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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 04, 2010

O Petróleo é nosso 2






Petroleiros se emocionam com Dilma valorizando a lutra para salvar a Petrobras da privatização



Dilma Rousseff (PT), nesta sexta-feira (4), discursou para trabalhadores, na 2º Plenária Nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP), e emocionou a categoria, ao defender a resistência contra o governo FHC-Serra de tentar sucatear e privatizar a Petrobras.

Antes dela, José Eduardo Dutra (geólogo, ex-presidente da estatal e atual presidente do PT), afirmou que o governo demo-tucano tentou privatizar a estatal petrolífera, usando o estratégia de ‘comer pelas beiradinhas’, que nem mingau.

Dilma seguiu na mesma linha:

“Comer pelas beiras era desvalorizar os trabalhadores. Eles pararam de investir em refinarias, em petroquímica...

...O Brasil foi mais respeitado por isso? Não. Foi respeitado quando pagou a dívida externa e dispensou o Fundo Monetário Internacional...

...Não temos que ter vergonha de ser nacionalista” - criticando a tentativa da gestão FHC de mudar o nome da Petrobras para Petrobax, para facilitar a pronuncia no estrangeiro.

“Seria mesma coisa de trocar o ‘s’ do Brasil por ‘z’. Tem uma subserviência por trás disso — era como se tratava empresa no exterior...Nós não ficamos de joelho. Pagamos a dívida externa e despachamos o FMI. Mantivemos a cara verde e amarela da empresa.”

Vestida com colete da FUP, a ex-ministra também relembrou a greve dos petroleiros de 1995: “Aqueles, que resistiram em vários momentos, hoje acreditam que este país pode superar desafios ao construir a maior empresa de petróleo do mundo. Benditos aqueles que resistiram, lutaram e hoje descobriram o pré-sal. Vão proporcionar um futuro muito mais feliz para todos nós... o pré-sal é uma riqueza mineral que será transformada em riqueza social e humana.”

As mulheres integrantes do quadro de funcionárias da FUP, da Petrobras e da organização do evento surpreenderam Dilma com um jingle de apoio a ela. A ex-ministra brincou, ainda, com os petroleiros, ao dizer que eles são “a pátria de capacete e macacão”. (Dos Amigos doPresidente Lula)

O tamanho por enquanto da mancha dos maiores poluidores do mundo

Mancha de Óleo no Golfo do México Cobriria Eixo Rio-São Paulo Inteiro

A gente fala de "vazamento de óleo" e o povo fica sem uma noção decente do tamanho da trolha. Então, aqui vai.
Esse é o tamanho e formato da mancha de óleo ontem, dia 2 de junho de 2010. Lembrem-se que a trolha, como boa trolha, ainda está crescendo. Reparem como ela encosta no Rio ao leste e em São Paulo ao oeste. Se fosse no Brasil, cobriria totalmente nossa região mais rica e mais densamente povoada. (clique aqui para colocar a mancha de óleo sobre a sua região)
Abaixo, a posição real da mancha de óleo, bem na cara de Nova Orleans, uma cidade onde já dá pra se sentir o cheiro de petróleo nas ruas, em uma região que tradicionalmente vive de turismo e de pesca.

Educar é ?!?






Mural do Século XXI









do Satiro

O Petróleo é nosso









7.O único País cuja diplomacia deve ser considerada por Israel são os EUA.








Ataque a navio matou 19 e não 9; corpos foram jogados no mar

Ahmadinejad e Chávez exigem suspensão de bloqueio a Gaza

"Netanyahu estava certo: o mundo está contra nós"



Gideon Levy - Haaretz



Gideon Levy - Haaretz

Chegou o momento de tirarmos o chapéu para as previsões que o primeiro ministro Benjamin Netanyahu provou serem acuradas; suas profecias se tornaram verdade diante de nossos olhos. Agora podemos orgulhosamente declarar que nosso governo é dirigido por um homem de visão, um estadista que antevê o futuro. Até os seus maiores críticos não podem negá-lo; os fatos falam por si mesmos.

Netanyahu disse que o mundo inteiro estava contra nós. Não estava certo? Ele disse também que vivemos sob uma ameaça existencial. Não está começando a parecer que sim? Dê mais um minuto e a Turquia estará em guerra conosco também. Netanyahu disse que não há chance de acordo com os árabes. Isso não é evidente? Nosso primeiro ministro, que vê o perigo à espreita em toda travessia e inimigos esperando em cada esquina, que sempre ensinou que não há esperança, que martelou em nossas cabeças que devemos viver para sempre com as espadas em mãos (assim como seu pai historiador lhe ensinou), sabia do que estava falando.

Não tivemos ninguém como ele desde David Ben-Gurion. Ele é um profeta genuíno, cujas predições se tornaram verdade, uma após a outra – alguém que realmente pode estar orgulhoso de sua missão. Chega de piada, chega de ridículo. Pois Netanyahu não é somente um profeta. Sua liderança sacudiu um país inteiro. Não há mais quem o impeça de realizar sua visão, e em breve os especialistas escreverão que Netanyahu estava certo.

