Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 24, 2010

Financiamento de campanha explica porque Serra "pode mais" no PV de Gabeira






Financiamento de campanha explica porque Serra "pode mais" no PV de Gabeira

O enquadramento de Marina ao veto de Serra tem uma explicação. Quando Gabeira foi candidato a prefeito em 2008, com o mesmo apoio do PSDB, o grande doador de campanha foi o Diretório Nacional do PSDB:

Além da transferência direta de dinheiro do PSDB Nacional para o PV de Gabeira, ícones do mercado financeiro, ligado aos demo-tucanos, como Armínio Fraga, foram grandes arrecadadores de apoios financeiro de bancos, e de empresários para Gabeira na eleição para prefeito em 2008.

O vice de Gabeira, o tucano Márcio Fortes (não confundir com o ministro das cidades), na eleição de Serra em 2002, esteve envolvido no escândalo do uso de notas fiscais frias nas contas da campanha de Serra. Uma das empresas que emitiu notas frias tinha como responsável justamente o tucano Márcio Fortes.

"O momento neoliberal do capitalismo terminou"







Segunda-Feira, 24 de Maio de 2010


"O momento neoliberal do capitalismo terminou"

Em entrevista para a IHU On-Line, Luiz Gonzaga Belluzzo analisa as consequências da crise na zona do Euro e projeta os rumos que o capitalismo poderá tomar a partir dessa crise. Para o enconomista, o tipo de capitalismo dominante nos últimos 30 anos está com os dias contados. "O tipo de capitalismo que vai surgir dependerá muito da luta social, da formação do imaginário popular, que, na verdade, não depende muito dos iluminados, mas da capacidade de informação e compreensão do que realmente aconteceu", defende Belluzzo.

IHU On-Line

Ao refletir sobre as consequências da crise na zona do Euro, o professor Luiz Gonzaga Belluzzo defende que “o tipo de capitalismo que vai surgir dependerá muito da luta social, da formação do imaginário popular, que, na verdade, não depende muito dos iluminados, mas da capacidade de informação e compreensão do que realmente aconteceu”. E completa: “isso vai se formar na luta política”.

Na entrevista que concedeu, por telefone, para a IHU On-Line, ele antevê que “esse capitalismo dos últimos 30 anos, sobretudo desde a desfiguração do estado do bem-estar na Europa e do avanço do projeto neoliberal, é um modelo que terminou”. Na visão de Belluzzo, “o que está em risco nesse momento - e a crise europeia mostra isso com muita clareza - é a infraestrutura do mercado, constituída pelo crédito e pela questão da riqueza monetária e financeira. Essa infraestrutura está colocando em risco o funcionamento do mercado, da oferta de trabalho, da demanda de bens etc. E a manutenção dessa relação de domínio pode jogar a sociedade numa crise muito prolongada”. No entanto, enfatiza: “teremos ainda muito chão para percorrer até chegar a uma reconfiguração das relações entre as finanças, mercados, empresas e governos”.

Luiz Gonzaga Belluzzo é graduado em Direito pela Universidade de São Paulo – USP, mestre em Economia Industrial pelo Instituto Latino-Americano de Planificação-Cepal, e doutor em Economia pela Universidade de Campinas - Unicamp. Atualmente, é professor do Instituto de Economia da Unicamp e editor da revista Carta Capital.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Que capitalismo se configura a partir da crise do Euro e das demais crises financeiras internacionais que assistimos desde 2008?

Luiz Gonzaga Belluzzo – Isso é algo que não dá para determinar, mas podemos fazer conjecturas. O que está claro é que o tipo de capitalismo que vai surgir dependerá muito da luta social, da formação do imaginário popular, que, na verdade, não depende muito dos iluminados, mas da capacidade de informação e compreensão do que realmente aconteceu. Isso vai se formar na luta política. Vejamos a reação dos gregos e a reação dos sindicatos na Espanha. Teremos que repensar o papel do povo e como ele se reorganiza para elaborar coletivamente essa proposta. O que posso antever é que esse capitalismo dos últimos 30 anos, sobretudo desde a desfiguração do estado do bem-estar na Europa e do avanço do projeto neoliberal, é um modelo que terminou. Talvez as forças que o sustentam vão tentar mantê-lo ainda na UTI, mas ele não vai conseguir sobreviver, pois não tem viabilidade, não há compatibilidade com as promessas de vida boa e decente para todos os cidadãos, portanto, de manutenção e garantia dos direitos de cidadania, que foram conquistados a ferro e fogo nos anos 20, 30 e 40, depois de duas guerras mundiais. Isso não foi dado de graça, mas instituído e universalizado para os países desenvolvidos nos anos 50 e 60. Esse estilo de sociedade, de vida e de convivência foi progressivamente sendo deformado pelo avanço do projeto neoliberal.

Esse momento da vida do capitalismo terminou. O que vai ficar no lugar é muito difícil de projetar, mas, certamente, teremos mudanças importantes. Mesmo os governos mais conservadores veem, no predomínio do capital financeiro, um dos fatores dos desequilíbrios. Isso está claro. Provavelmente, a finança, como uma instância coletiva da vida econômica (porque é a gestão de massas de recursos que pertencem a muitos, envolve a gestão do crédito, que, na verdade, é uma incumbência privada de um bem público), passará a ser fortemente regulada pelo Estado, se é que não vai ocorrer uma crescente estatização dessas relações para que o próprio mercado possa sobreviver.

