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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, abril 14, 2011
"Você é o nosso chefe!", disse Bono Vox para Lula
Bob Fernandes
Bono Vox e Lula se encontraram no Hotel Sofitel/Ibirapuera (foto: Divulgação)
Para quem imagina ser Bono apenas um presepeiro em busca de um "selo social", vale informar quem são seus companheiros de viagem, o que buscam, e o teor da sua conversa com o ex-presidente Lula.
Quando Bono e o U2 viajam em turnê, e assim está sendo no Brasil, junto está a ONE, uma das organizações de ação social da qual Bono foi co-fundador, esta em 2004.
As outras organizações das quais Bono faz parte são a DATA (Dívida, AIDS, Comércio, África), criada em 2002, e a RED, criada e dirigida por Bobby Shriver. A RED arrecada fundos com a venda de produtos que são ícones globais e o dinheiro é destinado ao combate à tuberculose, AIDS e malária.
O CEO, o grande executivo da ONE, aquele senhor de óculos e barba rala que aparece em uma ou outra foto-oportunidade, é Joshua A. Bolten. Este cidadão, que toca a banda social de Bono na ONE, trabalhou por 6 anos na Casa Branca, diretamente com o presidente dos EUA, George Bush, o Júnior.
Joshua Bolten dirigiu a Administração e o Orçamento da Casa Branca de 2003 a 2006 e foi Chefe de Staff na sede do governo entre 2006 e 2009. Sim, Joshua trabalhou com Bush Júnior, aquele dos poderosos lobbies. E foi esse o motivo, lobby (valendo o sentido norte-americano do termo) que levou Bono a trazer Joshua para a ONE.
Joshua esteve na conversa entre Lula e Bono Vox, que se deu na segunda-feira 11, entre as 14 e as 16 horas na Suíte Presidencial, 19º andar do Hotel Sofitel/Ibirapuera.
Presentes e testemunhas do encontro o empresário Paulo Okamoto - um dos coordenadores do Instituto Lula -, Marisa Leticia e outro assessor da ONE, Oliver Buston. A tradução ficou por conta de Sérgio Ferreira, o mesmo que trabalhou com Lula na Presidência.
Num dos trechos principais da conversa, no seguinte diálogo, disse Bono, textualmente, palavra por palavra, ao ex-presidente do Brasil:
-Deixe-me dizer uma coisa que talvez seja impertinente.
-Pode dizer...
-... o seu trabalho, agora que você deixou a presidência, ele de certa forma só começou. Deixe-me sugerir que há um trabalho maior, que envolve 1 bilhão de pessoas, e sua presença física...
-Sim...
- Você é nosso chefe! Nós temos 2 chefes. Nelson Mandela...eu fui do movimento anti-apartheid quando o Nelson Mandela pediu para eu me envolver... temos o Nelson Mandela e (Desmond) Tutu, mas eles se aposentaram. Nós olhamos em volta e quem pode nos ajudar a levar as coisas adiante? Nós trabalhamos com a direita e com a esquerda, com Bush...
Nesse instante, Bono interrompe sua fala e pergunta:
-...bem, quem está à esquerda de Bush?
A resposta é de Joshua, o ex-assessor de Bush:
-À esquerda do Bush? Todo mundo está à esquerda do Bush...
Finda a gargalhada geral, Bono prossegue:
-...trabalhamos com a direita e com a esquerda, com Bush e com Gordon Brown. Mas esse modelo antigo quebrou. Agora há um novo centro.
-Sim...
-Eu sugiro que o seu destino é pegar isso que você fez no Brasil e levar adiante. Eu tremo ao dizer isso, porque o senhor já poderia se aposentar, mas o senhor é um lutador e está pronto para a batalha.
Sob atenção e testemunho de Joshua Bolten e dos demais, e em meio a elogios, disse ainda Bono Vox a Lula:
- O senhor é um homem mágico, mas nós não acreditamos em mágica, acreditamos em estratégia e sabemos que o senhor tem estratégias. Nós queremos conhecer as suas estratégias.
Lula, na síntese de sua resposta, disse:
-Eu quero que vocês saibam que eu estou nessa luta pela África de corpo e alma.
No início da argumentação, Lula discorreu sobre seu período de governo.
