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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, abril 16, 2016

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“A BATALHA DE MOSCOU”

“A BATALHA DE MOSCOU” 

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     Por que falar sempre, quase ficar repetindo essas histórias da Segunda Guerra Mundial? A pergunta é de um amigo a quem informo o tema sobre o qual escreveria para esta edição do jornal A Verdade. A razão, respondo, é que sem conhecermos o passado, não compreenderemos o presente e não prepararemos corretamente o futuro. E também que, você sabe, a sociedade não é homogênea. É dividida em classes – as que dominam e as que são dominadas. As que dominam controlam os meios de comunicação, as escolas, os centros de pesquisa, etc. Assim, a História é apresentada de forma distorcida. Por isso, por todos os meios que tivermos, é preciso colocarmos sempre a verdade histórica. No caso da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, os historiadores burgueses só destacam o papel dos Estados Unidos da América do Norte, quando, de fato, a maior vítima e o principal responsável pela derrota do Eixo foi o povo soviético, com o sacrifício de milhões de vidas, o heroísmo e a bravura de mulheres, homens, crianças e idosos, que defenderam a pátria, a soberania, a independência e o socialismo palmo a palmo, nos campos, nas ruas, nas casas, corpo a corpo, mano a mano. E um desses episódios, que precisam ser relembrados sem conta é a Batalha de Moscou.
     O principal objetivo de Hitler era destruir a União Soviética, com a intenção de impedir o avanço do comunismo no planeta. Por isso, embora com a Europa capitalista também ocupada, as grandes potências, como os EUA, só entram na guerra em 1942, quase um ano depois de o povo soviético vir enfrentando e derrotando heroicamente o invasor nazifascista.
   No dia 22 de junho de 1941, três milhões de soldados alemães adentram a União Soviética com a intenção de dominá-la em três meses. Animados com o êxito inicial, no dia 30 de setembro, marcham para Moscou e, no dia 2 de outubro, chegam aos arredores da capital. Para sua surpresa, encontraram a resistência que mostrou o quanto o seu pretenso “passeio” lhes custaria muito caro e logo seria desmentido o falso brado lançado pelo Ministério da Propaganda da Alemanha, que dizia“ A Rússia está acabada enquanto potência militar”.
Um povo em armas 
     O Exército Vermelho se transformou num povo inteiro, montando barricadas, lutando com tudo que tinha à mão, consciente de que é “melhor morrer em pé do que viver ajoelhado, na condição de escravo”. Foram mais de seis meses de combate encarniçado, mas, apesar de todo o seu poderio, as tropas alemãs ficaram travadas, sem conseguir avançar capital adentro. É tanto que Stalin não se retirou do Kremlim e organizou a comemoração do aniversário da Revolução no dia 7 de novembro. As tropas fizeram o tradicional desfile nas ruas, aplaudidas por milhares de pessoas;  a seguir, todos se dirigiram para a frente de combate. Trecho do discurso de Stalin na ocasião: “Nosso país foi atacado e invadido. O inimigo planejou acabar conosco em um mês e meio e chegar aos Urais num tempo ainda menor. Os fatos têm demonstrado que este plano insensato fracassou por completo. O Exército russo, a Armada e as forças aéreas já têm enchido os rios com o sangue inimigo, mas o inimigo não deixa de levar para a frente reservas frescas, a fim de alcançar seu objetivo antes que chegue o inverno. Não há dúvida, no entanto, de que depois de quatro meses de guerra, a força do inimigo, que certamente foi calculada por excesso, vai declinando, enquanto que nossas reservas chegam agora em número crescente. Nosso Povo Vencerá Guerra!”.
  Morte ao invasor! 
  No dia 5 de dezembro de 1941, o “poderoso” exército alemão é obrigado a recuar. Dois meses depois, os nazistas já se encontram a mais de cem quilômetros da capital soviética. Naquele momento, o povo soviético não tinha mais dúvida alguma de que venceria a operação Barbarossa, assim denominada pelo monstro Adolfo HitlerBarbarossa (Barba Vermelha) era o apelido de Federico Hohantaufen, o Federico I, chefe do Império Romano-Germânico, que comandou as Cruzadas contra os árabes para ocupar suas terras com a justificativa de que iriam resgatar os lugares por onde Jesus Cristo andara. Hitler se considerava a reencarnação do Barbarossa, em cruzada contra o Comunismo, e se dizia cumprindo a vontade de Deus, igual a George W. Bush declarou quando invadiu o Iraque, ação justificada por um monte de mentiras que espalhara de que Sadam Hussein manteria arsenais de armas químicas e nucleares.
