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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 14, 2010

É URGENTE VOTAR NO CONGRESSO





Mais uma razão para votar o pré-sal
sexta-feira, 14 maio, 2010 às 15:14

Mais um megapoço de petróleo acaba de ser anunciado no pré-sal e poderá ser ainda maior que o de Franco, anunciado há dois dias, com pelo menos 4,5 bilhões de barris. Segundo a Agência Nacional do Petróleo disse à Reuters, este segundo poço, batizado de Libra, tem melhores perspectivas que Franco, que só fica atrás de Tupi, a maior reserva de petróleo já descoberta no Brasil.

Com mais esta descoberta, a União terá recursos suficientes para a capitalização da Petrobras, necessária para deixar a empresa brasileira em condições de explorar como operadora única essa gigantesca riqueza. A ANP contratou a Petrobras para perfurar esses campos, já que se trata de área não licitada, mas antes que tucanos e colunistas do mercado se arvorem a condenar supostos privilégios, é bom ouvir a diretora da ANP, Magda Chambriard: “Nós chamamos a BG, a Shell para fazer o mesmo trabalho, mas quem veio?”

Está mais do que na hora dos senadores se mexerem para fazer andar os projetos do pré-sal, já aprovados na Câmara, e que estão encalhados lá. Já denunciei aqui que está havendo uma manobra para que o pré-sal não seja votado no Senado, misturando-o com outros projetos como o ficha limpa e o reajuste dos aposentados.

Os senadores brasileiros estão sendo convocados a votar um projeto fundamental para o desenvolvimento do país e de garantia de suas riquezas. Não podem faltar neste momento.
Brizola Neto

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Presença do Brasil em Teerã gera esperança de paz






Presença do Brasil em Teerã gera esperança de paz
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Reunião do G-15, em Teerã, 15-17/5/2010

Kaveh L Afrasiabi*, Asia Times Online

TEERÃ. Caravanas de oito presidentes e mais de uma dúzia de ministros de Relações Exteriores talvez provoquem aumento de tensão entre os líderes de Teerã, mas não há dúvidas de que a presença dessas autoridades em Teerã, para reunião do Grupo dos 15, é balde de água fria no frenesi ocidental de ataques ao Irã.

A reunião vem em boa hora, tanto no plano global quanto no plano político, no momento em que EUA e aliados ocidentais fazem o que podem para isolar o Irã na conferência de revisão do Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares em andamento (3-28 de maio) em Nova York. EUA e aliados ocidentais estão apostando todas as suas fichas em cisões que surjam entre os 118 membros do Movimento dos Não-alinhados (NAM), como prelúdio para mais pressão. Mês que vem, o grupo chamado “Irã Seis” discutirá a questão nuclear iraniana, organizado para apressar a imposição de novas sanções contra o programa iraniano de enriquecimento de urânio.

O fato de que Índia, Brasil, Argentina, Indonésia e Nigéria estejam representados por delegações do mais alto nível na reunião dos dias 15-17 de maio, dará novo alento à posição do Irã nas discussões em curso em Nova York. – Ali, os Não-Alinhados, liderados pelo Egito, já conseguiram mobilizar muita atenção e interesses contra o programa nuclear israelense. O encontro de Teerã também serve como ocasião para condensar energias contra a “estratégia [ocidental] de sanções” que desestimula qualquer investimento estrangeiro direto no Irã, e para estimular o interesse dos investidores na direção de investimento direto do tipo “Sul-Sul”.

“O encontro de Teerã visa a aprimorar a cooperação Sul-Sul, para enfrentar as desigualdades globais e avaliar o impacto da recuperação econômica sobre as nações em desenvolvimento” – diz um professor de ciência política da Universidade de Teerã.

A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil pode significar que Irã e Brasil estão “mais próximos de um acordo para troca de combustível nuclear”, segundo o mesmo professor. Os dois países têm mantido contatos para discutir a possibilidade de o Brasil ajudar o Irã para manter em funcionamento o reator nuclear que produz radioisótopos para centenas de hospitais em todo o país.

