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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 28, 2013

Homenagem destaca legado de JK para o Brasil


Por Erica Lima Edição Ano: 46 - Número: 71 - Publicada em: 26/09/2013

Inauguração do IEA-R1 com a presença do Presidente JK e Governador Jânio Quadros. Fonte: Acervo IPEN - USP Imagens
Com o lema “50 anos em 5”, o presidente Juscelino Kubitschek, que governou o Brasil de 1956 a 1961, marcou a história ao promover um grande desenvolvimento econômico no país. Através de uma política desenvolvimentista, sintetizada no Plano de Metas, o governo JK ficou conhecido pelo intenso processo de modernização, incentivando o progresso econômico e a integração nacional.
Uma retrospectiva do trabalho e da vida de um dos políticos mais importantes da história do Brasil aconteceu na Faculdade de Direito (FD) da USP, no dia 12 de setembro (dia do aniversário de JK). A homenagem realizada pelo Largo de São Francisco, "JK, o homem, o Presidente, a atualidade", contou com a presença de especialistas, políticos e pessoas que fizeram parte da vida de Juscelino Kubitschek.
De acordo com Celso Lafer, ex-ministro de Relações Exteriores e professor emérito da Universidade, “o sucesso do governo do presidente Juscelino está ligado ao fato de ter promovido o desenvolvimento econômico com estabilidade política democrática”. O governo JK é lembrado até hoje como um governo de incentivo, e o Plano de Metas é o símbolo da junção do planejamento, industrialização, desenvolvimento e democracia, comentou Gilberto Bercovici, professor titular de Direito Econômico e Economia Política da FD.
Segundo Bercovici, o Plano de Metas é fruto da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos e do Grupo Misto BNDE-CEPAL, que começam a elaborar estudos sobre a economia brasileira no segundo governo Vargas e que servem de base para o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek. Esses diagnósticos apontam a necessidade de eliminar os chamados "pontos de estrangulamento" da economia do país, ou seja, os setores críticos que impediam que a economia funcionasse adequadamente.
Portanto, para que houvesse superação desses obstáculos e para que o ideal desenvolvimentista de JK fosse consolidado, o Plano de Metas traz um conjunto de objetivos setoriais, que orientam as ações do governo. Assim, uma série de investimentos é realizada nos setores estratégicos da economia: energia, transportes e indústrias de base. O principal foco é a industrialização. A transferência da capital federal para o interior do país é concretizada com a construção de Brasília, a chamada meta-síntese. Além disso, Juscelino Kubitschek institui estruturas paralelas ligadas diretamente à Presidência da República, como, por exemplo, o Conselho de Desenvolvimento, órgão controlador da economia, para poder coordenar a execução dos objetivos do plano, a chamada "Administração Paralela".
A partir dessa criatividade, que é algo difícil de se ver no meio político brasileiro, consegue-se estruturar as bases desse processo todo de desenvolvimento acelerado, que ocorre durante o governo JK, combatendo aquela visão tradicional de país agrário, que tanto defendiam os nossos economistas liberais, explica Bercovici.
E, apesar das metas audaciosas, o governo JK alcançou resultados positivos. Com responsabilidade com a democracia, Juscelino Kubitschek construiu o novo a partir do que já existia com grande capacidade de liderança e espírito desbravador.

Fonte: Faculdade de Direito - USP

Joaquim Barbosa quer salário de R$ 40 mil




O  presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa, deseja um aumento bastante generoso para  ele e seus colegas de Corte. Joaquim Barbosa avisou ao presidente da Câmara, o deputado Henrique Alves (PMDB), que enviará um novo projeto ao Congresso a fim de aumentar para R$ 40 mil o salário dos ministros do STF. No mês de agosto desse ano, Barbosa solicitou reajuste de remuneração, hoje de R$ 28,059,28 para R$ 30,658,42 mil. As informações são do site Diário do Poder, do jornalista Cláudio Humberto.

