda, o poder voltaria aos civis. Tanto que, como prometido, foram mantidas, num primeiro momento, as eleições presidenciais de 1966.
O desenrolar da “revolução” é conhecido. Não houve as eleições. Os militares ficaram no poder 21 anos, até saírem em 1985, com a posse de José Sarney, vice do presidente Tancredo Neves, eleito ainda pelo voto indireto, falecido antes de receber a faixa.
No ano em que o movimento dos militares completou duas décadas, em 1984, Roberto Marinho publicou editorial assinado na primeira página. Trata-se de um documento revelador. Nele, ressaltava a atitude de Geisel, em 13 de outubro de 1978, que extinguiu todos os atos institucionais, o principal deles o AI5, restabeleceu o habeas corpus e a independência da magistratura e revogou o Decreto-Lei 477, base das intervenções do regime no meio universitário.
Destacava também os avanços econômicos obtidos naqueles vinte anos, mas, ao justificar sua adesão aos militares em 1964, deixava clara a sua crença de que a intervenção fora imprescindível para a manutenção da democracia e, depois, para conter a irrupção da guerrilha urbana. E, ainda, revelava que a relação de apoio editorial ao regime, embora duradoura, não fora todo o tempo tranquila. Nas palavras dele: “Temos permanecido fiéis aos seus objetivos [da revolução], embora conflitando em várias oportunidades com aqueles que pretenderam assumir a autoria do processo revolucionário, esquecendo-se de que os acontecimentos se iniciaram, como reconheceu o marechal Costa e Silva, ‘por exigência inelutável do povo brasileiro’. Sem povo, não haveria revolução, mas apenas um ‘pronunciamento’ ou ‘golpe’, com o qual não estaríamos solidários.”
Não eram palavras vazias. Em todas as encruzilhadas institucionais por que passou o país no período em que esteve à frente do jornal, Roberto Marinho sempre esteve ao lado da legalidade. Cobrou de Getúlio uma constituinte que institucionalizasse a Revolução de 30, foi contra o Estado Novo, apoiou com vigor a Constituição de 1946 e defendeu a posse de Juscelino Kubistchek em 1955, quando esta fora questionada por setores civis e militares.
Durante a ditadura de 1964, sempre se posicionou com firmeza contra a perseguição a jornalistas de esquerda: como é notório, fez questão de abrigar muitos deles na redação do GLOBO. São muitos e conhecidos os depoimentos que dão conta de que ele fazia questão de acompanhar funcionários de O GLOBO chamados a depor: acompanhava-os pessoalmente para evitar que desaparecessem. Instado algumas vezes a dar a lista dos “comunistas” que trabalhavam no jornal, sempre se negou, de maneira desafiadora.
Ficou famosa a sua frase ao general Juracy Magalhães, ministro da Justiça do presidente Castello Branco: “Cuide de seus comunistas, que eu cuido dos meus”. Nos vinte anos durante os quais a ditadura perdurou, O GLOBO, nos períodos agudos de crise, mesmo sem retirar o apoio aos militares, sempre cobrou deles o restabelecimento, no menor prazo possível, da normalidade democrática.
Contextos históricos são necessários na análise do posicionamento de pessoas e instituições, mais ainda em rupturas institucionais. A História não é apenas uma descrição de fatos, que se sucedem uns aos outros. Ela é o mais poderoso instrumento de que o homem dispõe para seguir com segurança rumo ao futuro: aprende-se com os erros cometidos e se enriquece ao reconhecê-los.
Os homens e as instituições que viveram 1964 são, há muito, História, e devem ser entendidos nessa perspectiva. O GLOBO não tem dúvidas de que o apoio a 1964 pareceu aos que dirigiam o jornal e viveram aquele momento a atitude certa, visando ao bem do país.
À luz da História, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto. E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma.”

Por: Fernando Brito
*Tijolaço 

O pronunciamento de Chelsea Manning após ouvir sua condenação




No pronunciamento ao ouvir condenação, ex-militar dispara: “Na guerra, EUA esqueceram sua humanidade. Cumprirei minha pena sabendo que é alto o preço de viver em liberdade”

