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quinta-feira, agosto 26, 2010
O lider negro Martin Luther King na 1º viagem de um ônibus não segregado
© Foto de Ernest C. Withers. Martin Luther King na primeira viagem de um ônibus não segregado em Montgomery. Alabama (EUA), 1956.GOVERNO LULA:Telebrás anuncia as 100 primeiras cidades que participarão do Plano Nacional de Banda Larga
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O presidente da Telebrás, Rogério Santanna, anunciou nesta quinta (26) a lista das 100 primeiras cidades que serão conectadas à internet rápida pelo Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Os Estados com mais cidades contempladas na primeira fase do PNBL serão Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, cada um com oito municípios. Em seguida, com sete cidades, estão Espírito Santo, Paraíba, Rio Grande do Norte e São Paulo.
O Nordeste será a região com maior número de municípios atendidos, com 58 no total, seguido do Sudeste, com 30.
Os critérios de escolha da Telebrás levaram em conta municípios com menor densidade de banda larga, menor índice de desenvolvimento humano (IDH), com programas de inclusão social e distribuição por Estado.
Veja a seguir a lista dos 100 municípios incluídos na primeira fase do PNBL:
- Arapiraca (AL)
- Messias (AL)
- Palmeira dos Índios (AL)
- Joaquim Gomes (AL)
- Pilar (AL)
- Rio Largo (AL)
- Feira de Santana (BA)
- Itabuna (BA)
- Camaçari (BA)
- Governador Mangabeira (BA)
- Eunápolis (BA)
- Governador Lomanto (BA)
- Muritiba (BA)
- Presidente Tancredo Neves (BA)
- Sobral (CE)
- São Conçalo do Amarante (CE)
- Quixadá (CE)
- Barreira (CE)
- Maranguape (CE)
- Russas (CE)
- Cariacica (ES)
- Domingos Martins (ES)
- Conceição da Barra (ES)
- Piúma (ES)
- São Mateus (ES)
- Vila Velha (ES)
- Itapemirim (ES)
- Anápolis (GO)
- Aparecida de Goiânia (GO)
- Trindade (GO)
- Águas Lindas de Goiás (GO)
- Alexânia (GO)
- Itumbiara (GO)
- Imperatriz (MA)
- Paço do Lumiar (MA)
- Presidente Dutra (MA)
- Porto Franco (MA)
- Grajaú (MA)
- Barra do Corda (MA)
- Barbacena (MG)
- Juiz de Fora (MG)
- Conselheiro Lafaiete (MG)
- Ibirité (MG)
- Sabará (MG)
- Uberaba (MG)
- Ribeirão das Neves (MG)
- Santa Luzia (MG)
- Campina Grande (PB)
- Campo de Santana (PB)
- Araruna (PB)
- Riachão (PB)
- Dona Inês (PB)
- Bananeiras (PB)
- Duas Estradas (PB)
- Carpina (PE)
- Tracunhaém (PE)
- Nazaré da Mata (PE)
- Paudalho (PE)
- Limoeiro (PE)
- Aliança (PE)
- Piripiri (PI)
- Campo Maior (PI)
- José de Freitas (PI)
- Piracuruca (PI)
- Batalha (PI)
- São João da Fronteira (PI)
- Angra dos Reis (RJ)
- Nova Iguaçu (RJ)
- São Gonçalo (RJ)
- Piraí (RJ)
- Mesquita (RJ)
- Rio das Flores (RJ)
- Duque de Caxias (RJ)
- Casimiro de Abreu (RJ)
- Santa Cruz (RN)
- Nova Cruz (RN)
- Passa e Fica (RN)
- Parnamirim (RN)
- Lagoa d´Anta (RN)
- Extremoz (RN)
- Açú (RN)
- Nossa Senhora da Glória (SE)
- Barra dos Coqueiros (SE)
- Laranjeiras (SE)
- Japaratuba (SE)
- São Cristóvão (SE)
- Carira (SE)
- Campinas (SP)
- Guarulhos (SP)
- Pedreira (SP)
- Serrana (SP)
- Conchal (SP)
- Embu (SP)
- São Carlos (SP)
- Gurupi (TO)
- Araguaína (TO)
- Guaraí (TO)
- Paraíso do Tocantins (TO)
- Wanderlândia (TO)
- Porto Nacional (TO)
Telebras liberta primeiras 100 cidades das teles
“Parte do sinal que conecta moradores da região metropolitana do Rio à internet é clandestino. O chamado “gato velox” se espalhou pelo subúrbio da capital e municípios vizinhos e desafia polícia e provedores que oferecem o serviço. Por até R$ 30, moradores de bairros de classe média baixa ou mesmo em favelas conseguem uma conexão de internet banda larga de velocidade de dados limitada, mas que, pela via criminosa, permite fugir do acesso discado e da “exclusão digital”.
