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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 14, 2010

Mulheres pela Paz






Mulheres contra a militarização



Encontro Internacional de Mulheres e Povos das Américas contra a Militarização

Cristóvam Feil no Diario Gauche

A expectativa é que mais de mil mulheres e homens de movimentos populares e organizações sociais e políticas da América Latina debatam estratégias de ações contra a militarização e a presença de tropas estrangeiras na região. O encontro ocorre em um momento crucial dada conjuntura política e militar latino-americana.

Golpe de Estado em Honduras, ocupação militar no Haiti e instalação de bases militares estadunidenses na Colômbia e no Panamá são apenas alguns exemplos do avanço da investida dos Estados Unidos na região. O país escolhido para ser sede do Encontro contra a Militarização também não poderia ser melhor: Colômbia, Estado que, em 2009, assinou um Acordo de Defesa e Segurança com o país norte-americano.

"Além disso, o encontro se desenvolve em um país cujo governo mantém uma história de 40 anos de cooperação militar com os Estados Unidos que - sob o sofisma da luta contra as drogas, o narcotráfico e o terrorismo que foi desculpa para a perseguição e estigmatização do protesto social - oculta os verdadeiros interesses econômicos por trás do conflito na Colômbia: a manutenção do controle de seus recursos naturais, territórios e do povo", acrescentou a convocatória divulgada no início deste mês.

A crescente militarização na América Latina tem afetado a soberania dos povos com deslocamentos forçados, violações aos direitos humanos e exploração de recursos naturais. As mulheres são as principais vítimas dessa situação. Isso porque, com o aumento de militares em um território, aumenta também o machismo, a prostituição e a violência sexual contra as mulheres.

"Historicamente as bases militares têm servido para invadir territórios estratégicos por sua localização geopolítica e as riquezas naturais que muitas vezes se encontram nos povos milenários, afrodescendentes e camponeses. Estas bases militares também promovem a prostituição com a regulação de casas oficiais que servem como ‘entretenimento’ aos soldados, mas, para as mulheres, representem escravidão sexual e outros tipos de violência, como os feminicídios", explicaram as organizações de mulheres em comunicado de julho passado.

O Encontro Internacional de Mulheres e Povos das Américas contra a Militarização será divido em três momentos. No primeiro, de 16 a 20 de agosto, uma missão humanitária de solidariedade e resistência visitará diversas regiões na Colômbia para observar os efeitos da militarização.

O Encontro Internacional propriamente dito começará no dia 21, na cidade de Barrancabermeja, Santander, com debates e trocas de experiências entre os movimentos sociais. Na tarde do dia 22, os participantes apresentarão a declaração final do encontro e a agenda de trabalho para a desmilitarização do continente. O encerramento das atividades será no dia 23, com uma Vigília pela Vida.

As mobilizações não se restringirão à Colômbia. Organizações e movimentos sociais estão convidados a realizar, em vários países, uma Jornada Internacional de Solidariedade às Mulheres e aos Povos da Colômbia e das Américas que lutam contra a Militarização.

A ideia é chamar atenção da sociedade sobre o avanço da militarização na América Latina. Para isso, os grupos interessados em participar podem fazer atividades como: vigílias e atos em frente a consulados e representações da Colômbia e dos Estados Unidos, panfletagens, seminários, ações de rua e reuniões com parlamentares. A informação é do portal Adital.

Mais informações aqui.

israel destrói tudo






Museu da Tolerância?


Israel destrói cemitério muçulmano

O governo de Israel invadiu o cemitério muçulmano de Jerusalém e destruiu mais de 200 sepulturas.

A motivo: construir no local o Museu da Tolerância.

Museu da Tolerância?

Estranha tolerância essa que começa com a destruição de um símbolo religioso.

Destruir um cemitério muçulmano não é racismo?