Por Chelsea Manning (ex Bradley Manning) | Tradução: Rute Bevilaqua e Peter Caplan (Outras Palavras)
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Chelsea Manning (Divulgação)
As decisões que adotei em 2010 foram tomadas em preocupação com o meu país e com o mundo em que vivemos. Desde os trágicos eventos de onze de setembro, estamos em guerra – com um inimigo que optou por não nos enfrentar numa batalha tradicional. Devido a este fato, tivemos de adotar novos métodos para combater os riscos que nós e nosso modo de vida correm.
Inicialmente, concordei com estes métodos e escolhi ser voluntário para ajudar a defender meu país. Apenas quando eu estava no Iraque, lendo relatos militares secretos todos os dias, comecei a questionar a moralidade do que estávamos fazendo. Então, dei-me conta de que, em nossos esforços para enfrentar os riscos impostos pelo inimigo, esquecemos nossa humanidade. Escolhemos conscientemente desvalorizar a vida humana, tanto no Iraque quanto no Afeganistão. Quando enfrentamos àqueles que entendemos como inimigos, nós algumas vezes matamos civis inocentes. Sempre que matávamos civis inocentes, ao invés de aceitar a responsabilidade por nossa conduta, preferíamos nos esconder atrás do véu da segurança nacional e informações sigilosas, para evitar qualquer prestação de contas pública.
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Em nosso zelo para matar o inimigo, nós internamente discutíamos a definição de tortura. Prendemos indivíduos em Guantanamo por anos, sem os devidos processos. Inexplicavelmente, fazíamos vista grossa às torturas e execuções praticadas pelo governo do Iraque. E engolíamos muitas outras coisas em nome da nossa guerra ao terror.
Patriotismo é frequentemente o grito de exaltação, que se lança quando atos moralmente questionáveis são defendidos por aqueles no poder. Quando estes gritos de patriotismo abafam quaisquer intenções baseadas na lógica, um soldado americano é normalmente mandado para realizar uma missão mal- concebida.
Nossa nação viveu momentos igualmente sombrios para as virtudes da democracia: a Trilha das Lágrimas [remoção dos índios da parte sudeste dos EUA em 1831], a decisão Dred Scott [apoiando a escravidão em 1857], o macartismo, os campos de concentração de japoneses residentes na América [durante a segunda guerra mundial], para nomear uns poucos. Estou confiante de que muitas de nossas ações desde o onze de setembro serão vistas de forma similar. Como disse uma vez Howard Zinn, “Não existe uma bandeira grande o suficiente para cobrir a vergonha de matar gente inocente”.
Eu entendo que minhas ações violaram a lei, e lamento se prejudicaram alguém, ou prejudicaram os Estados Unidos. Nunca desejei prejudicar ninguém: somente quis ajudar as pessoas. Quando optei por divulgar informações sigilosas, eu o fiz por amor ao meu país e um sentido de dever para com outros.
Se vocês negarem meu pedido de perdão, cumprirei minha pena sabendo que algumas vezes temos que pagar um preço alto para viver numa sociedade livre. Eu pagarei este preço, se isso significar que podemos ter um país que seja verdadeiramente concebido na liberdade e dedicado à proposição de que todos os homens e mulheres são iguais.
*Pragmatismopolitico

Leandro Fortes: “há motivos para temores dos aliados de FHC”


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Reproduzimos abaixo um artigo de Leandro Fortes publicado na edição desta semana da Carta Capital sobre o lançamento do novo livro de Palmério Dória, O príncipe da privataria. Fortes faz alguns comentários muito interessantes sobre o que livro traz sobre o escândalo do filho  de Fernando Henrique com uma jornalista da Globo, assunto mantido em segredo pela emissora por muitos anos.
Trecho do artigo:
“Há razão para os temores dos aliados de FHC. Na obra, Dória reconstituiu um assunto que os tucanos prefeririam ver enterrado: a compra de votos no Congresso para a emenda da reeleição que favorecia o ex-presidente. E detalha o “golpe da barriga” que o deixou refém das Organizações Globo, em especial, e do resto da mídia durante seus dois mandatos.”
Carta Capital n˚ 764
As Desventuras do Príncipe
Lançamento: Livro sobre a compra de votos para a emenda da reeleição e o caso extraconjugal de FHC alvoroçam os tucanos
Por Leandro Fortes, na Carta Capital
A obra chega às livrarias no sábado 31, mas antes mesmo de sua publicação tem causado desconforto no ninho tucano. Luiz Fernando Emediato, publisher da Geração Editorial, responsável pela edição, tem recebido recados. O último, poucos dias atrás, foi direto: um cacique do PSDB telefonou ao editor para pedir o cancelamento do livro e avisou que a legenda havia contratado um advogado para impedir a publicação, caso o apelo não fosse atendido.
Tanto alvoroço deve-se ao lançamento de O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso granhou sua reeleição, do jornalista Palmério Dória. O título da obra faz alusão à alcunha de “príncipe dos sociólogos”, sugestão de amigos do ex-presidente, e ao termo privataria, menção ao processo de privatização comandado pelo PSDB nos anos 1990 e eternizado por outra obra da Geração Editorial, A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr.
Há razão para os temores dos aliados de FHC. Na obra, Dória reconstituiu um assunto que os tucanos prefeririam ver enterrado: a compra de votos no Congresso para a emenda da reeleição que favorecia o ex-presidente. E detalha o “golpe da barriga” que o deixou refém das Organizações Globo, em especial, e do resto da mídia durante seus dois mandatos.
A maior novidade é a confirmação da identidade do Senhor X, a fonte anônima responsável pela denúncia do esquema de compra de votos para a emenda da reeleição. O ex-deputado federal Narciso Mendes, do PP do Acre, precisou passar por uma experiência pessoal dolorosa (esteve entre a vida e a morte depois de uma cirurgia) para aceitar expor-se e contar novos detalhes do esquema.