O que está em risco nesse momento - e a crise europeia mostra isso com muita clareza - é a infraestrutura do mercado, constituída pelo crédito e pela questão da riqueza monetária e financeira. Essa infraestrutura está colocando em risco o funcionamento do mercado, da oferta de trabalho, da demanda de bens etc. E a manutenção dessa relação de domínio pode jogar a sociedade numa crise muito prolongada.

IHU On-Line - Quais as consequências sociais da redução do estado de bem-estar social? Qual sua análise de uma possível revolta social?

Luiz Gonzaga Belluzzo – Essa é uma questão central, assim como a emergência das massas, no final do século XIX e começo do século XX, foi uma questão colocada para o capitalismo e que só se resolveu depois de 30, 40 anos de crises e conflitos. A grande panaceia, que foi recomendada pelos liberais - e em seguida por muitos outros -, da flexibilização dos mercados de trabalho, na verdade, não conseguiu abolir todas as conquistas do estado de bem-estar, senão estaríamos hoje numa situação de conflito aberto. No entanto, o nível de proteção caiu muito.

O desemprego nos países que executaram essas políticas, desde países do leste europeu, recém saídos do socialismo real, até os países que conseguiram construir estruturas de produção muito avançadas, desenvolvem o desmonte ou a desfiguração social, o que levou a um aumento brutal das taxas de desemprego. Estamos diante de um novo acordo social que não vai ser feito sem vítimas. Mas isso não será dado pelos poderosos de graça. É só observar o que aconteceu no mercado de trabalho americano. Ficou claro que os empregos criados foram de baixa qualidade e baixa remuneração, o que explica a queda do rendimento médio naquele país. A queda foi impressionante para a maioria da população, e foi substituída pela fúria do endividamento, o que tornou a economia “imanejável” num determinado momento.

Não sei como isso será encaminhado, porque noto, no governo americano e mesmo nos governos europeus, uma certa hesitação e um comprometimento muito grande das lideranças com a dominância dos mercados financeiros. Isso será muito solapado pelo inconformismo popular em função dessas relações. Mas teremos ainda muito chão para percorrer até chegar a uma reconfiguração das relações entre as finanças, mercados, empresas e governos.

IHU On-Line - Pensando em reformar o antigo modelo econômico e social que rege nossas sociedades, o que faria parte de um híbrido modelo novo? É possível, nesse novo modelo, contemplar a questão ecológica?

Luiz Gonzaga Belluzzo – A questão ecológica é central hoje, bem como o estilo de desenvolvimento. Não podemos nos tornar antinômicos ao desenvolvimento econômico, à melhoria na vida das pessoas, por conta das conquistas que já foram realizadas no âmbito tecnológico e produtivo. O problema é que é preciso tornar cada vez mais disponíveis para a maioria da população, e em condições de sobrevivência humana adequada, esses benefícios que foram criados pelo progresso tecnológico. Então, é preciso relembrar o que muitos autores já disseram; e vou relembrar especialmente Keynes, nas Perspectivas econômicas para os nossos netos, que antecipou corretamente que teríamos uma abundância tanto na produção de alimentos como na produção de outros bens materiais.

Mas essa abundância precisaria ser muito bem conduzida para que os homens aumentassem o seu tempo livre, com a cultura, entretenimento, esporte, para que pudessem viver uma vida mais completa. Isso é o que está inscrito nas consignas da Revolução Francesa e do Iluminismo: que os homens tenham uma vida mais completa, no sentido de mais humana, e, como ser histórico, desenvolvam as potencialidades e inventem outras além daquelas que já possuem. Essa que deve ser a regra. Isso não pode ser deixado à espontaneidade dos mercados, assim como o homem também sabe que não pode deixar certos processos entregues à fúria da natureza. E, ao mesmo tempo em que não se deve provocar e machucar a natureza, também não podemos permitir que ela lance seus processos cegos em cima da vida humana. Isso é muito parecido com o que aconteceu com o mercado financeiro.

O que se disse, falou e escreveu sobre a racionalidade, sobre os mercados perfeitos, entregou o mundo a uma insensibilidade econômica, financeira e social que não pode mais ser tolerada. Isso só pode ser feito com uma disciplina em cima da movimentação e da negociação dos instrumentos que representam a riqueza abstrata. Mas as pessoas não estão interessadas nisso. Elas estão interessadas, no fundo, em viver decentemente, com uma diversidade de atividades, de estilos de vida e de instituições que possam satisfazer o desenvolvimento da chamada natureza humana. Aliás, o homem não tem natureza, ele é um ser histórico que desenvolve suas potencialidades a partir daquilo que consegue construir.

IHU On-Line - A crise abre que caminhos para os países emergentes? É possível, a partir desta perspectiva, vislumbrar uma mudança nos rumos da condução do capitalismo?

Luiz Gonzaga Belluzzo – Esse é um fenômeno que estamos observando agora. Objetivamente, sem fazer nenhuma consideração de ordem política ou subjetiva, o Brasil, a China, a Rússia e a Índia já têm uma presença muito maior no comércio, na estrutura da produção mundial e politicamente estão ganhando espaço. Em minha opinião, estão sabendo conduzir isso com muita sabedoria, como mostra a recente intervenção do Brasil no caso do Irã. E isso contra toda a evidência de que os Estados Unidos não estão dispostos a aceitar qualquer acordo, porque interessa manter o demônio vivo; é preciso ter algum demônio para que o poder absoluto se afirme.