Este país tem agora um capitão cego no cockpit, conduzindo seus passageiros vendados com precisão exemplar ao destino por ele visto. Se houvesse algum objeto de seu alarmismo ainda não confirmado antes desta semana, ele veio com o ultrajante ataque apoplético da flotilha; e também esse objetivo estava previsto no pacote.

Se alguém ainda tivesse um vislumbre de esperança em que nosso piloto não estivesse totalmente cego, em que ele tivesse algum dispositivo especial de visão, veio sua declaração de que o bloqueio a Gaza iria continuar. Deixe o mundo e a sabedoria e Gaza irem para o inferno e, incidentalmente, Israel também – esse pequeno vislumbre de esperança junto. Depois que as facas e serras tomadas no Marmara tiverem sido publicamente exibidos, poderemos então convencer a nós mesmos de uma vez por todas que há de fato um perigo nos espreitando em toda travessia; uma operação da AlQaeda em todo barco, armas em todo deck – e inclusive que o Marmara era uma ameaça existencial e nada menos, exatamente como nosso líder previu.

É claro, ninguém pedirá para ver as armas que os ativistas supostamente usaram para atirar, ou a cena do vídeo em que os soldados israelenses são vistos atirando, ou as fotografias confiscadas dos jornalistas. Para nós, as imagens da grande surra que o porta-voz do Exército Israelense relatou são suficientes.

Uns sete bilhões de seres humanos (menos os em torno de 5 milhões que são judeus israelenses) estão errados. Eles não tiveram um líder como Netanyahu, e é por isso que seguem achando que atacar passageiros em águas internacionais é um ato de pirataria, em nada diferente daqueles cometidos pelos piratas da Somália. Eles acham (erradamente, é claro) que Israel não tem o direito de interceptar uma frota de barcos, que as vítimas são o povo de Gaza e os passageiros feridos, não o comando naval que atacaram o navio e foram derrotados; e que os agressores foram aqueles que desceram de helicópteros no deck do navio, matando 9 civis à queima-roupa e ferindo dúzias.

O mundo está errado e Netanyahu, conosco a reboque, está certo. Não vamos acabar com o bloqueio. Por quatro anos ele só deu prejuízos e nenhum benefício sequer, mas o que isso importa? Tolice! Vamos é dar conta da visão de Netanyahu. Vamos nos tornar um país ainda mais desprezível e não nenhum amigo nos restará no mundo, nem mesmo os Estados Unidos. É verdade que foi o predecessor de Netanyahu, Ehud Olmert, que começou essa destruição terrível com a Operação Chumbo Fundido (“Cast Lead”), depois da qual o mundo passou a ser intolerante com todo comportamento violento de Israel, mas Netanyahu está seguindo seu próprio padrão.

A despeito de tudo isso, essa visão ainda não foi completamente realizada. Ele deu espaço a uma esperança: uma “paz econômica” que traria prosperidade aos palestinos e israelenses. Mas como não houve ainda sabotador maior das exportações israelenses do que Netanyahu, brevemente tudo o que se produz aqui terá de ser vendido fora dos limites de Petah Tikva. Até os profetas têm o direito de errar, às vezes, mas ele teria feito melhor se não tivesse mais dado lugar a qualquer esperança.

Quase metade dos israelenses quer uma comissão de inquérito, de acordo com uma pesquisa publicada ontem (31/05). Pode-se entender que é só porque nossos soldados foram atacados e humilhados. Por que, o que mais há a ser investigado? Afinal, nós temos um estadista profeta cujas predições estão se confirmando, uma após a outra, e a redenção (não) está chegando a Sion.

Tradução: Katarina Peixoto
do Brasil Mostra a tua cara

02 Junho 2010

Os dez mandamentos da política externa israelense



Por Andre Araujo - Nssif

1.Todo grupo, entidade, movimento, organização que tentar ajudar o povo palestino deve ser classificado como terrorista.

2.Israel não faz acordos, não cede, não transige, não negocia com qualquer proposta que considere algum direito ao povo palestino.

3.Israel não toma conhecimento de qualquer resolução condenatoria da ONU, da OECD, da OTAN ou de qualquer outro organismo que se manifeste contra Israel.

4.Israel desconsidera a validade de qualquer pressão internacional sobre atos praticados pelo seu Governo e pelas Forças de Defesa de Israel.

5.Qualquer ação militar de Israel, não importa com que força ou consequencias, deve ser considerada dentro do direito de Israel a se defender.

6.Israel não pode ser criticado pelo uso de força não importa em que proporção em relação a qualquer outro adversario.

7.O único País cuja diplomacia deve ser considerada por Israel são os EUA.

8.Israel deve declarar continuamente que é a unica democracia do Oriente Medio, desconsiderando que seus sucessivos governos são resultantes de composições cada vez mais à direita e cada vez mais fundamentalistas.

9.Os interesses de Israel estão acima do Direito Internacional.

10.Os interesses de Israel estão acima dos conceitos de direitos humanos assim considerados.






