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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, agosto 27, 2013

Fuga de senador boliviano para o Brasil derruba Patriota

Ele será substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado, representante do país na ONU

Atualizado às 20h58
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, pediu demissão nesta segunda-feira (26/08), após reunião com a presidente Dilma Rousseff. A saída do ministro acontece após a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava asilado na embaixada do Brasil há mais de um ano. Para o lugar dele, o Palácio do Planalto anunciou Luiz Alberto Figueiredo Machado, representante do Brasil na ONU (Organização das Nações Unidas).
Leia também:
Artigo Breno Altman: O estranho asilo de Roger Pinto Molina, o "Cachoeira" boliviano
Antonio Cruz/ABr
Antonio Patriota (Relações Exteriores) pediu demissão nesta segunda-feira (26/08)
A saída do ministro aconteceu após uma reunião com a presidente na tarde desta segunda-feira. Em nota oficial, a presidente Dilma agradeceu "a dedicação e o empenho do ministro Patriota nos mais de dois anos que permaneceu no cargo e anunciou a sua indicação para a Missão do Brasil na ONU". 
Pinto Molina conseguiu sair da Bolívia com a ajuda do encarregado de negócios da embaixada brasileira naquele país, Eduardo Saboia. Acusado de 20 crimes, Pinto Molina estava na embaixada brasileira em La Paz com o status de asilado desde o dia 28 de maio de 2012. Ele entrou dizendo ser um “perseguido” político do governo de Evo Morales, que, por sua vez, negou a alegação.
Até este final de semana, ele não tinha conseguido deixar a embaixada pela falta de um salvo-conduto, que as autoridades lhe negaram, sustentando que deve responder a essas acusações de corrupção. No sábado, ele chegou ao Brasil escoltado por militares brasileiros, por ordens do encarregado de negócios.

Crise
A fuga do senador abriu uma crise diplomática entre Brasil e Bolívia. Ainda nesta segunda-feira, o chanceler boliviano, David Choquehuanca, disse que Molina não poderia ter deixado o país “por nenhum motivo” sem um salvo-conduto, que não foi concedido pelo governo. As autoridades da Bolívia enviaram uma nota diplomática à embaixada do Brasil, expressando “profunda preocupação” com o caso.
"Na nota diplomática nós expressamos nossa profunda preocupação com a transgressão do princípio de reciprocidade e cortesia internacional. Por nenhum motivo o senhor Pinto poderia deixar o país sem o salvo-conduto", disse Choquehuanca. Segundo ele, é necessário ter uma explicação oficial do Brasil sobre o tema porque "foram violadas normas nacionais e internacionais”.

Novo ministro
Figueiredo Machado, que assume o cargo em substituição a Patriota, é diplomata de carreira e já serviu como subsecretário-geral do Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Itamaraty em 2011. Atualmente, estava em sua segunda passagem pela ONU -a primeira foi entre os anos de 1986 e 1989.
Marcello Casal Jr./Ag. Brasil

O novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado
Machado foi, também, o negociador-chefe da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, no ano passado.
O novo ministro também já trabalhou em Santago, Washington, Ottawa e Paris, onde representou o Brasil na Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).O novo ministro é formado em direito pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

*operamundi

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