E o Brasil deu um passo importante, com muita cautela e habilidade para se intrometer entre esse impulso ao poder absoluto e o desejo de sobrevivência dos mais frágeis. Não se trata de justificar a atitude do Irã, mas vamos combinar que os Estados Unidos não querem, não desejam esse acordo, porque ele retira muitas das razões que movem a política americana. Do ponto de vista econômico e político, os países emergentes têm um papel muito importante de mediação e têm condições de fazer isso, não só na órbita das negociações econômicas, na reforma financeira internacional, na reforma monetária, mas também no que diz respeito à negociação política.

IHU On-Line - O modelo chinês indica novos caminhos para a economia e o capitalismo? O Brasil deve seguir esse modelo?

Luiz Gonzaga Belluzzo - O modelo chinês tem também a sua determinação histórica. Ele surge no momento em que a economia mundial estava se movendo, sobretudo por conta da expansão da grande empresa americana, em direção à chamada globalização. O modelo chinês é fruto de uma percepção da reconfiguração geoeconômica que estava acontecendo no mundo, e a China foi uma das maiores beneficiárias disso. O modelo chinês combinou o máximo de controle com o máximo de concorrência e construiu, na China e na Ásia, um bloco manufatureiro muito importante. Acontece que a crise vai exigir que a China também altere as suas formas de crescimento. Ela dependia muito do consumidor americano, que hoje está comprometido com o alto grau de endividamento. E não é só isso. Não é possível reproduzir o modelo americano, esse que prevaleceu nos últimos anos, com endividamento alto e queda dos rendimentos reais. Isso tinha como contrapartida o crescimento industrial da China, a produção com baixo custo, com grande eficiência e a graduação tecnológica muito rápida. A China foi importante para o Brasil porque, enquanto demandante de commodities, nos proporcionou um período de acumulação de reservas e de ganhos fiscais importantes. O Brasil conseguiu se equilibrar por conta da disponibilidade de recursos naturais. Mas acho que a China terá que reconfigurar seu estilo de desenvolvimento e se apoiar menos nas exportações e mais na demanda interna. Mas isso vai depender muito da capacidade e da disposição dos americanos em abrirem mão do controle exclusivo da moeda reserva. Isso tem uma importância crucial, porque diz respeito a como as relações de débito e crédito são denominadas; como o faturamento das exportações e importações é denominado; como as moedas nacionais se relacionam com a moeda reserva. Tudo isso está em questão, e não sei em quanto tempo vai se resolver. Talvez demore muito e, por isso, viveremos um tempo de confiança, descontinuidades e conflitos. No entanto, penso que é impossível não se levar em conta que essa constelação de países, especialmente a China, tem um papel crucial a desempenhar no cenário internacional.

IHU On-Line - Qual a importância da democracia nesse cenário mundial em que os eleitores e os governos nacionais podem muito pouco?

Luiz Gonzaga Belluzzo – Antes eu falava da luta social, e agora retomo o assunto. A democracia hoje tem tido um significado bastante limitado, quase que restrito ao momento das eleições. A participação popular nas decisões cruciais tem sido muito limitada, por conta do predomínio desta instância de controle e domínio financeiro. Vamos ver como os regimes e as sociedades, sobretudo a sociedade americana, responde a esse desafio. No caso dos Estados Unidos, estamos observando um crescimento impressionante dos movimentos conservadores. Isso tende a crescer na Europa também por conta das dificuldades de emprego e dos conflitos com os imigrantes. Sempre, nesses momentos, a democracia verdadeira fica em questão e, ao mesmo tempo em que temos o surgimento de movimentos sociais progressistas mais consistentes, temos o crescimento das forças conservadoras de direita antidemocráticas. O que está em questão é a chamada radicalização da democracia.

IHU On-Line - Como a questão do desemprego se enquadra neste cenário de crise do Euro?

Luiz Gonzaga Belluzzo – Essa é uma questão central, que não será resolvida por uma retomada do desenvolvimento convencional, tanto que as taxas de desemprego continuam muito altas, apesar, por exemplo, da economia americana estar se recuperando ligeiramente. As atividades tradicionais do mercado não vão gerar muito emprego. É preciso que os governos se empenhem nas políticas de emprego, em criar formas novas, relacionadas com a cultura, com o entretenimento, com o esporte. É preciso inventar o emprego. E, por isso mesmo, o governo deve aumentar o controle sobre a decisão de investir. É preciso socializar isso, senão teremos problemas de desajustes sociais sérios.

The Guardian prova:Israel tem a bomba. E as sanções?






The Guardian prova:Israel tem a bomba. E as sanções?
domingo, 23 maio, 2010 às 23:16

O jornal inglês The Guardian acaba de publicar, em sua edição eletrônica, um documento(veja ao lado)que prova que Israel não apenas tem ogivas nucleares desde os anos 70 como tentou vender algumas delas ao governo racista da África do Sul, nos tempos do apartheid, quando aquele país sofria as pressões de toda a comunidade internacional.
A Folha reproduz o conteúdo da matéria do jornal inglês, informando que no documento, “o ministro da Defesa sul-africano na época, PW Botha, perguntou sobre as ogivas e o então ministro da Defesa de Israel, Shimon Peres, ofereceu as armas “em três tamanhos” –se referindo a armas convencionais, químicas e nucleares. Shimon Peres é o atual presidente israelense.
Os dois ministros ainda assinaram um acordo de cooperação militar entre os dois países, sendo que o próprio acordo continha uma cláusula que determinava o mesmo deveria se manter secreto.”

