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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 16, 2010

Fenômeno de Massa



O futebol e a política

Por Mauro Santayana

As massas sempre demonstraram seu imenso poder. Sua força foi analisada por grandes pensadores do
século passado, como foram Ortega y Gasset, em seu ensaio profético de 1930, La rebelión de las masas; Elias Cannetti, com Mass und Macht; e Serge Tchakhotine, em Le viol des foules par la propagande politique. Todos eles, de uma ou de outra forma, mostram como as massas podem atuar, em certas circunstâncias, como um só indivíduo. Ortega chama a esse indivíduo hombre-masa. Do ponto de vista filosófico, com todo respeito por Ortega, o melhor ensaio é o de Cannetti, ao identificar massa e poder: quem aglutina as massas e as sabe conduzir manobra o seu poder, como Hitler. Partindo da práxis, da experiência real, dos instrumentos totalitários da propaganda, o melhor ensaio é o do biólogo, psicólogo e agitador político russo Tchakhotine. Seu livro foi publicado em francês em 1938, quando o mundo estava entre três ideias básicas: o nazifascismo teuto-italiano, o socialismo marxista e a democracia capitalista-liberal anglo-americana.

Ortega publicou seu livro bem antes, em 1930, e seu grande mérito foi o de analisar a globalização dos anos 20, que levaria à depressão e à guerra, mas remontar o início dessa massificação do indivíduo ao começo da época moderna, ou seja, ao Renascimento e à Descoberta da América. Seu pensamento seria retomado, em seguida, pela Escola de Frankfurt e, de maneira magistral, por Marcuse em One-dimensional man, em 1964 – ano crucial para os brasileiros.

Podemos resumir esses três estudos em uma advertência: a de que a sociedade industrial capitalista tende a anular a individualidade, ao criar e manter uma massa universal uniforme e conformada. Uma massa de indivíduos que “pensa” estar exercendo sua liberdade de escolher, de pensar e de decidir. Não importa qual seja a sua bandeira. O que importa – como diz Cannetti – é que ela tremule como uma labareda.

Há 52 anos, quando “o mundo descobriu o Brasil”, conforme lema divulgado nestes dias, eu dirigia pequeno jornal diário, em Governador Valadares (que continua circulando até hoje). Havíamos perdido Copas anteriores e, de forma crucial, a de 1950, contra o Uruguai, no Maracanã.

Foi uma festa imensa, porque teve o gosto da recuperação do orgulho nacional. O Brasil, que havia perdido Vargas, quatro anos antes, e que começava a recuperar-se com o governo de Juscelino, explodiu diante da genialidade de dois meninos do povo, Garrincha e Pelé (nesta ordem, em meu juízo). Jornal do interior é, acima de tudo, jornal de opinião, e eu redigia rodapé de primeira página. Nele, moderei o entusiasmo geral, ao lembrar as terríveis dificuldades que o Brasil vinha encontrando para realizar o projeto de desenvolvimento de Vargas, naquele terceiro ano de Juscelino no poder.

Neste meio século conseguimos dar um grande salto econômico. A vitória de 1958 deve ter contribuído, e muito, para que o mineiro cumprisse a meta de avançar, conforme o slogan, 50 anos em 5. Vendo os fatos com tanto tempo de intervalo, sentimos a interação entre o entusiasmo popular da vitória com o esforço de desenvolvimento naquela segunda metade do governo. Infelizmente, no pleito de 1960, houve um demagogo que conseguiu dominar as massas, eleger-se, enveredar pela sedução totalitária e, com sua renúncia irresponsável, abrir caminho a duas décadas de ditadura.

Para manter a força positiva das massas, faltam os líderes sensatos. Para perdê-las, bastam os demagogos alucinados.

do JB

terça-feira, junho 15, 2010

Brasil têm nova Cara






Brasil rompeu a tradição de humilhante submissão




VOTO CONTRA ROMPE TRADIÇÃO

[
Brasil rompeu a tradição de humilhante submissão dos membros rotativos às vontades dos EUA e das demais grandes potências atômicas, membros permanentes do CS, predominantemente favoráveis a interesses guerreiros e econômicos norte-americanos e israelenses]

Pela primeira vez, em dez mandatos como membro temporário do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil votou contra uma resolução aprovada pelo grupo de 15. Segundo analistas, a rejeição às sanções aplicadas contra o Irã aumentaria, para o Brasil, a dificuldade de obter assento permanente no órgão [
Celso Amorim já externou que a pré-condição de sempre dizer ‘amém’ e ser “simpático” aos EUA para ser membro do CS não interessa ao Brasil].

