GOVERNADOR E PARTE DO POVO PAULISTA NÃO QUEREM A COPA DO MUNDO 2014 NO BRASIL E PRETENDEM BOICOTÁ-LA
São Paulo pode abrir mão de abertura do Mundial 2014 para não gastar dinheiro público com estádio
Por Luciano Borges
O Governo do Estado de São Paulo não pretende gastar dinheiro público para construir, ou mesmo ajudar na construção, de um estádio apto a receber a abertura da Copa do Mundo de 2014. Esta é também disposição da Prefeitura paulistana.
No encontro que deverão manter, na semana que vem, com Ricardo Teixeira, o governador Alberto Goldman e o prefeito Gilberto Kassab vão – mais uma vez – indicar o Morumbi como o estádio mais viável da cidade para brigar jogo da Copa do Mundo.
Detalhe: ser sede da abertura do Mundial no Brasil deixou de ser o objeto do desejo do comitê paulista. “A abertura não é um bom negócio. É dispendioso e só traz dinheiro para a FIFA”, disse Caio Luiz de Carvalho, coordenador do Comitê Paulista para a Copa de 2014.
Na verdade, a disposição do governador Goldman é mais confrontadora. O presidente da CBF corre o risco de ouvir, no encontro, que São Paulo não vai gastar R$ 1,5 bilhão na construção de um novo estádio só para abrir o Mundial. E, se FIFA e a confederação fazem tanta questão, que paguem por isso.
São Paulo quer trazer jogos da Copa. Pode ser na primeira fase, nas oitavas de final e até quartas de final. Mas, até o momento, a cidade pode oferecer o estádio do Morumbi (do São Paulo) e a nova Arena Palestra Itália (do Palmeiras).
Se Corinthians ou outra equipe construir sua praça de esportes com capacidade e condições que atendam às exigências da FIFA, este projeto passaria a fazer parte do leque de opções oferecidas pela cidade.
Como Kassab afirmou em Joanesburgo, África do Sul, na semana passada, a cidade não vai construir a arena multiuso de Pirituba a tempo da Copa do Mundo. “O projeto é antigo e não é para a Copa”, disse antes de, mais uma vez, acenar com o retorno do Morumbi. Ou seja, São Paulo não tem nenhum projeto em andamento para estádio capaz de ser escolhido para a abertura em 2014.
Nas reuniões realizadas recentemente pelo Comitê Paulista, a avaliação é, resumidamente, esta: não dá para se fazer tudo o que a FIFA quer; o custo de um novo estádio torna qualquer projeto inviável; e São Paulo terá hotéis lotados com ou sem jogos da Copa em seu território.
Sem falar que a mudança de presidente da República pode adiar várias decisões. O cálculo é de que até maio de 2011, o dinheiro público que o governo federal vai destinar às obras ainda não terá saído. Porque sucessor de Luis Inácio Lula da Silva assumirá em janeiro e terá, nas contas do Comitê, dois meses para acertar quem fará o quê na nova gestão.
TUCANOS CABEM NUMA KOMBI
Mercadante usa Copa para atacar tucanos
Petista diz que indefinição sobre estádio expõe “lentidão” de SP em adotar estratégia
DE SÃO PAULO
Com a indefinição de São Paulo como sede da Copa de 2014, o candidato petista ao governo paulista, Aloizio Mercadante, criticou ontem, diante de 140 prefeitos e vice-prefeitos, a “lentidão” do governo estadual em adotar uma estratégia para garantir os jogos.
“A lentidão é uma marca nesse governo, mas a Copa tem data. Cada dia sem definição é um dia a menos”, disse o candidato.
Para o senador, São Paulo corre o risco de perder a possibilidade de sediar parte dos jogos. “Não há um caminho, uma definição, e isso começa a comprometer”, disse.
Mercadante afirmou ter marcado audiências com os ministros do Esporte, Orlando Silva, e do Turismo, Luiz Barretto, sobre a Copa.
A assessoria do governo do Estado disse que haverá, na próxima semana, reunião entre o governador Alberto Goldman (PSDB), o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para discutir o assunto.
O candidato do PSDB ao Estado, Geraldo Alckmin afirmou que não responderia ao adversário. “Vou falar apenas com os eleitores.”
Ainda em seu discurso, Mercadante desmentiu a criação de um programa de transferência de renda para municípios pobres -o “Bolsa Cidade”- anunciado ontem por seu vice, Coca Ferraz (PDT), no início do encontro.
“Isso não existe. O que se pode estudar é uma mudança nos critérios de repartição da receita de impostos”, disse o petista à Folha.