Embora todos já soubessem que Israel tinha a bomba, agora surge um documento que o confirma oficialmente. Pior: assinado pelo atual Presidente do país, Shimon Peres. Pior ainda: que tentou vender armamento nuclear para um país que estava sob a condenação de todo o mundo.

Como fica agora a pressão americana sobre um simples programa de pesquisas iraniano, que todos sabem não ter armas nucleares e que é um dos principais alvos de Israel no Oriente Médio. O Governo Obama vai pedir sanções na ONU contra Israel? O caso Irã teve uma reviravolta, escrevam. Os EUA não têm como arrastar os demais países fingindo ignorar a prova real surgida hoje.

do Tijolaço

Irã faz sua parte e entrega acordo à agência da ONU






Irã faz sua parte e entrega acordo à agência da ONU
segunda-feira, 24 maio, 2010 às 8:48

Ali Salehi levou a carta do Irã a Yukiya Amano, da Agência Atômica da ONU

Podia até não ter acontecido, diante da brutal reação dos Estados Unidos em apresentar um projeto de novas sanções no mesmo dia em que o Irã anunciava, com Brasil e Turquia, um acordo para renunciar ao direito a seu próprio urânio, depositá-lo em outro país e só receber a quantidade de combustível suficiente para seu pequeno reator e demais pesquisas científicas e médicas.

Mas aconteceu. O país asiático cumpriu o que foi acordado com brasileiros e turcos e acaba de entregar, segundo a BBC, uma carta com os termos negociados à Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU. A AIEA confirma ter recebido, agora de manhã, o documento. A entrega deu-se na Áustria, sede da Agência, depois de uma reunião na manhã de hoje.

As autoridades de Irã, Brasil e Turquia entregaram a Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA, a carta assinada pelo chefe da organização de energia atômica iraniana, Ali Akbar Salehi.

O documento, agora, será examinado pelos EUA. Embora os americanos estejam pouco se importando com o acordo, ao ponto de terem formalizado o pedido de sanções sem sequer esperar para lê-lo, esta era a única condição que faltava para que as exigências que os EUA apresentavam alguns meses atrás – inclusive em carta de Barack Obama a Lula – fossem atendidas.

Mas o lobo e suas razões….

Brizola Neto

"EUA foram surpreendidos"






Entrevista - Amorim destaca diplomacia: "EUA foram surpreendidos"

Foto: DivulgaçãoAmorim e Santayana Foto: Divulgação

Mauro Santayana - Colunista do Jornal do Brasil

BRASÍLIA - A sensação é inevitável, mesmo para quem, como o repórter, conhece o palácio há quase 50 anos: Niemeyer concebeu o novo Itamaraty para o chão e a paisagem de nosso surpreendente milênio, para o chão e a paisagem de outra e surpreendente nação, a dos brasileiros de hoje. O amplo salão de acesso é o vestíbulo de novo milênio e de nova consciência do mundo e de nós mesmos, nesse inquieto planeta, a cada dia menor em sua ubiquidade, a cada dia maior em sua dúvida quanto à própria sobrevivência.

Do novo Itamaraty são ausentes as vetustas colunas e a retilínia arquitetura do velho Itamaraty, no qual passeava a nobreza do barão do Rio Branco. As curvas de Niemeyer e a clareza dos salões, com a invasão da luz de Brasília, correspondem ao que somos, enquanto os cisnes idosos, sob a sombra das palmeiras do antigo palácio carioca, recordam o que fomos. As águas, mais leves, do Planalto, são outras, outras, mais próximas do chão, as plantas que adornam seus jardins. Outro, é claro, o chanceler, aliviado da obesidade de seu poderoso antecessor, posto que submetido a regime de viagens exaustivas, com o sono conturbado pelos fusos horários.

>> O chanceler menos solene

Celso Amorim é, em todos os seus gestos e palavras, o menos solene de todos os chanceleres conhecidos. Nenhum outro poderia ser o chefe da diplomacia com Lula na Presidência, nem com Itamar – mesmo incluídos os paisanos, isto é, os ministros políticos que, em alguns casos, se esforçam para adquirir caricatural physique du rôle. Amorim, o discutido presidente da Embrafilme que patrocinou a produção de Pra frente, Brasil, provavelmente não conseguiria o mesmo desempenho com um presidente vindo das velhas famílias do Império, ou das novas famílias de imigrantes enriquecidos em São Paulo.

>> Irã: era preciso tentar tudo

A atualidade determina a pauta de nossa conversa: que perspectivas há, no caso do Irã? Amorim se move entre a cautela profissional e o natural orgulho da ação positiva brasileira no mundo atual. Confessa, de início, que não tinha muita convicção de que houvesse grande possibilidade de acordo entre os Estados Unidos e o Irã, mas, da mesma forma, entendia que era preciso tentar tudo, para obter alguma coisa.

– Sempre fomos muito bem tratados, tanto da parte do presidente (dos EUA) Obama, quanto da parte da secretária (de Estado) Hilary Clinton. Posso dizer que não havia divergências quanto ao resultado pretendido, que era o de obter garantias de que o Irã só iria usar a tecnologia nuclear para fins pacíficos, mas os meios não pareciam os mesmos. Nós acreditávamos, e continuamos acreditando, na persuasão, no convencimento, na conversa amistosa, na sinceridade de nossos propósitos. Eles, no entanto, se mostravam muito céticos, quanto à possibilidade de que o Irã viesse a aceitar as condições que haviam proposto em outubro passado. Creio que eles se mostraram surpreendidos com o resultado. É provável que não esperassem a aquiescência do Irã aos esforços da Turquia e do Brasil, que agiram como países soberanos, interessados na paz. Eles gostariam de ter iniciado o processo de punição antes de nossos entendimentos – e responderam com a decisão da secretária de Estado de propor as sanções às chamadas grandes potências.