A operação, explica Mendes no livro, foi montada para garantir a permanência de FHC na Presidência e fazer valer o projeto de 20 anos de poder dos tucanos. Para tanto, segundo o ex-parlamentar, foram subornados centenas de parlamentares, e não apenas a meia dúzia de gatos-pingados identificados pelo jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo, autor das reportagens que apresentaram em 1997 as gravações realizadas pelo Senhor X, apelido criado pelo repórter para preservar a identidade do colaborador, então deputado do antigo PPB.
Os mentores da operação que pagou 200 mil reais a cada deputado comprado para aprovar a reeleição, diz o Senhor X, foram os falecidos Sergio Motta, ex-ministro das Comunicações, e Luís Eduardo Magalhães, filho de Antonio Carlos Magalhães e então presidente da Câmara dos Deputados. Em maio de 1997, a Folha publicou a primeira reportagem com a transcrição da gravação de uma conversa entre os deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL do Acre. No áudio, a dupla confessava ter recebido dinheiro para votar a favor da emenda. Naquele momento, o projeto tinha sido aprovado na Câmara e encaminhado para votação no Senado.
À época, a oposição liderada pelo PT tentou instalar uma CPI para apurar as denúncias. Mendes resume os acontecimentos a Dória e ao jornalista Mylton Severiano, que participou das entrevistas com o ex-deputado em Rio Branco: “Nem o Sérgio Motta queria CPI, nem o Fernando Henrique queria CPI, nem o Luís Eduardo Magalhães queria CPI, ninguém queria. Sabiam que, estabelecida a CPI, o processo de impeachment ou no mínimo de anulação da emenda da reeleição teria vingado, pois seria comprovada a compra de votos”.
E assim aconteceu. A denúncia foi analisada por uma única comissão de sindicância no Congresso, que apresentou um relatório contrário à instalação de uma CPI. O assunto foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF), então sob o comando de Geraldo Brindeiro. O procurador fez jus ao apelido de “engavetador-geral”, nascido da sua reconhecida leniência em investigar casos de corrupção do governo FHC. O MP nunca instalou um processo de investigação, a mídia nunca demonstrou o furor investigatório que a notabilizaria nestes anos de administração do PT e o Congresso aprovou a emenda, apesar da fraude.
O Príncipe da Privataria tenta reconstituir os passos da história que levou uma repórter da TV Globo em Brasília, a catarinense Miriam Dutra, a um longo exílio de oito anos na Europa. Repleta de detalhes, a obra reconstituiu o marco zero dessa trama, “nalgum dia do primeiro trimestre de 1991”, quando o jornalista Rubem Azevedo Lima, ao caminhar por um dos corredores do Senado, ouviu gritos do gabinete do então senador Fernando Henrique Cardoso. “Rameira, ponha-se daqui pra fora!”, bradava o então parlamentar, segundo relato de Lima, ex-editorialista da Folha de S.Paulo, enquanto de lá saía a colega da TV Globo, trêmula e às lágrimas. A notícia de um suposto filho bastardo não era apenas um problema familiar, embora não fosse pouco o que o tucano enfrentaria nessa seara. A mulher traída era a socióloga Ruth Cardoso, respeitada no mundo acadêmico e político. O caso extraconjugal poderia atrapalhar os planos futuros do senador. Apesar de se apresentar como um “presidente acidental”, em um tom de desapego, FHC sempre se imaginou fadado ao protagonismo na vida nacional.
Escreve Dória: “Entra em cena um corpo de bombeiros formado por Sérgio Motta, José Serra e Alberico de Souza Cruz – os dois primeiros, cabeças do “projeto presidencial”; o último, diretor de jornalismo da Rede Globo e futuro padrinho da criança”. Motta e Serra bolaram o plano de exílio da jornalista, mas quem tornou possível a operação foi Souza Cruz, de atuação memorável na edição fraudulenta do debate entre Collor e Lula na tevê da família Marinho às vésperas do segundo turno. A edição amiga, comandada diretamente por Roberto Marinho, dono da emissora, e exibida em todos os telejornais do canal, levaria o “caçador de marajás” ao poder. Acusado de corrupção, Collor renunciaria ao mandato para evitar o impeachment.
Miriam Dutra e o bebê foram viver na Europa e o caminho político de FHC foi novamente desinterditado. Poucos anos depois, ele se tornaria ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco, surfaria no sucesso do Plano Real, a ponto de renegar a importância do falecido ex-presidente na implementação da estabilidade monetária no País, e venceria a eleição de 1994 no primeiro turno.
Por muito tempo, apesar de o assunto circular nas principais rodas políticas de Norte a Sul, Leste e Oeste, imperou nos principais meios de comunicação um bloqueio a respeito do relacionamento entre o presidente e a repórter. Há um pressuposto não totalmente verdadeiro de que a mídia brasileira evita menções à vida particular dos políticos, ao contrário das práticas jornalísticas nos EUA e Reino Unido. Não totalmente verdadeiro, pois a regra volta e meia é ignorada quando se trata dos adversários dessa mesma mídia.
No fim, o esforço para proteger FHC mostrou-se patético. Só depois da morte de Ruth Cardoso, em 2008, o ex-presidente decidiu assumir a paternidade do filho da jornalista. Mas um teste de DNA, feito por pressão dos herdeiros do tucano, provou que a criança não era dele.
Dória entrevistou inúmera personalidades, entre elas o ex-presidente da República Itamar Franco, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes e o senador Pedro Simon, do PMDB. Os três, por variadas razões, fizeram revelações polêmicas sobre FHC e o quadro político brasileiro. Há outras declarações pouco abonadoras da conduta do ex-presidente. A obra trata ainda do processo de privatização, da tentativa de venda da Petrobras e do plano de entrega da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil ao setor privado. “O livro mostra que FHC é um caso de crime continuado”, resume o autor.
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Por: Miguel do Rosário
*Tijolaço 

