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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, outubro 13, 2013

Charge foto e frase do dia































































































































EUA subornaram generais em 64

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EUA subornaram generais em 64

13 de outubro de 2013 | 12:31
O Conversa Afiada acaba de publicar um vídeo que muda um bocado as leituras que se fazem do golpe de 64. A participação americana no golpe não se limitou à comprar a mídia (a Globo, sobretudo), patrocinar campanhas de parlamentares, e estacionar porta-aviões na costa brasileira. Os EUA subornaram a cúpula do Exército Brasileiro. Um deles foi Amaury Kruel, comandante do II Exército de São Paulo.
O vídeo foi feito pelo Instituto João Goulart.

*Tijolaço

INVASÕES NORTE-AMERICANAS PELO MUNDO





INVASÕES NORTE-AMERICANAS

Ronald  Santos Barata**


I - Na América Latina

MÉXICO
1846/1848–EUA anexaram a República do Texas;
1913 -Fuzileiros invadem o México com a desculpa de evacuar cidadãos americanos durante a revolução. Bloqueiam as fronteiras.
1914/1918 -Marinha e exército invadem e interferem na luta contra nacionalistas;.

HAITI
1891 - Tropas debelam a revolta de operários negros na ilha de Navassa, reclamada pelos EUA;
1915/1934 - Tropas americanas desembarcam no Haiti, em 28 de julho, e transformam o país numa colônia, permanecendo lá durante 19 anos;
1994/1999 - Bill Clinton determina que tropas americanas ocupem o Haiti na justificativa de devolver o poder ao presidente eleito Jean-Betrand Aristide, derrubado por um golpe. Na verdade, era para evitar que o conflito interno provocasse uma onda de refugiados haitianos para os Estados Unidos;

HONDURAS
1903 -Fuzileiros Navais desembarcam em Honduras e intervêm na revolução do povo hondurenho;
1907 - Fuzileiros Navais desembarcam e ocupam o país durante a guerra de Honduras com a Nicarágua;
 1911 - Tropas invadem para proteger interesses americanos durante a guerra civil.
1912 - Tropas norte americanas mais uma vez invadem Honduras para proteger interesses do capital americano
1919 - Fuzileiros desembarcam e invadem mais uma vez o país durante eleições, colocando no poder um governo a seu serviço;
1924/1925 - Tropas dos EUA desembarcam e invadem o país duas vezes durante eleição nacional;
1983/1989 - Tropas enviadas para construir bases em regiões próximas à fronteira invadem o país;
2009 - Zelaya é derrubado por golpe militar.

GUATEMALA
1920 - Tropas invadem e ocupam o país durante greve operária;
1954 - Comandos americanos orientados pela CIA derrubam o presidente Jacobo Arbenz, democraticamente eleito e impõem uma ditadura militar no país. Arbenz havia nacionalizado a empresa United Fruit e realizava a reforma agrária;
1966/1967 - Boinas Verdes e marines invadem o país para combater movimento revolucionário;

NICARÁGUA
1894 - Tropas ocupam Bluefields, cidade no mar do Caribe, durante um mês.
1898 - Fuzileiros Navais invadem o porto de San Juan del Sur;
1899 - Tropas desembarcam no porto de Bluefields e invadem o pais todo;
1907 - Tropas invadem e impõem a criação de um protetorado sobre o território livre da Nicarágua;
1910 - Fuzileiros navais desembarcam e invadem pela 3ª vez Bluefields e Corinto
1912/1933- EUA invadem com tropas com a desculpa de combaterem guerrilheiros e ocupam o país durante 20 anos;

PANAMÁ
1895 - Tropas desembarcam no porto de Corinto, província Colombiana;
1901/1914 - Marinha apoia a revolução quando o Panamá reclamou independência da Colômbia; Tropas americanas ocupam o canal em 1901, quando teve início a polêmica construção do canal;
1908 - Fuzileiros invadem o país durante período de eleições.
1912- Fuzileiros navais invadem novamente o Panamá e ocupam o país durante eleições presidenciais
1925 - Tropas invadem para debelar greve geral dos trabalhadores;
1958 - Tropas dos Estados Unidos invadem e combatem manifestantes nacionalistas panamenhos;
1989 – Invasão batizada de “Operação Causa Justa”, com 27 mil soldados, para prender o pres.. Manuel Noriega, antigo ditador aliado do governo americano. Bush mandou derrubá-lo por estar promovendo tráfico de drogas para os EUA. O ex-presidente cumpre prisão perpétua nos EUA.