Atrevo-me a observar que há uma diferença doutrinária, digamos, entre o presidente e sua competidora nas eleições primárias dentro do Partido Democrata, e que, provavelmente, Obama não pense exatamente como a secretária de Estado, que busca afirmar-se na ala direita de seu partido no Congresso. Amorim sorri com suave malícia. Ele sabe que eu não espero a contribuição de seu juízo, posto que, qualquer que ele fosse, seria diplomaticamente inoportuno.

>> China e Rússia

E, agora, o que ocorrerá? – levo-o a retomar o seu pensamento. Amorim está otimista. Acha que os demais membros do Conselho de Segurança – sobretudo a China e a Rússia – podem concordar com a ideia, mas provavelmente não aceitem o conteúdo da resolução proposta por Washington.

“Tempo e paciência caminham juntos”

Nesse momento, Amorim se desculpa, diante de um sinal de uma assessora que chega à porta. Deve atender a um chamado de seu colega turco, com quem estivera conversando antes de nossa entrevista. Não bem retornou ao Brasil, e está em contato permanente com Teerã e Ancara. De Teerã teve a promessa de que a carta, endereçada à ONU, reiterando os termos do acordo, que o governo de Ahmadinejad ficou de enviar até segunda feira, está sendo cuidadosamente redigida – e será enviada a tempo.

– Essas coisas levam tempo, recomendam a ponderação, reclamam consultas. Na diplomacia, tempo e paciência caminham juntos.

Acrescenta que, pouco a pouco, os norte-americanos e europeus compreenderão a necessidade de cautela. Isso, repete, fortalece seu otimismo, o mesmo otimismo de Lula. Lembra que, com o passar das poucas horas, já se percebem os sinais da prudência, por parte dos membros permanentes do Conselho, e com direito a veto.

>> Deu no 'New York Times'

Comento com o chanceler matéria divulgada pelo New York Times – que, como seu editorial, interpretava os fatos em favor da senhora Clinton – e a reação surpreendente nos comentários dos leitores. Até onde eu havia lido (mais ou menos dois terços de quase 300 intervenções). Não havia um só leitor que aprovasse a posição do Departamento de Estado. Todos apoiavam – e muitos com linguagem dura – os esforços do Brasil e da Turquia para desamarrar, e não cortar, como parecem pretender os alexandres do Complexo Industrial Militar dos Estados Unidos, o nó górdio iraniano. Amorim não os havia lido, pediu à assessoria que acessasse a matéria; sorriu, feliz, para ilustrar o superlativo: interessantíssimo.

Observo que podemos ver, no episódio, a situação dos Estados Unidos no mundo de agora. O ministro comenta que há vários artigos, firmados por observadores respeitáveis, sobre a resistência de Washington – e seus aliados – à entrada de novas potências, novos países, no jogo internacional.

– Até há pouco eles nos convidavam para conversar sobre o clima. Na OMC foram constrangidos a nos ouvir. Mas consideravam que assuntos de paz e segurança entre as nações eram coisas deles. Assim, quando o Brasil e a Turquia entram no jogo, é natural que reajam. A tentativa, mesmo que seja simbólica, de a Turquia e o Brasil agirem de forma diferente, sugere que a arquitetura da segurança internacional, sustentada por algumas autodesignadas forças e países, não pode manter-se por muito tempo.

>> Oscilação norte-americana

Intervenho, para lembrar que os Estados Unidos têm oscilado, em sua História, entre os postulados de Hamilton e os de Jefferson. E quando a orgulhosa aristocracia da Nova Inglaterra se defronta com a eleição de um mestiço, com o sobrenome Hussein, há sinais claros de que alguma coisa mudou realmente naquele país. O chanceler resume em uma frase curta: foi uma mudança para melhor, mas seguramente não terá sido para o entendimento de parcela de suas elites.

– Há setores da sociedade norte-americana que, diante de um presidente com essas marcas biográficas, dele cobram uma posição mais dura, uma demonstração de força. Eu o vejo como homem propenso ao diálogo. Mas, sem dúvida, ele enfrenta dificuldades.

>> Conselho de Segurança

Provoco-o, lembrando algumas críticas que se fazem à diplomacia brasileira: não estaríamos desprezando a prioridade da aliança continental sul-americana, em favor de uma intervenção no Oriente Médio?

– Não, de forma alguma. O Brasil não pode desinteressar-se dos assuntos que afetam a paz mundial. Quando os nossos países, a Turquia e o Brasil, foram eleitos para o Conselho de Segurança, é claro que essa escolha acarretou-lhes a responsabilidade de cuidar da paz, em nome da comunidade internacional, e não somente em nome do próprio país ou de determinada região. Não há tema que mais afete a segurança internacional do que o do Oriente Médio. Em algum momento, e com razão, eu via na Palestina o perigo maior da região, mas, nesta hora, a questão nuclear do Irã é mais premente. Tendo a possibilidade de atuar, de maneira positiva, com um país da região, que é a Turquia – o que foi uma boa combinação – o Brasil procurou agir em busca de uma solução pacífica, como é de seu dever. Isso não foge à nossa vocação. Afinal, quando participamos da Segunda Guerra Mundial, o fizemos na defesa da democracia. No caso atual, não se trata da guerra mas da paz. Melhor ainda.