Falou das iniciativas em relação ao continente africano (embaixadas, fábrica de retro-virais, a universidade federal Luso-Afro-Brasileira em Redenção, entre outros exemplos) e relatou:
-A elite brasileira me criticou muito por isso, mas para mim o Oceano Atlântico é apenas um rio (...) o Brasil tem uma imensa fronteira com a África e muitas possibilidades de parcerias.
Na sequência, o ex-presidente esmiuçou algumas políticas públicas do seu período; do Bolsa Família e ampliação do mercado interno ao Luz para Todos, contou que seu governo "foi bom também para os ricos" e, em determinado momento, deve (é de se supor) ter provocado alguma perplexidade no ex-assessor de George Bush. Isso, no instante em que disse:
- Foi preciso um metalúrgico socialista para implantar o capitalismo no Brasil e ampliar a criação de empregos...
Nesse clima de diálogos surpreendentes, o republicano Joshua Bolten também não se furtou em fazer sua frase. Confessou o ex-assessor de Bush:
- Me juntei à ONE porque nos meus anos na Casa Branca nunca vi um lobbista tão eficiente quanto o Bono...
Bono relatou a Lula o que quer com a ONE: que ela seja uma força global de lobby para os pobres, algo tão forte como a NRA é para quem defende a posse de armas nos Estados Unidos...
Disse ainda o líder do U2 que a África hoje "olha para dois lados" e que vê estes lados, a Ásia e o Brasil, como exemplos de locais que tiraram pessoas da pobreza.
Bono fez um reparo quanto à direção dos olhares da África:
- Enquanto a Ásia é autocrática, o Brasil é um modelo democrático, um modelo que eu prefiro...
O líder do U2 elogiou muito a Mo Ibrahim, um empresário sudanês de telecomunicações que paga um prêmio de U$5 milhões para os presidentes africanos que deixem os governos sem tentar a ampliação dos mandatos originais.
Mo Ibrahim, para Bono, é modelo de empreendedorismo, tecnologia, transparência e democracia para a África.
Um dos pontos da conversa entre Bono e Lula foi a China. O líder do U2 pediu a Lula que ajude a convencer os chineses a aprovar uma lei para garantir a transparência dos investimentos da China na África. Ou seja, a ideia é tentar cercear, ao menos diminuir, a corrupção.
Enquanto a banda ainda toca, seguem os trabalhos. Nesta quinta-feira, 14, se reúnem as equipes da ONE, sem Bono, e a que está criando o Instituto Lula.
O ex-presidente informou a Bono Vox que está "construindo" a proposta do Instituto Lula para a África e ambos combinaram de voltar a conversar.
*luisnassif
Trem-bala: ousar e pensar grande
Esse empreendimento deve ser encarado com a compreensão de que sua implementação é urgente para uma região que concentra 33% do PIB do Brasil
O Brasil se consolida cada vez mais como uma nação que é capaz de enfrentar grandes desafios. Um deles é dar condições para que milhares de brasileiros possam ter acesso a transporte público de qualidade. Além dos investimentos que são necessários dentro das cidades, uma outra parte do problema reside em não termos muitas opções além de rodovias e aeroportos entre grandes capitais.
Para isso, temos que ser ousados e implantar o trem de alta velocidade. O chamado TAV fará primeiro a ligação entre Rio de Janeiro e Campinas, em São Paulo. A partir da apropriação da tecnologia e do desenvolvimento do país, outras capitais, como Curitiba e Belo Horizonte, se seguirão.
Assumi, com entusiasmo, a relatoria da medida provisória que trata do tema no Senado. Quando prefeita de São Paulo, tive como principal desafio a redefinição do transporte público e a implantação do Bilhete Único. Sei o que significa para a população um transporte mais barato e mais rápido.
É também sabido que a diversificação dos meios de locomoção interurbanos, permitindo o transporte por ônibus, aviões e trens, pode tornar o mercado mais competitivo, melhorar o serviço e promover a redução das tarifas, favorecendo o passageiro.
A proposta do governo para o TAV permite uma estruturação financeira da qual participam BNDES e investimentos privados nacionais e internacionais. Em nenhum lugar do mundo esses trens foram implantados sem envolvimento governamental.
Escutei críticas de que o recurso seria mais bem investido nos precários meios de transporte já existentes, mas não se trata de uma questão de priorização de recursos: aquilo que já está destinado para as outras modalidades de transporte não será afetado.