CUBA
1898/1902 - Tropas sitiaram Cuba durante a guerra hispano-americana
1906/1909 - Tropas dos EUA invadem Cuba e lutam contra o povo cubano durante período de eleições;
1912 - Tropas invadem o país com a desculpa de proteger interesses americanos em Havana;
1917/1933 - Tropas desembarcam e transformam o país num protetorado econômico americano, permanecendo essa ocupação por 16 anos;
1961 – Exilados anticastristas nos EUA, treinados pela CIA e pelo exército norte-americano invadem a Baía dos Porcos. São rechaçados no episódio denominado La Batalia de Giron.

REPUBLICA DOMINICANA
1903/1904 - Tropas atacaram e invadiram o território dominicano para proteger interesses do capital americano durante a revolução;
1914 - Fuzileiros navais invadem o solo dominicano e interferem na revolução em Sto. Domingo;
1916/1924 - Os EUA invadem e estabelecem governo militar na República Dominicana, em 29 de novembro, ocupando o país durante oito anos;
1965/1966 - Trinta mil fuzileiros e paraquedistas desembarcaram em Santo Domingo, para impedir nacionalistas panamenhos de chegarem ao poder. A CIA conduz Joaquín Balaguer à presidência, consumando um golpe de estado que depôs o presidente eleito Juan Bosch. O país já fora ocupado pelos americanos de 1916 a 1924.

EL SALVADOR
1932 - Navios de Guerra são deslocados durante a revolução das Forças do Movimento de Libertação Nacional – FMLN, comandadas por Marti; (carece de mais pesquisa para confirmar)

PORTO RICO
1898 - Tropas sitiaram Porto Rico na guerra hispano-americana, hoje 'Estado Livre Associado' dos Estados Unidos
1950 - Comandos militares dos Estados Unidos ajudam a esmagar a revolução pela independência de Porto Rico, em Ponce;

GRANADA
1983/1984 - Após bloqueio econômico de quatro anos, a CIA coordena o assassinato do Primeiro Ministro Maurice Bishop. Por determinação de Ronald Reagan, os Estados Unidos invadiram a ilha caribenha, alegando prestar proteção a 600 estudantes americanos, mas era para eliminar a influência de Cuba e da União Soviética sobre a política da ilha.

BOLIVIA
1964 - Victor Paz Estenssoro é derrubado por um golpe militar liderado pelo vice-presidente René Barrientos e Alfredo Ovando, ,comandante do exército, com a ajuda de CIA.
1971- O governo socialista de Juan José Torres González é derrubado por violento golpe militar
1986 – Exército norte-americano invade o território boliviano sob o pretexto de ajudar no combate ao tráfico de cocaína e erradicação de plantações de coca.

HAWAI
1893 - Marinha enviada para suprimir o reinado independente e anexar o Hawaí aos EUA

ILHAS VIRGENS
1989 - Tropas americanas invadem a parte ocidental das ilhas durante revolta do povo contra o governo americano; É território dos EUA.

PARAGUAI
2012 - Fernando Lugo é derrubado por um golpe-branco, com apoio de multinacionais americanas.

CHILE
1891 - Fuzileiros Navais esmagam forças rebeldes nacionalistas
1973 - A CIA trabalhou, sem sucesso, para evitar que Salvador Allende, eleito em 1970, assumisse a presidência do país. O presidente dos EUA, Nixon, mandou que se promovessem ações que fizessem a “economia do Chile gritar”. O golpe de Estado foi consumado em 11 de setembro de 1973, Oficiais do exército e da marinha chilena, com apoio militar e financeiro da CIA e de organizações terroristas neofascistas colocam Augusto Pinochet na presidência.