>> Embaixadores de pijama

Diante das críticas, algumas acerbas, que alguns dos condutores da diplomacia brasileira, durante o governo passado, endereçam ao Itamaraty de hoje, permito-me observar que eles atuam como os famosos generais de pijama. Haveria uma categoria de “embaixadores de pijama”?

Amorim se embaraça um pouco com a pergunta e, antes de responder com a elegância que tem faltado a alguns de seus adversários, permite-se uma boutade: os pijamas dos embaixadores devem ser da grife Versace.

“Terá que haver uma governança multipolar”

Indago-lhe se esse grupo de diplomatas age em decorrência de haver perdido sua posição eminente no Itamaraty de Fernando Henrique, ou se há alguma coisa ideológica mais profunda.

– Em primeiro lugar, eu prezo muito a liberdade de expressão, e acho perfeitamente válido que cada um dê a sua opinião. Também acho que não é por simples coincidência que determinados meios de comunicação busquem sempre os mesmos embaixadores com essa posição. Já li muitas outras manifestações diferentes, de outros diplomatas e de setores da sociedade que não encontram a mesma acolhida desses órgãos tão solícitos à crítica à nossa política externa. Prefiro não ver, nisso, a manifestação de quem deixou o poder. Na verdade, todos nós temos como missão defender o Brasil e defender algumas ideias importantes nas relações internacionais. Acho, no entanto, que algumas pessoas têm dificuldade em adaptar-se aos novos tempos. O Brasil ascendeu muito rapidamente no cenário internacional, principalmente em razão do desempenho do presidente Lula, na conciliação entre a boa economia e a justiça social – e, é claro, também por sua atuação internacional. Como a mudança foi súbita, a cabeça de muitos com ela não se acostumou. Por isso, mesmo aceitando que criticam com boa-fé, atuam sempre com a preocupação de que “não podemos brigar com tal grande potência”. Quando atuamos em Cancun, no caso da OMC, e na divergência sobre a Alca, muitos disseram: “Mas, gente, vocês vão brigar com os Estados Unidos?”

>> Nos tempos de Bush

O ministro cita a era Bush:

– Ora, mesmo na época de Bush, as relações entre Lula e o presidente texano foram boas. Trabalhamos juntos, com êxito, em vários programas. É claro que, nesses assuntos delicados de paz e segurança, as coisas são mais difíceis, levam mais tempo, mas os Estados Unidos irão compreender que a participação ativa do Brasil não se faz contra os interesses deles, porque já passou a época em que um só país pode dominar o mundo. Terá que haver uma governança realmente multipolar. Da mesma forma que, para muitos países é difícil entender essa mudança, é provável que pessoas que militaram durante muitos anos em situação diferente tenham dificuldade em entender que o Brasil hoje não só pode agir com independência, e defender seus interesses, ao mesmo tempo em que contribui para a ordem global. O fato é que a emersão dos Bric assustou um pouco. Conforme a gíria americana, há “new kids on the block”.

>> Discurso de posse

Relembro o discurso de posse de Celso Amorim como chanceler do presidente Lula. Ele recomendou aos jovens diplomatas que não tivessem medo, nem arrogância. A postura do Itamaraty, hoje, pode ser considerada de Realpolitik? Amorim aceita a expressão bismarquiana, na medida em que o Itamaraty atua de acordo com a dimensão da realidade mundial. Pondera, no entanto, que, mesmo não agindo no vazio, a postura brasileira é fundada em positivo idealismo humanista.

– Acho que não nos podemos mover em uma política determinada pelo interesse cru. Essa posição não me entusiasma, nem ao presidente. A política que reúne o nosso interesse como nação e os nossos ideais humanistas é a da solidariedade, e ela nos está trazendo maior reconhecimento nos foros internacionais. Atuamos no sentido da universalidade, o que nos leva tanto às grandes nações europeias, como nos permite trazer a Brasília ministros de 50 nações africanas, a fim de discutir os problemas da agricultura. Vamos a Israel, vamos à Jordânia, vamos à Palestina e ao Irã, porque nós não temos posição preconceituosa.

>> Ruy Barbosa, o patrono

Arrisco-me a dizer que essa política brasileira, de respeito à igualdade entre as nações, foi enunciada por Ruy Barbosa em Haia. Amorim não só concorda, como considera Ruy o patrono da diplomacia multilateral brasileira, da mesma forma que Rio Branco foi o patrono da diplomacia bilateral.

De muitas outras coisas – e algumas importantes – falou o chanceler, mas todas dentro da mesma linha de raciocínio. O Brasil cresceu muito, o mundo mudou muito, e é preciso enfrentar os problemas sem medo, mas sem as bravatas da adolescência. Entre as mudanças do mundo se encontra a instantaneidade da informação, que estimula a transformação dos indivíduos passivos em cidadãos atuantes, como se vê no mundo inteiro. Nossa autonomia de ação é um caminho do qual não poderemos retornar, a menos que estejamos dispostos a agachar-nos, depois que nos decidimos a andar de cabeça alta. O caso do Irã é emblemático, porque a sua solução contribuirá para a consolidação de nova ordem mundial, com o fortalecimento das Nações Unidas e o fim dos ditados imperiais das grandes potências. De qualquer forma, a vigilância na defesa do entendimento entre as nações – é o que podemos resumir de suas ideias – terá que se manter, e a cada dia mais, porque a paz é sempre uma conquista esquiva da razão política.

do Tijolaço

Boas Invenções



Irã: um grande país






Irã: um grande país
Aloizio Mercadante

Os livros de história guardarão essa data, segunda- feira, 17 de maio, quando o Brasil e a Turquia propuseram à ONU um acordo negociado com Teerã sobre um aspecto do problema nuclear iraniano (Le Monde,19/5/2010).