O pedido do ministro esbarra no desejo de diminuição dos gastos públicos. Recentemente, nos protestos que aconteceram a partir do mês de junho no país, manifestantes pediam, entre as pautas, a diminuição dos gastos da máquina pública. Caso o aumento no salário dos ministros do STF seja referendado, o teto do funcionalismo público, que hoje tem como referência os rendimentos dos magistrados, será elevado. Ou seja, poderia ocorrer uma série de aumentos em salários de servidores públicos em todos o país.

No mês de julho, Joaquim Barbosa se envolveu numa nova polêmica por recebido, em benefícios atrasados, R$ 580 mil. O ministro recebeu R$ 414 mil do Ministério Público Federal por conta de controverso bônus salarial, como forma de compensação ao auxílio-moradia concedido a deputados e senadores. Além dele, outros 603 membros do Ministério Público Federal teriam recebido valores semelhantes. A prática é legal, porém polêmica.

Somado a esse valor, o presidente do STF recebeu, ainda, cerca de R$ 226,8 mil, considerando a moeda de hoje, em 2007. A quantia foi resultado da conversão em dinheiro de 11 meses de licenças-prêmio não gozadas por ele. Ao todo, Barbosa embolsou R$ 580 mil. Com os devidos reajustes, esse valor sobe para R$ 704,5 mil

*osamigosdopresidentelula

Ministro Celso de Mello. Camisa estampada com folhas de maconha pode


Revista Istoé solta outra bomba do trensalão tucano




A Istoé encontrou mais uma pecinha no quebra-cabeça que vem montando há algumas semanas, que desvelaram um dos maiores escândalos de corrupção das últimas décadas, até porque teve início na década de 90 e se estendia até hoje.

Trata-se da aparição de mais um importante personagem, o consultor Jorge Fagali Neto, que segundo o depoimento de sua secretária e uma série de documentos, era o elo de contato entre o governo paulista e as empresas.
Trecho: (…) segundo sua ex-secretária, o elo do homem da propina no escândalo do Metrô com agentes públicos ligados ao PSDB é irrefutável. Em 2006, Fagali trocou mensagens e recebeu planilhas por e-mail de Pedro Benvenuto, então coordenador de gestão e planejamento da Secretaria de Transportes Metropolitanos, órgão responsável pelas estatais. Entre o material compartilhado, como revelou o jornal “Folha de S.Paulo” na última semana, estavam as discussões sobre o Programa Integrado de Transportes Urbanos do governo até 2012, que ainda não estava definido.

na Istoé.
 
Trem pagador
 
Por Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas.
Uma disputa travada na Justiça do Trabalho revelou como opera um dos principais agentes do propinoduto montado por empresas da área de transporte sobre trilhos em São Paulo para drenar dinheiro público dos cofres da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô paulista. Trata-se do consultor Jorge Fagali Neto, indiciado pela Polícia Federal sob a acusação de receber e intermediar o pagamento de propinas da multinacional francesa Alstom a autoridades do PSDB paulista. ISTOÉ teve acesso ao depoimento e a uma série de e-mails comprometedores entregues ao Ministério Público, em junho de 2010, por sua ex-secretária Edna da Silva Flores. A documentação deixa clara a proximidade de Fagali Neto com agentes públicos e o seu interesse em contratos do Metrô paulista e da CPTM. Nas mensagens, o consultor revela, por exemplo, preocupações com a obtenção de empréstimos e financiamentos junto ao Banco Mundial (Bird), BNDES e JBIC que viabilizem investimentos nas linhas 2 e 4 do Metrô paulista.
O material entregue por Edna ao Ministério Público demonstra pela primeira vez a ligação direta de Fagali Neto com os irmãos Teixeira, Arthur e Sérgio, apontados como lobistas do esquema Siemens e responsáveis por pagar propina a políticos por intermédio de offshores no Uruguai, conforme revelou reportagem de ISTOÉ em julho. Em um trecho de seu depoimento ao MP, Edna diz que os três mantinham “relacionamentos empresariais” e “atuavam antes da assinatura de contratos” com o governo de São Paulo. Copiados por Fagali em uma série de e-mails envolvendo contratos com as estatais paulistas de transporte sobre trilhos, os irmãos Teixeira também têm seus nomes citados na agenda pessoal de Fagali Neto. Em uma das páginas da agenda, está registrado um encontro com Sérgio Teixeira, hoje falecido, às 11 horas na alameda Santos, no Jardim Paulista, região nobre de São Paulo. Em outra, constam o telefone, o e-mail e o nome da secretária de Arthur Teixeira.