Os conteúdos aqui expostos, são do ponto de vista total e completamente do autor do blog militante do PT desde 1989.

Lula e Celso Amorim ganharam tudo o que havia em jogo


O que aí vai é matéria de hoje, nos EUA.
Portanto, para bem informar-se basta NÃO LER O QUE ESCREVAM OS MERVAIS: a não-leitura de O GLOBO preenche uma lacuna (risos, risos).
Lula e Celso Amorim ganharam tudo o que havia em jogo, nessa 'disputa'. Metam isso na cabeça. Quem não entendeu, vá sentar no canto, de castigo, pra pensar, até entender.
Os mervais, sardemberghs, Williams Waacks & coisa e tal, esses, sim, perderam até os arreios (como se diz no RG), na aposta errada que fizeram.
Obama tá numa gelada, coitadinho. Eu tô com pena do cara. Sinceramente.
Leiam aí. 8-)
Inúteis, além de contraproducentes
9/6/2010, Robert Dreyfuss, The Nation – http://www.thenation.com/blog/iran-sanctions-not-just-useless-counterproductive
A votação, no Conselho de Segurança da ONU hoje, para impor uma quarta rodada de sanções contra o programa nuclear iraniano – os três blocos de sanções impostas antes foram aprovados sob pressão do presidente Bush e de seu governo, com destaque para o embaixador John Bolton – são claro sinal de que o presidente Obama não tem ideia alguma sobre o que fazer sobre o Irã.
Todos ouviremos muita conversa vinda da turba conservadora anti-Irã e do próprio governo Obama, sobretudo do Departamento de Estado, sobre essa suposta grande vitória. Todos ouviremos, sobretudo, dos degoladores-do-Irã, da claque neoconservadora e do próprio Departamento de Estado, que as sanções seriam resultado do brilhante esforço de Obama e do Departamento de Estado para ‘dobrar’ Rússia e China. Eles dirão que Obama conseguiu isolar o Irã e persuadir Moscou e Pequim a aprovar novas sanções contra o Irã.
De fato, a verdade é bem outra: Rússia e China conseguiram que as sanções que venham a ser impostas pelo CSONU signifiquem rigorosamente nada. E, claro, já aconteceu também com o presidente Bush, três vezes.
Apesar da abordagem à cowboy da implantação de uma hegemonia unilateral em guerras distantes, Bush, ele também, obteve apoio de russos e chineses, nas três vezes em que o CSONU votou sanções contra o Irã entre 2006 e 2008.
Declaração autocongratulatória do escritório do Departamento de Defesa na ONU – quer dizer, da lojinha de Susan Rice – observa que os EUA “continuam abertos ao diálogo” com o Irã. Em seguida, lista nada menos de 14 novas sanções, ou as antigas ‘reforçadas’, impostas ao Irã pela Resolução n. 1.929 do CSONU.
A verdade é que nenhuma das sanções sanciona coisa alguma, de importante. Não há sequer uma sanção “incapacitante”. Nenhuma sanção toca, nem de longe, nas importações de petróleo e gasolina . Nenhuma sanção tem qualquer coisa a ver com a economia real do Irã. Nenhuma contribui para persuadir, compelir ou aterroriza o Irã, ou o empurra na direção de ter de alterar sua política nuclear. (O fato de as sanções serem fraquíssimas e sem significado algum é consequência direta de Rússia e China terem imposto a exigência de que nenhuma sanção causasse impacto ou sofrimento à população iraniana.)
Então, segundo o Departamento de Estado, as sanções impostas pela Resolução n. 1.929 proíbem investimentos (no Irã) em programas nucleares e de mísseis; fecha o acesso do Irã a fabricantes de várias armas convencionais; impedem que o Irã tenha acesso à tecnologia de mísseis balísticos; dão às nações direito de inspecionar navios que levem carga ao Irã; tornam as empresas IEISL de navegação e aviação objetos-alvo de “vigilância” ampliada; e incluem várias medidas relacionadas a finanças, por exemplo, uma conclamação a todas as nações para que “proíbam, em seus países, novas relações bancárias com o Irã, inclusive a constituição de novos ramos de bancos iranianos, joint ventures e correspondentes relacionamentos bancários, nos casos em que haja qualquer vínculo suspeito de proliferação”.