À parte a questão nuclear, o encontro de Teerã será considerado bem-sucedido se gerar crescimento no fluxo de capitais de outros países do G-15 – como Índia, Brasil, Venezuela e Malásia –, muitos dos quais são, simultaneamente, fontes e destinos de investimentos diretos.

A política exterior iraniana no campo econômico do governo de Mahmud Ahmadinejad já trouxe dividendos importantes em termos de maiores investimentos vindos dos países do G-15. Casos exemplares importantes desse sucesso são os investimentos das empresas indianas OVL, Oil India e IOC no desenvolvimento de oleodutos e gasodutos, e na extração de gás do campo Pars Sul, no Irã.

A empresa Tata Steel investiu em indústrias de aço, e o setor público indiano – empresas como Rites e Ircon – ajudou a desenvolver o projeto de terminal de contêineres no sudoeste do Irã. Dentre outros países, a Venezuela também investiu cerca de $760 milhões nos campos de petróleo do sul do Irã; e $700 milhões em projeto petroquímico em Assaluyeh.

Ainda assim, apesar do evidente avanço da cooperação Sul-Sul em direção ao Irã, o total do comércio entre iranianos e seus parceiros do bloco G-15 não ultrapassa 6% de seu comércio global, sendo a Índia a principal parceira comercial. Ano passado, as importações iranianas dos países do G-15 alcançaram quase 11% do total das importações do Irã. As relações de Teerã com governos dos países do G-15 variam, à luz do reduzido comércio com Argélia, Jamaica, Nigéria e Senegal, se comparadas com os laços mais amplos que se constroem atualmente com Brasil, Malásia e alguns outros.

O grupo G-15, trans-regional, desempenha papel central na configuração da hegemonia cultural e econômica do ocidente e, em vários sentidos, garante a viabilidade de países não-alinhados na era do pós-Guerra Fria – semelhante ao Grupo D-8, predominantemente de países islâmicos e menor. Cinco membros do Grupo D-8 islâmico mais amplo (Irã, Indonésia, Egito, Malásia e Nigéria) também participam do G-15.

Na presidência do G-15 desde 2006, essa semana o Irã passa a presidência ao Sri Lanka. Pode ser oportunidade única para o Sri Lanka, cuja economia “globalizada” depende pesadamente das exportações para EUA e Reino Unido, ampliar seu quadro de exportações e aproximar-se do comércio e das redes de investimento Sul-Sul.

Desde 2008, a crise financeira global tem respingado sobre as exportações do Sri Lanka e fez diminuir o influxo de investimentos diretos e de ajuda internacional. O total das exportações caiu 15% em 2009, comparado ao ano anterior; e as remessas encolheram 6%, segundo documento de trabalho do G-15 recentemente publicado. (...)

O encontro de Teerã deve repetir as recomendações para reestruturação das instituições financeiras internacionais e para que haja representação mais equilibrada dos países em desenvolvimento naquelas instituições. (...)

Além disso, alinhada à agenda inicial do G-15, que aspira a ser “parceiro de diálogo” com as nações do G-20, o encontro de Teerã tratará também da questão da segurança alimentar e, talvez, consiga mobilizar bilhões de dólares para criar um banco de alimentos para assistir aos países em desenvolvimento; além da questão dos recursos hídricos, também prioritária; e fala-se da criação de um “fundo para a água”.

Na discussão sobre o encontro do G-15, os jornais de Teerã não se cansam de criticar as desigualdades do comércio mundial e a importância de que o mundo em desenvolvimento tenha e mantenha acesso cada vez mais facilitado ao mercado global de bens e serviços.

O mundo desenvolvido talvez não se interesse, e é possível que a mensagem do encontro de Teerã desagrade aos países mais ricos. Mas não há dúvidas de que a mesma mensagem soará como música aos ouvidos da maioria da população mundial, que vive no mundo em desenvolvimento, e arrasta-se sob o peso da dominação ocidental sobre todas as redes de comunicação.

