Há tempos a Amazônia sofre com a exploração predatória de seus recursos naturais e com o desrespeito às populações tradicionais que habitam a maior floresta do mundo. Missionários católicos estrangeiros, como prevê a Teologia da Libertação, lutam para reescrever essa história
Por Carlos Juliano Barros
Frei Henri des Roziers é o número um da lista dos jurados de morte pelos latifundiários paraenses |
À primeira vista, é difícil acreditar que um carismático francês de 76 anos, de fala lenta e andar compassado por conta da saúde debilitada, encabece a lista dos jurados de morte pelos fazendeiros e madeireiros que transformaram o Pará num apimentado caldeirão de conflitos fundiários. Henri des Roziers, advogado e frei dominicano que há quase três décadas escolheu o Brasil como palco de sua militância social e religiosa, já não anda mais sem a sombra de seguranças pagos por um programa de proteção do Governo Federal. Depois do assassinato da freira norte-americana Dorothy Stang, ocorrido em fevereiro do ano passado em Anapu, às margens da rodovia Transamazônica, não lhe restou alternativa. Desde então, é acompanhado dia e noite por dois policiais que se revezam para garantir sua integridade. Um deles, por sinal, é filho de Raimundo Ferreira Lima, o Gringo, conhecido sindicalista do sul do estado morto em 1980 por se envolver, assim como Frei Henri e Dorothy, na luta pela reforma agrária.
O processo de ocupação da Amazônia desenhado nos últimos quarenta anos deixou um saldo preocupante de crimes contra o meio-ambiente e os direitos humanos. De acordo com dados oficiais, mais de 16% da cobertura original da maior floresta do mundo já foram devastados - área equivalente aos territórios de França e Portugal juntos. Somam-se a isso o desrespeito às populações tradicionais e a superexploração do trabalho de milhares de migrantes que enxergaram na imensidão verde um meio de driblar a escassez de emprego nos seus locais de origem, principalmente no semi-árido nordestino.
Gado na rodovia PA 150: a expansão da pecuária e da soja é uma das principais causas do desmatamento e do trabalho escravo na região Norte do Brasil |
A Amazônia pagou um preço muito caro pela noção de progresso associada ao fomento de atividades agropecuárias e de extração de madeira e minérios - desenvolvidas por grandes grupos empresariais e poderosos latifundiários vindos, em sua maioria, do sul do Brasil. Depois do golpe de 1964, a vontade dos militares de "integrar para não entregar" o norte ao restante do país incendiou a disputa por terras. Somente no Pará, onde os conflitos revelam sua face mais sangrenta, ocorreram 772 assassinatos de lideranças sindicais, trabalhadores rurais e defensores dos direitos humanos entre 1971 e 2004 - uma assustadora média de duas mortes por mês.
Na raiz dos movimentos populares de resistência a essa ocupação desordenada encontra-se uma instituição que, se não possui mais a mesma influência de tempos atrás, faz sentir seu legado quando se analisa o atual cenário político nacional: a Igreja Católica. Ela teve participação decisiva na gestação de expoentes da esquerda, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Partido dos Trabalhadores (PT), por exemplo. E, principalmente no campo, ainda constitui um importante espaço de articulação de militantes que se dedicam à causa da reforma agrária.
Por essa razão, não é difícil encontrar na região norte do Brasil missionários estrangeiros que, da mesma forma que Henri des Roziers, deixaram seus países para mergulhar no meio do povo marginalizado, onde o poder público é incapaz de oferecer assistência adequada à população. Religiosos que acreditam que a Igreja Católica não deve só confortar espiritualmente seus fiéis, mas também se empenhar na resolução dos problemas urgentes dos excluídos.
Opção radical pelos pobres
Essa linha progressista do catolicismo ganhou contornos fortes quando, em 1968, bispos de todo o continente se reuniram na cidade colombiana de Medellín - marco do surgimento da doutrina que ficou conhecida por Teologia da Libertação. Uma leitura do evangelho influenciada por conceitos da filosofia marxista, que passou a contestar a miséria de boa parte das populações de países como Brasil e Peru. "Quem primeiro formulou essa opção pelos pobres contra a pobreza, a favor da vida e da liberdade, foi a Teologia da Libertação. É marca registrada da Igreja Latino-Americana", afirma Leonardo Boff, ex-frade franciscano e um dos principais pensadores dessa corrente.