De Gaulle, zeloso da grandeza da França, dizia que a política mais ruinosa é a de ser pequeno. Tinha razão. A política de ser pequeno torna pequenos países que poderiam ser grandes. Pois bem, o Brasil, no governo Lula, abandonou a política de ser pequeno, periférico. Nosso país pratica agora a política de ser grande e ocupa cada vez mais espaço no cenário internacional, colhendo bons dividendos econômicos e políticos.

O Memorando de Entendimento celebrado entre Brasil, Turquia e Irã, que abre as portas para uma solução negociada relativa à espinhosa questão do programa nuclear iraniano, é exemplo cabal dessa política. O Oriente Médio sempre foi visto como zona de influência exclusiva das superpotências, especialmente dos EUA. Talvez por isso mesmo, é uma área em conflito permanente. Alguns países da região, como a Turquia, estão cansados dessa instabilidade.

O mundo, ou sua maior parte, também. Enganam-se aqueles que acham que os conflitos daquela região têm consequências geograficamente restritas. Essa ilusão acabou em 1973, no primeiro choque do petróleo. A instabilidade do Oriente Médio gera instabilidade mundial. Por isso, o Brasil resolveu dar a sua contribuição. Nosso país, um soft power ancorado numa competente diplomacia e num chefe de Estado com notável capacidade de negociação, tinha todas as condições para fazê-lo. Não gerávamos as desconfianças que outros criavam e possuíamos o cacife político-diplomático de termos articulado os interesses dos países emergentes em diversos foros mundiais.

Assim, fechamos um acordo cujas bases são exatamente as mesmas das propostas pelos EUA e aliados há apenas oito meses. O crucial era trazer o Irã à mesa de negociações e fazer com que ele concordasse em enviar seu estoque de urânio enriquecido em 3,5% ao exterior, para ser enriquecido em 20%. Por diversos motivos, os antigos negociadores não conseguiram. Porém, nós tivemos êxito onde as superpotências fracassaram.

Tal êxito, gol histórico da nossa política externa, foi aplaudido por muitos. Afinal, conseguimos abrir as portas do diálogo e da negociação para solucionar um problema que tensiona o mundo. Evidentemente, o acordo trilateral necessitará ser chancelado pelo Grupo de Viena (EUA, França, Rússia e a AIEA). Mas não há mais motivos racionais para não prosseguir na rota do entendimento. Os principais entraves à negociação foram removidos.

Entretanto, interna e externamente, a ação brasileira pela paz tem críticos. No plano interno, há aqueles que acham não ter relevância o acordo. São os mesmos que consideravam que o Brasil fracassaria em sua tentativa de intermediar um conflito que não era de sua alçada. São também os mesmos que confundem interesses político-eleitorais com o interesse nacional. Na ânsia de criticar o governo, criticam o Brasil e seu novo protagonismo internacional.

No plano externo, os críticos são animados por razões diversas. Há aqueles que não têm real interesse em tentar o diálogo com o Irã. Apostam no isolamento e na desestabilização do regime iraniano. Um caminho perigoso e imprevisível, que Obama havia prometido evitar, dialogando com os adversários dos EUA. Para eles, o acordo obtido pelo Brasil é um estorvo, e deveria ter o mesmo destino do nosso embaixador Bustani, que tentou contribuir para resolver a questão iraquiana pela via pacífica e foi, por isso, defenestrado da OPAQ. Há também aqueles que continuam achando que somente as superpotências podem ter voz nas grandes questões internacionais. Não entendem que o mundo está mudando. Há nova geoeconomia e nova geoestratégia em construção. O Sul emergente está ocupando espaços que antes estavam reservados ao Norte desenvolvido. Nesse sentido, o acordo alcançado pelo Brasil é bem mais do que uma iniciativa que possibilita a paz; ele é um marco histórico que sinaliza o surgimento de nova ordem mundial, mais plural e simétrica, a qual demandará, entre outras coisas, a reforma do Conselho de Segurança da ONU.

Uns e outros críticos são movidos por motivos menores que as razões que assistem à busca da paz e de uma nova ordem internacional mais estável e justa. Praticam, muitas vezes, política apequenada, mesmo sendo grandes potências. Já o Brasil, que não tem a condição de superpotência, demonstrou ser, independentemente do que venha a ocorrer com o acordo firmado, um grande país.

* Senador (PT-SP)

domingo, maio 23, 2010

A “privatização” de um enorme desastre ambiental






A “privatização” de um enorme desastre ambiental
domingo, 23 maio, 2010 às 19:37

Passado mais de um mês do acidente da plataforma da British Petroleum que provocou um vazamento gigantesco de petróleo no Golfo do México, as notícias escassearam nos nossos jornais. Ontem, técnicos da BP anunciaram que resolveram adiar a tentativa de tampar o poço acidentado através da injeção de uma coluna de lodo pesado de 1.500 metros na perfuração, com um tamponamento final de cimento. O porta-voz da BP, Tom Mueller, disse que esperava deter o vazamento neste final de semana, mas decidiu-se por uma preparação mais demorada, para assegurar que a opoeração tenha êxito.

Ontem, também, o presidente Barack Obama anunciou a criação de uma “comissão de alto nível” para analisar as causas do acidente e prevenir outros. Como é que vão fiscalizar as normas de segurança nas centenas de empresas – muitas terceirizadas – que trabalham na extração do óleo é que não fica claro.