Em resposta, o Irã fingirá que está muito ofendido. Mas o Irã sabe perfeitamente que as sanções não passam de declaração política.
Claro que o Irã está infeliz por nem Rússia nem China terem agido para impedir completamente a votação, ou por não terem vetado, a Resolução n. 1.929. Mas todos (Irã, Rússia e China) sabem que as sanções absolutamente não farão o que se diz que farão.
O presidente Ahmadinejad viajará à China imediatamente, visita presidencial, para visitar Xangai, onde provavelmente se reunirá com o presidente Hu Jintao. E o Irã já reuniu-se essa semana na Turquia, com turcos e russos. Não que tudo esteja azul entre o Irã e seus aliados asiáticos: em troca de Moscou e Pequim terem votado a favor das sanções, o Irã considera boicotar o encontro da Shanghai Cooperation Organization – a protoaliança asiática que une Rússia, China e vários países da Ásia Central, e na qual o Irã tem status de “observador”. De qualquer modo, Rússia e China de modo algum permitirão que os EUA imponham novas penalidades ao Irã. Os iranianos sabem disso. (...) Anteontem, Putin disse, em declaração pública, que “O Conselho de Segurança não criará nenhuma dificuldade para a liderança e para o povo do Irã.”
Brasil e Turquia votaram contra a Resolução n. 1.929. No início desse mês, Brasil e Turquia engajaram-se em brilhante esforço diplomático para persuadir o Irã a manter os termos do acordo de outubro de 2009, construído com os EUA em Genebra, e apenas ligeiramente modificado. Os EUA não estão contentes com Brasil e Turquia, porque veem (acuradamente) que o esforço diplomático foi meio para deter o frenesi de sanções. Hillary Clinton não dará sinais de amor imorredouro pelo Brasil e pela Turquia. Aliás, já começaram: em insulto calculado a Brasil e Turquia, os EUA disseram hoje à Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) que o esforço diplomático foi má ideia. Segundo o Los Angeles Times:
“Os EUA disseram à IAEA e aos inspetores da ONU, na 5ª-feira que o esforço de Brasil e Turquia para resolver o impasse sobre o programa nuclear iraniano ignorou importantes preocupações internacionais.”
Os neoconservadores, claro, fingirão que estão felicíssimos. Fingimento, porque os neoconservadores mais venenosos, como Bolton, jamais se interessaram por sanções e cansaram-se de repetir que as sanções são inúteis e sem sentido e que não deterão o Irã. E o grupo dos ‘inspetores nucleares’ neoconservadores – do grupo United Against Nuclear Iran (UANI) – lançou documento, instantes depois de as sanções serem aprovadas, sem festejar e exigindo muito mais (...).
Fato é que a resolução tornará ainda mais difícil, não mais fácil, alcançar-se qualquer solução para o programa nuclear iraniano. Quanto mais o Irã for provocado e acossado, mais difícil qualquer negociação, sem dar, ao público interno, a impressão de ceder.
Obama, esse, é quem mais perdeu. Para o presidente que tentou abrir uma porta de diálogo com o Irã, a Resolução n. 1.929 é como um monumento ao fracasso. Se se excluiu a opção militar, é preciso escolher entre contenção e diplomacia para um Irã pós-nuclear. Nessa escolha, as sanções são irrelevantes. Mas têm o grave inconveniente de tornar a diplomacia muito mais difícil.
Para o governo Obama, o máximo que se pode dizer é que servirão para ganhar algum tempo; e ajudarão a cozinhar os alucinados do Congresso que exigem todos os dias embargo naval; e os lunáticos conservadores que querem que Obama bombardeie, bombardeie, bombardeie, até reduzir a pó, o Irã. Infelizmente, o presidente Obama, até aqui, só fez encorajar esses alucinados e esses lunáticos.