A princípio, quando os militares tomaram o Palácio do Planalto, os dirigentes da Igreja enxergaram com bons olhos a iniciativa, por medo da escalada mundial do comunismo. Contudo, quando vieram à tona as denúncias sobre abusos cometidos pela ditadura, os setores engajados da instituição se mostraram mais antenados aos anseios reprimidos do povo, conquistando espaço entre os fiéis. Naquela época, segundo estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de cada dez pessoas, nove se declaravam católicas. Hoje, esse índice caiu para 70%. Números que atestam a importância da Igreja na sociedade quando aconteceu o golpe de 1964.
Já na década seguinte, a fama progressista do catolicismo nacional espalhou-se pelo mundo inteiro, atraindo interesse daqueles que buscavam sintonia entre a leitura da Bíblia e a vontade de lutar contra as injustiças sociais. De acordo com dados do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris), dos 2.447 religiosos que hoje moram na região norte, 40% vêm de outros países. Porém, é impossível afirmar com precisão quantos desses missionários estão de fato engajados em alguma ação social. Certamente, a maior parte cumpre apenas com as obrigações cotidianas em paróquias e conventos, sem se envolver em qualquer tipo de militância. Entretanto, não é nada desprezível a parcela de padres, irmãos e irmãs que não percorrem milhares de quilômetros somente para pregar e arrebanhar fiéis - como fizeram os jesuítas com os índios brasileiros, séculos atrás.
No Brasil, os ideais da Teologia da Libertação ecoaram mais alto no campo do que na cidade, fortalecendo a luta pela terra. Prova disso é que muitas lideranças do maior movimento social do país, o MST, formaram-se nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Essas entidades surgiram em meados dos anos 60, depois de uma série de mudanças introduzidas pelo Papa João XXIII no sentido de popularizar a Igreja Católica em todo o mundo. Por meio delas, um grande número de fiéis do interior do país, que não contavam com assistência regular de um sacerdote nos locais onde moravam, passou a organizar as celebrações por conta própria.
O frei dominicano francês Xavier Plassat dedica sua vida à luta pela reforma agrária e ao combate ao trabalho escravo |
"Na Europa, o cristão é um consumidor de serviços feitos pelo padre. No Brasil, ocorreu a responsabilização dos leigos. Mas isso não implica necessariamente uma Igreja libertária. Essa reorientação foi provocada pela situação de opressão e pela presença de intelectuais orgânicos de esquerda ligados a ela", explica o frei dominicano francês Xavier Plassat. Os encontros religiosos foram um dos poucos espaços públicos de discussão que o regime militar não aboliu. Era natural, portanto, que nas CEBs também se fizessem debates a respeito da realidade social e política brasileira. "A Teologia da Libertação aproveitou esse envolvimento popular", acrescenta Frei Xavier. Nomes como o da atual ministra do meio-ambiente, a acreana Marina Silva, despontaram dessas comunidades.
A "opção radical pelos pobres" da Igreja Católica saiu do papel com o advento, por todo o país, de pastorais que lidam com os mais variados públicos, como detentos, moradores de rua e profissionais do sexo. Mas uma delas merece destaque pelo importante papel de resistência à ocupação predatória da Amazônia Em 1975, quando a floresta havia se convertido num balaio de crimes graves como assassinatos, grilagem de terra e violação de direitos trabalhistas, foi fundada a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Atualmente, ela constitui um dos principais núcleos de pesquisa sobre problemas fundiários do Brasil. Além disso, mantém um corpo de agentes religiosos e leigos para organizar trabalhadores e defender seus direitos, em nome de uma reforma agrária que respeite a agricultura familiar e o modo de vida típico do camponês.
Violência x Resistência
Com a decadência da economia da borracha, que até os anos 20 consistia na principal fonte de divisas da região, o garimpo, a madeira e a pecuária provocaram uma espécie de corrida para o norte do país - a que se assiste até hoje. A partir dos anos 40, o Estado tomou algumas medidas para tentar disciplinar esse novo ímpeto "colonizador", através da instalação de bancos e aeroportos. No começo da década de 60, a abertura da BR 010, batizada de Belém-Brasília, provocou um grande fluxo migratório em direção àquela área.