Este trecho é de uma mate?ia da Folha de São Paulo, publicada há dois anos. Má-qualidade, clandestinidade, improviso era tudo com que os moradores de áreas de renda mais baixa podiam contar para ter internet.
Hoje, foi dado o primeiro passo para libertar centenas de milhares de pessoas desta situação. A Telebras divulgou as 100 primeiras cidades a serem atingidas pelo Plano Nacional de Banda Larga, além de 15 capitais do Distrito Federal – que contarão com oferta de backhaul – uma espécie de “coluna vertebral” de internet – através da estatal e, com isso, acesso à internet dentro do teto de preço de R$ 35 como definido pelo Plano Nacional de Banda Larga.
Além de critérios sociais – Índice de desenvolvimento humano, nível de acessos à rede e densidade populacional – pesou na escolha a distãncia das cidades até as redes de fibras ópticas instaladas nas torres de transmissão de energia elétrica e a capacidade de atraírem parceiros privados – em especial os de pequeno porte – para fazerem a distribuição final.
A Telebras entregará cada 1 megabyte por cerca R$ 230, para serem divididos por, no máximo, dez clientes finais. Hoje, as empresas privadas dividem esta mesma capacidade por até 35 clientes finais.
O limite nominal de banda será de 512 kbps, mas como a divisão real de transmissão se dá entre menos clientes, a velocidade efetiva, segundo a Telebras, equivalerá aos planos de 1 megabit comercializados hoje.
*Brizolaço
Por que Serra vai perder (1)
A candidata Dilma Rousseff é entrevistada agressivamente por Míriam Leitão e dá um show de tranquilidade e competência sobre economia. Vale lembrar que a mídia desenha a candidata como uma pessoa hostil e destemperada.
A jornalista urubóloga levanta a bola para seu candidato que encena show de agressividade. Ele, que se diz economista, pouco ou nada acrescenta ao assunto, apenas reafirma promessas que não fará mudanças drásticas na economia.
*abundacanalha
made in USA">Terrorismo também é made in USA
A Wikileaks vazou ontem um documento da CIA que revela atividades terroristas financiadas por cidadãos americanos e revela o temor com a percepção internacional dos Estados Unidos como “exportadores do terrorismo”.
O documento da unidade especial Red Cell, da CIA, de 5 de fevereiro de 2010, afirma que “ao contrário do senso comum, a exportação americana de terrorismo ou terroristas não é um fenômeno recente, e nem tem sido associado unicamente a radicais islâmicos ou pessoas de origens étnicas do Oriente Médio, África ou Sul da Ásia”.
Prossegue o texto afirmando que “esta dinâmica desmente a crença americana de que nossa sociedade multicultural livre, aberta e integrada diminui o fascínio dos cidadãos americanos pelo radicalismo e pelo terrorismo”.
O informe secreto descreve uma série de atentados promovidos e/ou executados por cidadãos norte-americanos em vários países, como Paquistão, Palestina, Índia e Irlanda do Norte.
A principal preocupação revelada pelo documento refere-se às consequências que os Estados Unidos poderiam sofrer caso fossem vistos como exportadores do terrorismo, como a não cooperação em rendições (incluindo a prisão de agentes da CIA) e a decisão de não dividir com os EUA atividades de inteligência.
Também se antecipam possíveis problemas na cooperação internacional com os EUA em atividades extrajudiciais, incluindo, detenção, transferência e interrogatório de suspeitos em outros países.
“Se os EUA forem vistos como ‘exportadores de terrorismo’, governos estrangeiros poderiam requerer uma reciprocidade que iria impactar a soberania norte-americana”, diz o documento.
“Em casos extremos, a recusa dos EUA de cooperar com pedidos de extradição de cidadãos americanos por governos estrangeiros pode levar alguns governos a considerar retirar secretamente os suspeitos de terrorismo do solo americano”, acrescenta o documento.
A percepção dos EUA como “exportadores de terrorismo”, diz ainda o documento, também criaria difíceis questões legais, já que o país não é signatário do Tribunal Penal Internacional TPI) e fez acordos bilaterais de imunidade com outros países para preservar cidadãos americanos de serem processados pelo TPI. Os EUA ameaçaram encerrar ajuda econômica e militar a países que não concordassem com esses acordos bilaterais.