Maioria dos Canadenses quer afrouxamento da Lei sobre Maconha

Justin TrudeauO apoio de Justin Trudeau à legalização da maconha e o fato de ele ter admitido que fumou há três anos mostra que o líder liberal parece estar do lado da opinião pública.
Essa opinião tem sido cada vez mais crescente tanto pra quem é oposição quanto pra quem é do governo, com apoio da maioria dos canadenses pela descriminalização ou legalização na última década. Esses apoios vêm através das fronteiras regionais, geracionais e políticas. Apesar de ser menos favoráveis do que os outros, os canadenses mais antigos e conservadores estão a bordo dessa reforma da legislação sobre a maconha.

A evolução do apoio à legalização
A tolerância à maconha já foi bem menor no passado. Uma pesquisa feita por Gallup em 1970 constatou que apenas 41 por cento dos canadenses apoiavam dar multas, mas não sentenças por posse de maconha, enquanto 45 por cento se opuseram. Em 1977, a Environics fez outra pesquisa e mostrou que apenas 19 por cento dos canadenses apoiaram a legalização completa, e 77 por cento se opuseram.
Mas na década de 1990, uma pequena maioria de canadenses discordava que a posse de maconha deveria continuar a ser crime, segunda uma pesquisa da Angus-Reid, enquanto as pessoas que disseram à Environics que apoiavam a legalização aumento 29 por cento em 1995.
Em meados dos anos 2000, o apoio à descriminalização ou legalização havia alcançado a maioria dos canadenses. Enquanto 45 por cento - uma pluralidade, mas não a maioria, dos entrevistados - apoiaram a descriminalização em uma pesquisa da EKOS de junho de 2000, que aumentou para 50 por cento até 2010 e 66 por cento na pesquisa mais recente realizada pela Ipsos-Reid no documento, em junho de 2012. O apoio à legalização chegou a 55% na pesquisa Angus-Reid de 2007 e vem oscilando desde então. Angus Reid encontrou apoio para a legalização de 50 por cento em novembro de 2010, por exemplo, e 57 por cento em novembro de 2012. Apenas 39 por cento eram contra a legalização nessa enquete, a mais recente pedindo explicitamente a legalização.
Aprovação esmagadora hoje
Mas quando dada uma escolha entre legalização e descriminalização, a opinião é dividida. Uma pesquisa realizada na semana passada pela Research Forum descobriu que 36 por cento dos canadenses preferem a legalização, enquanto 34 por cento foram a favor da descriminalização. Outros 15 por cento acham que as leis devem ser mantidas como estão (uma proporção que tem vindo a diminuir ao longo dos últimos dois anos), e 13 por cento pensam que as leis deveriam ser mais duras. No entanto, um relaxamento das regras relativas à maconha é esmagadoramente favorito: 70 por cento disseram que queriam a legalização ou descriminalização.
Deve-se notar que os canadenses não veem diferença entre a maconha e outras drogas ilícitas. A Angus-Reid descobriu que, enquanto a legalização tem o apoio da maioria dos canadenses, o apoio para a legalização de outras drogas como a cocaína, o ecstasy, a heroína e a metanfetamina registrou apenas um máximo de 10%. Em outras palavras, o apoio à legalização da maconha não é uma posição libertária em favor de menos intromissão do governo, mas um apoio especificamente a esta droga em particular.
(A falta de) Um conflito de gerações
E, ao contrário da opinião popular, o movimento do líder liberal não deve necessariamente ser visto como um meio de capturar o voto dos jovens. As pesquisas não mostram que os novos canadenses são sempre os mais propensos a apoiar a legalização. Na verdade, parece que o conflito de gerações é apenas entre os idosos e o restante da população.
A pesquisa realizada pela Ipsos-Reid em junho de 2012 sobre a descriminalização encontrou apoio maior entre os canadenses de meia-idade entre as idades de 35 e 54 anos (69 por cento), enquanto ele ficou em 68 por cento entre os 34 ou menos. A taxa de apoio ainda é alta entre os canadenses mais velhos (62 por cento). Os resultados da pesquisa da Angus-Reid de novembro de 2012 sobre a legalização foram semelhantes: 58 por cento de apoio entre 18 a 34 anos de idade, 61 por cento entre aqueles com idades entre 35 e 54 anos, e apenas 51 por cento entre aqueles de 55 anos ou mais . Essa tem sido uma tendência consistente: a pesquisa Angus Reid, de 2007, descobriu uma distribuição similar.
A votação pelo Fórum foi menos consistente sobre o assunto com nenhuma correlação aparente entre a idade e apoio para legalização ou descriminalização, embora em suas duas últimas pesquisas, o apoio à legalização foi mais elevado entre os jovens. Por outro lado, também têm demonstrado que o aumento mais significativo do apoio para alguns relaxamentos das legislações vem entre os canadenses mais antigos.
Em qualquer caso, se existe algum tipo de lacuna geracional, ela deve ser entre aqueles que eram adolescentes antes e depois de, digamos, o ano de referência de 1968. Que em geral se alinha com a diferença mais importante registrada pela Ipsos-Reid e Angus-Reid entre canadenses acima e abaixo de 55 anos. Mesmo assim, o consenso entre os canadenses mais velhos ainda é a legalização ou descriminalização.
Sem divisões partidárias
Politicamente, o movimento poderia pagar dividendos para o líder do Partido Liberal. O apoio para tanto a legalização quanto a descriminalização atravessa as linhas partidárias, com os liberais e os Novos Democratas quase igualmente divididos entre o apoio para ambas opções. Mas os conservadores, offside com a opinião pública em geral, parecem estar no caminho errado com seus próprios partidários: 62 por cento deles disse ao Forum que favoreceram ou legalização ou descriminalização.
Além disso, o apoio à legalização foi consistentemente maior em British Columbia. A província está para se tornar num grande campo de batalha em 2015, e os liberais parecem estar no lado certo da questão lá. Em todo o país, parece que os liberais não perceberam grande parte do risco em se movimentar tão fortemente sobre as alterações à forma como a lei lida com a maconha. Se os conservadores e NDP são para usar a posição do Sr. Trudeau contra ele, eles vão primeiro ter que transformar a opinião dos próprios canadenses sobre a droga.
Leia o original em inglês AQUI
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Polícia Federal vai investigar contratos do Metrô de São Paulo