A implantação do TAV também reduzirá significativamente os acidentes e congestionamentos rodoviários e gerará emprego e renda (a previsão é de 12 mil postos) aos dois maiores centros urbanos do país.
Sem contar que a maioria da mão de obra (cerca de 75%), das matérias-primas e de outros insumos serão contratados, adquiridos ou fabricados localmente, desenvolvendo a economia da região.
Menos poluente que outros meios de transporte, o trem de alta velocidade despeja seis vezes menos CO2 na atmosfera que um avião. Ele também ajudará a sanar outra ferida das grandes cidades brasileiras: a falta de espaço para novos projetos de moradia.
Na medida em que tivermos transporte coletivo interurbano de qualidade e de fácil acesso, áreas mais afastadas das regiões metropolitanas poderão receber novos centros habitacionais.
Na Câmara, na semana passada, os deputados fizeram a sua parte, aprovando o brilhante relatório do deputado Carlos Zarattini.
Agora é hora de os senadores tomarem a sua decisão. Afinal, esse é um empreendimento para ser encarado não como uma marca de governo, mas com a compreensão de que a sua implementação se faz urgente para uma região que concentra 33% do Produto Interno Bruto e 20% da população do Brasil. Temos que pensar grande!
O Brasil tem condições de dar um passo ambicioso com a implantação do TAV e, com boa gestão e economia sólida, progredir na infraestrutura necessária para o país. Assim como a China, o Japão, a França e a Espanha, o Brasil investirá na integração de grandes regiões. Seja do ponto de vista econômico, social ou cultural, o projeto se justifica. O Brasil tem condições de ousar.
No desenvolvimento de um país, há que se ter planejamento de longo prazo e gestos que só a visão de estadistas com coragem de empreender têm. Nossa presidenta, assim como o presidente Lula, que desenvolveu o projeto, tem a dimensão da importância do TAV para o Brasil. Nós, no Senado, temos que seguir o mesmo caminho: ousar e pensar grande.
FHC quer que o pobre se exploda ! E o Cerra apóia !
Paulo Moreira Leite do blog do Paulo Henrique Amorim
A mais nova intervenção política de Fernando Henrique Cardoso no debate brasileiro me recorda um episódio que marcou a republica liberal de 1946-1964.
Estou me referindo a uma denuncia feita contra o Brigadeiro Eduardo Gomes, eterno candidato da UDN à presidencia da República. Numa campanha eleitoral, Eduardo Gomes foi acusado pelos adversários getulistas de ter dito, em comício, que não aceitava o “voto dos marmiteiros.” O brigadeiro sempre definiu a denúncia como falsa e caluniosa. Verdade ou mentira? Até certo ponto não importa.
Certa ou errada, a acusação colou e perseguiu Eduardo Gomes e a UDN como um estigma sem cura. Por que? Como se aprende com a experiência histórica, as piores mentiras costumam prosperar quando se apoiam num fundo de verdade. Ou seja: mesmo que o brigadeiro jamais tenha dito a frase sua postura política e as atitudes de seu partido tornavam a denúncia verossímel.
Impossível deixar de pensar em “elitismo” diante da leitura de O Papel da Oposição, texto que FHC acaba de publicar na revista Interesse Nacional e que chegou a provocar uma manchete da Folha, ontem.
Referindo-se àqueles que poderiam ser chamados de “marmiteiros” de hoje em dia, que são os pobres, os excluídos, o “povão”, as “massas desinformadas” Fernando Henrique diz que eles são uma causa perdida para os partidos de oposição. Estão “aparelhadas”, diz FHC, elaborando a seguir os instrumentos pelos quais o “lulismo” teria se apoderado do eleitorado mais pobre e com menor nível de educação formal para ali construir uma fortaleza impenetrável para os adversários.
Resumindo, tais instrumentos seriam as políticas de distribuição de renda em vigor nos últimos anos, boa parte iniciadas nos oitos anos de mandato de FHC, mas que assumiram outra proporção, outra escala — e outro conteúdo, enfim — nos oito anos de governo Lula.
A idéia é a seguinte: o governo Lula distribuiu tantos favores e tantos benefícios ao “povão” que isso torna impossível mudar o voto desses milhões de brasileiros. Se quiser recuperar perspectivas de voltar ao poder, os partidos de oposição devem olhar para os brasileiros melhor remunerados, a começar pelas novas classes médias que se formaram na prosperidade econômica dos anos Lula.