Mas foi com os militares que o processo de ocupação se desenrolou a pleno vapor. Em 1966, com o intuito de atrair investimentos através da concessão de benefícios a empresários, foi criada a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Projetos de ampla envergadura - da extração de minérios à criação de pastos, passando pela plantação intensiva de eucaliptos para a produção de celulose - nasceram nesse período. A retirada do ferro da maior jazida do mundo, localizada na Serra dos Carajás (PA), é um dos exemplos mais conhecidos. Para fornecer a energia necessária a essas atividades, foram construídas hidrelétricas de grande porte, como a de Tucuruí, também localizada no Pará. Novas estradas retalharam a mata a fim de garantir o escoamento da produção e facilitar o povoamento, como a Cuiabá-Santarém (BR 163) e a famosa Transamazônica.
Entretanto, a estratégia de ocupação do "vazio demográfico" do norte do Brasil, representada por slogans do tipo "uma terra sem homens para homens sem terras", não correspondeu ao sonho de uma multidão de migrantes pobres que chegavam à Amazônia de todas as partes do Brasil. "O governo usou a floresta como forma de desviar a atenção dos movimentos organizados dos principais focos de tensão fundiária, como Rio Grande do Sul, Paraná e Pernambuco. Em vez de realizar uma verdadeira reforma agrária, fez uma política de assentamentos, jogando os agricultores em lotes sem qualquer infra-estrutura", explica Paulo Santilli, professor de antropologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). As medidas desenvolvimentistas também não pouparam os povos indígenas. Pelo contrário: "na década de 70, seu contingente populacional atingiu o nível mais baixo em toda história: pouco mais de 60 mil", completa Santilli.
O massacre de 19 sem-terras, em Eldorado dos Carajás (PA), há dez anos, chamou a atenção do mundo para os conflitos fundiários na Amazônia |
Frei Xavier segue os passos do Padre Josimo Tavares, assassinado em 1986 por incentivar os posseiros a resistirem contra a expulsão das áreas que ocupavam há gerações. "Ele abria a bíblia para as comunidades e dizia que o direito à terra era algo sagrado, que não bastava rezar junto, mas que era necessário formar um sindicato, um partido que representasse a classe trabalhadora. A CPT dava esperança às comunidades ameaçadas", resume. Vinte anos após a morte de Padre Josimo, a apropriação ilegal de áreas que pertencem à União mediante violência e falsificação de escrituras - prática conhecida popularmente por "grilagem" - ainda deixa muitos militantes da Igreja e dos movimentos sociais de cabelo em pé. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) estima que pelo menos 100 milhões de hectares tenham sido abocanhados de maneira criminosa, em todo país. Mais da metade deles estão na região Norte.
Compromisso Social
Na França, não é muito comum que a Igreja se ocupe do debate dos problemas do país, postura que incomodava Frei Henri des Roziers. As notícias sobre a barbárie da ditadura militar despertaram nele a vontade de conhecer o Brasil. "O que me motivou não foi o problema da terra, e sim a questão dos direitos humanos", conta. Logo nos primeiros meses, ele passou uma temporada na diocese de Goiás Velho (GO), comandada pelo bispo D. Tomas Balduíno, presidente nacional da CPT. "Esse estágio me impressionou muito. Senti pela primeira vez uma coerência entre as lutas sociais e a minha interpretação do evangelho. Era a primeira vez que ficava feliz por participar das celebrações", garante. Depois da experiência, não teve dúvidas quanto ao destino a seguir, e entrou para a pastoral da terra. Por quase dez anos, trabalhou na região do Bico do Papagaio, onde se espantou com a violência policial e a omissão do poder judiciário que vitimavam os posseiros. Mas foi no Pará, estado em que atualmente reside, que ele fez história ao participar, em 2000, da acusação que levaria pela primeira vez na história do país um fazendeiro à prisão pelo assassinato de um trabalhador rural.