A ex-funcionária narra também os cuidados do antigo chefe com eventuais investigações. No período de 2006 a 2009, em que trabalhou para Jorge Fagali Neto organizando o seu escritório, ele a mandava se ausentar do seu gabinete quando precisava se reunir com clientes. Também a pedido de Fagali Neto, ela comprou quatro celulares para que os aparelhos fossem usados por ele apenas para tratar de negócios. O consultor acreditava que assim dificultaria interceptações policiais. A espécie de “faz tudo” da empresa era proibida até de mencionar ao telefone os nomes de representantes de companhias às quais Fagali prestava consultoria. Ela ainda recebeu orientação para se referir a personagens do círculo de negócios do consultor por apelidos. José Geraldo Villas Boas – também indiciado pela PF por ter participado do esquema de corrupção – era chamado de “Geólogo”. O temor do consultor em não deixar rastros era tão grande que ele fazia questão de pagar tudo em espécie. “Ele sempre mantinha algumas quantias em local desconhecido em sua casa”, disse. A ex-secretária afirma no depoimento que ele costumava emitir, por meio da empresa BJG Consultoria e Planejamento Ltda., notas de R$ 260 mil e R$ 180 mil, mesmo tendo apenas ela como funcionária. Pelo jeito, dinheiro não faltava para o operador do esquema do propinoduto tucano. Em 2009, o ex-secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo (1994) e ex-diretor dos Correios (1997) na gestão Fernando Henrique Cardoso teve uma conta atribuída a ele com mais de R$ 10 milhões bloqueada por procuradores suíços. Procurado, o advogado de Fagali Neto, Belisário dos Santos Jr., diz que os e-mails foram obtidos pela ex-funcionária por meio de fraude junto ao provedor. Ele, no entanto, não quis se pronunciar sobre o teor das mensagens.


O OPERADOR

Indiciado pela Polícia Federal, acusado de intermediar pagamento de propina, Fagali Neto matinha frequentes contatos com agentes públicos sobre obras do Metrô e da CPTM
Apesar das tentativas de Fagali de manter a discrição, segundo sua ex-secretária, o elo do homem da propina no escândalo do Metrô com agentes públicos ligados ao PSDB é irrefutável. Em 2006, Fagali trocou mensagens e recebeu planilhas por e-mail de Pedro Benvenuto, então coordenador de gestão e planejamento da Secretaria de Transportes Metropolitanos, órgão responsável pelas estatais. Entre o material compartilhado, como revelou o jornal “Folha de S.Paulo” na última semana, estavam as discussões sobre o Programa Integrado de Transportes Urbanos do governo até 2012, que ainda não estava definido. Até a quarta-feira 25, Pedro Benvenuto ocupava o cargo de secretário-executivo do Conselho Gestor do Programa de PPPs (Parcerias Público-Privadas) do governo de São Paulo, quando pediu demissão na esteira das denúncias.

