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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, maio 20, 2010
A História é testemunha
Coisas da Política
Mauro Santayana - Jornal do Brasil - 20/05/2010
Velha teoria explica as guerras generalizadas como inevitável irritação da História: as situações envelhecem e se tornam insuportáveis, para estourar nos conflitos sangrentos. Alguns as veem como autorregeneração do mundo, ao contribuir para o equilíbrio demográfico. Outros a atribuem à centelha diabólica que dorme no coração dos homens e incendeia o ódio coletivo. O mundo finará sem que entendamos a fisiologia do absurdo. Para os humanistas, são repugnantes os massacres coletivos tanto como os assassinatos singulares.
De qualquer forma, a História tem como eixo a tensão permanente entre guerra e paz; entre a competição e o entendimento; entre o egoísmo que se multiplica no racismo e a solidariedade internacional. Uma coisa é inegável: quando os mais fortes querem, não lhes faltam argumentos trôpegos para justificar a agressão. La Fontaine soube reduzir esse comportamento no diálogo entre o lobo e o cordeiro. Quando o lobo quer, os filhos são responsáveis por falsas culpas dos pais e as águas sobem os rios.
É interessante registrar, no episódio da questão do Irã, algumas dúvidas que assaltam o homem comum. A primeira delas e devo essa observação a um amigo é a do direito de os possuidores das armas atômicas decidirem quem pode e quem não pode desenvolver a tecnologia nuclear. Mais ainda, quando o árbitro maior é o governo do país que a usou criminosamente, ao arrasar, sem nenhuma razão tática ou estratégica, duas cidades inteiras e indefesas do Japão. Reduzidas as dimensões do absurdo, podemos aceitar como lícitas as associações criminosas, como as dos narcotraficantes dos morros. Possuidores de bom armamento, impõem sua lei às comunidades e constroem sua própria legislação, cobram tributos e exigem obediência, sob a ameaça dos fuzis e da tortura. Chegaremos assim a uma sociologia política, abonada indiretamente por Weber e outros, que admite todo poder de facto, sem discutir sua legitimidade ética.
O momento histórico é de grande oportunidade para a Humanidade e de grande perigo, também. A República dos Estados Unidos é um lobo ferido em suas entranhas. Por mais disfarcem o choque, a eleição de Barack Hussein Obama lanhou as glândulas da tradição conservadora da Nova Inglaterra. A águia encolheu suas asas. A maioria dos estados e, neles, a maioria dos eleitores, decidiu por um homem mestiço, filho de pai negro e mãe branca, nascido em uma colônia dissimulada em estado, o Havaí; e que passou o período mais importante da formação, o da adolescência, na Ásia: na Indonésia muçulmana e no arquipélago em que nasceu.
No inconsciente coletivo, os Estados Unidos já sentem a decadência, que se acelerou com o neoliberalismo. Eles poderão administrá-la com inteligência, integrando-se em uma Humanidade que necessita, com urgência, de novos parâmetros e de nova tecnologia, capazes de preservar a natureza, hoje em acelerada erosão, ou entrar em desespero. Se entrarem em desespero, conduzirão o mundo a nova guerra, mas isso não parece provável, diante da crescente consciência antibélica de seu povo.
Por enquanto os falcões parecem contar com a Europa e com a China, no caso do Irã. Mas não há, nos horizontes movediços de hoje, país suficientemente forte, capaz de impor-se aos demais. A Europa desce a ladeira, com sua bolsa de euros de barro, e a União Europeia se encontra ameaçada de fragmentação. A China é uma nebulosa impenetrável. O capitalismo financeiro descolou-se de qualquer compromisso ético, se é que o teve um dia. O sistema se torna mais selvagem quando se vale dos instrumentos tecnológicos de operação universal e instantânea. É nesse momento que a presença do Brasil começa a impor-se no cenário internacional. Não temos armas atômicas, não dispomos de exércitos numerosos e bem equipados, mas somos chamados a manter o bom-senso, e manter o bom-senso é exercer a ousadia moral.
Digam o que disserem os quislings domésticos, o Brasil ganhou o respeito do mundo ao buscar a paz no Oriente Médio. Se contribuirmos para evitar o conflito, nosso será o mérito; se não houver o êxito, fica, na História, o testemunho de um esforço destemido e honrado e não menos meritório.
