Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 02, 2010

A idéia do que parece mas não é






“Golpista? Quem? Eu?”

“Qualquer pessoa que considere inaceitável o comportamento do presidente Lula, usando seu poder político e a alta popularidade para alavancar a candidatura de Dilma Rousseff à sua sucessão, é considerado um golpista em potencial.

(…)No entanto, há fundadas razões para se considerar até mesmo a impugnação da candidatura oficial por abuso de poder político, como já ocorreu diversas vezes com prefeitos e governadores estaduais.”

Os trechos acima são da coluna de hoje do Sr. Merval Pereira, em O Globo.

O senhor Merval Pereira acha que Lula declarar seu apoio a Dilma é usar “seu poder político e a alta popularidade” para “alavancar” a sua candidata , o que é “inaceitável”.

Mas Merval Pereira nunca achou “inaceitável” Fernando Henrique usar a própria moeda nacional para alavancar sua própria candidatura nem classificou de “inaceitável” ter criado, em benefício próprio, durante o exercício de seu mandato presidencial, o instituto da reeleição.

Se Lula tivesse levado à frente a emenda constitucional pelo terceiro mandato isso seria um “golpe”, porque seria uma mudança nas regras do jogo durante o exercício de um mandato. Mas com FHC, não foi.

O sr. Merval Pereira diz que “há fundadas razões” para considerar a impugnação – não tem coragem de dizer o nome – de Dilma. Poderia, por gentileza, citar a lei e os artigos objetivamente violados? Não pode, porque não há nenhuma violação expressa , como houve com Serra no programa do Dem(Lei 9096, art. 45, parágrafo 1°, Inciso I), o que é omitido pelo jurisconsulto da Rua Irineu Marinho.

O sr. Merval Pereira deveria lembrar do ditado popular de que não se fala de corda em casa de enforcado. A Globo não tem autoridade moral para apontar o dedo para ninguém como ”golpista”. Ajudou o Golpe de 64 e com ele engordou. Mais recentemente, fez a criminosa edição do debate Lula- Collor que mudou o resultado da eleição de 89. Naquele mesma época, ele próprio foi processado por, em plena campanha eleitoral, estampar uma foto em primeira página de um homem negro com um retrato de meu avô e dizer que era um traficante. Não era, como você pode ler aqui.

Mas isso não é golpismo, não é? Golpismo é o presidente falar em quem vota.

Brizola Neto

Para Golpe Branco País Misturado e gostamos de ser misturados











A Lei Eleitoral é hipócrita. E serve ao Serra


Ministro Mello, do TSE: vamos supor que o Brasil não seja uma democracia

No Brasil, rico não vai para a cadeia.

A lentidão da Justiça é para beneficiar os ricos.

O poder de entrar com recursos é para ajudar os ricos.

Rico não usa algema.

Negro não vai a restaurante chic.

Garçom negro não trabalha em restaurante chic.

Negro só entrou na universidade com o ProUni.

No Brasil ainda tem trabalho escravo.

Tem gente que ousa dizer que o Brasil não é racista.

Quando o Lula fez o Bolsa Familia para dar comida aos pobres, disseram que é o “Bolsa Malandragem”.

Tres familias controlam os meios de comunicação – são os que falam em “Bolsa Malandragem”.

Nessa pseudo-democracia, só quem tem liberdade de expressão são os donos da “liberdade de imprensa”.

A Globo tem 50% da audiência e, com isso, controla 70% da publicidade em tevê, que é 50% de toda a publicidade do país.

A rádio-difusão no país se regula por uma lei de 1961, quando não havia televisão.

O Brasil é o único país da Operação Condor que perdoou os torturadores.

No Brasil, o candidato gasta quanto quiser para se eleger.

E ainda dizem que o Brasil é uma democracia.

Uma das poucas coisas democráticas do Brasil é o horário eleitoral gratuito.

É quando o partido trabalhista pode, teoricamente, enfrentar o poder da grana do partido conservador.

Todo mundo sabe, desde sempre, que o Serra é candidato.

Que usou – e usa – a grana do povo de São Paulo para se eleger.

Serra chegou a anunciar água da Sabesp no Acre.

E a Justiça Eleitoral ?

Caluda !

Todo mundo sempre soube que a Dilma é candidata do Lula.

(Menos o Ciro, talvez.)

Que o Lula não é a Bachelet e não vai deixar os conservadores tomarem o poder, para vender o Bolsa Familia à Wal Mart e o pré-sal aos clientes do davizinho.