 

PF entra no trilho

Polícia Federal vai investigar contratos do Metrô de São Paulo, denunciados por ISTOÉ, que já foram analisados pelo Tribunal de Contas e somam R$ 11 bilhões

Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas

Passava das 14h da quinta-feira 29 quando agentes da Polícia Federal entraram no edifício do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, centro da capital paulista, e subiram ao quinto andar em busca de documentos relacionados à formação de cartel de empresas ligadas ao transporte sobre trilhos em São Paulo. A ação policial teve como foco 21 contratos com indícios de irregularidades, de acordo com pessoas ligadas à investigação e ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Os negócios, em valores corrigidos, somam cerca de R$ 11 bilhões. Cinco já foram julgados irregulares pelo Tribunal de Contas. Já três, estimados em R$ 6,3 bilhões, nem sequer foram julgados. Outros 13, como o projeto executivo para o trecho Ana Rosa/Ipiranga da Linha 2 Verde, que custou ao menos R$ 143,6 milhões, foram considerados regulares pelo tribunal.
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A Polícia Federal pretende usar as informações contidas nos procedimentos do TCE para complementar um inquérito que investiga as fraudes cometidas pelas 18 empresas participantes do cartel, que teria abastecido um propinoduto que percorreu as gestões do PSDB em São Paulo nos últimos 20 anos. Há três semanas ­ISTOÉ já havia revelado com exclusividade análises do Tribunal de Contas do tEstado de São Paulo que alertavam as autoridades paulistas sobre a existência de superfaturamentos e direcionamento de contratos. Apesar dos avisos, as tramoias nos certames continuaram a ocorrer. “A auditoria do tribunal, em diversos casos de contratos, mostrou que não havia competição entre as empresas”, disse o presidente do tribunal, Antônio Roque Citadini. “Diante desses novos fatos, os contratos que já foram julgados regulares podem ser reabertos para nova análise”, afirma Citadini.
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O Ministério Público Federal também aprofunda as investigações sobre o escândalo do Metrô em São Paulo. Desde que a PF realizou, em 4 de julho, a operação “Linha Cruzada”, o MPF tenta sem êxito ter acesso ao material recolhido. Os requerimentos encontram-se parados na Justiça há mais de um mês à espera de uma decisão. De acordo com a procuradora da República, Karen Louise Jeanette Kahn, o compartilhamento é necessário para que haja uma força-tarefa na investigação. “Essa troca de informações é condição básica para que o trabalho avance de forma mais rápida e os ilícitos detectados sejam punidos”, analisa Karen.
*Istoé

FHC, do PSDB, é acusado. Ele nem se preocupa, a mídia e a justiça estão do lado dele. Pode dormir tranquilo. Já José Dirceu tem até aposta sobre sua condenação. 