É PRECISO UM JORNAL DA COMUNIDADE INTERNACIONAL PARA DEFENDER O BRASIL PORQUE OS NOSSOS SÃO CORRUPTOS,ENTREGUISTAS E ENVERGONHAM O POVO BRASILEIRO
Sanções ao Irã são bofetada na diplomacia emergente, diz 'Guardian'
Em editorial, jornal britânico criticou proposta dos EUA e defendeu acordo mediado por Brasil; tema suscitou debate acirrado na imprensa.
BBC
Um editorial do jornal britânico "The Guardian" afirma que a resolução proposta pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU prevendo sanções contra Teerã é uma "bofetada nos esforços de negociação" das potências emergentes.
O texto defende o acordo negociado na segunda-feira por Brasil e Turquia com o Irã. Para o jornal, o entendimento turco-brasileiro é "o mais perto que chegamos até agora do início de uma resolução" para a questão nuclear iraniana.
Por isso, diz o "Guardian", "a proposta de resolução (promovida pelos EUA) pode ser interpretada como uma bofetada das grandes potências nos esforços de negociação de outros países. Mas, em um mundo multipolar, Barack Obama não pode simplesmente fazer isso."
"A Turquia está emergindo como uma importante potência diplomática no Oriente Médio. Turquia e Brasil, o outro mediador do acordo, são membros não-permanentes do Conselho de Segurança e signatários do tratado de não-proliferação. O Japão, igualmente, compartilha o comprometimento de encontrar uma solução diplomática neste impasse com o Irã. Juntas, essas nações assumiram o papel de mediadores honestos abandonados pela Grã-Bretanha, a França e a Alemanha."
Melindre
A questão suscitou artigos incisivos nesta quarta-feira em diversos jornais estrangeiros. Na França, o matutino "Le Figaro" se pergunta por que a manobra iraniana "uniu as grandes potências" em torno da resolução americana, incluindo países tradicionalmente contrários às sanções, como Rússia e China.
"A realidade é que a Rússia e a China não gostaram nem um pouco que o Brasil e a Turquia se permitissem fazer um acordo nuclear com Teerã sem se dar ao trabalho de consultar Moscou e Pequim de antemão", opina o jornal.
"Chocados por uma diplomacia turco-brasileira tão desenvolta no conteúdo quanto na forma, os chineses e russos cederam (à proposta americana)."
Já alguns dos principais jornais americanos fizeram duras críticas ao Brasil e à Turquia por patrocinar o acordo com o Irã.
O "The New York Times" aponta que ambos os países "estão ávidos para desempenhar um maior papel internacional" e "ávidos para evitar um conflito com o Irã".
"Respeitamos estas ambições. Mas como todo mundo, eles foram manipulados por Teerã", afirma o editorial, lembrando que desde 2006 o governo iraniano "desafia as reivindicações do Conselho de Segurança de suspender seu programa nuclear".
Para o "NYT", a nova resolução "provavelmente não é dura o suficiente para fazer Teerã mudar de ideia. Mas o fato de a Rússia e a China terem concordado deve gerar nervosismo entre alguns atores dentro do dividido governo iraniano."
"Brasil e Turquia deveriam se unir às outras potências e votar a favor da resolução do Conselho de Segurança da ONU. Mesmo antes disto, deveriam voltar a Teerã e pressionar os mulás por um acordo crível e por negociações sérias."
Ironia
Mais incisivo, o diário americano "Wall Street Journal" diz que o governo brasileiro aproveitou a boa vontade de Washington para entrar na negociação iraniana e "triangular sua própria solução diplomática". Para o diário financeiro, o acordo de Brasil e Turquia com o Irã foi um "fiasco" para a diplomacia Obama.
"O governo tentou se recuperar rapidamente anunciando, no dia seguinte, que havia chegado a um acordo com a Rússia e a China para sanções na ONU", afirma o editorial. O jornal diz que esta situação é um "fracasso" diplomático, que deve ser "totalmente creditado à estratégia diplomática infeliz do governo Obama".
"O duplo constrangimento é que os EUA incentivaram a diplomacia de Lula como uma maneira de angariar apoio para uma resolução de sanções na ONU. Em vez disso, Lula usou a abertura para triangular sua própria solução diplomática. Assim, em vez de EUA e Europa colocarem o Irã contra a parede, foi Ahmadinejad quem colocou Obama no canto."