De nada adiantaram os protesto dos palestinos cujos gritos foram, novamente, abafados pelo silêncio cúmplice dos órgãos de publicidade que se autodenominam veículos de informação.

Segundo Mahmud Abu Atta, representante da Fundação Al-Aqsa do Movimento Islâmico, cujos membros são árabes israelenses, os protestos não comoveram os dirigentes sionistas.

No cemitério se encontram os túmulos de vários santos sufistas.

Quem solicitou o local para a construção do Museu da Tolerância foi o “centro Simon Wiesenthal para a investigação de criminosos nazistas”.

Deprimente...

Abaixo vocês assistem a um programa da TV israelense que ofende e faz piada com Virgem Maria e Jesus Cristo.

MERCADANTE cresceu + após o debate






sexta-feira, agosto 13, 2010

Terrinha de Mãinha / Homenagem de Nelson Freire aos 400 anos da cidade de Natal

Dilma no 1º turno






"Lula's Lady"


Na matéria "Senhora de Lula está no caminho para herdar sua presidência", a "Economist" publica que Serra "deveria vencer sem uma gota de suor", mas "em vez disso está lutando para ficar na corrida". Seu problema é que "Dilma é a sucessora ungida por Lula" e cada vez mais os eleitores sabem.

"Com a economia crescendo, os brasileiros estão aproveitando a vida e entrou na língua portuguesa o feel-good-factor", fator sentir-se bem, decisivo em eleições. Por fim, três minutos a mais na propaganda "podem ser decisivos" para encerrar logo o jogo.
dosamigosdapresidentadilma

Genocídio na Colombia






Trata-se da maior fossa comum da história recente da América Latina, com aproximadamente 2.000 cadáveres.

Imparcialidade ativa: imprensa silencia sobre fossa com milhares de corpos na Colômbia


Em uma audiência pública realizada dia 22 de julho – mesmo dia que o agora ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, solicitou uma reunião de urgência da Organização de Estados Americanos (OEA) para denunciar a Venezuela – uma delegação internacional composta por 10 dirigentes sindicais, 6 membros do Parlamento europeu, 3 membros do Parlamento britânico, 3 delegados da Espanha e 2 dos Estados Unidos testemunharam a existência da gigantesca fossa comum encontrada no povoado de Macarena, no Departamento de Meta, Colômbia. Trata-se da maior fossa comum da história recente da América Latina, com aproximadamente 2.000 cadáveres. O assunto vem sendo praticamente ignorado pela imprensa brasileira e internacional. Imaginem se fosse na Venezuela ou na Bolívia…

O secretário do Comitê Permanente de Defesa dos Direitos Humanos da Colômbia, Jairo Ramírez, descreveu assim o que testemunhou: “O que vimos foi de arrepiar, uma infinidade de corpos e na superfície centenas de placas de madeira de cor branca com a inscrição NN e com datas que vem desde 2005 até hoje”. Segundo Ramírez, o comandante do Exército colombiano disse que os corpos eram de guerrilheiros mortos em combate, mas moradores da região garantem que, entre os mortos, estão líderes sociais, comunitários e camponeses que desapareceram sem deixar rastro. Já há na Colômbia um movimento para denunciar Álvaro Uribe ao Tribunal Penal Internacional pela prática de crimes contra a humanidade.


http://rsurgente.opsblog.org/2010/08/12/imprensa-brasileira-silencia-sobre-fossa-com-milhares-de-corpos-na-colombia/