Os conteúdos aqui expostos, são do ponto de vista total e completamente do autor do blog militante do PT desde 1989.

do PT Vale do São Francisco

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI6uZnBFzUzeNELLjl6CKwvAyyVu5xt6FJ-sWrpIf0K_rZVFOJj0oC86lGx9ayvfnqrAyHak4dT_Ej75sf-9lygCSBd3mp1NTeaww2m_FQf3Fue9HjinwliGlPRnemp9H8IyFnQxWQM1M/s1600/DILMA_PAPAVOTOS_02.jpg


Dilma Rousseff, em viagem na França, festejou a primeira vez vitória da seleção brasileira na África do Sul, ao lado de centenas de compatriotas e simpatizantes do PT, alguns dos quais a receberam aos gritos de "Dilma presidente".

Como age a CIA e os USA






(Esta matéria é uma continuação do artigo British Petroleum - Parte I - Obama Ameaça "Chutar a Bunda" da Maio...)

Em 1908, quando as enormes reservas petrolíferas da região ainda eram desconhecidas, o magnata britânico William Knox D'Arcy descobriu a primeira jazida comercialmente viável do Oriente Médio. Após 7 anos de prospecção, ele finalmente encontrara óleo a 360 metros de profundidade no Khuzestão iraniano, próximo à fronteira com o Iraque. Fundada com a finalidade explícita de explorar a jazida, a Anglo-Persian Oil Company (APOC) foi a empresa original que, anos mais tarde, viria a chamar-se British Petroleum. Quando o grande potencial produtivo do campo ficou evidente em 1912, a APOC investiu na construção de uma refinaria na vizinha ilha de Abadan, destinada a tornar-se no futuro uma das maiores usinas petroquímicas do planeta. A fim de precaver-se contra a intrusão de concorrentes indesejáveis, a companhia obteve junto ao governo de Sua Majestade Britânica o monopólio da exploração petrolífera no Irã, através do pagamento de uma propina de 5.000 libras esterlinas ao futuro Primeiro Ministro Winston Churchill, no ano de 1923. Em 1935, a empresa passou a chamar-se Anglo-Iranian Oil Company (AIOC).

Ao contrário do que aconteceu nos vizinhos India e Paquistão, o Irã nunca chegou a tornar-se uma colônia inglesa e, apesar da dominação econômica da Inglaterra, conservou um mínimo de soberania nacional durante os anos de apogeu do Império Britânico. Um sintoma dessa independência foi a Revolução Constitucionalista Persa, que resultou na implantação do primeiro Parlamento moderno do continente asiático, quando o Xá renunciou a seus poderes autocráticos, e aceitou a coroa como "um dom divino outorgado pelo povo," em 31 de dezembro de 1906. Em agosto do ano seguinte, foi assinada a Convenção Anglo-Russa de 1907, um "acordo de cavalheiros" entre Londres e São Petersburgo que definia as "esferas de influência" das duas potências em território iraniano - russos ao norte, ingleses ao sul (o Irã, obviamente, não foi consultado sobre o assunto).

Apesar de vitoriosa na II Guerra Mundial, a Inglaterra estava virtualmente falida ao fim do conflito, e não pode impedir a independência das duas maiores jóias da Coroa - India e Paquistão - ocorrida em 1947. Quando ficou claro que Stalin não tinha a intenção de perpetuar a "esfera de influência" russa no norte do país, os iranianos sentiram que era chegado o momento de acertar as suas contas com a Inglaterra, e de propor uma renegociação dos contratos da Anglo-Iranian Oil Company. Pelos acordos então em vigor, a companhia retinha mais de 80% dos rendimentos do petróleo, e os iranianos não tinham acesso à contabilidade da empresa. A essa altura, as jazidas iranianas eram o único investimento de vulto que sobrevivera à derrocada do Império Britânico.

Diante da intransigência dos ingleses, que recusaram-se a aceitar um acordo semelhante ao firmado com a Arábia Saudita (lucros divididos meio a meio), o Primeiro Ministro Mohammad Mosaddegh tomou a decisão de nacionalizar o petróleo iraniano em 1º de maio de 1951. Inconformada, a Grã-Bretanha recorreu à Corte Internacional de Justiça de Haia, mas o Tribunal confirmou a legalidade da ação do Irã. Como já não possuíam o poderio militar da época do Império, para obter pela força o que a Justiça lhes negara, só restou aos ingleses pedir ajuda aos Estados Unidos. O Primeiro Ministro Winston Churchill escreveu ao presidente Dwight D. Eisenhower dizendo que o governo de Mosaddegh estava em íntima cooperação com o Tudeh (Partido Comunista Iraniano), e que "o Irã corria o sério risco de ser engolido pela Cortina de Ferro, se não agirmos o quanto antes."