Para o jornal, a política de "mão estendida" para o Irã resultou em que o Irã está hoje menos isolado diplomaticamente, e mais perto de desenvolver uma bomba atômica.
"Israel terá de considerar seriamente suas opções militares. Tal confrontação é muito mais provável hoje graças ao presidente americano, cujo principal sucesso diplomático foi convencer os vilões de que lhe falta determinação para conter suas ambições destrutivas."
A cópia barata tupiniquim:
DEMOCRATAS,O PARTIDO MAIS CORRUPTO DA FACE DA TERRA
CONGRESSO
As fantasmas de Efraim
OS EUA
O GRANDE MAL DO IMPÉRIO É QUE ELE QUER , SEMPRE , FAZER SUA PROPAGANDA SE APRESENTANDO COMO UMA DEMOCRACIA E QUE É SOLIDÁRIO AOS OUTROS PAÍSES E ESTÁ PREOCUPADO COM A PAZ MUNDIAL.
MELHOR SERIA SE ELE RETIRASSE SUA PELE DE CORDEIRO E MOSTRASSE A REALIDADE DE SER UM LOBO FAMINTO DISPOSTO , ÀS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS , A MANTER SEU MODO DE VIDA CONSUMINDO TUDO NO PLANETA E DEIXANDO AS MIGALHAS PARA AS OUTRAS NAÇÕES.
OUTRO DIA VI UM INGLÊS , CAPACHO DOS ESTADUNIDENSES , DIZENDO QUE NÃO É POSSÍVEL AO MUNDO VIVER COMO OS OCIDENTAIS E QUE AS OUTRAS NAÇÕES TINHAM QUE SE CONFORMAR COM ISSO.
É EXATAMENTE COMO PENSA A "ELITE" BRASILEIRA.
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A IMPRENSA BRASILEIRA É UM CAPÍTULO À PARTE
QUALQUER OPINIÃO OU AÇÃO DO GOVERNO DOS EUA , DO OCIDENTE E DA COMUNIDADE INTERNACIONAL , QUE SÃO OS TERMOS USADOS PARA INDENTIFICAR OS PAÍSES DOMINANTES DO MUNDO , IMEDIATAMENTE TORNA-SE VERDADE NA IMPRENSA CORRUPTA , GOLPISTA E RACISTA BRASILEIRA. NÃO HÁ UMA ANÁLISE CRÍTICA E NÃO HÁ CONTESTAÇÃO.
PARA QUEM NÃO SABE , O BRASIL PARA ESSA MESMA COMUNIDADE INTERNACIONAL NÃO FICA NO OCIDENTE , É APENAS UM PAÍS DO SUL QUE NÃO TEM EXPRESSÃO , MILITARMENTE FRACO E QUE PODE , RAPIDAMENTE , SER ELIMINADO.
QUANDO VEJO OS APRESENTADORES NOS JORNAIS DA TV , ALÉM DE ACHAR QUE NÃO EXISTE NEGROS , AMARELOS E MESTIÇOS NO BRASIL , FICO COM A IMPRESSÃO QUE ELES SÃO CIDADÃOS ESTRANGEIROS E OCIDENTAIS.
Duas estudantes do Distrito Federal descobrem que estavam lotadas em gabinete de parlamentar paraibano sem nunca terem trabalhado no Senado. Elas denunciaram o esquema após tentarem abrir conta em banco.
O JORNAL "O GLOBO" TIRA A MÁSCARA E VAI SE CHAMAR "THE GLOBE"
"THE GLOBE" NÃO GOSTA DA POLÍTICA EXTERNA DE LULA , ELE QUER QUE O BRASIL VOLTE A SER O BRAZIL E SE ALINHE A ALCA.
"THE GLOBE" SE IRRITA COM LULA E DIZ QUE ESSA INDEPENDÊNCIA EM RELAÇÃO AOS ESTADUNIDENSES NOS LEVARÁ AO CAOS E PROCLAMA TOTAL SUBSERVIÊNCIA A PÁTRIA MÃE DO JORNAL , OS EUA.
Miséria é o principal "produto" do capitalismo
O capitalismo tem legiões de defensores. Muitos o fazem de boa vontade, produto de sua ignorância e pelo fato de que, como dizia Marx, o sistema é opaco e sua natureza exploradora e predatória não é evidente ante os olhos de homens e mulheres. Outros o defendem porque são seus grandes beneficiários e amassam enormes fortunas, graças às suas injustiças e iniquidades.