Todo mundo sabe.

E fica essa pseudo-democracia do PiG (*) a falar em “pré-candidato”.

Essa pseudo-democracia do PiG (*), que, como diz o Emir Sader – clique aqui par ler – é o maior obstáculo à vitoria acachapante da Dilma.

Esse PiG (*) que endeusa os magistrados que dizem o que ele quer.

Juízes que dão HC a passador de bola apanhado no ato de passar bolsa, em nome da Democracia !

E o TSE a perseguir a Dilma e o Lula, em nome dessa pseudo-democracia.

E deixa o Serra solto.

Pura hipocrisia.

Para fingir que o Brasil é uma democracia.

Para ocupar as páginas do PiG (*).

E derrubar o regime trabalhista com um golpe branco (“democrático”).

Sem precisar ir às urnas.

Clique aqui para ver o que diz o Tijolaço do Brizaola Neto, que re-lançou a campanha da legalidade: eleição se ganha no voto.

Honduras, que tal ?

Esse pessoal pensa que o Lula é o Zelaya.

Não é, Feijóo ?

Paulo Henrique Amorim

Entrevista de Elis Regina com a filha Maria Rita mostra a sua preocupação com a ecologia



Anteontem publiquei aqui artigo sôbre o ecosocialismo movimento que cresce no mundo espontâneamente.

Crise ecológica, capitalismo, altermundialismo:um ponto de vista ecossocialista






“Líderes ocidentais são covardes para salvar vidas”

Quando Lula tomou um avião para Teerã e foi, junto com o primeiro ministro da Turquia, buscar uma solução para a questão nuclear iraniana, sua atitude revelou, além do protagonismo dos países emergentes no cenário mundial, a incapacidade dos líderes ocidentais de solucionar qualquer conflito e terem posições firmes.

Esta percepção me foi reforçada hoje ao ler o artigo de Robert Fisk, no jornal inglês The Independent, “Líderes ocidentais são muito covardes para ajudar a salvar vidas”. O jornalista inglês mostra que atualmente são as pessoas comuns, como as que estavam na flotilha atacada por Israel, que tomam decisões para mudar as coisas. E quando suas vidas são ameaçadas, os líderes ocidentais continuam sendo “frouxos”.

Fisk abre seu artigo perguntando se a Guerra de Gaza (2008-2009), com seus 1.300 mortos; a Guerra do Líbano (2006), com 1.006 mortos, e os nove mortos da flotilha humanitária vão levar o mundo a não aceitar mais as regras de Israel. Ele demonstra ceticismo diante das reações da Casa Branca e do novo premiê inglês, David Cameron. “Nem uma só palavra de condenação. Nove mortos. Apenas mais uma estatística a acrescentar à relação do Oriente Médio.”

O jornalista faz uma crítica a Israel e também à passividade do mundo diante dos abusos cometidos pelo país. Um texto para refletir, que serve para os dirigentes de todos os países, principalmente os que só enxergam problemas quando vêm dos outros.

“E o que dizer sobre Israel? Não é a Turquia um forte aliado de Israel? É isso que os turcos devem esperar? Agora, o único aliado de Israel no mundo muçulmano está dizendo que houve um massacre, e Israel não parece ligar. Mas Israel também não ligou quando Londres e Camberra expulsaram seus diplomatas depois que passaportes britânicos e australianos foram falsificados para os assassinos do comandante do Hamas, Mahmoud al-Mabhouh. Não ligou ao anunciar um novo assentamento judeu na região ocupada de Jerusalém oriental quando o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, estava na cidade.Por que Israel deveria se importar agora?”

“Como chegamos a esse ponto? Talvez porque todos crescemos habituados a ver Israel matar árabes, talvez porque os israelenses cresceram acostumados a matar árabes. Agora, eles matam turcos. Ou europeus. Alguma coisa mudou no Oriente Médio nas últimas 24 horas – e Israel (graças a sua extraordinariamente estúpida resposta política à matança) não parece ter noção do que aconteceu. O mundo está cansado dessas atrocidades. Só os políticos estão em silêncio.”

Brizola Neto

terça-feira, junho 01, 2010

Luta negra demais para sermos iguais e lutar pela Paz






Mídias, poder e consciências

Luís Carlos Lopes publicado no sítio Carta Maior:

Os que dizem que as grandes mídias transmitem conteúdos deploráveis em nada exageram. Se disserem que todos os conteúdos são desta natureza, sem dúvida, estarão exagerando. Estarão dizendo a verdade, se afirmarem que é difícil separar o joio do trigo, lembrando que as transmissões e emissões possíveis de serem acessadas contribuem para diminuir a capacidade de interpretação das audiências. Tenta-se fazer com que a realidade objetiva seja algo longínquo e inalcançável aos simples mortais.