O Wikileaks presta mais um serviço a humanidade revelando as práticas dos serviços secretos dos EUA e a dupla moral com que o país enfrenta a qusetão do terrorismo no mundo.
RECORDAR É VIVER!
Ainda menino, lembro do tremendo estardalhaço em torno de uma campanha institucional que mobilizou milhões de pessoas, do Oiapoque ao Chui, com a premissa 'OURO PARA O BEM DO BRASIL".
O país estaria quebrado - "a beira de um abismo" e era necessária a colaboração de cada um e de todos para que o país conseguisse escapar da dívida e(x)terna.
Bom, a campanha passou e a dívida continuou subindo!Pouco mais tarde, e não apenas em uma oportunidade, ouvimos que era "necessário apertar o cinto". A recessão que ia ser imposta era necessária, adivinhem para o que? Para enfrentar a dívida e(x)terna que nos sufocava.
Ouvi ainda algumas teorias brilhantes: Era preciso deixar crescer o bolo para depois dividir. Ou seja: aguentem a fome, esqueçam o frio, aceitem a miséria que logo logo melhora...
E o logo logo nunca chegava... Sempre se tinha uma ótima explicação: Quebrou tal país, terremoto em tal lugar, subiu o preço do xuxu...
E nosso povo continuava a ver navios...
A última que eu me lembro era de que se vendêssemos a riqueza de nosso país, do nosso BRASIL amado iríamos ter dinheiro para pagar a já cansativa dívida e(x)terna. Venderam nosso subsolo (Vale), venderam concessionárias públicas de energia elétrica e telefonia, queriam vender mais, mas nosso povo brecou!E o dinheiro das tais "privatizações" não pagou a dívida... Diga-se de passagem, onde mesmo que foi usado???
Daí veio um operário, que diziam analfabeto e despreparado e governou não apenas com a razão, mas principalmente com o coração. E de devedores e(x)ternos em poucos anos passamos a creedores externos!
Agora aparecem nomes, já conhecidos da velha política, dizendo que irão fazer mais. Que irão 'continuar' o governo LULA. Eles pensam que esquecemos...
Eles pediram ouro, eles pediram que apertássemos os cintos, eles disseram que primeiro o bolo tinha que crescer, eles venderam o patrimônio do Brasil.
Quem vai fazer o BRASIL continuar crescendo, quem manterá esta alegria estampada nos rostos de cada um e de cada uma, quem aumentará ainda mais o orgulho de termos nascido nesta pátria tem um nome, um nome que cada vez mais enche de esperança nosso povo:
*DesabafoBrasil
Sem vergonha de ser tucano
Leonel Pavan (meio) e o traficante Ruede-Bustos e o sócio dele Castanharo |
Seis novas moradias são lançadas a cada hora.
Bye-bye Serra forever
Saiu no caderno especial do mercado imobiliário do jornal Brasil Econômico:
Minha Casa, Minha Vida faz com que prazo de vendas caia de seis meses para 90 dias.
Minha Casa, Minha Vida 2 vai construir dois milhões de moradias até 2014 e cerca de 60% para famílias com renda de até R$ 1.400.
Os empreendimentos imobiliários, de janeiros a julho deste ano, cresceram 90%.
Bye-bye Serra forever.
Paulo Henrique Amorim
São Paulo precisa ser líder nesta mudança
Ao longo do dia, vou tentar analisar os resultados do Datafolha em detalhes, agora que o instituto de pesquisa parece ter “entregado os pontos” e passado a fazer estatística em lugar de propaganda política. Como todos já sabem, a pesquisa divulgada hoje pela Folha de S. Paulo coloca Dilma 20 pontos à frente de Serra, com 49%, contra 29% do candidato tucano.
Ainda hoje de manhã, porque a gente não é de ferro, também posto uma sugestão de novo jingle para a campanha serrista, já que a gente tem o direito de ver, em matéria de pesquisas, como dizem os versos de Geraldo Vandré, “a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.
Agora, entretanto, queria refletir com vocês sobre a oportunidade que se abre diante nós e que não pode ser desperdiçada.
Estamos nos aproximando de uma vitória estrondosa do povo brasileiro. A política, se não pode prescindir das pesquisas estatísticas, não se faz apenas com elas, mas com coerência de pensamento, sinceridade de sentimentos e, sobretudo, sensibilidade para perceber como caminha o processo social, como se forma e se expressa a consciência do povo brasileiro.