Na França, não é muito comum que a Igreja se ocupe do debate dos problemas do país, postura que incomodava Frei Henri des Roziers. As notícias sobre a barbárie da ditadura militar despertaram nele a vontade de conhecer o Brasil. "O que me motivou não foi o problema da terra, e sim a questão dos direitos humanos", conta. Logo nos primeiros meses, ele passou uma temporada na diocese de Goiás Velho (GO), comandada pelo bispo D. Tomas Balduíno, presidente nacional da CPT. "Esse estágio me impressionou muito. Senti pela primeira vez uma coerência entre as lutas sociais e a minha interpretação do evangelho. Era a primeira vez que ficava feliz por participar das celebrações", garante. Depois da experiência, não teve dúvidas quanto ao destino a seguir, e entrou para a pastoral da terra. Por quase dez anos, trabalhou na região do Bico do Papagaio, onde se espantou com a violência policial e a omissão do poder judiciário que vitimavam os posseiros. Mas foi no Pará, estado em que atualmente reside, que ele fez história ao participar, em 2000, da acusação que levaria pela primeira vez na história do país um fazendeiro à prisão pelo assassinato de um trabalhador rural.
Hoje, na CPT de Xinguara (PA), o advogado e missionário Henri tenta pôr na cadeia latifundiários que submetem à condição de escravos peões vindos de estados nordestinos pobres, como Maranhão e Piauí. Seres humanos descartáveis que sobrevivem da chamada expansão da fronteira agrícola amazônica. Mão-de-obra pouco qualificada que realiza serviços pesados - como o desmatamento da floresta para formação de pastos, plantações de soja e algodão - sem direito a salário e até mesmo a liberdade para abandonar as fazendas. Essa prática vem de longa data: as primeiras denúncias sobre escravidão contemporânea foram feitas na década de 70 pelo espanhol D. Pedro Casaldáliga, então bispo de São Félix do Araguaia (MT).
Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que desde 1995 designou um grupo especial de auditores para fiscalizar propriedades do interior do Brasil, mais de 15 mil pessoas já foram resgatadas desde o início das operações, principalmente no Pará, Mato Grosso e Tocantins. Apesar de o Código Penal prever reclusão de até oito anos para esse crime, apenas um fazendeiro até hoje foi condenado na Justiça Comum. Mesmo assim, sua sentença foi revertida para distribuição de cestas básicas.
O combate ao trabalho escravo também consome a maior parte do tempo de Frei Xavier Plassat. Mas ele também acha que, nos últimos anos, a CPT vem encarando novas missões. "Quando cheguei ao Brasil, em meados da década de 80, o principal desafio era lutar contra a grilagem e resistir à expulsão. Hoje, precisamos pensar com os trabalhadores rurais uma outra maneira de se relacionar com a terra e rever o sistema de produção, permitindo o desenvolvimento da agricultura familiar", afirma.
Apesar da valiosa atuação das pastorais, é fato que institucionalmente a Igreja Católica brasileira não possui mais o mesmo vigor na defesa dos direitos básicos das populações excluídas. Frei Xavier, por exemplo, diz que a CPT de Araguaína sequer é convidada pelo bispo para participar das assembléias diocesanas, reflexo das nomeações de dirigentes menos progressistas durante o longo pontificado do conservador João Paulo II. "Nós atuamos praticamente como uma ONG, buscando financiamentos de agências de cooperação internacional", diz. Mas também não se pode dizer que os preceitos da Teologia da Libertação estejam em decadência absoluta. Ainda existem muitos religiosos brasileiros e estrangeiros que enxergam no evangelho a motivação para lutar por uma sociedade igualitária, olhando por regiões onde a presença do Estado ainda é rarefeita. A Amazônia só tem a agradecer a Deus por isso.
Qual foi a contribuição da campanha de ódio e intolerância do candidato derrotado José Serra?
Nem mesmo terminou a festa da vitória de Dilma Rousseff e já percebemos no twitter, na TV e nas ruas o clima de rancor e vingança alimentado pelo candidato que se pretende ser o líder da oposição brasileira.
Em seu discurso de derrotado José Serra já mandou o recado.
No Twitter, ontem logo após a finalização da apuração, já começaram a aparecer as manifestações de ódio e preconceito contra nordestinos. Leia aqui
Esse traço da personalidade do povo brasileiro sempre foi escamoteado pela literatura e até por certas correntes da sociologia brasileira, o mito da democracia racial e do povo tolerante e pacífico.
A campanha de José Serra, parece, foi o estopim para fazer aflorar essas manifestações escondidas sob a aparente mansidão do povo brasileiro.