Além do mais há outros ("gurus" financeiros, "opinólogos", jornalistas "especializados", acadêmicos "pensadores" e os diversos expoentes do "pensamento único") que conhecem perfeitamente bem os custos sociais que, em termos de degradação humana e do meio-ambiente, o sistema impõe.
No entanto, são muito bem pagos para enganar as pessoas e prosseguem com seu trabalho de forma incansável. Eles sabem muito bem, aprenderam muito bem, que a "batalha de ideias", à qual Fidel Castro nos convocou, é absolutamente estratégica para a preservação do sistema, e não retrocedem em seu empenho.
Para resistir à proliferação de versões idílicas acerca do capitalismo e de sua capacidade para promover o bem-estar geral, examinemos alguns dados obtidos de documentos oficiais do sistema pelas Nações Unidas.
Isso é sumamente didático quando se escuta, principalmente no contexto da crise atual, que a solução aos problemas do capitalismo se obtém com mais capitalismo; o que o G-20, o FMI, a OMC e o Banco Mundial, arrependidos de seus erros passados, vão poder resolver os problemas que provocam agonia à humanidade. Todas essas instituições são incorrigíveis e irreformáveis, e qualquer esperança de mudança não é nada mais que uma ilusão. Seguem propondo o mesmo, só que com um discurso diferente e uma estratégia de "Relações Públicas", desenhada para ocultar suas verdadeiras intenções. Quem tiver dúvidas que olhe o que está propondo para "solucionar" a crise na Grécia: as mesmas receitas que aplicaram e que seguem aplicando na América Latina e na África desde os anos 1980!
A seguir, alguns dados (com suas respectivas fontes) recentemente sistematizados pelo Programa Internacional de Estudos Comparativos sobre a Pobreza (CROP, na sigla em inglês), da Universidade de Bergen, na Noruega. O CROP está fazendo um grande esforço para, a partir de uma perspectiva crítica, combater o discurso oficial sobre a pobreza elaborado há mais de trinta anos pelo Banco Mundial e reproduzido incansavelmente pelos grandes meios de comunicação, autoridades governamentais, acadêmicos e vários "especialistas".
População mundial: 6,8 bilhões, dos quais:
* 1,02 bilhão têm desnutrição crônica (FAO, 2009)
* 2 bilhões não têm acesso a medicamentos (www.fic.nih.gov)
* 884 milhões não têm acesso a água potável (OMS/UNICEF 2008)
* 924 milhões de "sem teto" ou que vivem em moradias precárias (UN Habitat 2003)
* 1, 6 bilhão não tem eletricidade (UN Habitat, “Urban Energy”)
* 2,5 bilhões não tem acesso a saneamento básico e esgotos (OMS/UNICEF 2008)
* 774 milhões de adultos são analfabetos (www.uis.unesco.org)
* 18 milhões de mortes por ano devido à pobreza, a maioria delas de crianças com menos de 5 anos (OMS)
* 218 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, trabalham em condições de escravidão ou em tarefas perigosas ou humilhantes, como soldados, prostitutas, serventes na agricultura, na construção civil ou na indústria têxtil (OIT: A Eliminação do Trabalho Infantil: Um Objetivo a Nosso Alcance, 2006)
* Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação na riqueza global de 1,16% para 0,92%, enquanto que os 10% mais ricos acrescentaram mais riquezas, passando de 64,7 para 71,1% da riqueza produzida mundialmente. O enriquecimento de poucos tem como reverso o empobrecimento de muitos.
* Só esse 6,4 % de aumento da riqueza dos mais ricos seria suficiente para duplicar a renda de 70% da população da Terra, salvando inumeráveis vidas e reduzindo as penúrias e sofrimentos dos mais pobres. Entenda-se bem: tal coisa seria obtida se tão só fosse redistribuído o enriquecimento adicional produzido entre 1988 e 2002, dos 10% dos mais ricos do planeta, deixando intactas suas exorbitantes fortunas. Mas nem sequer algo tão elementar como isso é aceitável para as classes dominantes do capitalismo mundial.
Conclusão: Se não se combate a pobreza (nem fale de erradicá-la sob o capitalismo!) é porque o sistema obedece a uma lógica implacável, centrada na obtenção do lucro, o que concentra a riqueza e aumenta incessantemente a pobreza e a desigualdade econômico-social.