O veneno retórico e o de natureza irracionalista mesclados, como faces da mesma moeda, aparecem tanto na ficção, como no que se autodenomina de objetivo e isento. Aliás, a ficção domina de tal forma o cenário que a distinção desta com a pretensão de objetividade passou a ser um exercício do formalismo habitual. Na verdade, as mídias se retroalimentam do real objetivo, tratando-o no assombroso universo da retórica – leia-se mentira pavoneada – e dos irracionalismos – leia-se, incapacidade de ver e interpretar a nós mesmos e ao que nos cerca – cultivados em séculos de história. Produzem uma ficção de si mesmas, fazendo com que tudo o que toquem se transforme em algo fantasmagórico, com exceção, logicamente, das contas bancárias das empresas.

Obviamente, nem todos os operadores das grandes mídias são tão brutais. Alguns tentam desesperadamente entregar ao público algo de melhor qualidade e com alguma seriedade. Trata-se de profissionais talentosos e capazes de fazer algo diverso do que são compelidos a executar. Outros se vendem sem qualquer problema aos seus patrões. São bajuladores e, quase sempre, eles não têm muito a oferecer, além da fidelidade canina. Todavia, é bom lembrar que as grandes mídias são privadas. Trata-se de empresas que têm história e interesses a zelar. Seus empregados dependem da aprovação se seus patrões, para se manter em seus lugares.

Qual a diferença entre uma telenovela e um telejornal? Grosso modo, ambos usam da emoção alienada para convencer e não têm qualquer compromisso com as verdades históricas e com o esclarecimento científico e histórico-cultural das audiências. No atual contexto, os dois apóiam-se nas tradições mais conservadoras, nos preconceitos avassaladores retirados de baús cheios de pó, vermes e outros bichos. Repetem os sensos comuns primários que facilmente envolvem seus públicos. Não têm maiores compromissos com a cultura popular e com o que há de melhor na erudita. Em alguns momentos, este pacto de mediocridade é rompido pelos operadores. Em seguida, a empresa retoma as rédeas e conduz de acordo com suas linhas mestras.

Os ingênuos e os que se fazem de ingênuos pouco podem refletir sobre o papel das mídias. Eles dizem que os telejornais, bem como os jornalões e revistas impressas são a informação líquida para ser consumida. O mesmo aconteceria com as notícias e comentários encontráveis nos sites mantidos pelas mesmas empresas. As telenovelas, os programas humorísticos, bem como o pior da indústria cinematográfica internacional e nacional seriam, apenas, diversão. O problema é que não é possível haver neutralidade real no ato de informar e nem no de produzir artefatos ficcionais de qualquer natureza. Em todos os casos, é possível descobrir a que deuses se estão servindo.

Informação e diversão seriam os objetos centrais dos vários meios de comunicação empresariais. Estes canais levariam ao grande público, presumidamente, o que eles desejariam assistir, ver e ler. Os consumidores são vistos como pessoas fundamentalmente passivas e fáceis de ser convencidas. Nisto, está um segredo bem guardado. De há muito, os consumidores da informação e da diversão são também consumidores de produtos alardeados pela publicidade. Suas passividades são tão fabricadas como os produtos de massa e idéias que os anunciantes pretendem vender. Simplesmente, é dado a eles o acesso a uma via de mão única, sem atalhos ou retornos. As possibilidades de resistência existem, mas, são bem pequenas.

O verdadeiro objetivo destes meios é vender produtos, usando técnicas de convencimento e de catarse total. Quando se vê TV, se acessa à Internet, se lê as mídias impressas ou se assiste a filmes comerciais de ficção, se está ao mesmo tempo, sendo bombardeado por mil e uma mensagens publicitárias. O que realmente interessa a estes meios é ter a certeza que o bombardeio atingiu seus objetivos, com isto, se garantem mais verbas e, sobretudo, infinitos lucros. A lógica da produção é a do comércio, ao qual ela é completamente subordinada.