A comunicação no Brasil está mudando






Miranda sobre o surgimento da blogosfera política no Brasil



A comunicação no Brasil está mudando. Graças à internet. O Brasil está mudando. Graças ao bafejar dos ventos mudancistas soprados por uns tais “militantes da utopia”, por aqueles que combatem, desde sempre, seja enfrentando a sordidez da real política seja militando na blogosfera, por uma democracia plena.
O texto que segue versa sobre o poder da internet [mais precisamente da chamada “blogosfera”] na modificação do paradigma da comunicação e da mídia no país, e, como conseqüência ou instância última, na transformação da sociedade. É um “corte”. Apesar de longo [peço-lhe desculpas de antemão por ser demasiado prolixo] esse artigo é um pequeno-grande capítulo dessa história. O título, para aqueles que ainda não perceberam, alude a certa frase de um certo ex-presidente da Suprema Corte do país, e também àquela antiga canção de protesto “Para não dizer que não falei de flores” mais conhecida como “Caminhando e Cantando”. A alusão a essa canção, por sua vez, pretende remeter àqueles tempos em que alguns jovens “idealistas” sonhavam mudar o Brasil. A tal “turma da Kombi” seria, na visão dos “reacionários”, o povo da blogosfera que, agora, “faz a hora, não espera acontecer”.

A comunicação no Brasil está mudando. Graças à internet. O Brasil está mudando. Graças ao bafejar dos ventos mudancistas soprados por uns tais “militantes da utopia”, por aqueles que desejam e combatem, desde sempre, seja enfrentando a sordidez da real política seja navegando/militando na blogosfera, por uma democracia plena e, mais ainda, desejosos que este país seja, de fato, um país de/para todos os brasileiros.

[Contextualizando: a atmosfera que se respirava na época ou a “ambiência”. Vivia-se a retomada da anima esquerdista, incorporava-se o espírito das reuniões do Fórum Social Mundial que nos ensinava que “um outro mundo era possível”. Se um outro mundo era possível, então uma nova comunicação também era possível e, mais que isso, necessária. Diversas reuniões e conferências sobre comunicação “pipocavam” por todo o país]

Os blogs, no começo utilizados por alguns como uma espécie de singelo diário eletrônico ou virtual, evoluiu, amadureceu bastante [mas ainda não o suficiente] e se transformou, nos dias que correm, em vital instrumento de comunicação e combate aos humores do “mercadismo” e à grande mídia oligopolista, que, sabemos, era pretensa detentora do monopólio da verdade. Ou seja: a versão deles dos fatos [e da história] era a que prevalecia, posto que apenas veiculava-se essa versão “única”, apenas essa única maneira de ver o mundo tinha espaço. Hoje, não mais. Graças ao poder da participação do cidadão. Graças à força da cidadania.

“Cidadania.com” era, a propósito, o nome de um desses blogs precursores. Pilotado por um comerciante, um cidadão comum que, inconformado com as manipulações e inverdades publicadas diuturnamente pelos grandes jornais, resolvera ir à luta e “botar a boca no trombone”. Esse homem comum foi, decerto, a princípio, utilizado/manietado como um “inocente útil” pelos colunistas e editores desses “jornalões”. Mas, quando passou obstinadamente a buscar “a verdade”, tal qual um Quixote redivivo, foi logo descartado e rotulado de “louco” por esses mesmos colunistas e editores que antes lhe davam guarida e paparicavam. O espírito ali já se revelava outro: o homem comum, o leitor, buscava participar da tessitura da realidade, da notícia. Quem sabe faz a hora. O homem ordinário desejava ser extraordinário.

Eduardo Guimarães [este é o nome desse personagem], talvez após constatar que a solução para aquele problema que lhe incomodava deveras [e a muitos como ele] não passava somente pelo estratagema, digamos, bem intencionado, mas talvez ingênuo, de melhorar o jornalismo praticado pelos grandes veículos/grupos de comunicação utilizando-se tão-somente de esporádicas manifestações nos espaços dedicados aos leitores, teve então a idéia de criar um movimento agrupando aqueles que, como ele, se sentiam sem vez e voz, incomodados com o “duplipensar” e a “novilíngua” daquela imprensa que, desde sempre – agora, enfim, ele comprovara – esteve a serviço dos chamados “donos do poder”. Guimarães [e muitos com ele] naquele instante apreendeu a lição. Nascia então o MSM – Movimento dos Sem Mídia.