 



Livro contra FHC revela fonte que provou compra de votos pela emenda da reeleição


RICARDO MENDONÇA
DE SÃO PAULO
O livro "O príncipe da privataria", um libelo contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que está sendo lançado pelo jornalista Palmério Dória, traz uma revelação histórica sobre a compra de votos no Congresso a favor da emenda constitucional da reeleição, esquema revelado pela Folha em 1997. 
Tratado pelo jornal como "Senhor X" em diversas reportagens, o homem que naquele ano gravou deputados admitindo a venda de votos assumiu sua real identidade. 
Trata-se do empresário e ex-deputado Narciso Mendes, 67 anos, dono de um jornal e de uma retransmissora do SBT em Rio Branco (AC). Em 16 anos, ele nunca havia falado publicamente sobre o assunto. A seu pedido, seu nome era preservado pelo jornal. 
O depoimento de Mendes admitindo ter colhido as provas da compra de votos é tema dos capítulos 11 e 12 de "O príncipe da privataria" (399 páginas, Geração Editorial). 
Na época, Mendes já era ex-deputado. Com bom trânsito na bancada do Acre, ele afirma que aceitou gravar os colegas e entregar o material ao repórter Fernando Rodrigues, autor da série de reportagens da Folha sobre a compra de votos, porque era "intransigentemente contra" a emenda que viria a favorecer FHC. 
Seu único pedido era a manutenção do anonimato, condição que o jornal aceitou por entender que o interesse jornalístico se sobrepunha à necessidade de revelação de seu nome. Com a iniciativa do próprio em revelar sua identidade, a Folha entende que o acordo está encerrado. 
HISTÓRICO 
Nas gravações do "Senhor X" em 1997, dois deputados do Acre, Ronivon Santiago e João Maia (ambos do PFL, hoje DEM) diziam ter votado a favor da emenda da reeleição em troca de R$ 200 mil, o equivalente a R$ 530 mil hoje. 
Outros três deputados eram citados de forma explícita nas gravações. As conversas sugeriam que dezenas teriam participado do esquema. 
A denúncia causou abalo no governo, mas o assunto nunca foi investigado. A tentativa de criação de uma CPI foi abafada. O então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, não pediu a abertura de inquérito. 
Em 21 de maio de 1997, oito dias após o caso ter sido publicado, Santiago e Maia renunciaram. Os ofícios enviados ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), eram idênticos. Ambos alegaram "motivos de foro íntimo". 
Dez anos depois, em sabatina na Folha, FHC não negou que tenha ocorrido compra de votos, mas disse que a operação não foi comandada pelo governo. "O Senado votou [a reeleição] em junho [de 1997] e 80% aprovou. Que compra de voto? (...) Houve compra de votos? Provavelmente. Foi feita pelo governo federal? Não foi. Pelo PSDB: não foi. Por mim, muito menos." 
APANHADO 
Apesar do tom escandaloso do subtítulo, "A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e FHC ganhou sua reeleição", o livro não traz material exclusivo sobre a venda de estatais durante o governo tucano (1995-2002). 
As várias denúncias citadas, muitas vezes apresentadas de forma confusa e imprecisa, são reproduções de notícias publicadas em jornais e revistas da época. Já os argumentos econômicos são colagens de artigos publicados nos anos 90 pelo jornalista Aloysio Biondi (1936-2000), ex-colunista da Folha. 
A informação mais polêmica do livro não está no material de Dória, mas na "Carta do Editor", assinada na introdução por Luiz Fernando Emediato, dono da Geração. 
Emediato diz que em 1991, quando denúncias contra o então presidente Fernando Collor começaram a surgir, ouviu uma confissão de uso de caixa dois da boca do próprio FHC numa viagem aos EUA. 
Ele diz ter ouvido de FHC o seguinte: "A diferença entre nós e eles [a turma de Collor] é que nós gastamos o dinheiro em campanhas, enquanto eles enfiam uma boa parte em seus próprios bolsos". 
Por escrito, o assessor do Instituto FHC Xico Graziano afirmou que o ex-presidente não se lembra de ter estado com Emediato nos EUA. Graziano classificou a frase atribuída a ele como "absurda" e disse que ela "jamais teria sido por ele pronunciada".
* Blog Justiceira de Esquerda

Trocando em miúdos !! GLOBO, NATURA E ITAÚ: Juntas devem quase 25 bilhões à Receita.



Por Rodrigues Neto

"Nunca antes na história desse país" o noticiário foi enriquecido por tantos escândalos. O pior deles, O PROPINODUTO que "não está para provar-se" mas para um MP nitidamente tucano aceitar as denuncias da PF com seu vagão do metrô carregado de provas. Êsse escândalo o PROPINODUTO (eu prefiro TUCANODUTO), é tão contundente que devolveu às cavernas para hibernar ursos graúdos como FHC, Serra, Aécio e outros. O que ainda se manifesta, o faz com a prerrogativa de governador de estado, é o Alckmin que está no ôlho do furacão. Perdido no tempo e no espaço, cada vez que abre a boca, se expõe e é ridicularizado. É inconcebível afirmar que não sabia de nada, já que passou boa parte do tempo evitando que essa imagem latente fosse revelada por uma CPI.
  