O artigo original, em inglês, pode ser lido em Asia Times Online


Recebido por e-mail da rede castorphoto
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Nota

1. O Grupo dos 15, G-15, foi criado no 9º Encontro do Movimento dos Não-alinhados, em Belgrado, Iugoslávia, em setembro de 1989. Foi criado para estimular a colaboração e dar impulso à criação de outros grupos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio e o Grupo das oito nações industrializadas mais ricas. É composto de países da América do Norte, América do Sul, África e Ásia, com o objetivo comum de promover crescimento e prosperidade. O G-15 visa à cooperação entre países em desenvolvimento nas áreas de investimento, comércio e tecnologia. Adiante, o G15 foi expandido para 18 membros, mas o nome foi mantido.

2. Constituem hoje o G-15: Jamaica, México, Argentina, Brasil, Chile, Peru, Venezuela, Argélia, Egito, Quênia, Nigéria, Senegal, Zimbábue, Índia, Indonésia, Irã, Malásia e Sri Lanka. Em 2006, o Irã assumiu a presidência do G-15.

*Kaveh L Afrasiabi, PhD, é autor de After Khomeini: New Directions in Iran's Foreign Policy (Westview Press) e Reading In Iran Foreign Policy After September 11 (BookSurge Publishing , 2008).

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Sarkozy incentiva Lula a buscar acordo com Irã

Sarkozy telefona para Lula e incentiva Brasil a tentar levar Teerã ao diálogo

O presidente Lula recebeu aval do presidente da França, NicolasSarkozy,para tentar convencer o Irã a retomar as negociações sobre seu programa nuclear. Neste domingo, Lula vai se encontrar em Teerã com o colega Mahmoud Ahmadinejad. Segundo diplomatas brasileiros, Lula pedirá ao iraniano que evite declarações como a que fez ontem – ele disse que as resoluções da ONU contra o Irã “não valem um centavo”.

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O sigilo que se esvai




CATACUMBAS DO SILÊNCIO
A "Legião" desmorona, ninguém noticia

Por Alberto Dines em 30/3/2010

Na sexta-feira (26/3), em Roma, o comando da Legião de Cristo rendeu-se às evidências sobre a vida dupla ou tripla do seu fundador, o padre mexicano Marcial Maciel (1920-2008). Num breve comunicado admitiu, consternado, que "são certas as acusações contra o padre Maciel, entre as quais se incluíam abusos sexuais a seminaristas menores". O comunicado renegando o seu fundador foi assinado pelo atual diretor-geral da ordem, Álvaro Corcuera.

A inédita proclamação foi para a primeira página dos jornais europeus de sábado (27). O prestigioso El País dedicou-lhe duas páginas, uma delas com enorme foto do pontífice João Paulo II recebendo em audiência o sacerdote mexicano que tanto apreciava e tanto estimulou.

O padre Maciel não era apenas um assumido pedófilo (El País prefere usar a nomenclatura técnica: pederasta). Também abusou de seus filhos quando eram pequenos. Filhos? Além do pecado da sodomia, Marcial Maciel, quebrou os votos de castidade e viveu maritalmente com Blanca Estela Lara (que conheceu quando tinha 18 e ele 56 anos), com quem teve três filhos.

A família apareceu há dias na TV mexicana e uma das crianças, agora adulto, contou com escabrosos pormenores com o seu pai tentou violá-lo e o obrigava a masturbá-lo.

Biografia imaculada

Nossos jornais e revistas não têm correspondentes no México. Mas têm em Roma. Nada disso foi publicado aqui nem no sábado, nem no domingo. A Legião de Cristo funciona no Brasil desde 1985. Em 2006, quando Bento XVI determinou que Marcial Maciel (então com 84 anos) se dedicasse apenas às orações e penitências, o caso foi escondido. Não era notícia. Esta é uma das centenas de não-notícias que uma imprensa engajada e assumidamente confessional como a nossa não se sente obrigada a publicar.

É preciso lembrar que Maciel não era apenas um pecador (na linguagem religiosa), criminoso (em termos jurídicos) ou um tarado (em linguagem corrente) – era um militante político de extrema importância. A ordem dos Legionários de Cristo (fundada em 1941) era o braço armado da direita católica. Prosperou durante a longa ditadura franquista na Espanha e expandiu-se no Novo Mundo apoiada por uma igreja identificada com o que havia de mais conservador no espectro político.