VENEZUELA
1947 - Com apoio dos EUA que invadiram e derrubaram o presidente eleito Rómulo Gallegos, que havia aumentado o preço do petróleo exportado, os militares colocam um ditador no poder;
2002 - Hugo Chávez é derrubado por um golpe militar, mas graças a militares nacionalistas, impõe-se o contra-golpe.

EQUADOR
1963 - O presidente esquerdista Carlos Julio Arosemena Montoy é deposto por um golpe militar e deportado para o Panamá.
1972 -  José Maria Velasco Ibarra tentou implantar a reforma agrária. Foi derrubado por um golpe militar.

URUGUAI
1973 - golpe militar.que acabou em 31/10/2004 com a eleição de Tabare Vasquez que tomou posse em março/2005.

PERU
1992 - Alberto Fujimori dá um autogolpe, com o apoio dos militares. Ocupa a presidência de julho/1990 a novembro/2000. Foi condenado por corrupção e genocídio. Inicialmente ocupava uma cela de 800m” e hoje uma “cela” de 10.000 m”, com imensas mordomias.

COLOMBIA
2000 - Marines e "assessores especiais" dos EUA iniciam o Plano Colômbia, Esse Plano, engendrado nos EUA, destinava-se, formalmente, a combater o tráfico de drogas e erradicar as plantações de coca, mas visava também a desestruturar as guerrilhas de esquerda, como as FARC <http://pt.wikipedia.org/wiki/FARC> , com ajuda financeira e militar dos EUA ao governo colombiano.

ARGENTINA
1890 - Desembarcam em Buenos Aires para defender interesses econômicos;
1966 - Arturo Umberto Illia é derrubado por golpe militar apoiado pelos EUA por ter cancelado contratos de extração de petróleo por companhias estrangeiras, reduziu a miséria, o desemprego, iniciou um plano de alfabetização e aprovou a lei do salário mínimo. Assumiu o general Jaun Carlos Ongania.
1976 - Junta militar retira Isabel Perón do poder.



BRASIL
1964 – Temendo que o presidente João Goulart “transformasse o Brasil numa China de 1960” (declaração do ex-embaixador Lincoln Gordon), os EUA apoiaram o golpe liderado pelo Marechal Humberto Castelo Branco, então chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Nos dias anteriores ao golpe, a CIA encorajou manifestações contra o governo, promoveu ampla campanha de calúnias com o apoio da grande mídia e forneceu combustível e “armas de origem não norte-americanas” (procedência raspada) aos que apoiavam os militares. Entre outos trabalhos, há na internet o vídeo “O dia que durou 21 anos”.
                                              
II - OUTRAS REGIÕES
A atuação imperialista dos EUA não se restringe à América Latina. Segue resumo de alguns exemplos na Ásia, África e Europa, alongando-me um pouco apenas em dois países que considero emblemáticos. Veja abaixo:
China (4 vezes), Coréia (2 vezes), Filipinas, Ilha de Guam (hoje colônia, juntamente com as Ilhas Marianas, no Pacífico), Ilha de Samoa, Laos (2x), Camboja (2 x), Rússia (5x - derrotadas pelo exército bolchevique), Iugoslávia, Turquia, Albânia, Irã, Grécia, Egito, Líbano, Libéria (2 x), Iraque (3x), Afeganistão, República do Congo (Zaire), Libia... UFA! tem mais... mas já basta.