Entre os escândalos que se destacam estão também os das sonegações  de impostos e roubo de processo. Consta que em valores de 2008 a Rede Globo deve R$ 645 milhões    à Receita Federal, que dias após ser notificada, teve o processo roubado do escritório da Receita. Identificada a ladra, foi presa, processada e condenada, mas recebeu um HC do Min. Gilmar Mendes.
A Natura, empresa do ex-candidato a Vice-Presidente da República na chapa de Marina Silva, também deve à receita por sonegação R$ 740 milhões.
Muito pior que esses dois está o Banco Itaú que deve  R$ 17 bilhões que deveria recolher à receita, quando adquiriu o Unibanco.
Tenho a impressão que esses mega-sonegadores além das dívidas, tem mais alguma coisa em comum; o firme propósito de derrubar o governo Dilma, seja pelo voto ou por qualquer outro meio. Não importa, os meios para eles vão sempre justificar o fim; tanto pode ser pelo voto como um golpe branco via STF. Já foram dados sinais com inúmeras atitudes suspeitas como a do ex-Min. Ayres Brito, que interrompeu a votação do MENSALÃO TUCANO e foi lanchar, deve ter comido muito queijo pois quando voltou, esqueceu o mensalão tucano.  O que não esqueceu foi de queimar etapas para julgar o mensalão do PT a tempo de influir  nas eleições, e num de seus votos, completamente fora de contexto acusou o PT de querer se perpetuar no poder.Isso aconteceu também com o Min. Celso de Mello, fora de controle, fazendo a mesma acusação durante um de seus votos. Naquele momento, como petralha assumido,  pensei, "estão me julgando também."
Suspeitas também são as atitudes do Min. Joaquim Barbosa, que durante todo o julgamento vem se comportando como um promotor, cujo objetivo é a condenação, é isso, e basta.  
Acho que o governo tem que sufocar os três mega-sonegadores. Que disponibilizem ativos, façam mágicas ou vão para a porta da igreja, mas êsse dinheiro é de todos contribuintes, e tem que ser pago, e já.
Tarde fria, chove lá fora, me dou ao trabalho de ficar matutando o que fazer com tanto dinheiro. Esses quase R$ 19 bilhões, que vão sofrer multa e correção (o de qualquer brasileiro sofre, com eles não pode ser diferente) chegando a um valor aproximado a R$ 25.000.000.000,00 (vinte e cinco bilhões de reais).
Imaginem a Dilma   chamando o Padilha e dizendo: -"Tá vendo este monte de dinheiro?Pague os cubanos, pessoal de suporte, construa, aparelha, cria infra-estrutura e logística para atender essa gente sofrida desses 701 municípios". 
Nossa!! aí baixou Martin Luther King no Padilha: "Presidenta, I have a dream, my dream é dar saúde a toda população desses municípios, e quando esses médicos voltarem para sua terra, teremos um índice de mortalidade infantil nos padrões cubanos, e milhares de jovens médicos que assimilaram os ideais desses cubanos, estarão doidos para substituí-los".  
Bem, fiquei pensando o que Padilha faria, num distrito de um desses 701 municípios sem nenhuma infra-estrutura, nenhum posto de saúde, absolutamente nada, e que vez ou outra, aparecia uma turma do exército, que ajudava, mas logo tinha que ir embora. Um sobrevivente de malária, só estava ali, porque numa  época que estava muito mal, desceu   um helicóptero da aeronáutica e o levou para um hospital em Belém.
O que poderíamos fazer com esse dinheiro nos 701 municípios carentes de tudo?
Vamos ver o que seria possível fazer com os quase R$ 25 bilhões: 
O custo da construção do mini hospital foi baseado no preço de uma UPA divulgado na internet cuja obra em 1700.m² ficou em torno de R$ 2.300.000,00.
Mini-hospital tipo UPA para 30 leitos e berçário 2000m². obra   R$3.000.000,00

Tomógrafo computadorizado PET-CT P/emissão de protons      R$2.000.000,00
 
O preço do tomógrafo por não entender nada da área, tomei por base o mais caro, mesmo sabendo que ele é específico para mapear todos tipos de câncer e cérebro.
Equipamentos como Raio X e outros 
Procurei colocar 2 unidades, porque equipamentos parados precisando de manutenção corretiva é um dos maiores problemas nos hospitais. 
Aparelhos diversos 2/cada (Raio-X), oxigênio, eletroencefalograma, eletrocardiograma, centro cirúrgico completo .....R$ 800.000,00
 
Leitos, outros móveis, cozinha completa, lavanderia completa .....R$   800.000,00

2 UTI móvel completo- FIAT DUCATO Maxlong 2.3 mod.2014 .....R$ 170.000,00

Total...............................................R$6.770.000,00 

701 municípios X R$6.770.000,00 
                     
Total........................................R$ 4.745.770.000,00 

Todo o custo com pessoal no período que os médicos cubanos estiverem no Brasil, também virá desses recursos:

4.000 médicos cubanos X R$ 10.000,00 X 36 meses = R$ 1.440.000.000,00  
60.000 funcionários X R$ 2.500,00 CSI*X 36 meses = R$5.880.000.000,00 
Ajuda de custo e moradia p/médicos cubanos:
4000 médicos cubanos X R$2.000,00X36 =R$ 288.000.000,00

Totalgeral........................R$12.353.770.000,00 

Impressionante!! salvo erro de matemática, que não é meu forte (sou forte apenas nas minhas convicções), o dinheiro sonegado por essas 3 empresas seria suficiente para resolver por 3 anos, e ainda deixar toda uma infra-estrutura montada em 1402 municípios.  
* Custos Sociais Incluídos.