A tão propalada interatividade da Internet esbarra no fato que ela é intermediada por empresas reais. Ao contrário do que se imaginava inicialmente, estas empresas moldam formatos, sugerem conteúdos e dificultam que exista uma comunicação realmente mais livre. Esta liberdade é buscada com abnegação por grupos e pessoas isoladas que tentam, por meio dos instrumentos disponíveis, construir opiniões contrahegemônicas. Isto funciona com fortes limites impostos pelos custos e pela pressão dos instrumentos controlados pelas empresas. Todavia, é na Internet onde se encontra ainda um espaço de reflexão e de liberdade, inexistente nas grandes mídias. Não são casuais, as tentativas surgidas em vários países de se controlar este espaço e de até emudecê-lo.

Como as mídias são um sistema integrado, comandado por empresas, na Internet, o poder das mesmas se destaca e se firma como opção para grandes parcelas dos usuários. Manter uma revista de opinião alternativa significa encontrar formas criativas de financiá-la e de conseguir que ela, na sua fragilidade que é a origem de sua força, permaneça no ar. Esta batalha é travada todos os dias por quixotes que não aceitam que o mundo seja exclusivamente o que as grandes mídias teimam em dizer e redesenhar. O que mantém a chama acesa é a crença que o sonho ainda possa vencer a obscuridade da vida instrumental do capital.

A midiatização incisiva dos recentes ataques do candidato-síntese das direitas à Bolívia de Evo Morales e as críticas iradas à tentativa brasileira de uma solução pacífica do conflito entre o Irã e os Estados Unidos são provas evidentes da manipulação e da sujeição aos interesses externos. Entretanto, o espaço dado aos que pensam de modo diverso foi proporcionalmente pequeno. Mesmo sendo uma concessão pública, as empresas de TV trabalham como se a liberdade de imprensa fosse a mesma coisa do que a liberdade de empresa.

Todos estes fatos passam batidos, em meio a nuvem formada pela onda publicitária que envolve as mídias. Olhando-se, em perspectiva, percebe-se que elas sabem bem camuflar suas verdadeiras essências. Depois de um ataque furibundo aos que lutam contra a conservação, nada melhor do que um comercial de um novo modelo de carro ou do quase-monopólio de uma empresa provedora da TV por assinatura, dentre outros serviços.

São poucos os programas de TV aberta e da por assinatura que não são pautados no tratamento da violência como um espetáculo, sem dar a audiência quaisquer possibilidades de interpretá-los de modo racional. Não é muito diferente o que ocorre nas mídias impressas, havendo adaptações aos públicos de cada segmento. Os mais pobres consomem mais ‘sangue’ e doses elevadas de ‘mondo cane’. As classes médias vêem as mesmas hemorragias e baixarias em emissões que usam de um linguajar mais controlado e adaptado. O mesmo ocorre com o sentido geral da vida, corrompido por emissões que mentem sobre as reais possibilidades do tecido social.







O terror de Israel extrapola suas fronteiras

Reproduzo artigo da jornalista Elaine Tavares:

Quando na segunda guerra mundial apareceram os rumores do que acontecia na Alemanha, o mundo calou. Levou tempo demais até que os governos de outros cantos se levantassem contra o que se passava de horror sob o domínio nazista. E, mesmo, assim, a intervenção só aconteceu quando o que estava em jogo era o domínio de outros países da Europa. Não foi, verdadeiramente, o massacre dos judeus e dos ciganos que levou ao repúdio do governo de Hitler. Foi sua audácia de dominação sobre os demais países da Europa. Penso eu, cá com meus botões, que se Hitler tivesse se mantido nas fronteiras da Alemanha, não haveria tanto repúdio às suas práticas de terror.

Hoje, assistimos ao estado de Israel repetir o circo dos horrores contra o povo palestino. Já se vão mais de 60 anos de violência, de opressão, de ataques assassinos. Desde 1948 o processo de dizimação do povo palestino acontece sob os olhos das câmeras, aparece sistematicamente na hora do jantar, nos jornais noturnos. E, no mais das vezes, a maioria das gentes olha, boceja, e o máximo que tem de reação é dizer: “essa guerra não termina!” E ponto final. Lá, naquele cantão esquecido do mundo, a porta de entrada do rico médio-oriente, seguem os palestinos resistindo com pedras e gritos de dor.