A ordem conta hoje – segundo El País – com 900 sacerdotes, 3 mil seminaristas e 70 mil membros laicos espalhados por 18 países, Estados Unidos inclusive. Tem educandários, universidades e conta com formidáveis apoios empresariais.

De acordo com Garry Wills (historiador emérito, jornalista premiado, autor de 40 livros), a Legião de Cristo aparece nos créditos da famigerada produção de Mel Gibson, A Paixão de Cristo, e, junto com a Opus Dei, tentou extrair do Vaticano um endosso espiritual para o filme (The New York Review of Books, 8/4/2004; ver aqui, em inglês).

Importante registrar que as duas organizações e seus fundadores assemelham-se tão somente no aspecto ideológico e no incentivo que receberam do Vaticano. Josemaria Escrivá de Balaguer (1902-1975), criador da Opus Dei, canonizado em 2002, tem uma biografia imaculada. A de Maciel é a de um patife: além das imoralidades pessoais, passava-se por alto funcionário da Shell e agente da CIA.

Silêncio obsequioso

A confirmação das heresias e apostasia de Marcial Maciel veio muito tarde. Há 13 anos, um canal de TV mexicano (CNI Canal 40) preparou uma longa reportagem sobre os abusos cometidos por Maciel. O diretor do programa, jornalista Ciro Gomez Leyva convidou Legionários a contestar as acusações. A partir daquele momento a pressão da Igreja mexicana e da própria presidência da República tornou-se brutal. O documentário foi ao ar, mas no dia seguinte iniciou-se um bloqueio publicitário contra a emissora.

"Um dos mais vergonhosos casos de censura da história do México", relembra Leyva. "O poder e a fortuna dos Legionários de Cristo conseguiram, durante anos, converter o sofrimento de dezenas de vítmas em conspirações falsas e infundadas" (El País, 27/3/2010, págs. 28-29).

Vergonhoso também é o comportamento da imprensa brasileira (exceto Veja), que até hoje não conseguiu dar seqüência à reportagem de Roberto Cabrini emitida no SBT no dia 11/3 sobre os abusos sexuais praticados por um monsenhor em Arapiraca (AL) (ver, neste Observatório, "Crimes sem punição" "Começou o outono ou é uma primavera?").

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Sobre a histeria anticatólica e cumplicidades

Com chamada na primeira página, a Folha de S.Paulo publicou na terça-feira (23/3) um artigo do seu colaborador João Pereira Coutinho com o título "Padres e pedófilos", a respeito da onda de notícias sobre abusos sexuais cometidos por sacerdotes católicos.

O articulista pede que a justiça se manifeste, "estes crimes não têm desculpa ou justificação (...) mas não é apenas a justiça que tem de fazer o seu caminho. O jornalismo preguiçoso também deveria trilhar o seu, separando a histeria anticatólica da verdade criminal".

Em que segmento da imprensa brasileira – tão calada, omissa e cúmplice – encontrou o ilustre articulista uma histeria anticatólica?

Quem se encarregou de responder foi a própria Folha, primeiro jornal brasileiro a manifestar-se em editorial sobre a questão dos padres pedófilos:

"Lançar luz sobre casos de pedofilia e exigir sua punição nada tem a ver com preconceito anticlerical ou com algum tipo de campanha contra a igreja – como afirmou, tipicamente, a imprensa oficial do Vaticano. (...) Nenhuma instituição, por mais veneranda que seja, está a salvo da investigação e do julgamento público; ainda mais quando se acumulam indícios de que sua autoridade e prestígio facilitam a realização, a continuidade e o acobertamento de atos da mais pura infâmia." ("Imperdoável", domingo, 28/3, pág A-2)

O sigilo que se esvai

Sábado à noite, feriado nacional (1/5), descontração, nenhuma tragédia à vista – a não ser a tragédia grega – e eis que o Jornal Nacional solta uma bomba: o Vaticano assumiu o controle da Legião de Cristo, condenou o seu fundador, o sacerdote mexicano Marcial Maciel, por abusos sexuais e o classifica como "homem sem escrúpulos".

Um mês antes, os interventores da Santa Sé na Legião de Cristo anunciaram os resultados de uma longa investigação e, embora a mídia internacional acompanhasse o caso de perto, no Brasil ficou sob embargo, sobretudo porque a condenação de Maciel atinge diretamente o papa João Paulo II, seu protetor, verdadeiro padrinho.