Talvez seja a primeira vez na história das democracias que um ex-presidente da República escreve e assina embaixo a proposição de que seu partido e seus aliados podem desistir de receber o voto dos mais eleitores humildes. Mesmo em países onde a renda é melhor distribuída, determinados candidatos conservadores evitam fazer pregações agressivas dessa natureza, pois é certo que elas podem estimular sentimentos de hierarquia social em cidadãos que se sentem ameaçados em seu padrão de vida e dar margem a ressentimentos que estão na origem de boa parte dos movimentos de extrema-direita.
Em tempo: o Padim Pade Cerra disse à Folha (*) que concorda em gênero, numero e grau com o que o Farol de Alexandria disse. Ora, pois. Quem atribuiu aos nordestinos (aos “migrantes”) a responsabilidade pelo péssimo desempenho das escolas públicas tucanas de São Paulo ?
Estou me referindo a uma denuncia feita contra o Brigadeiro Eduardo Gomes, eterno candidato da UDN à presidencia da República. Numa campanha eleitoral, Eduardo Gomes foi acusado pelos adversários getulistas de ter dito, em comício, que não aceitava o “voto dos marmiteiros.” O brigadeiro sempre definiu a denúncia como falsa e caluniosa. Verdade ou mentira? Até certo ponto não importa.
Certa ou errada, a acusação colou e perseguiu Eduardo Gomes e a UDN como um estigma sem cura. Por que? Como se aprende com a experiência histórica, as piores mentiras costumam prosperar quando se apoiam num fundo de verdade. Ou seja: mesmo que o brigadeiro jamais tenha dito a frase sua postura política e as atitudes de seu partido tornavam a denúncia verossímel.
Impossível deixar de pensar em “elitismo” diante da leitura de O Papel da Oposição, texto que FHC acaba de publicar na revista Interesse Nacional e que chegou a provocar uma manchete da Folha, ontem.
Referindo-se àqueles que poderiam ser chamados de “marmiteiros” de hoje em dia, que são os pobres, os excluídos, o “povão”, as “massas desinformadas” Fernando Henrique diz que eles são uma causa perdida para os partidos de oposição. Estão “aparelhadas”, diz FHC, elaborando a seguir os instrumentos pelos quais o “lulismo” teria se apoderado do eleitorado mais pobre e com menor nível de educação formal para ali construir uma fortaleza impenetrável para os adversários.
Resumindo, tais instrumentos seriam as políticas de distribuição de renda em vigor nos últimos anos, boa parte iniciadas nos oitos anos de mandato de FHC, mas que assumiram outra proporção, outra escala — e outro conteúdo, enfim — nos oito anos de governo Lula.
A idéia é a seguinte: o governo Lula distribuiu tantos favores e tantos benefícios ao “povão” que isso torna impossível mudar o voto desses milhões de brasileiros. Se quiser recuperar perspectivas de voltar ao poder, os partidos de oposição devem olhar para os brasileiros melhor remunerados, a começar pelas novas classes médias que se formaram na prosperidade econômica dos anos Lula.
Talvez seja a primeira vez na história das democracias que um ex-presidente da República escreve e assina embaixo a proposição de que seu partido e seus aliados podem desistir de receber o voto dos mais eleitores humildes. Mesmo em países onde a renda é melhor distribuída, determinados candidatos conservadores evitam fazer pregações agressivas dessa natureza, pois é certo que elas podem estimular sentimentos de hierarquia social em cidadãos que se sentem ameaçados em seu padrão de vida e dar margem a ressentimentos que estão na origem de boa parte dos movimentos de extrema-direita.
Em tempo: o Padim Pade Cerra disse à Folha (*) que concorda em gênero, numero e grau com o que o Farol de Alexandria disse. Ora, pois. Quem atribuiu aos nordestinos (aos “migrantes”) a responsabilidade pelo péssimo desempenho das escolas públicas tucanas de São Paulo ?
*Brasilmostraatuacara
Eric Hobsbawm: - "Lula ajudou a mudar o equilíbrio do mundo".