     Em dezembro, a Batalha de Moscou entra na segunda fase, que é a de contra-ataque ao invasor, fustiga-lo e destruí-lo. Frustrado o intento de tomar a capital do socialismo durante o verão, agora os nazistas sofrem, além da bravura do Exército Vermelho, o rigor do inverno russo. Além de expulsarem os nazistas para longe da capital, o Exército e o povo russo tomaram seus blindados e armas. Segundo o historiador Alexei Issaev, “Foi como se lutássemos de punhal contra um inimigo de espada”, mas, no final da batalha, a realidade  era outra:  “Durante a contraofensiva na Batalha de Moscou, o Exército Vermelho fez uma boa colheita de troféus, inclusive carros de combate, viaturas blindadas de transporte de pessoal e outros veículos abandonados pelos alemães no campo de batalha por terem sido atingidos com tiros ou devido a falhas do motor. Assim, os invasores que chegaram próximo a Moscou de veículos blindados recuaram a pé ou a cavalo”.
     Em 20 de abril de 1942, Moscou já não corria nenhum risco. Foi o início da virada, mas a guerra não acabou. Os invasores alemães continuariam tentando tomar a Rússia. No verão de 1942, aconteceria o ataque a Stalingrado, outra batalha fundamental, que, mais uma vez, provou que o povo unido, consciente e organizado, contando com uma direção revolucionária e firme, jamais será derrotado. Sobre Stalingrado, cantada em prosa e verso, leia A Verdade, nº116.
    Lições de Moscou para os dias atuais
   Sem retirar o mérito de todos os povos que combateram o nazifacismo, a União Soviética foi, de longe, a que teve o papel principal, com 24 milhões de mortos e sua economia arrasada, mas recuperada em poucos anos graças ao esforço coletivo.
    Infelizmente, a besta nazista e fascista não foi banida da face da Terra. Enquanto houver capitalismo, a serpente estará pronta para atacar e o faz de diversas formas de acordo com o tempo e lugar. Citei o caso de Bush, mas não se trata de achaque pessoal do ex-presidente dos EUA. Faz parte da política imperialista de controle do mundo. Filhos da besta também põem as unhas de fora em todo tempo, promovendo guerras como a que ocorre atualmente na Síria, agredindo os refugiados como ocorre atualmente na Europa, aniquilando direitos trabalhistas duramente conquistados.
   Agem sob a forma de ditadura militar como ocorreu no Brasil e em vários países da América Latina nas décadas de 1960 a 1980, mas também por meio de aparato legal e aparentemente democrático, como no Paraguai, na destituição do presidente Lugo e hoje, no Brasil, quando lideranças políticas burguesas publicamente conhecidas como corruptas, agem para assumir o governo sob o manto do combate à corrupção. O objetivo, de fato, é implementar, sem restrições, a política neoliberal para fortalecer o capital nacional e internacional imperialista, eliminando, inclusive, conquistas históricas como a legislação trabalhista e a previdência pública.
   Não há novidade. É a luta de classes, que não dorme e se manifesta de acordo com a realidade de cada país, consonante com o tempo histórico. E a vitória das classes oprimidas só ocorrerá por meio da organização independente de classe. Jamais mediante alianças espúrias que apenas alimentam a serpente, chocam seus ovos e a fortalecem, voltando-se contra quem a alimentou.
   A História dá o exemplo e mostra os caminhos. A Batalha de Moscou é um farol. Cercado por tropas e blindados poderosos, enfrentando o inimigo com um punhal ou uma pedra, o povo e seu exército alcançaram a vitória e botaram para correr os alemães que já proclamavam aos quatro ventos terem destruído todo o potencial militar soviético.
José Levino

Detonautas Roque Clube & Flávio Renegado -

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Detonautas Roque Clube & Flávio Renegado - O Morro Mandou Avisar