Não é preciso dizer que Lula percebeu isso como poucos, e tenho certeza de que eu aqui, modestamente, não incorria no erro de não perceber os sinais que ele dava.
Porque tudo que as pesquisas mostram, hoje, já existia, de forma subjacente, latente, perceptível, embora silenciosa.
Essa não seria a eleição do “paz e amor”, do “ele não morde”, do “não é comunista”. Seria a eleição da afirmação de um destino para o Brasil e para o povo brasileiro, com muito mais evidência do que foi a dele próprio, Luís Inácio Lula da Silva.
Lula o compreendeu, já desde o momento em que ungiu Dilma como sua candidata à sucessão.
Sua escolha, ela própria, foi um sinal. Não foi a simpatia, o peso eleitoral regional, o traquejo político que Dilma pudesse ter – embora quem a conheça sabe que a dureza que, eventualmente, ela possa ter transmitido a alguns venha não de sua natureza pessoal, mas da função de anteparo e de gestora que o presidente lhe dera ao colocá-la à frente da Casa Civil.
Dilma não é a candidata de Lula por acaso, ou apenas por qualquer simpatia pessoal que ele lhe vote. É a candidata de Lula porque nela Lula viu as características, ideológicas e de caráter pessoal, para assumir, a seu lado, o comando de um processo de transformação profunda do Brasil, o qual ainda mal começou.
Os últimos anos assemelham-se, metaforicamente, ao processo que se passou nos anos 30.
Lá, o Brasil arcaico, rural, das províncias e da política oligárquica, por uma ruptura das elites, de um lado, e um inconformismo popular que já se expressara no tenentismo e na Coluna Prestes, precisava romper aquelas estruturas para se tornar moderno, urbano, industrial. E numa sociedade que pretendia tornar-se moderna, urbana, industrial, as massas populares são, necessariamente, personagens protagônicos.
A inclusão dessas massas na vida nacional, substituindo a hegemonia patriarcal, teve em Getúlio Vargas seu ponto fulcral. Embora desde bem antes defendesse os valores de humanidade – então, os “princípios cristãos” de dignidade humana – o torvelinho de transformações é menos obra de Vargas do que do processo social. Seu valor e grandeza são tê-lo absorvido e simbolizado, introjetado tanto isto em si que sua própria vida física se tornou ferramenta deste seu dever de líder popular.
Esta mudança exigiu rupturas. E a maior delas foi, evidentemente, a perda de parte do poder das oligarquias paulistas. Um poder que não era apenas econômico, mas político ideológico. O argumento, claro, era a democracia em perigo – e a democracia, até ali, era a das eleições a bico de pena – e o discurso é que São Paulo era “a província” rica que sustentava o pobre Brasil. A história da locomotiva que puxava o pesado trem Brasil.
Só um louco deixaria de reconhecer a pujança de São Paulo e o caráter empreendedor de seu povo, inclusive daqueles que se tornaram, ali, os “capitães de indústria”.
Mas suas elites não viram que a modernização do Brasil, feita pelo Governo Vargas, significou até para elas um progresso e uma riqueza em escala que jamais teriam no Brasil arcaico que lamentaram em armas perder em 32.
Até os anos 60, o poder nacional foi repartido e São Paulo jamais teve prejuízos com isso. Foi lá que se formaram as grandes empresas brasileiras e para lá se dirigiram as que vinham de fora para implantar-se aqui, como a automobilística.
Mas, no pós-64, São Paulo tornou-se um vórtice, que engoliu tudo o que o Brasil produzia, de bom e de mau. Engoliu porque o capital financeiro tornou-a o ponto de desequilíbrio da vida nacional, porque ali passou-se a viver da grana que ergue e destrói coisas belas, como nos cantou Caetano Veloso. Até mesmo parte do pensamento acadêmico de São Paulo absorveu e processou sofisticamente essa deformação, renegando tudo o que que o Brasil extra-São Paulo produzira em lutas sociais. Deste núcleo, justamente, é que vieram os Fernando Henrique Cardoso e os José Serra.
O luxo e a miséria, a cultura e a exclusão, o bom e o mau passaram a se concentrar de tal maneira que os problemas de São Paulo já não têm soluções locais, porque depende de que ela faça parte de um país do qual ela não sugue, junto com as riquezas, a pobreza que não tem onde sobreviver.