E foi exatamente esse mesmo MSM que, a despeito das suas fragilidades e insuficiências, dentre as várias ações que realizou, empreendeu uma que marcou, de modo indelével, definitivo a história dessas eleições de 2010. O movimento, agora uma ONG, entrou com uma representação na Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) ajuizando a abertura de um processo em que solicita auditoria, fiscalização e acompanhamento das pesquisas realizadas por todos os institutos, pois havia fortes indícios de manipulação nessas sondagens [as principais suspeitas recaíam sobre DataFolha e Ibope]. O inquérito foi aberto e o processo instaurado (Nº 4559.2010-33). A Polícia Federal está investigando. Daí em diante, as empresas de pesquisas, e também o PIG, colocaram as barbas de molho. Não dava mais para mexer nos dados, dar uns 10 ou 12 pontos de vantagem ao candidato da oposição de direita e dizer-lhe: “Vai que a gente garante!”. Esse “empurrãozinho” fraudulento o conduziria direto ao abismo.

Porém, nessa breve história que lhes conto aqui existem outros, vários protagonistas e precursores. E é essa exatamente a principal característica da “blogosfera”: o chamado “protagonismo cidadão”. Leitores e articulistas-militantes se envolvem numa quase-perfeita sintonia. As notícias e opiniões são comentadas e, muitas vezes, contestadas em tempo real. Os comentários postados são, algumas das vezes, mais ricos e esclarecedores que os próprios artigos ou “posts” originais. Os leitores são agentes ativos do debate nacional, não mais passivos.

Para assomo de alguns “puristas”, alguns jornalistas egressos da grande mídia também se engajaram nessa intrincada, árdua e aparentemente inglória tarefa de construir e trilhar os caminhos de uma nova comunicação. Antes, você deve se lembrar, esse mister, esse ofício era atribuído à chamada imprensa alternativa. Surgem, porém, nomes de “celebridades” proscritas da grande mídia como “o impagável” Paulo Henrique Amorim e “o mineiríssimo” Luis Nassif, bem como nomes mais ou menos célebres como Luiz Carlos Azenha e Rodrigo Vianna, dentre outros.

Nassif tatuou a ferro e fogo seu nome nessa história quando publicou em seu blog o “Dossiê Veja”, onde revela os bastidores sombrios e pútridos desse semanário e da grande imprensa em geral – em decorrência disso responde hoje a inúmeros processos com custos (ou seriam custas?) de difícil mensuração. Atravessou para o lado de cá e queimou as caravelas que poderiam conduzir-lhe de volta. Nassif comeu o pão que o diabo amassou. Hoje pilota uma das mais instigantes e competentes experiências em jornalismo colaborativo na blogosfera.

Paulo Henrique Amorim, com seu jeito bonachão e galhofeiro de “bom carioca” foi intrépido e arriscou: deu vez e voz ao valente e “ínclito” delegado Protógenes Queiroz em sua luta contra o “banqueiro bandido” [nas palavras deste último]. Bateu de frente com gigantes das telecomunicações e foi “saído” do portal IG. É dele a “tirada”: “O supremo presidente do Supremo, Gilmar Dantas – como diria o Noblat”. Paulo Henrique também responde a inúmeros processos na Justiça. É inegável a importante contribuição que esses “traidores” da grande imprensa, por assim dizer [com o auxílio da ferina ironia do destino], deram à causa desses aqui chamados “militantes da utopia” ou, como querem alguns, dessa “turma que não enche uma Kombi”.

A estes se somam, como disse, outros, vários, diversos personagens anônimos [já nem tão anônimos assim] e protagonistas nesse “levante” dos “utopistas”. Ouso citar alguns só para cometer o pecado de me esquecer de muitos.