A princípio, Eisenhower tentou convencer o Xá Reza Pahlav a demitir Mosaddegh, mas a popularidade do Primeiro Ministro iraniano era muito grande, e o plano fracassou. Determinados a derrubá-lo do poder, a CIA (Central Intelligence Agency) americana e o SIS (Secret Intelligence Service) britânico foram encarregados de montar um golpe de estado contra Mosaddegh. Em 13 de agosto de 1953, o governo iraniano foi deposto, naquilo que viria a ser a primeira derrubada de um regime estrangeiro através de uma ação clandestina da CIA. O sucesso da operação tornou-a um modelo que seria repetido inúmeras vezes, no curso das décadas seguintes (deposição de Jacobo Arbenz na Guatemala em 1954, João Goulart em 1964, Salvador Allende em 1973, etc.):

  • Uma equipe de agentes especiais foi enviada ao Irã, levando $US 5 milhões em dinheiro;
  • Uma agressiva campanha de propaganda foi patrocinada na imprensa iraniana, com críticas intermitentes ao governo;
  • Um grande volume de notícias destinadas a repercutir negativamente no Irã foram plantadas na imprensa americana;
  • Polpudas gratificações foram distribuídas entre generais iranianos ocupando posições-chave de comando;

Uma parte substancial do dinheiro foi reservada ao general Fazlollah Zahedi, escolhido pela CIA para substituir Mosaddegh no cargo de Primeiro Ministro. O Xá aboliu o Parlamento e voltou a assumir poderes autocráticos. Agentes especiais da CIA americana e do Mossad israelense foram destacados para organizar a SAVAK (polícia política iraniana), que iria seqüestrar, torturar e assassinar dezenas de milhares de pessoas na ditadura recém-implantada. Um dos primeiros atos do Primeiro Ministro golpista foi convidar de volta ao Irã a Anglo-Iranian Oil Company, agora rebatizada de British Petroleum. O antigo monopólio foi porém extinto, pois os EUA exigiram uma fatia do petróleo em troca de sua colaboração no golpe. Na nova partilha do óleo iraniano, 40% foi destinado à BP, 20% para a holandesa Shell e a francesa Total, e os 40% restantes foram rateados entre diversas companhias americanas.

A odiosa ditadura de Reza Pahlav prolongou-se por 26 longos anos, e estará para sempre inscrita na História como um dos regimes mais brutais do século XX. Com o advento da Revolução Islâmica em 1979, o Xá fugiu do Irã e terminou os seus dias escorraçado como um cão, pois nenhum país desejava asilá-lo, temendo as terríveis represálias ameaçadas pelo aiatolah Ruhollah Khomeini contra qualquer um que o abrigasse. Ansiosos por encontrar provas do envolvimento americano no golpe de 1953, os estudantes da capital invadiram e ocuparam a embaixada dos EUA em Teerã, mantendo 52 funcionários como reféns durante 444 dias, liberando apenas as mulheres e os negros. O fracasso do presidente Jimmy Carter em encontrar uma solução para a crise acabou impedindo-o de reeleger-se nas eleições de 1980.

Em represália à tomada da embaixada, os EUA congelaram depósitos iranianos equivalentes a US$ 7,9 bilhões em bancos americanos, forneceram o equipamento militar (incluindo armas químicas e biológicas) utilizado por Saddam Hussein na invasão do Irã, e abateram um avião comercial iraniano (vôo 655) sobre o Golfo Pérsico, causando a morte de todos os 290 civis a bordo. Em 19 de janeiro de 1981, Irã e Estados Unidos assinaram os Acordos de Argel, resultando na libertação dos reféns, a devolução do dinheiro congelado, e a promessa americana de, no futuro, "não intervir, direta ou indiretamente, de forma política ou militar, nos assuntos internos iranianos".

