Por Erica Lima - Edição Ano: 46 - Número: 71 - Publicada em: 26/09/2013 |
Com
o lema “50 anos em 5”, o presidente Juscelino Kubitschek, que governou o
Brasil de 1956 a 1961, marcou a história ao promover um grande
desenvolvimento econômico no país. Através de uma política
desenvolvimentista, sintetizada no Plano de Metas, o governo JK ficou
conhecido pelo intenso processo de modernização, incentivando o
progresso econômico e a integração nacional.
Uma retrospectiva do trabalho e da vida
de um dos políticos mais importantes da história do Brasil aconteceu na
Faculdade de Direito (FD) da USP, no dia 12 de setembro (dia do
aniversário de JK). A homenagem realizada pelo Largo de São Francisco, "JK, o homem, o Presidente, a atualidade", contou com a presença de especialistas, políticos e pessoas que fizeram parte da vida de Juscelino Kubitschek.
De acordo com Celso Lafer, ex-ministro
de Relações Exteriores e professor emérito da Universidade, “o sucesso
do governo do presidente Juscelino está ligado ao fato de ter promovido o
desenvolvimento econômico com estabilidade política democrática”. O
governo JK é lembrado até hoje como um governo de incentivo, e o Plano
de Metas é o símbolo da junção do planejamento, industrialização,
desenvolvimento e democracia, comentou Gilberto Bercovici, professor
titular de Direito Econômico e Economia Política da FD.
Segundo Bercovici, o Plano de Metas é
fruto da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos e do Grupo Misto
BNDE-CEPAL, que começam a elaborar estudos sobre a economia brasileira
no segundo governo Vargas e que servem de base para o Plano de Metas do
governo de Juscelino Kubitschek. Esses diagnósticos apontam a
necessidade de eliminar os chamados "pontos de estrangulamento" da
economia do país, ou seja, os setores críticos que impediam que a
economia funcionasse adequadamente.
Portanto, para que houvesse superação
desses obstáculos e para que o ideal desenvolvimentista de JK fosse
consolidado, o Plano de Metas traz um conjunto de objetivos setoriais,
que orientam as ações do governo. Assim, uma série de investimentos é
realizada nos setores estratégicos da economia: energia, transportes e
indústrias de base. O principal foco é a industrialização. A
transferência da capital federal para o interior do país é concretizada
com a construção de Brasília, a chamada meta-síntese. Além disso,
Juscelino Kubitschek institui estruturas paralelas ligadas diretamente à
Presidência da República, como, por exemplo, o Conselho de
Desenvolvimento, órgão controlador da economia, para poder coordenar a
execução dos objetivos do plano, a chamada "Administração Paralela".
A partir dessa criatividade, que é algo
difícil de se ver no meio político brasileiro, consegue-se estruturar as
bases desse processo todo de desenvolvimento acelerado, que ocorre
durante o governo JK, combatendo aquela visão tradicional de país
agrário, que tanto defendiam os nossos economistas liberais, explica
Bercovici.
E, apesar das metas audaciosas, o
governo JK alcançou resultados positivos. Com responsabilidade com a
democracia, Juscelino Kubitschek construiu o novo a partir do que já
existia com grande capacidade de liderança e espírito desbravador.