Na verdade isso é alimentado diariamente na mídia, de forma velada ou nos programas humorísticos que com aquela gaitice canalha, exploram e estimulam o preconceito contra negros, nordestinos, mulheres , homosexuais e velhos.
O insoso Gentilli, apresentador do programa CQC. deu início ao incidente em Brasilia com militantes que festejavam a vitória de Dilma, chamando uma militante de velha. Como se velho fosse um xingamento ou ofensa.
Ao me dirigir à Av Paulista para a festa da militância paulista ontem passei pela calçada de um bar, desses que colocam as mesas nas calçadas de maneira irregular para que os clientes possam fumar, e parei para assitir na TV. desse bar o discurso de Dilma Rousseff.
Numa mesa, um grupo de quatro jovens paulistanos típicos, olharam com desdém para minha camiseta vermelha e minha bandeira do PT. Sorri para eles e arrisquei um "olê, olê, olá: Dilma, Dilma.
Uma das jovens, com ódio no olhar me perguntou se eu iria pagar as cervejas que estavam bebendo. Respondi que adoraria, mas estava sem dinheiro. Imediatamente os quatro em tom de deboche me disseram que usasse o bolsa família para pagar as cervejas. Tentei argumentar civilizadamente com eles sem sucesso.
Virei as costas para seguir meu caminho quando um dos jovens, o mais musculoso e exibido disparou a pérola machista: mas a senhora, apesar de petista, é muito gostosa, eu traço!
Voltei e pedi que ele repetisse, ele repetiu!
Meu primeiro impulso foi dar-lhe um safanão, mas como um pouco adiante estavam meu marido e meu filho desisti, para evitar um tumulto maior.
O garotão paulistano aprendeu direitinho com seu líder José Serra como se deve tratar uma mulher, jovem ou mais velha.
Eu traço!
Esse foi o recado dado por Serra ao pedir às meninas bonitas de Minas Gerais que usassem seu poder de sedução para conquistar votos para ele.
Vamos deixar os ânimos serenarem e esperar que esse clima de ódio se dissipe com o tempo.
Mas não nos enganemos!
A oposição à Dilma Rousseff será ferrenha, como foi ao Lula, mas com elementos novos de intolerância, preconceito, machismo e ressentimento pela derrota.
Afinal alguma coisa a agradecer ao candidato Serra, expor sem maquiagem a verdadeira face de parte do povo brasileiro e , principalmente, do paulista .
Intolerância Fratricida
Por Sérgio Montenegro Filho, no blog http://polislivre.blogspot.com
Um dia depois de proclamado o resultado oficial do segundo turno, alguns serristas decidiram chamar a atenção para si, após a derrota do seu candidato a presidente. Invadiram o twitter com uma tentativa de campanha ao estilo Ku Klux Klan, depreciando os nordestinos. O motivo da diversão? Culpar os eleitores da região - donos de 28% dos votos do País - pela vitória da petista Dilma Rousseff.
Uma iniciativa como essa, longe de merecer uma discussão mais profunda, deve ser vista como um mero surto de "jus esperneandi". O esperneio de quem não sabe perder e precisa culpar alguém, que não seu próprio candidato, pelo fracasso nas urnas. Atacar os nordestinos foi a via mais fácil encontrada. Afinal, Dilma venceu José Serra nos nove Estados da região, e em alguns deles, ficou com mais de 70% dos votos.
Mas a matemática, ainda bem, é uma ciência exata. E na ponta do lápis, é possível constatar que os nordestinos apenas aumentaram a vantagem que Dilma obteve no resto do País. Nas regiões Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, ela recebeu 1.873.507 votos a mais do que José Serra. E se o tucano venceu a disputa no Sul, no vizinho Sudeste ele foi derrotado por Dilma com uma vantagem de 1.630.614 votos.
Não é a primeira vez que gente "instruída" do Sul Maravilha prega contra o Nordeste. É fácil, porque sempre foi a região mais carente do Brasil. Que somente no governo Lula passou a receber um pouco mais atenção, embora isso ainda se traduza em ações meramente assistenciais. Mas ao contrário do que pregam, de barriga cheia, alguns setores da suposta intelectualidade nacional, a mesada do Bolsa-Família ainda é melhor que a fome e a miséria.