O que levou os editores do Jornal Nacional a liberar a notícia? Desatenção? Impensável. Tudo indica que acabou a política do sigilo e a prova foi dada no domingo (2/5), pelo Globo: apenas o jornalão carioca noticiou o desmonte da ordem.

Na surdina

Como nada acontece por acaso, nem isoladamente, os novos ventos logo soprarão nas demais redações. Para os privilegiados leitores do site do Observatório da Imprensa, o padre Maciel é figura manjada, mas convém lembrar aos demais leitores e ouvintes que o mexicano não foi apenas um pecador, delinqüente e tarado, era também um militante político de extrema importância.

Os Legionários de Cristo eram o braço armado da ultra-direita católica. A Legião prosperou durante a longa ditadura franquista na Espanha, expandiu-se no Novo Mundo e em parte dos Estados Unidos. Apesar dos votos de celibato e castidade, Maciel amasiou-se com pelo menos duas mulheres, teve três filhos e abusou sexualmente deles.

Grandes mudanças muitas vezes são noticiadas em surdina, sem estardalhaço. O tranqüilo noticiário sobre a ruína da Legião de Cristo pode significar profundas modificações na imprensa brasileira.

Homens de Fé com má Fé






Homens de Fé com má Fé

Só pode ser má fé. O desconhecimento, em se tratando dos príncipes da Igreja, é incabível. Essa é a conclusão que cheguei ao ler matéria no Estadão de hoje sob o título "CNBB vê chavismo em plano de direitos humanos".

Ao associar o PNDH-3 a uma suposta inspiração chavista, a CNBB revela uma intenção ideológica de desqualificar o Plano passando a idéia subliminar de que este é um risco à democracia devido á conotação negativa que o termo ganhou de parte dos setores mais conservadores da imprensa e da política brasileira condenadores (por motivos óbvios) dos governos de esquerda na América Latina e que os associa a regimes autoritários

Risco á liberdade democrática são eles ao defender o monopólio da crença católica e condenar o direito à livre crença religiosa, sem privilégios ou desmerecimento de qualquer uma delas. Autoritários são eles ao condenarem a liberdade de aborto à mulher que desejar faze-lo, assim como opção de união entre homossexuais.

Que os bispos sejam autoritários e conservadores é um direito deles. Que queiram impingir seu conservadorismo aos fiéis de sua igreja também o é. Agora, condenar liberdades democráticas e direitos humanos à sociedade civil é muita arrogância. E ainda usando da fraude para atrair adeptos às suas idéias, é má fé, pra não dizer safadeza: refiro-me à tentativa de nos fazer crer que o Plano Nacional de Direitos Humanos defende a "legalização do lenocínio"(cafetinagem), como explicitou o Bispo D. Demétrio.

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Só resta reclamar com o Papa!






Só resta reclamar com o Papa!

Os demo-tucanos estão começando a ficar incomodados com a atuação das Organizações Lula (ONU, Fórum Econômico Mundial, Time, El País, Financial Times, Obama, Zapatero e Hillary Clinton, entre muitos outros e outras).

Segundo os demo-tucanos as Organizações Lula estão fazendo, de forma disfarçada mas eficaz, campanha antecipada para a pré-candidata Dilma Rousseff.
Quando os atores sociais e políticos são brasileiros é fácil. O DEM entra com ação no TSE e pronto.

Nesse caso, a dificuldade é que o TSE não tem ingerência com esses atores sociais e políticos internacionais.

Só há uma instituição que é supra-nacional: a Igreja Católica.

Assim, os demo-tucanos estão preparando um texto justificativo e irão reclamar ao Papa, para que ele interceda e estanque essa campanha antecipada anti-ética e desleal.

O medo dos demo-tucanos, que leva a esse último recurso, é que o Lula ganhe o Prêmio Nobel da Paz ainda este ano.

Aí é que a vaca vai pro brejo, de uma vez por todas…

Não tem Organizações Serra (Globo, Folha, Estadão e Veja, entre outros) que segurem o tranco!


Augusto da Fonseca