São importantes personagens dessa nova comunicação veículos como Carta Maior, Caros Amigos [faço aqui uma referência e reverência ao saudoso Sergio de Souza], Revista Carta Capital, ConversaAfiada, Nassif OnLine, Vi o Mundo, Escrevinhador, Blog da Cidadania, Vermelho.org.br [e o blog do Miro], Revista Fórum [revista, site e blog capitaneado por Renato Rovai], Revista do Brasil [alô, alô, Paulo Donizette!], RS Urgente, Abunda Canalha, Amigos do Presidente Lula [alô, alô, Helena Stephanowitz!], Óleo do Diabo, Cloaca News, Tijolaço [blog do jovem e valente deputado Brizola Neto - como o nome “entrega”, neto do saudoso e valoroso Leonel Brizola].

Não tenho aqui a pretensão de contar toda essa grande história em toda sua magnitude e dimensão; de enumerar/citar todos os seus mais importantes feitos, fatos e personagens – pois são muitos os seus aguerridos combatentes. Tampouco tenho a pretensão de mostrar a melhor visão ou enfoque desse rico movimento, essa onda que hoje se levanta diante de nossas retinas já tão fatigadas cristalizando o tal “quem sabe faz a hora acontecer”.

Trata-se apenas, como disse, de um “corte”, um “primeiro capítulo” de uma obra em construção. Mais um olhar, mais uma palavra semeada que, característica inerente a essa nova comunicação libertária, soma-se à sua visão e palavra, prezado leitor-cidadão, e se espalha. Enredo que se enreda rede adentro, mundo afora, por intermédio da internet e da blogosfera.

Não mais a serviço de um único tutor ou “dono”, seja esse “dono” uma empresa, um “coroné”, um partido ou uma determinada oligarquia. Sempre a serviço da “causa”. Qual seja: uma comunicação revolucionária, democrática e um Brasil para todos.

* Lula Miranda é poeta e cronista. Foi um dos nomes da poesia marginal na Bahia na década de 1980. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa, Fazendo Média e blogs de esquerda.
doóleododiabo
Este cartaz saiu da Espanha e está rodando o mundo (traduzido).

Muito bom para os países que estão discriminando estrangeiros,

mas bom também para todo mundo,

e uma reflexão sobre nossos preconceitos,

nossas escolhas e nossas rejeições...!