Quando o Nordeste cresce, dá emprego e vida digna a seus filhos, faz bem a São paulo que não incha. Quando o Centro-Oeste encontra sua vocação agroindustrial, faz bem a São Paulo que pode trocar espaços e atividades mais adequadas á densidade de seu território. Quando se faz progredir a Amazônia sem destruí-la com a ganância dos grandes e o desespero dos pequenos, limpa-se o ar dos paulistas. Quando o Rio se recupera e recupera sua alegria, São Paulo ganha seu irmão implicante e divertido, que, de tão perto que está, não pode ficar senão ombro a ombro com ela, com as cotoveladas que os irmãos se dão.
Este novo momento de transformação do Brasil não pode ser feito contra São Paulo, nem muito menos sem ele. O Brasil do povo é, é claro, o Brasil onde povo paulista é protagonista. As elites dali tentam afastá-lo desta vocação de brasilidade, de integração que vem desde as bandeiras, dizendo que elas farão (ou fazem) de São Paulo um lugar perfeito. Mas como pode ser perfeito um lugar em que a miséria e o medo fecham os vidros dos carros, onde a periferia vira um quisto que se avoluma e ameaça engolfar toda a vida.
Temos todos um dever, a começar por Lula. Estender a vitória de Dilma a São Paulo como quem estende a mão a um irmão que foi levado a não se sentir parte da família. E a mão de São Paulo vai se estender, porque sua mão é a do povo, não de suas elites. Alguns companheiros, a meu ver, entendem mal esta missão, e cuidam de se tornarem palatáveis para a ela, nem que tenham de fazer um cursinho rápido de inglês, como disse ontem Lula ao comentar a reação da família Frias ao fato de ele pretender ser presidente da república sem falar o idioma dos dominadores.
Nós, cariocas, gaúchos, baianos, pernambucanos, cearenses, acreanos, somos todos paulistas porque amamos o progresso dessa terra e o povo que a ergueu e fez progredir, vindo de toda a parte. E os paulistas compreendem isso. Houve 1932, mas 14 anos depois, lá elegeram Getúlio senador com uma retumbante votação.
Dilma já está na frente em São Paulo, como em todo o Brasil. Vamos todos, de todas as partes, chamar São Paulo, o povo paulista e dizer: venham, venham, meus irmãos, venham ser líderes, como a sua capacidade lhes permite, de um país só, de um sonho só, de uma mudança na vida brasileira que só fará de São Paulo um lugar melhor para todos os paulistas.
*Tijolaço
quarta-feira, agosto 25, 2010
Governo argentino acusa jornais de crimes durante a ditadura
Cristina Kirchner: não é para controlar nada; é simplesmente para que deixem de controlar os argentinos.
A guerra de Cristina contra a mídia golpista
Sanguessugado do Miro
A guerra de Cristina contra a mídia golpista
Reproduzo artigo de Umberto Martins, publicado no sítio Vermelho:
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, está em guerra com os monopólios da imprensa no país vizinho, os grupos Clarín e La Nación, que prosperaram durante o regime fascista (1976-1983) apoiando os generais e deles extraindo obscuros favores. Entre tais favores, destaca-se a aquisição da Papel Prensa, fabricante de papel para 170 jornais, que domina 75% do mercado.
Em discurso transmitido em cadeia nacional de televisão, na noite de terça-feira (24), a chefe do Estado argentino acusou os dois órgãos de comunicação de aproveitar o relacionamento privilegiado com os ditadores para se apoderarem de forma irregular da empresa em 1976. A proprietária anterior, Lídia Papaleo, foi presa e torturada pelos militares junto com outros familiares.
Irados
O governo decidiu ingressar na Justiça com uma denúncia penal contestando a aquisição e encaminhou um projeto ao Congresso declarando a produção de papel uma atividade de interesse público, o que abre caminho para o controle da empresa pelo Estado.
A conduta corajosa de Cristina despertou a ira dos barões da mídia. E não só na Argentina como em outros cantos do mundo. No Brasil, as Organizações Globo, da família Marinho, reservam grande espaço na TV e no jornal nesses dias para desancar a presidente, insinuando que ela manipula os fatos e atenta contra a democracia.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), representante dos monopólios da comunicação no continente americano, cujo presidente recentemente disse que Lula era um “falso democrata”, saiu em defesa dos dois maiores jornais argentinos falando em “escalada contra a liberdade de imprensa”.
Papel estratégico
Dirigentes do Clarín e de La Nación negam as denúncias formuladas por Cristina e alegam que o governo está manipulando os fatos para se apropriar da empresa, que tem uma importância estratégica na comunicação impressa.