O relatório completo da derrubada do governo iraniano pela CIA em 1953 é hoje um documento de domínio público. A sua leitura é essencial para todos aqueles desejosos de compreender o modus operandi da agência de inteligência americana, em várias operações similares ocorridas nos 5 continentes, no curso das últimas décadas.

do blog Luis Nassif


A dupla moral dos EUA

O criminoso nazista Klaus Barbie aproveitou a vida em liberdade graças aos EUA

Os Estados Unidos pressionam o mundo por sanções contra o Irã, alegando que o programa nuclear de Teerã ameaça a paz no Oriente Médio e o Estado de Israel. Ahmadinejad é pintado como o demônio, que não reconhece o holocausto, e seria como um novo Hitler para o povo judeu. Mas enquanto o Irã jamais fez qualquer mau aos judeus, os EUA não só protegeram como contrataram para trabalhar em seu serviço de inteligência um dos maiores criminosos nazistas, o carniceiro de Lyon, Klaus Barbie.

Barbie foi oficial da SS e chefe da Gestapo, em Lyon, onde mandou para a câmara de gás 44 crianças judias, entre 3 e 14 anos, que estavam refugiadas em um abrigo de órfãos. Tinha um prazer mórbido em torturar prisioneiros, muitas vezes os levando à morte. Pois este monstro, condenado e procurado pela Justiça francesa, foi recrutado pelo exército dos Estados Unidos após a guerra e trabalhou como agente secreto por dois períodos. Ou seja, foi contratado, dispensado e depois recontratado, provavelmente pela qualidade de seus serviços.

Os EUA não apenas usaram os serviços de Barbie, como auxiliaram sua fuga para a Bolívia, evitando seu julgamento na França. Como assinalou o assistente especial para a Procuradoria Geral dos EUA, Allan Ryan, em memorando de 1983, “representantes do governo dos Estados Unidos foram diretamente responsáveis por proteger uma pessoa procurada pelo governo da França por acusações de crime e por providenciar sua fuga da lei. Como resultado direto dessa ação, Klaus Barbie não compareceu ao julgamento na França, em 1950, passou 33 anos como um homem livre e fugitivo da justiça”, e só foi enviado para julgamento na França, muitos anos depois, pela cooperação direta entre os governos da França e da Bolívia.

As ações de Barbie como espião americano não são totalmente conhecidas, por razões óbvias, mas no combate promovido à guerrilha de Che Guevara na Bolívia, a CIA recontratou seus serviços. O carniceiro nazista ajudou a organizar a polícia secreta da Bolívia e a montar milícias de direita em Santa Cruz de La Sierra, onde se encontram atualmente os setores mais conservadores do país, que tentaram derrubar o governo de Evo Morales.

Essa é a dupla moral americana. Condenam uma suposta ameaça a Israel, evitando negociações de paz, e protegem um criminosos de guerra nazista condenado por um país aliado. Barbie morreu preso na França sem demonstrar um pingo de arrependimento por seus crimes e eternamente gratos aos EUA pelos bons anos em que viveu livre e ainda recebeu por isso.

do Tijolaço

Sem jamais perder a ternura

Disse Sartre sobre Guevara: "O mais completo ser humano da nossa era."

El Che entrevistado por Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, La Habana, março 1960.


Os 82 anos de Che Guevara

Do Portal de Luís Nassif

Do Blog de Paulo Kautscher

82 anos do nascimento de Che Guevara

O militante revolucionário Ernesto Che Guevara, que se tornou símbolo da luta pelo socialismo na América Latina e no mundo, completaria 82 anos nesta segunda-feira.

Ernesto Guevara de la Serna nasceu em 14 de junho de 1928, em Rosário, na Argentina. Foi o primeiro dos cinco filhos de Ernesto Lynch e Celia de la Serna y Llosa.

Por que recordar de Che? Porque ele dedicou toda sua vida para uma causa do povo. Deixou-nos um legado de solidariedade incondicional com todos os oprimidos e de compromisso com as lutas pela libertação dos povos. Grandioso, mas humilde.


Abaixo, leia poema de Eduardo Galeano em homenagem a Che.

O NASCEDOR

Por que será que o Che
Tem este perigoso costume
De seguir sempre renascendo?
Quanto mais o insultam,
O manipulam
O atraiçoam
Mais ele renasce.
Ele é o mais renascedor de todos!
Não será por que Che
Dizia o que pensava e fazia o que dizia?
Não será por isso que segue sendo
tão extraordinário,
Num mundo onde palavras
e atos tão raramente se encontram?
E quando se encontram
raramente se saúdam
Por que não se reconhecem?


Vitória na Copa Brasil na frente