As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.
Fernando Pessoa







O vexame de Bonner e um aniversário de 21 anos

Dois veículos decadentes
O show de grosseria com Dilma e o show de subserviência com Serra foram indicação de que tudo continua o mesmo na Globo, mas tudo mudou no mundo que a rodeia. O seu poder de moldar a realidade nem de longe é o mesmo
William Bonner e Fátima Bernardes com certeza não terão percebido a ironia involuntária, mas os grotescos espetáculos das entrevistas (agressiva e mal educada) com Dilma Rousseff e (subserviente e omissa) com José Serra marcaram a “maioridade”, por assim dizer, o vigésimo-primeiro aniversário da manipulação mãe de todas, a fabricação de outro debate Lula x Collor (diferente do debate que aconteceu) nas salas de edição de vídeo das Organizações Globo em 1989. O show de grosseria com Dilma e o show de subserviência com Serra foram indicação de que tudo continua o mesmo na Globo, mas tudo mudou no mundo que a rodeia. O seu poder de moldar a realidade nem de longe é o mesmo.
Aqui, como em qualquer outro campo, não convém ceder ao otimismo exagerado. De todos os conglomerados máfio-midiáticos do país, a Globo é o única que mantém inegável capilaridade nacional e poderes de fogo e de barganha. Não é absurdo supor que ela foi a principal causadora da ida das eleições de 2006 para o segundo turno, com as bombásticas fotos ilegalmente obtidas de um delegado da Polícia Federal, cuja exibição exigiu que o Jornal Nacional ignorasse o maior acidente aéreo da história do Brasil.
Mas de 1989 a 2006 a 2010 o país cumpriu um ciclo, amadureceu e não é absurdo supor também que, para a maioria dos telespectadores da entrevista com Dilma Rousseff, tenha sido William Bonner quem “pagou o mico”, pareceu sem argumentos, desequilibrado e anti-jornalístico. Dilma, que havia conseguido no debate da Band um 0 x 0 que já havia estado, para ela, de bom tamanho, deu um salto no JN: educada e ao mesmo tempo firme (para lidar com tantas interrupções), amparada nos números, sabendo diferenciar fatos de factoides, a candidata marcou — e acho que pouca gente comentou isso — uma data histórica para a mulher brasileira na política.
Foi o dia em que uma candidata a presidente enfrentou ao vivo a oposição do conglomerado midiático, temperado com sexismo, respondeu à altura e deixou o atacante dando vexame, ao ponto de que a co-âncora tenha tido que lhe dar um cala a boca, com um gesto que nitidamente dizia deixe que eu a interrompo agora, você está fazendo papelão.
O fato dos co-âncoras serem um casal (o casal da TV brasileira) acrescentava um delicioso toque de ironia ao momento. Se essa não foi uma noite histórica na luta contra o sexismo na política, não sei o que foi. Portanto, ao se criticar a Globo e notar o vexame de Bonner, não há que se perder de vista o que disse NPTO no Twitter: De qualquer maneira, para quem viu 89, ver agora o JN com os caras ao vivo, sem edição, é um progresso imenso. A Globo não mudou nada mas, no mundo ao seu redor, esse “progresso imenso” fez com que o embate desta vez se desse em condições muito mais favoráveis. O jogo está longe de ter terminado, mas as trapalhadas da candidatura Serra são tais que já há indícios (não no JN, claro, mas na GloboNews) de que a própria Globo está pronta para desembarcar. É claro que, se há uma coisa que a história recente ensina, é que é sempre bom estar atento e forte.



Quem compra a Veja

Em um vôo, havia uma Veja, que eu não leio, nem folheio há muitos anos. Não me interessava nada do que estava escrito ali, mas me dei ao trabalho de verificar as publicidades. Porque as publicações da mídia mercantil são vendidas para as agências de publicidade – e por estas às grandes empresas que anunciam - antes de ser vendidas aos leitores. A arrecadação com estas vendas é totalmente desprezível em comparação com o arrecadado com a publicidade.
Então é bom saber quem financia uma publicação decadente, com uma tiragem verticalmente descendente como a Veja. Saber que paga os funcionários da família Civita, saber com quem eles têm o rabo preso, ainda mais eles que se interessam tanto por saber onde o governo anuncia.
Do total de 152 páginas, 72 de publicidade – sem contar as da própria Abril. Primam os anúncios das empresas automobilísticas: 11, em geral cada anuncio em pagina dupla e algumas com vários anúncios no mesmo número. Pode chegar a um total de umas 20 páginas. Acho que não falta nenhuma do ramo: Hyundai, Citroen, Ford, Honda, Volkswagen, Citroen, Peugeot, Mercedes Benz, Chevrolet, Kia, Subaru.
Os bancos, claro: Itaú, Bradesco, HSBC. E várias outras das maiores empresas brasileiras: Votorantin, H. Stein, Gafisa, Knorr, Becel, Casas Renner, Dell, Boston Medical Care, Tv Record, Tim, Casas Bahia, Ambev, Bulova, Oral B, Shopping Center Iguatemi, Nextel, Tv Globo, Câmara Brasileira do Livro, McDonalds, Amó (perfumes), Bohemia, Racco (perfumes).
Não me dei ao trabalho de revisar a Vejinha, nesse caso a de São Paulo. Mas uma simples olhada dá para ver que a proporção é mais ou menos a mesma de publicidade no conjunto da publicação, que é de tamanho similar. Para que se tenha um critério de comparação, olhei uma revista Época – também encontrada no avião – e nela a publicidade ocupa 35 do total de 122 páginas, com os mesmos anunciantes.
Com alegria me dei conta de que não há publicidades governamentais, a não ser uma do Ministério da Saúde sobre o SUS. Isso corresponde à impossibilidade legal de publicidade no período eleitoral. Mas fica claro que, com esse elenco de grandes empresas anunciando, certamente nem necessitariam.
Como se pode ver, os rabos presos se dão, de forma direta, com grande parte dos setores empresariais mais importantes do país – a indústria automobilística em primeiro lugar, seguida pelos grandes bancos -, cujos interesses nunca se viu essa grande imprensa – que faz tudo, menos dar no tiro no próprio pé em termos de lucros – contrariar.
Aí está a lista dos que financiam a Veja e a Abril. Muito antes de que algum desavisado compre nas bancas ou responda positivamente as ofertas de assinatura – que insistem em oferecer muitos números grátis, “sem compromisso”, etc., etc., no desespero da queda brutal de tiragem da revista -, praticamente metade dos espaços já foi vendido para publicidade de grandes empresas privadas. Não há nenhuma universidade pública, nem sindicato ou central sindical, movimentos sociais, editoras pequenas e médias. O financiamento vem maciçamente dos que dominam a economia do Brasil ao longo de muitas décadas, que controlam os espaços fundamentais da imprensa privada brasileira.
Emir Sader