Independente do que se pense de Lula, Dilma ou mesmo Serra, o importante é não alimentar a tentativa irresponsável de sectarizar ainda mais uma eleição que, de tão baixo nível, criou no Brasil duas facções praticamente inimigas. Uma ferida que vai demandar tempo e muito esforço político para cicatrizar.
Idiotice é jogar combustível nessa fogueira, sem medir as consequências. Já houve no Brasil uma campanha no sentido inverso. Um grupo defendia que o Nordeste fosse declarado independente do restante do País. Não havia internet, mas era outra iniciativa sem pé nem cabeça, tal qual essa a que assistimos agora.
Seria bom, portanto, desmontar os palanques, reconhecer a derrota e aprender a conviver com ela. Afinal de contas, acima de todas as diferenças, quem votou em José Serra, Marina Silva, Plínio de Arruda Sampaio ou qualquer outro candidato - e mesmo aqueles que, insatisfeitos com a falta de melhores opções, anularam o voto - vive e mora no Brasil. E até onde a história mostra, a briga entre irmãos sempre acabou em tragédia
Um dia depois de proclamado o resultado oficial do segundo turno, alguns serristas decidiram chamar a atenção para si, após a derrota do seu candidato a presidente. Invadiram o twitter com uma tentativa de campanha ao estilo Ku Klux Klan, depreciando os nordestinos. O motivo da diversão? Culpar os eleitores da região - donos de 28% dos votos do País - pela vitória da petista Dilma Rousseff.
Uma iniciativa como essa, longe de merecer uma discussão mais profunda, deve ser vista como um mero surto de "jus esperneandi". O esperneio de quem não sabe perder e precisa culpar alguém, que não seu próprio candidato, pelo fracasso nas urnas. Atacar os nordestinos foi a via mais fácil encontrada. Afinal, Dilma venceu José Serra nos nove Estados da região, e em alguns deles, ficou com mais de 70% dos votos.
Mas a matemática, ainda bem, é uma ciência exata. E na ponta do lápis, é possível constatar que os nordestinos apenas aumentaram a vantagem que Dilma obteve no resto do País. Nas regiões Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, ela recebeu 1.873.507 votos a mais do que José Serra. E se o tucano venceu a disputa no Sul, no vizinho Sudeste ele foi derrotado por Dilma com uma vantagem de 1.630.614 votos.
Não é a primeira vez que gente "instruída" do Sul Maravilha prega contra o Nordeste. É fácil, porque sempre foi a região mais carente do Brasil. Que somente no governo Lula passou a receber um pouco mais atenção, embora isso ainda se traduza em ações meramente assistenciais. Mas ao contrário do que pregam, de barriga cheia, alguns setores da suposta intelectualidade nacional, a mesada do Bolsa-Família ainda é melhor que a fome e a miséria.
Independente do que se pense de Lula, Dilma ou mesmo Serra, o importante é não alimentar a tentativa irresponsável de sectarizar ainda mais uma eleição que, de tão baixo nível, criou no Brasil duas facções praticamente inimigas. Uma ferida que vai demandar tempo e muito esforço político para cicatrizar.
Idiotice é jogar combustível nessa fogueira, sem medir as consequências. Já houve no Brasil uma campanha no sentido inverso. Um grupo defendia que o Nordeste fosse declarado independente do restante do País. Não havia internet, mas era outra iniciativa sem pé nem cabeça, tal qual essa a que assistimos agora.
Seria bom, portanto, desmontar os palanques, reconhecer a derrota e aprender a conviver com ela. Afinal de contas, acima de todas as diferenças, quem votou em José Serra, Marina Silva, Plínio de Arruda Sampaio ou qualquer outro candidato - e mesmo aqueles que, insatisfeitos com a falta de melhores opções, anularam o voto - vive e mora no Brasil. E até onde a história mostra, a briga entre irmãos sempre acabou em tragédia
Vitória de Dilma gera xenofobia contra nordestinos no Twitter
O resultado das eleições para a Presidência do Brasil gerou uma série de comentários preconceituosos contra os nordestinos no microblog Twitter desde a noite deste domingo. O comentário que deu início à onda de xenofobia (aversão a outras raças e culturas) foi da usuária @maiarapetrusio que postou um comentário sobre a vitória da presidente eleita Dilma Rousseff. A estudante de direito postou a frase "nordestino não é gente, façam um favor a SP, mate um nordestino afogado!" e logo depois apagou os twitts e deletou o perfil na rede social durante a madrugada. Mas os usuários foram mais rápidos e propagaram a mensagem. O sobrenome da estudante também estaá entre os assuntos mais comentados.