VIETNAM
É uma história de heroicas lutas. Depois de mil anos de dominação chinesa, o Vietnam conquista a independência no ano 939. Ressentimentos permanecem até hoje. A França promove um processo de colonização e finalmente consegue, no sec. XVI, dominar o território da Conchichina e daí todo o país. Em 1747 o país é dividido em dois.e reunificado em 1802, A partir de 1930, o Partido Comunista lidera várias lutas de libertação na Indochina, mas o Vietnam sofre ocupação japonesa durante a segunda guerra mundial, da qual se livra em 1945. A organização nacionalista Viet Minh, liderada por Ho Chi Minh, declara independência e assume o governo em Hanoi. A França, após bombardear o porto de Haiphong, causando milhares de mortes, reconhece Hanoi como estado livre dentro da União Francesa. O Viet Minh exige independência total. Em maio/1954, os insurgentes, comandados pelo general Vo Nguyen GIAP, promovem cerco à poderosa base francesa de Dien Bien Phu. Após 55 dias, e apesar do apoio norte-americano, os franceses se rendem. Em julho/1954, é estabelecido um acordo em Genebra, em que os franceses reconhecem a independência do Vietnam, mas o país é dividido em dois, com a condição de haver eleições em todo o país, seis meses depois. O governo do sul, do imperador Bao Daí, é derrubado e proclamada a República no Vietnam do Sul. Instala-se uma ditadura com apoio dos EUA e que se nega a realizar eleições. O Norte tinha apoio da URSS. O presidente dos EUA, Lyndon Johnson, determina bombardeios aéreos sistemáticos e, em seguida, envia tropas norte-americanas. Os vietnamitas resistem heroicamente e os EUA, derrotados, aceitam um cessar fogo em 1973 e retiram suas tropas. O governo sul vietnamita resiste por dois anos até que apresenta rendição incondicional.

IRÃ
            Em 1953, o Primeiro Ministro Nohamed Mossaadegh é destituído em um golpe patrocinado pela CIA-Central Inteligency Agency. Só em 2013, a Agência assumiu a autoria. Houve também a participação da Grã Bretanha. Mossadegh, aristocrata nacionalista, alcunhado de “O Incorruptível”, doou seus grandes latifúndios aos que trabalhavam nas terras e o salário para os estudantes pobres de Direito.  Nacionalizou a multinacional inglesa Anglo Iranian Oil que tinha o monopólio dos hidrocarbonetos no Irã(o). Em 1941, a Grã Bretanha patrocina a derrubada do Reza Xá, que se aproximara de Hitler, ,e coloca no poder seu filho, Rehza Pahlavi. Encerra-se o desterro de Mossadegh, imposto pelo Xá anterior, e elege-se deputado. Foi ministro das Finanças e dos Negócios Estrangeiros. . É alçado a Primeiro Ministro e promove grandes reformas na estrutura da semi-colônia, em busca de real independência para o país. Em 1952, o governo britânico, apoiado pelo presidente Truman dos EUA, consegue que o Xá demita Mossadegh. Mas, devido ao grande clamor popular, reassume com poderes especiais. Em 1953, Mossadegh aborta um golpe e o Xá foge para Roma. O governo britânico e a CIA estimulam manifestações de rua com muitos agentes provocadores e vândalos e a tradicional campanha de difamação e injurias que a CIA costuma realizar, com apoio das mídias. O exército apoia o golpe. O primeiro ministro é preso e desterrado. O Xá volta e revoga as leis que modificavam a sociedade islâmica. E escancara o país para empresas norte-americanas de petróleo. A Anglo Iranian Oil volta com o nome de British Petroleum. O Irã passa a ser aliado dos EUA, mas a ditadura acaba em 1979 quando ao Ayatolah Khomeiny implanta a República Islâmica.

            Hoje, os EUA realizam ataques com VANTs ou Drones (Veículos Aéreos Não Tripulados)


         **   Recolhi dados em:
1)    trabalhos de Alberto da Silva Jones, professor da UFSC, no sítio Centro da Mídia Independente/Brasil. 
2)    Jornal Resumem Latino Americano, com tradução de Maria Fernanda Souza e Heitor Cesar Oliveira.
3)    Carta Maior
4)      Trabalho de Fred Goldstein, World View Forum, New York, 2008, traduzido por João Camargo.




 * O blog agradece ao companheiro Raul Longo pelo envio
* Georges Bourdoukan