Falando em grobo


Justiça aplica pena leve a estupradores em SC

Justiça de Santa Catarina

Adolescentes terão de prestar serviços comunitários por seis meses

A Justiça de Santa Catarina (não) surpreendeu nesta quinta, ao determinar pena alternativa para os dois adolescentes acusados de estupro de uma menina de 13 anos, em Florianópolis. A decisão foi tomada em uma audiência de apresentação dos menores, ocorrida pela manhã na Vara da Infância e da Juventude, na capital catarinense, para qual não houve comunicação para a família da vítima. Conforme decisão da juíza Maria de Lurdes Simas Porto Vieira, os adolescentes terão de prestar serviços comunitários por seis meses e passarão, no mesmo período, por liberdade assistida com acompanhamento psicológico.
O fato ocorreu no mês de maio, quando a menina sofreu abuso sexual (confira aqui) por parte de um adolescente de 16 anos, filho de um diretor da RBS - (afiliada da Rede Globo), e por outro jovem, também com 16 anos, filho de um delegado de polícia. O advogado da família da vítima, Francisco Ferreira, reclamou da forma como ocorreu a decisão. “O Poder Judiciário de Santa Catarina tem uma cultura reconhecida de decidir em defesa da sociedade. Nesse caso, a sentença da juíza foi a antítese desta postura”, afirmou.
A inconformidade do advogado se deve, ter sido proferida numa audiência na qual somente os acusados e seus defensores estarem presentes. “Eu ainda buscava através de recurso o direito de ver o processo e tinha prazo até a sexta-feira”, disse. Para o advogado, a decisão veio privilegiar a RBS. “Foi tomada numa manhã, quando nunca os atos no Fórum ocorrem neste horário”, afirmou. O advogado esperava que os estupradores fossem condenados com sentença de semi-liberdade ou internação. Pela gravidade do fato, segundo ele, um ato infracional de violência de estupro é crime que merece uma pena mais dura. “A defesa desta jovem também foi violentada”, disse.
Para advogado de defesa dos adolescentes, Marcos Silveira, a decisão da Justiça foi tomada depois de um consenso entre a juíza, os representantes do Ministério Público e a defesa. “Já esperávamos este tipo de pena, que tem sido muito aplicada em vários pontos do Brasil”, justificou o advogado. Segundo Marcos Silveira, a decisão é adequada ao processo, uma vez que não há nos autos qualquer indicação de que tenha havido violência no episódio.
Fonte: Correio do Povo
do comtextolivre