Depois de cinco séculos de existência, isto é o que o capitalismo tem para oferecer. Que esperamos para mudar o sistema? Se a humanidade tem futuro, será claramente socialista. Com o capitalismo, em troca, não haverá futuro para ninguém. Nem para os ricos, nem para os pobres. A sentença de Friedrich Engels, e também de Rosa Luxemburgo: "Socialismo ou barbárie", é hoje mais atual e vigente que nunca. Nenhuma sociedade sobrevive quando seu impulso vital reside na busca incessante do lucro, e seu motor é a ganância. Mais cedo que tarde provoca a desintegração da vida social, a destruição do meio ambiente, a decadência política e uma crise moral. Todavia ainda temos tempo, mas não muito.
Fonte: Jornal La República, Espanha
A luta pela paz sempre vale a pena
A luta pela paz sempre vale a pena
Comentário fastfood sobre as repercussões do imbróglio persa na mídia desta quinta-feira.
Na famigerada trinca, as opiniões já refluíram do antinacionalismo com o qual flertaram na véspera. Os mesquinhos que festejaram a reação agressiva de Hillary Clinton, como Arnaldo Jabor, William Waack e a tucanada entreguista de modo geral, constataram que o pouco de patriotismo que existe no Brasil, inflamou-se. Qualquer tentativa de desqualificar a corajosa diplomacia brasileira pode causar efeitos eleitorais muito negativos.
O Globo amanheceu cheio de cravos e ferraduras. Na capa, um título maroto:
A perguntinha, no entanto, é respondida no próprio texto sob o título, onde se menciona o "passo diplomático mais audacioso dado até agora pelo Brasil". A insinuação de que o Brasil, para obter uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, precisaria se alinhar aos UEA, é ofensiva à integridade moral do país. O CS da ONU deve ser ampliado justamente para que opiniões divergentes das do EUA possam, democraticamente, se fazer valer nas grandes discussões.
O pasquim de Ali Kamel viu-se forçado a publicar, na edição impressa, além dos hariovaldos de sempre, cartinhas como essa:
E publicar entrevistas como essa, com um especialista em relações internacionais, que defende o Brasil e ataca as potências ocidentais. Um trecho:
É ridículo tratar de ingênuos dois países que tentam restabelecer o diálogo com o Irã. O que querem exatamente os diplomatas ocidentais? Tenho a impressão de que alguns países não querem solucionar a crise.
Os editorialistas da big press observaram que, lá fora, a admiração por Lula só aumentou. Mesmo os críticos do Irã escreveram com admiração pelo papel desempenhado pela diplomacia brasileira. Reconhece-se em toda parte que o Brasil lutou valentemente em favor da paz mundial. Além da questão nuclear, o esforço brasileiro teve o mérito de sinalizar, de uma maneira bastante concreta para o Brasil e para todos os emergentes, a nova configuração geopolítica do mundo.
A questão serviu ainda para fazer o Jornal do Brasil romper o cordão umbilical que o fazia parecer um rebento mauformado do Globo, e adotar uma linha independente e nacionalista:
Ótimo sinal. O Rio precisa de um contraponto ao Globo. O JB vem se recusando a fazer isso. Se ele tomar coragem de fazê-lo, pode ter um bom futuro como jornal de opinião na segunda maior cidade do Brasil.
Até amargurado Clovis Rossi resolveu defender a iniciativa diplomática de Lula:
Quem estimulou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a dialogar com os iranianos foi ninguém menos que Barack Obama.
Esclarecimentos sobre a questão do Irã
Esclarecimentos sobre a questão do Irã
Alguns pontos foram alvo de confusão nesse imbróglio persa, e a mídia brasileira, com seus tentáculos de trolls pervadindo tudo, contribuiu para isso, ao não informar corretamente. Em seu antilulismo psicótico, a mídia não consegue mais informar com isenção e, neste caso, está deliberadamente confundindo a opinião pública para esconder uma vitória que pode fortalecer politicamente o governo. Vale tudo para eleger Serra, até destruir o mundo.