A NOAA – Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera, agência oficial do governo dos EUA – uma parte da imensa mancha de quase 30 milhões de litros de petróleo está se dirigindo para leste e pode alcançar a costa da Flórida e as praias de Cuba, onde até barreiras de areia estão sendo construídas nas praias, como você vê na foto.

É incrivel a escassez de informações precisas sobre o que está acontecendo e o silência das grandes agências de notícias. Só esta semana, por pressão da opinião pública a BP transmitiu imagens do vazamento, que estão há tempos sendo exibidos de forma “pirata” na internet, e que o Tijolaco.com publicou há dez dias. Agências importantes de noticias, como a Reuters, só há três dias publicaram estas imagens. Da mesma forma ficou abafada a informação que a EPA, agência de meio-ambiente americana, determinou que se parasse de lançar um solvente sobre a mancha de óleo, pois o petróleo estava descendo e formando outra mancha, subaquática, que não é vista, mas é enormemente destrutiva do ponto de vista ambiental.

Agora há pouco o secretário do Interior dos Estados Unidos, Ken Salazar, anunciou que a BP concordou em pagar uma multa de US$ 75 milhões, a maior permitida pela legislação americana, embora a limpeza do óleo vá custar bilhões de dólares. Salazar disse que está insatisfeito com a ação da empresa para deter o vazamento, que dura 33 dias, e ameaçou a petroleira com um afastamento das atividades, hoje em entrevista coletiva.

É estarrecedor que um enorme desastre como este esteja, digamos, “sob administração privada” e sendo objeto de um processo de filtragem da informação.

do Tijolaço

.palavras sábias....






Quando estiverem desanimados lembrem-se do PORCO !



Um fazendeiro colecionava cavalos e só faltava uma determinada raça. Um dia ele descobriu que seu vizinho tinha este determinado cavalo. Assim, ele atazanou seu vizinho até conseguir comprá-lo. Um mês depois o cavalo adoeceu, e ele chamou o veterinário que disse:
- Bem, seu cavalo está com uma virose, é preciso tomar este medicamento durante três dias. No 3º dia eu retornarei e caso ele não esteja melhor será necessário sacrificá-lo.
Neste momento, o porco escutava a conversa.
No dia seguinte, deram o medicamento e foram embora. O porco se aproximou do cavalo e disse:
-Força amigo, levanta daí senão será sacrificado!!!.
No segundo dia, deram o medicamento e foram embora. O porco se aproximou novamente e disse:
- Vamos lá amigão, levanta senão você vai morrer! Vamos lá, eu te ajudo a levantar.

Upa! Um, dois, três...
No terceiro dia, deram o medicamento e o veterinário disse:
- Infelizmente vamos ter que sacrificá-lo amanhã, pois a virose pode contaminar os outros cavalos.
Quando foram embora, o porco se aproximou do cavalo e disse:
- Cara, é agora ou nunca! Levanta logo, upa! Coragem! Vamos, vamos! Upa! Upa! Isso, devagar! Ótimo, vamos, um, dois, três, legal, legal, agora mais depressa, vai....fantástico! Corre, corre mais! Upa! Upa! Upa! Você venceu campeão!!!.
Então, de repente o dono chegou, viu o cavalo correndo no campo e gritou:
- Milagre!!! O cavalo melhorou, isso merece uma festa!Vamos matar o porco!.

Pontos de Reflexão: Isso acontece com freqüência no ambiente de trabalho. Ninguém percebe qual é o funcionário que realmente tem mérito pelo sucesso, ou que está dando o suporte para que as coisas aconteçam.

SABER VIVER SEM SER RECONHECIDO É UMA ARTE!

Se algum dia alguém lhe disser que seu trabalho não é o de um profissional, lembre-se: amadores construíram a Arca de Noé e profissionais o Titanic.

PROCURE SER UMA PESSOA DE VALOR, AO INVÉS DE UMA PESSOA DE SUCESSO!

.palavras sábias....


Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores. Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: "ninguém é insubstituível". A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio. Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada. De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:

- Alguma pergunta?
- Tenho sim.
- E Beethoven ?
- Como? - o encara o diretor confuso.
- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?
Silêncio.....
O funcionário fala então:
- Ouvi essa estória esses dias contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso. Afinal as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.

Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico? etc...
Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis.
Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa.
Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus 'erros/ deficiências'.

Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico ...
O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.

Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.

Se seu gerente/coordenador , ainda está focado em 'melhorar as fraquezas' de sua equipe corre o risco de ser aquele tipo de líder/ técnico, que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo. E na gestão dele o mundo teria perdido todos esses talentos.

Seguindo este raciocínio, caso pudessem mudar o curso natural, os rios seriam retos não haveria montanha, nem lagoas nem cavernas, nem homens nem mulheres, nem sexo, nem chefes nem subordinados . . . apenas peças.

Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões 'foi pra outras moradas'. Ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e falou mais ou menos assim: "Estamos todos muito tristes com a 'partida' de nosso irmão Zacarias... e hoje, para substituí-lo, chamamos:... . Ninguém ... pois nosso Zaca é insubstituível"

Portanto nunca esqueça: Você é um talento único... com toda certeza ninguém te substituirá!

"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo..., mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso."

"No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é..., e outras..., que vão te odiar pelo mesmo motivo..., acostume-se a isso..., com muita paz de espírito. ..".

É bom para refletir e se valorizar!

Um bom dia..... insubstituível!!!!!