Dilma recupera o que não chegou a perder


Dilma na ONU: "Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra." Imagem: Timothy Clary/AFP
Dilma na ONU: “Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra.” Imagem: Timothy Clary/AFP
Diante dos resultados das últimaspesquisas, Dilma não recuperou o que realmente não chegou a perder. Recuperam a razão, isso sim, aqueles que receberam o bafo das manifestações de junho e embarcaram numa onda que morreu na praia sem trazer nada de bom para a sociedade. Naquele primeiro momento, quando a mídia assumiu o controle do tsunami que derrubaria todos, inclusive o governo federal, as pesquisas surgiram sincronizadas ao JN e às manchetes dos jornalões. A presidenta despencou na avaliação de seu governo e a direita chegou a sonhar que ela nem terminaria o atual mandato.
O povo brasileiro – e quando falo em povo, me refiro a mais de 200 milhões e não a alguns milhares de coxinhas – nunca derrubará um governo que elegeu por ampla maioria, assim, de graça, conduzido por bandeiras fascistóides. Primeiro porque o povo não é politizado. Não se guia por ideologias e nem tem o hábito do debate político. O povo segue seu instinto mais fundamental: a vida melhorou nos últimos 10 anos. E isto é real. Não estamos falando de eletrodomésticos e viagens de avião apenas, mas das perspectivas mais elementares: Hoje, só não tem emprego quem não quer, não precisa ou não pode trabalhar; só não frequenta as salas de aula quem não quer, não precisa ou não pode estudar. Sem falar nas universidades, nas cotas…
No atual cenário, não há ninguém que chegue a ameaçar a reeleição de Dilma. A não ser que surja uma catástrofe diretamente causada ou mal administrada pela presidenta. O que, cá entre nós, depois de seu retumbante discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, é muitíssimo pouco provável que aconteça.
A direita ainda pensa que perdeu “provisoriamente” sua poltrona no Planalto – acidente de percurso, que já vai completando 12 e muito provavelmente chegará aos 16 anos. É a mesma postura adotada na época da escravidão. Dividem a sociedade em Casa Grande e Senzala e entendem que o cargo de Presidente da Republica lhes pertence por “direito e tradição”.
O que a direita produziu de útil ao país nos últimos anos? O pastel de vento apelidado de mensalão que um escroto lançou em 2005 e no qual a mídia embarcou como se estivesse na década de 60 e que, independente do seu desfecho, não vai ameaçar a reeleição de Dilma. Este é o problema da oposição: prefere o golpe a se reconstruir em bases sólidas, oferecendo ao país uma alternativa real de projeto de governo. São tão conservadores, que não renovam seus quadros há mais de uma década. Perdedor de carteirinha, campeão recordista de rejeição, quem estará na disputa em 2014? Serra. Pela quarta vez! E em São Paulo? Alckmin pela quinta vez! Ou seja: a oposição só vai dar lugar ao novo quando seus atuais candidatos se tornarem cadáveres em estado avançado de decomposição.
Patricinhas cearenses: tiro no pé da direita. Imagem Jarbas Oliveira/Folhapress
Patricinhas cearenses: tiro no pé da direita. Imagem Jarbas Oliveira/Folhapress
O povo não discute ideologias políticas. Mas entende, a seu modo, os fatos. A imagem do médico negro sendo vaiado ostensivamente por algumas patricinhas em Fortaleza diz tudo: mostrou-se à população que os médicos que se formam todos os anos querem consultório em bairro nobre e exigem pacientes residentes das “redondezas”. Haja doente rico pra tanto consultório rico…
Lula enxergou em Padilha o candidato ideal ao governo de São Paulo. Oportunista? Sim, em parte. Com tanta mídia contra, não podia ser diferente. Aliás a própria mídia e os coxinhas colaboraram para essa escolha. Lula é um dos poucos políticos que enxergam o quadro por inteiro muito antes de seus adversários. Além disso, talvez seja aquele que melhor conhece o povo brasileiro.
Enquanto muitos conspiram contra o Brasil, Lula vai construindo as condições para possamos extirpar de vez o PSDB e sua máfia de São Paulo. Se conseguirmos eleger Padilha, talvez a oposição acorde para a inevitável e inadiável reconstrução de seus quadros e de suas propostas para o país.
*Nina