Hoje, segregados em campos de concentração, tal e qual ocorria com os judeus e ciganos nos campos nazistas, eles são humilhados, subjugados, tratados como não-seres. Chamados de terroristas quando se levantam em rebelião. E tudo o que querem é o direito de viverem em paz no seu próprio território. O mundo sabe muito bem que quando os Estados Unidos criou o estado de Israel, aquela não era uma terra sem povo. Milhares de famílias foram desalojadas, expulsas de suas casas, para dar lugar às colônias israelenses. E, depois, ao longo dos anos, sob o fogo dos canhões, Israel foi comendo o território até confinar as gentes palestinas em campos fechados por muros gigantes, que deveriam ser repudiados como uma vergonha mundial, tal qual foi o muro de Berlim durante tanto tempo. A pergunta que fica é: por que o chamado “mundo livre” não brada contra o muro da vergonha de Israel?

Pois, não satisfeitos em dizimar o povo palestino, Israel chegou ontem ao auge da violência e da perfídia. Foi capaz de atacar militarmente navios que seguiam para Gaza, levando ajuda humanitária. Soldados armados atacaram civis que poucos minutos antes haviam levantado uma bandeira branca. Mesmo nas guerras mais cruéis, todos os generais sabem o que isso significa. Mas, ao que parece, não Israel. Morreram pessoas comuns, tombadas pelas balas assassinas dos soldados israelense. Gente que se importava com o que se passa por detrás dos muros de Israel, que apenas se preocupava em levar comida, remédio e conforto a um povo acossado pela violência e pelo terror. Pois foram atacados de forma absurda, em águas internacionais, violando toda a sorte de tratados e acordos internacionais.

E aí? Cadê as sanções a Israel? O seu parceiro de atrocidades, os Estados Unidos, lamentou o ocorrido, mas não condenou. Vários países estão declarando condenação, mas o que isso de fato significa? Palavras ao vento! Quais as medidas reais a serem tomadas contra esse estado assassino que extrapola suas fronteiras, atacando civis?

Os argumentos que as redes de televisão oferecem são os mais absurdos possíveis. Um general israelense dizendo que só revidaram um ataque dos que estavam no navio. Mas, como isso? As pessoas, em alto mar, cercadas de água, fizeram o quê? Tinham mísseis? Arcabuzes? Facas voadoras? Que ataque poderiam fazer essas pessoas dentro de um navio a aviões de guerra? Vejam que é o mesmo argumento que usam para matar palestinos. Meninos de 12 anos, com pedras na mão, são “violentos terroristas” e ameaçam a vida dos soldados israelenses dentro dos tanques de ferro. É o paroxismo do terror.

Por todo o planeta gritam as gentes, como gritaram contra a invasão do Iraque, contra a invasão do Panamá, do Afeganistão. Gritam os que não tem poder. E lançam declarações os que tem poder. Cuba vive sob um bloqueio criminoso por parte dos Estados Unidos, porque decidiu ser livre e auto-determinada. Isso é crime?

O que aconteceu no mar alto nesta segunda-feira não pode ficar só no plano da condenação pela palavra. É preciso parar Israel. Este é um dos países mais fortemente armados do globo terrestre. Seu poder militar é fabuloso. Tem ainda o serviço secreto mais sanguinário do mundo. É um cântaro de destruição. A fonte de sua violência segue vertendo, como já dizia o grande Mahmud Darwish.

Há 60 anos Israel mata palestinos como se fossem moscas. Ontem matou nove cidadãos da paz. O mundo, enfim, se levanta. Agora, há que parar Israel. Ou isso, ou a barbárie vai se espalhar, saindo das fronteiras do terror. A história é boa mestra. Assim começaram as grandes guerras. Quando um governo, arvorado de dono do mundo, começa a sair de seus limites, abocanhando a vidas dos demais. Se o mundo, na sua maioria, pouco ligou para os palestinos que padecem desde há décadas, que, agora, com estes noves civis, gente da paz, de bandeira branca hasteada, possa se levantar e estancar a fonte do crime.

do Altamiro Borges

Sinto na pele

O país está crescendo, o mercado de trabalho está dinâmico, essa é a hora de as empresas abrirem suas portas, sem preconceitos. Hoje, já se sabe que a diversidade é elemento essencial para a formação de uma boa equipe. O Brasil está reclamando de apagão de mão de obra com oito milhões de desempregados.

Empresas reclamam de apagão de mão de obra. Brasileiros qualificados procuram emprego. São barrados por não terem experiência, ou por serem mais velhos, ou por não passarem nos burocráticos padrões de recrutamento. As empresas perdem chance por discriminar. Falamos com desempregados e empresas para entender as contradições do mercado de trabalho.

do nosso futuro comum

Fala Oliver Stone