É incrível a inversão de valores no caso do Irã. Os Estados Unidos patrocinaram um golpe de Estado no Irã em 1953. O país era uma democracia moderna, laica e tranquila, mas que se tornou inimiga dos interesses ocidentais quando nacionalizou suas companhias de petróleo. Depois deram dinheiro e armas químicas para Saddam Hussein invadir o Irã nos anos 80, num conflito que matou 1 milhão de iranianos e devastou a frágil economia do país. Subsidiaram Bin Laden, um saudita, para que ele montasse uma organização guerrilheira contra a União Soviética e daí surgiu a Al Qaeda. Aceitaram que Israel construisse bombas atômicas sem autorização da comunidade internacional. E agora os EUA e seus lacaios, incluindo as hipócritas lideranças européias, querem pintar o Irã como o grande vilão da humanidade?
Vamos esclarecer alguns pontos. O acordo do Brasil é o que a própria ONU havia exigido no ano passado e não conseguiu levar adiante, certamente pela incompetência da diplomacia americana e européia, que não se cansa de usar um vocabulário extremamente desrespeitoso e agressivo em relação ao Irã. Ele (o acordo) supõe que o Irã armazene e enriqueça a maior parte de seu urânio em outro país. Mas não exclui o enriquecimento de outra parte no próprio Irã. E sobretudo não significa, obviamente, o cancelamento do programa nuclear iraniano.
Abaixo, a capa do Globo desta terça-feira 18 de maio:
Francamente, eu acho absurda essa exigência de que o Irã processe seu urânio em outro país. Não sei como eles puderam aceitar isso. Para mim, é uma violação da soberania iraniana. Foi um ato de muita humildade por parte do Irã e convencimento por parte do Brasil. Um gesto de paz, quase submissão. O ceticismo, beirando ao escárnio, com que as potências ocidentais estão recebendo esse gesto é uma agressão inaceitável, portanto, que certamente não ajudará a torná-lo efetivo. Já conseguiram humilhar o Irã forçando-o a processar parte de seu urânio em outro país. Que mais querem?
Eu falei num post anterior que não gosto do Irã. Explico: é porque não sou religioso e não gosto de religião. No ano passado, andei meio carola, dizendo que era católico e tal. Mas agora voltei a meu normal ateu. Claro que não gosto de um país onde a religião manda em tudo.
Outro motivo para não gostar é que eles não bebem álcool. Acho que é proibido por lá, ou quase isso, e eu sou apaixonado por bebidas de todo tipo. Não suportaria viver num país onde não posso tomar minha cervejinha em paz, e acho um absurdo intolerável que seja proibido. Mas é o país deles e eu não tenho nada a ver com isso. Os EUA também proibiram o consumo de álcool por muitos anos.
Agora, o que me irritou mesmo foi aquela ONG fincar mãozinhas na areia de Ipanema pedindo direitos humanos no Irã. Ora, o Brasil é um dos países onde mais há crianças vagando pelas ruas, sofrendo terríveis traumas psicológicos por causa do crack, da cola, do abandono, da violência, da fome. Em São Paulo, a polícia tem torturado e assassinado um motoboy negro por semana. Há poucos meses a mesma polícia paulista agrediu professores indefesos e desarmados que protestavam por melhores salários. E essas dondocas querem direitos humanos no Irã?
Alguém conhece de verdade os problemas do Irã para exigir que as coisas sejam assim ou assado por lá? Há poucas décadas, milhões de iranianos morriam de fome. Hoje, é um país de economia estável, quase sem miséria extrema, com um dos maiores índices de ensino superior per capita do oriente médio. As taxas de criminalidade no Irã são próximas de zero, e as dondocas de Ipanema, residentes numa das cidades mais violentas do mundo, querem ensinar ao Irã, uma civilização com dezenas de milhares de anos, como lidar com seus problemas domésticos?
O Jornal da Globo desta segunda-feira entrevistou um tucanão da USP que disse que o acordo só atrapalhou as negociações. A inveja está levando muitos intelectuais paulistas a fazerem um papel ridículo. O acordo ajudou, é claro. Isso é consenso mundial, com exceção da ultradireita bélica americana e israelense, naturalmente. A dúvida é sobre seus desdobramentos.