Lula continua em sua intensa agenda internacional. Na quarta-feira encontrou-se em Londres com o Eric Hobsbawm, historiador britânico e um dos mais importantes intelectuais da atualidade, ainda na ativa aos 94 anos. É autor de livros clássicos como "A Era das Revoluções", "A Era do Capital", "A Era dos Impérios" e "A Era dos Extremos".Lula e Hobsbawm foram convidados pela Organização Não-Governamental britânica OXFAM para uma conferência sobre rumos para diminuição da desigualdade social no mundo. Antes disso, se reuniram na casa embaixador brasileiro Roberto Jaguaribe para uma conversa entre companheiros.
Hobsbawm elogiou muito Lula ao falar com a imprensa após o encontro:
"Lula ajudou a mudar o equilíbrio do mundo ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas... fez um trabalho maravilhoso não somente para o Brasil, mas também para a América do Sul... Eu o conheci primeiro em 1992, muito tempo antes de ser presidente. Desde então, eu o admiro. E, quando ele virou presidente, minha admiração ficou quase ilimitada. Fiquei muito feliz em poder vê-lo de novo."
Sobre o novo papel de Lula, o historiador disse:
"... claramente Lula está ciente de que entregou o cargo para um outro presidente e não pode parecer que está no caminho desse novo presidente... Acho que Lula deve se concentrar em diplomacia e em outras atividades ao redor mundo. Mas acho que ele espera retornar no futuro. Tem grandes esperanças para [tocar] projetos de desenvolvimento na África, [especialmente] entre a África e o Brasil. E certamente ele não será esquecido como presidente."
A respeito da presidente Dilma Rousseff, Hobsbawm disse ainda não conhecê-la bem, mas tem boas expectativas:
"É extremamente importante que o Brasil tenha o primeiro presidente que nunca foi para a universidade e venha da classe trabalhadora e também seja seguido pela primeira presidente mulher. Essas duas coisas são boas. Acredito, pelo que ouço, que a presidente Dilma tem sido extremamente eficiente até agora, mas até o momento não tenho como dizer muito mais".
Palestra para empresários
Nesta quinta-feira (14), Lula faz o trabalho profissional, dando uma palestra para empresários a convite da empresa Telefonica, em Londres. O tema é perspectivas de investimento no Brasil e sobre o fortalecimento da democracia na América do Sul. De certa forma Lula une o útil (o trabalho remunerado) ao agradável: falar bem do Brasil e contribuir para criar empregos aqui.
Prêmio e encontro com chefe de governo
Depois, ele embarca para a Espanha, onde receberá um prêmio da Prefeitura de Cádiz na sexta e, no sábado, se reúne com o primeiro-ministro José Luis Zapatero. À tarde, o descanso do guerreiro: aproveita para assistir ao jogo de futebol entre Barcelona e Real Madrid.
Lula: 'Todos brasileiros são do povão'
O ex-presidente Lula comentou em Londres, nesta quinta-feira, as recentes declarações de Fernando Henrique Cardoso. Em artigo publicado nesta semana, FHC escreveu que se os tucanos continuarem tentando dialogar com o "povão", acabarão "falando sozinhos". Na opinião dele, o PSDB deve investir "nas novas classes médias".
Para Lula, as afirmações foram incompreensíveis. "Eu, sinceramente, não entendi o que ele quis dizer. Nós já tivemos políticos que disseram preferir cheiro de cavalo do que de povo. Agora, tem um ex-presidente que fala para não ficar atrás do povão, esquecer o povão", disse o petista, citanto declaração do general João Batista Figueiredo, o último presidente durante a ditadura militar.
Lula foi além, e disse: "Não sei como alguém que estudou tanto, depois diz que quer esquecer do povão. O povão é a razão de ser do Brasil. E do povão fazem parte a classe média, a classe rica, os mais pobres, porque todos são brasileiros".
Oposição
Lula disse que o PT saiu ainda mais fortalecido das últimas eleições e que isso está incomodando a oposição. No entanto, ressaltou que isso faz parte do processo democrático e lembrou que também já esteve do lado enfraquecido. "O governo não engoliu a oposição. O que aconteceu é que ele saiu mais forte do processo eleitoral. Mas isso é assim mesmo. Eu já fui oposição com apenas 16 deputados. Ou seja, também já fui pequeno"
Lula ainda declarou que "a oposição precisa saber que o povo brasileiro não aceita mais uma oposição vingativa, com ódio, negativista. O que o povo brasileiro quer é gente que pense com otimismo no Brasil. Afinal de contas, a gente conquistou um ponto de auto-estima que não pode recuar mais. E é isso o que a oposição não compreende".