Os porões da privataria





A bomba explodiu no colo do Serra


O Conversa Afiada recebeu de amigo navegante mineiro o texto que serve de introdução ao livro “Os porões da privataria” de Amaury Ribeiro Jr., que será lançado logo depois da Copa, em capítulos, na internet.

Vai desembarcar na eleição.

É um trabalho de dez anos de Amaury Ribeiro Jr, que começou quando ele era do Globo e se aprofundou com uma reportagem na IstoÉ sobre a CPI do Banestado.

Não são documentos obtidos com espionagem – como quer fazer crer o PiG (*), na feroz defesa de Serra.

É o resultado de um trabalho minucioso, em cima de documentos oficiais e de fé pública.

Um dos documentos Amaury Ribeiro obteve depois de a Justiça lhe conceder “exceção da verdade”, num processo que Ricardo Sergio de Oliveira move contra ele. E perdeu.

O processo onde se encontram muitos documentos foi emcaminhado à Justiça pelo notável tucano Antero Paes e Barros e pelo relator da CPI do Banestado, o petista José Mentor.

Amaury mostra, pela primeira vez, a prova concreta de como, quanto e onde Ricardo Sergio recebeu pela privatização.

Num outro documento, aparece o ex-sócio de Serra e primo de Serra, Gregório Marin Preciado no ato de pagar mais de US$ 10 milhões a uma empresa de Ricardo Sergio.

As relações entre o genro de Serra e o banqueiro Daniel Dantas estão esmiuçadas de forma exaustiva nos documentos a que Amaury teve acesso. O escritório de lavagem de dinheiro Citco Building, nas Ilhas Virgens britânicas, um paraíso fiscal, abrigava a conta de todo o alto tucanato que participou da privataria.

Não foi a Dilma quem falou da empresa da filha do Serra com a irmã do Dantas. Foi o Conversa Afiada.
Que dedica a essa assunto – Serra com Dantas – uma especial atenção.

Leia a introdução ao livro que aloprou o Serra:


Os porões da privataria


Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem o que explicar ao Brasil.

Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil …

Atrás da máxima “Siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção.

A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.

(Ricardo Sergio é aquele do “estamos no limite da irresponsabilidade. Se der m… “, o momento Péricles de Atenas do Governo do Farol – PHA)
Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2).

O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$ 3,2 milhões no exterior através da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova York. É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.

A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$ 17 mil (3 de outubro de 2001) até US$ 375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$ 1,5 milhão.

O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$ 404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, através de contas no exterior, US$ 20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde.

O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, entre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.

Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br, em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC.

Financiada pelo banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$ 5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$ 10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas tem o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.

Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$ 7,5 milhões em ações da Superbird. com.br que depois muda de nome para Iconexa S.A…Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.

De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante o Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no país. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas… Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia através de sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no país.

Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações — que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade” conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” — foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e as contas sigilosas da América Central ainda nos anos 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria…

Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$ 410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.

(1)A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,2 por um dólar.
(2)As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.




Jornalista pergunta: o Dantas financiou o Serra em 2002 ?



O Conversa Afiada reproduz e-mail de amigo navegante (esse não é mineiro):


Dr. P H,

Nessa história aloprada do Serra –
clique aqui para ler “Livro desnuda relação de Dantas com Serra” – com o dossiê que não existe tem um ponto neural que ninguém aborda e que exige explicação de um candidato a Presidente da República.

Ou da Justiça Eleitoral.

Creio que a DECIDIR.com existiu 3 anos: de 1999 a 2002. Esse era um período pré-eleitoral, em que Serra seria candidato em 2002, e tomou aquela surra do Lula.

O que precisa ser bem investigado e esclarecido é se a DECIDIR.com não foi um instrumento do Daniel Dantas para financiar a campanha do José Serra em 2002.

A hipótese é que isso teria sido feita sem declarar, é claro, à Justiça Eleitoral!

Teria Serra cometido um crime eleitoral em 2002, com o apoio daquele que você chama de “passador de bola apanhado no ato de passar bola” ?

Para responder a essa pergunta é fácil.

Basta que uma das Verônicas, ou a Serra ou a Dantas, revele os detalhes da capitalização da DECIDIR.com.

Fala-se que a empresa foi capitalizada em 20 ou 30 milhões de dólares em 1999.

Em 2002, a empresa é dissolvida.

Perguntas que um jornalista como você deveria fazer, na minha opinião:

O que aparece nos balanços da DECIDIR.com?

Como uma empresa recém-nascida gastaria 20 ou 30 milhões de dólares?

Se gastou, gastou com o que?

Se não gastou, foi distribuído o capital para os sócios em 2002?

Quanto foi para a Verônica Serra ou a entidade que ela representava?

Quanto o Opportunity da Verônica Dantas colocou na capitalização da empresa?

Em resumo, a DECIDIR.com serviu para o Daniel Dantas financiar a campanha de Serra em 2002?

Essas perguntas dizem respeito à lisura de uma campanha eleitoral – e isso é muito mais importante o que saber se foi você quem falou da ligação da filha do Serra com a irmã do Dantas.

Me desculpe.

Mas, estou preocupado é com o Brizola Neto: eleição se ganha no voto.

do Conversa Afiada