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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 31, 2013

Canhedo é preso por sonegar. E a Globo?


Altamiro Borges, Blog do Miro

 ‘O empresário Wagner Canhedo, ex-proprietário da Vasp, foi preso na manhã deste sábado (31) em Brasília. Segundo o UOL, "a prisão foi determinada pela Justiça de Santa Catarina e o motivo foi a sonegação de impostos. Ele terá de cumprir pena de quatro anos e cinco meses de prisão em regime semi-aberto. Por não ter curso universitário, ele terá de dividir cela com outros presos, mas, pela idade avançada, a cela não terá muitos encarcerados... Canhedo foi detido por volta das 6h30 deste sábado e levado a Delegacia de Capturas e Polícia Interestadual (DCPI), na capital federal".
O caloteiro Wagner Canhedo "comprou" a Viação Aérea São Paulo (Vasp) no criminoso processo de privatização das estatais dos anos 1990. Em pouco tempo, o empresário destruiu a empresa, demitiu milhares de trabalhadores e deixou pesadas dívidas. Investigações comprovaram que ele sonegou impostos e não pagou direitos trabalhistas e previdenciários aos funcionários. A mídia privatista, que adora criticar a "ineficiência" das estatais e de bajular a "eficiência" da iniciativa privada, sempre evitou dar maior destaque aos crimes promovidos por Wagner Canhedo. Agora, ele foi preso - provavelmente por pouco tempo, já que no Brasil só ladrão de galinha fica na cadeia.
Mesmo assim, fica uma ponta de esperança - ela é a última que morre, mas morre! Será que agora também será investigada sonegação bilionária promovida pela poderosa Rede Globo? Será que algum dos filhos de Roberto Marinho irá para a prisão, caso seja comprovada a fraude fiscal? O escândalo da sonegação, que já ultrapassaria R$ 600 milhões em valores atualizados e cobranças de multas, foi denunciado pela blogosfera - com destaque para os blogueiros Miguel de Rosário e Fernando Brito. Com exceção da TV Record, que por motivos óbvios repercutiu a denúncia, o restante da mídia nada fala sobre o assunto. Será que as coisas estão mudando no Brasil?”

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