Discurso
Lula discursou nesta manhã na capital do Reino Unido para investidores e acionistas do Grupo Telefonica. Durante o evento, Lula destacou as oportunidades de investimento na América do Sul e o desempenho da economia brasileira nos últimos anos.
Sobre a escalada da inflação, o ex-presidente disse não estar preocupado e destacou que a meta de 4,5% estabelecida em seu governo prevê margem de erro de dois pontos para cima ou para baixo. "Por isso estamos dentro da meta e a presidenta Dilma já tomou as medidas para controlá-la. Não tenho medo que a inflação volte", garantiu.
Lula deixa a capital britânica no início da tarde de hoje com destino a Espanha. No país, ele recebe o prêmio Libertad na sexta-feira. Na sequência, terá encontros privados com o presidente do Grupo Telefonica, Cesar Alierta, e com o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero. Ele fica em Madrid até sábado e vai acompahar a partida entre Real Madrid e Barcelona, no estádio Santiago Bernabéu, pelo Campeonato Espanhol. Lula embarca de volta para o Brasil na mesma noite.
*osamigosdopresidentelula
Está na hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
*tijolaço
O embaixador Ron Kirk, secretário de Comércio dos Estados Unidos, admitiu que o destino da longa rodada de negociações de Doha, que há dez anos tenta estabelecer novas regras para o comércio mundial “depende da vontade da China, Índia e Brasil de fazerem um acordo que abra seus mercados para mais bens e serviços estrangeiros”. E, de antemão, já previu que “não há razões para otimismo”.Os Estados Unidos bloquearam, em 2008, uma minuta de resolução que, entre outras regras, punha por terra as barreiras protecionistas que o país mantém, sem abrir mão, ao mesmo tempo, que os demais países eliminassem, praticamente, todas as suas restrições às exportação das economias desenvolvidas, como os EUA e a União Européia.
“O poder econômico dos Brics está crescendo à medida que o mundo desenvolvido luta para abater suas dívidas, e os cinco países começam a operar como um bloco único no G20, fornecendo um contraponto aos Estados Unidos e outras potências tradicionais”,
*reuters
BRICS atuam em bloco e enfrentam antiga hegemonia EUA-Europa-Japão
Os líderes dos BRICS, grupo dos cinco grandes países em desenvolvimento, composto pela China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul, se reuniram na ilha de Hainan (China), para estreitar a cooperação nos interesses comuns e aparar arestas.Desvalorização do dólar
As discussões passaram pela desvalorização do dólar, uma vez que a moeda estadunidense é a principal unidade de referência dos preços das mercadorias negociadas no mercado mundial. A enxurrada de dólares no mundo causa inflação, instabilidade cambial e guerra de divisas.
Em um comunicado divulgado durante cúpula na ilha de Hainan, os líderes de China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul disseram apoiar um sistema de reserva monetária internacional amplo, o que significa reduzir a dependência do dólar.
Em pauta, esteve a função global do Direito Especial de Saque (SDR), um ativo de reserva internacional do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Como parte do esforço para fortalecer o comércio e o investimento entre si, os líderes devem assinar na quinta-feira um acordo para ampliar as linhas de crédito mútuas não mais em dólares, mas nas moedas locais dos BRICS, de acordo com relatos da mídia indiana.
Condenação aos ataques aéreos na Líbia
Líderes dos cinco países que formam os "Brics" criticaram a campanha aérea do Ocidente na Líbia, disse uma fonte governamental na cúpula do grupo na quinta-feira.
"Todos eles condenaram os ataques", afirmou a fonte que participou das reuniões dos líderes dos Brics.
A fonte acrescentou que eles expressaram preocupação sobre os efeitos dos ataques aéreos sobre os civis líbios.
Mesmo a África do Sul, que votou a favor da resolução do Conselho de Segurança da ONU que autorizou uma zona de "exclusão aérea" na Líbia, adotou às críticas aos ataques.
Rodada de Doha
Os ministros do comércio dos cinco países soaram pessimistas com as perspectivas. Os Estados Unidos disseram no mês passado que as grandes economias emergentes precisam abrir seus mercados. Mas, ao endossar o projeto de acordo de 2008, os Brics deram a entender que cabe ao Ocidente o ônus de ceder.
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