Além disso, é evidente que esse acordo não resolve tudo. Taí outra tática mesquinha. Inventa-se uma tese esdrúxula segundo a qual o acordo significaria o fim de todos os problemas do oriente médio e do Irã. E aí depois mostra-se que não é bem assim, e, portanto, seria um fracasso. Não é assim. Ele representa grande avanço. Diplomacia inteligente é como seduzir uma mulher bonita. É um processo. De qualquer forma, produz efeitos geopolíticos muito positivos para o Brasil e o mundo. Ele projeta o Brasil e torna o mundo multipolar uma realidade.
O Irã tem que usar energia nuclear, até porque o mundo precisa parar de usar o petróleo como fonte de energia, antes que o planeta vire um forno e não se consiga mais plantar nada em lugar nenhum. O petróleo terá usos mais nobres no futuro, como a fabricação de derivados. As fontes energéticas devem ser renováveis e limpas. E a energia do futuro, na prática, por enquanto, é a nuclear. EUA e Europa estão construindo centenas de novas usinas nucleares, afora as milhares que já possuem. Mais de 80% da energia consumida na França vem de suas usinas nucleares. É de uma hipocrisia sem limites querer que o Irã, um país pobre, não possa sequer desenvolver a tecnologia nuclear para uso pacífico.
Nos últimos cem anos, a Europa quase destruiu o mundo, matando dezenas de milhões de seres humanos. Os EUA patrocinaram golpes de Estado em todo planeta, invadiram países, mataram milhões de inocentes. Logo ali, ao lado do Irã, os EUA já mataram mais de 1 milhão de iraquianos nos últimos oito anos, provocando um tremendo desequilíbrio no oriente médio. Os moderados árabes e persas que pregavam diálogo com o ocidente foram desmoralizados pela brutalidade dos falcões ianques. E perderam eleições e poder, abrindo espaço para a linha dura antiamericana.
Podíamos ir longe e recordar o golpe de 1953, patrocinado pela CIA, que derrubou um regime laico e democrático, dando início ao processo de endurecimento da política iraniana. Mas há fatos mais recentes. A invasão do Iraque, por exemplo, também deu força à linha dura iraniana. O Irã também tem sua indústria bélica doméstica. Também tem seus falcões de guerra. Com a guerra no Iraque, eles ganharam força. O país aumentou gastos militares. Fechou-se politicamente. Ampliou a repressão a movimentos de oposição, com vistas a manter o regime coeso. É um movimento natural. Em tempos de guerra, a democracia sempre perde. Dá ânsia de vômito ver os Estados Unidos invadirem o Iraque, violando todas as leis internacionais, e depois pintarem o Irã, que sempre esteve quieto no seu canto, como o vilão do mundo.
O Irã não tem mísseis de longo alcance. Não tem armas nucleares. Não tem armas químicas. É um país militarmente fraco. Sua força reside embaixo da terra, nas suas gigantescas jazidas de petróleo. É disso que estamos falando. Toda a encenação diplomática dos EUA visa derrubar o atual regime iraniano, que é fechado, autoritário, cruel, mas nacionalista e independente, para botar um aliado que aceite vender petróleo a baixo preço às refinarias ocidentais.
Outra coisa que é preciso esclarecer. É equivocado conceitualmente falar que a esquerda adora o Irã. A esquerda democrática não tem nada a ver com a teocracia iraniana. O regime político iraniano não é de esquerda. É conservador. A teocracia iraniana floresceu à sombra da ditadura de direita nascida após o golpe de Estado patrocinado pelos Estados Unidos, durante a qual a esquerda acadêmica, intelectual, artística, trabalhista, sindical, foi totalmente dizimada. Restaram só os padrecos islâmicos. Que se organizaram, pegaram em armas e tomaram o poder. A esquerda iraniana não existe. E não se pode esquecer que uma parte da oposição ao regime dos aiatolás é bancada por Washington.
Não se pode confundir, porém, a defesa de princípios de autodeterminação e soberania com louvação besta do regime iraniano. O Irã tem problemas gravíssimos. Mas eles serão resolvidos internamente, pelos próprios iranianos. Qualquer interferência externa, já está provado, só atrapalha.
Os iranianos são inteligentes, combativos e orgulhosos e tem plena condição de evoluir politicamente com suas próprias pernas. Se a comunidade internacional quer ajudar algum país, se as dondocas de Ipanema estão preocupadas com direitos humanos, eu aconselharia voltar sua atenção para alguns países africanos, para o Haiti, ou para a baixada fluminense, onde há pessoas em situação muito mais triste do que no Irã.
Miguel do Rosário
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