“Quem controla a Papel Prensa controla a palavra impressa”, argumenta o jornal Clarín no editorial de domingo (22). A presidente concorda com a sentença. “É verdade que quem controla a Papel Prensa controla a palavra impressa. E a única empresa que produz pasta de celulose para fabricar papel de jornal para distribuição e comercialização é justamente uma empresa sob monopólio”, acusou.
O monopólio, ao anular a livre concorrência, tem práticas nocivas à economia, prejudiciais principalmente para os jornais de pequeno e médio porte, que pagam caro pelo papel e hoje sofrem boicote e chantagens. “Há uma resistência enorme em entregar papel aos diários do interior e às pequenas e médias empresas”, afirma Beatriz Paglieri, representante do Estado (que é acionista minoritário) na Papel Prensa.
Provas contundentes
Cristina apresentou um relatório de 233 páginas sobre as relações dos empresários com o regime militar com provas contundentes acerca da aquisição irregular da fábrica de papel, segundo Paglieri. Esclareceu que a investigação e as conclusões contidas no documento “coincidem com as declarações da senhora Lidia Papaleo e de Rafael Ianover”.
Ianover foi o braço direito de David Graiver, marido de Lídia e antigo proprietário da Papel Prensa, que morreu em um acidente aéreo no México deixando a fábrica como herança para a viúva. Graiver era acusado de ligações com o grupo guerrilheiro Montoneros, o que explica a perseguição sofrida pela família.
Pressão
Em entrevista aos meios de comunicação nesta quarta-feira (25), Rafael Ianover assegurou que existiram fortes pressões para a venda da empresa e que todos “em torno dos Graiver estavam com medo”.
“Todo mundo sabia da situação. Todos sabiam, os Graiver também, que íamos ser detidos, de modo que a pressão que havia para que se produzisse a operação [venda da Papel Prensa] existiu. Todos tínhamos medo”, desabafou.
O caso já veio à tona antes. Ainda durante a ditadura, em maio de 1977, os dois jornais publicaram um comunicado informando que tinham comprado a empresa com a autorização dos comandantes da Junta Militar e do então ministro da Economia, Martínez de Hoz, conforme informações de Osvaldo Papaleo, irmão de Lídia Papaleo.
Durante anos, porém, as relações perigosas do Clarín e La Nación com a ditadura foram convenientemente esquecidas e abafadas, numa prova, entre outras, da notável influência que os dois jornais desfrutam no interior da sociedade argentina. Agora, quando o governo corajosamente decide revelar e enfrentar os crimes do regime fascista, a mídia golpista reage em uníssono levantando, em falso como sempre, a defesa da democracia e da liberdade de imprensa.
Ligações perigosas
Embora se apresentem como guardiões da liberdade de expressão e de imprensa, donos da verdade e campeões da democracia, as famílias que monopolizam os meios de comunicação na Argentina e em outras nações americanas nada têm de democráticas e confundem liberdade de imprensa com a liberdade de suas empresas, inclusive para práticas ilegais e monopólios, como no caso em tela.
O fascismo cobrou um preço altíssimo à nação e ao povo argentino. Em torno de 30 mil pessoas foram assassinadas pelos militares, que só agora (no governo de Cristina Kirchner) estão sendo devidamente cobrados pelos crimes que cometeram. A mídia empresarial, dominada por poucas famílias de ricos capitalistas, foi cúmplice dos golpistas, torturadores e assassinos, com poucas (e honrosas) exceções. Quem ficou contra (como os Graiver) foram presos, torturados, mortos e alijados do meio.
Democratização
Por lá, como por aqui, o regime teve seus apaniguados e os promoveu, ao mesmo tempo em que perseguiu quem não comungava com seus métodos e objetivos. Lembremos que as Organizações Globo, na época da “ditabranda” (conforme a Folha) dirigida por Roberto Marinho, só se transformou no império que é hoje graças aos generais, que provocaram a ruína de Assis Chateaubriand e seus Diários Associados.
Embora iluda muita gente boa, o discurso da mídia golpista é apenas falso e hipócrita. Ao contrário do que sugere O Globo e outros jornais que apoiaram os ditadores e comeram na mão dos militares, as medidas que o governo argentino está adotando, com invulgar coragem, vão no sentido de democratizar os meios de comunicação. Isto não se concretizará sem uma guerra aos monopólios privados, bem como o fortalecimento da mídia pública e de veículos alternativos, contrahegemônicos.