Nossa, acho que dormi demais!!

Não deu no Jornal Nacional _+_ Fotos do protesto contra a Globo

Black Blocs jogam merda na Rede Globo em SP- Vídeo -Não deu no Jornal Nacional _+_ Fotos do protesto contra a Globo



Um grupo de Black Blocs que aderiram à manifestação na porta da Rede Globo em SP, levaram um grande saco de merda. Despejaram junto à porta da emissora e atiraram petardos de bosta na logomarca.

Não houve depredação nem confronto entre manifestantes e polícia.
Em Salvador (BA), também teve protesto na porta da emissora (cujos donos são da família ACM). O Coletivo Levante fez uma representação simulando uma cena de tortura, em alusão ao apoio que a Rede Globo deu à ditadura até o último minuto. Aliás, até hoje a emissora é conhecida por atuar contra a democratização das comunicações e contra a democracia econômica, para desconcentrar mais a renda no Braisl, como ocorre nos outros países desenvolvidos.






Fotos do protesto contra a Globo










Fotos: Mídia Ninja

* Blog Justiceira de Esquerda



Em sua edição deste fim de semana, a revista Veja deixa claro que será um dos principais adversários (talvez o maior) do ministro Alexandre Padilha, em sua tentativa de se eleger governador de São Paulo; texto "O que ele admira é a ditadura", sobre o programa Mais Médicos, agride o bom senso e a inteligência do leitor; no entanto, Veja está engajada e sabe que não pode deixar escapar a relação privilegiada que mantém com o governador Geraldo Alckmin e com o Palácio dos Bandeirantes, onde o secretário de comunicação, Marcio Aith, que comanda uma gigantesca máquina de publicidade, é ex-editor da revista; editorial de Veja insiste na tecla de cubanos são "escravos"

31 DE AGOSTO DE 2013

247 - O rabo preso da revista Veja, da Editora Abril, com o governo de São Paulo, ficou evidente algumas semanas atrás, quando a publicação deu sua versão sobre o caso Siemens, como se o escândalo não tivesse qualquer relação com o PSDB paulista (para saber mais, leia "Tucaníssima, Veja rasga a fantasia no caso Siemens"). Mais do que uma ligação ideológica, ela é também financeira. Entra governo, sai governo, são renovadas, em condições especiais, assinaturas de revistas da Abril para professores e estudantes de escolas públicas paulistas. Além disso, o secretário de comunicação de São Paulo, o jornalista Marcio Aith, é ex-editor de Veja e pilota uma gigantesca máquina de publicidade, onde as revistas da Abril têm lugar especial.

Em 2012, com a derrota de José Serra para Fernando Haddad, a Abril perdeu um de seus pilares em São Paulo. Por isso, a hipótese de sofrer nova derrota em 2014, desta vez para Alexandre Padilha, contra Geraldo Alckmin, teria impacto devastador na editora dos Civita, na Marginal Pinheiros. Diante do risco, Veja deixa claro, nesta semana, que será o principal adversário de Padilha – talvez o maior – em sua luta para tentar se eleger governador de São Paulo, em 2014.

O arsenal deste fim de semana veio ancorado num tripé: editorial de Eurípedes Alcântara, uma vasta reportagem interna e uma chamada de capa. Nos três casos, são ofensas à inteligência do leitor, mas, na Abril, há a percepção de que esses ataques rasteiros funcionam – contra Haddad não deu certo e, em relação a Padilha, só o tempo dirá.

A chamada de capa é a seguinte: "Cubanização - Deixar os médicos sob a lei ditatorial de Havana é uma grave ameaça à soberania brasileira". O editorial de Eurípedes Alcântara, por sua vez, trata os médicos cubanos como servos. "Os petistas optaram por impor a eles a desonra de 'uma vez escravo, sempre escravo'", diz o texto do jornalista que comanda a publicação. Internamente, a reportagem assinada por Leonardo Coutinho e Duda Teixeira traz uma foto de Padilha e o título "O que ele admira é ditadura", afirmando ainda que o ministro da Saúde estaria a serviço de Havana.

Nem vale a pena perder tempo com os argumentos de Veja. Nem na Abril eles são levados a sério. Basta lembrar que, quando médicos cubanos foram trazidos no governo FHC, eles foram apontados como uma grande solução, quase um milagre (leia mais aqui).

O que a Abril não admite perder é seu assento especial no Palácio dos Bandeirantes.

Mas será que o leitor é incapaz de perceber a operação que está por trás disso?