Uma página na internet reuniu vários posts divulgados no twitter com mensagens preconceituosas. Entre elas, twitts que chamam os nordestinos de miseráveis e ignorantes e críticas ao programa bolsa família.
Os usuários do microblog rebateram os comentários favoráveis aos nordestinos como do twiteiro @marcost29. "Viva os paraibanos, pernambucanos, portiguares, cearences, baianos, sergipanos, alagoanos, maranhenses e piauienses!".
Xenofobia
A tag "#orgulhodesernordestino" desencadeou desde a noite de ontem, quando foi anunciada a vitória de Dilma Rousseff para Presidência, uma série de protestos contra os nordestinos. O assunto foi o primeiro dos Trending Topics no Brasil e está até a tarde desta segunda entre os dez assuntos mais comentados pelos twitteiros.
Perguntamos a FHC o que Ele acha da situação política de José Serra:
Preconceito (escancarado) no Twitter contra nordestinos
Vejam que beleza é o eleitorado tucano
Update: inclusão de um print do Facebook, se eu achar mais eu coloco.
(Mudei o título do post porque xenofobia pode não ser aplicável no caso, por ser entre pessoas do mesmo país, pelo que pesquisei e devido a um comentário que me alertou disso)
P.S.: Sou paulistano, mas completamente intolerante ao preconceito. Minha mãe nasceu em Pernambuco mas isso não faz diferença nenhuma na minha atitude de postar esses casos ou não. Quem quiser me mandar imagens ou links, maumauz@ig.com.br
Preconceito dá cadeia
Delegacias de Crimes Eletrônicos: cliquem neste link
Lei 7.716, de 1989, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
III – a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores.
(Clique nas imagens para ampliar)
Quem quiser divulgar via twitter é só comentar nesta imagem: http://twitpic.com/32tieh
Update - Mais um lamentável caso de preconceito e racismo no Twitter:
E mais dois, jesus.... Cansei de ficar botando no twitpic:
Ah se preparem que encontrei mais:
Pra finalizar, quem acha que a Dilma foi eleita só por causa do Norte/Nordeste (o que propiciou toda essa ignorância) é que não viu os números, já que Serra não teve larga vantagem nem em SP e RS, e teve só em torno de 40% em estados como MG e RJ, quatro estados que poderiam ter decidido a favor de Serra facilmente, números não mentem: http://goo.gl/NABF
E sem o Nordeste Dilma seria eleita do mesmo jeito: http://goo.gl/AmRR
O racismo está crescendo em todo o planeta
O novo logo do PSDB
Pravda
Nenhum Estado está imune ao racismo
Esta afirmação vem de do Relator Especial da ONU sobre o racismo, Githu Muigai, quando ele apresentou dois relatórios para a Assembleia Geral da ONU na segunda-feira. Seus resultados são um triste comentário sobre o desenvolvimento da humanidade, ou seja, a praga do racismo e a xenofobia toda a sociedade.
"O racismo e a xenofobia não são problemas de ontem, eles continuam a ser um imenso desafio para hoje", afirmou Githy Muigai, nomeado Relator Especial da ONU sobre Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em agosto de 2008. Nos dois relatórios que apresentou à Assembléia Geral, na segunda-feira, manifestou preocupação de que ainda há discriminação contra as pessoas por causa da sua religião ou convicções, continua a haver ataques a locais religiosos, continua a existir perfilhação étnica e religiosa e os estereótipos negativos da religiões, assim como as idéias negativas em relação a migração e aos migrantes, xenofobia e racismo generalizado devido à etnia de uma pessoa.
O relatório é, numa palavra, chocante: "Seja o membro de uma minoria étnica que é agredido ou morto, no contexto de um conflito devido à condição da sua minoria, o indivíduo submetido a buscas, interrogatórios e detenções, unicamente por causa da sua percebida origem religiosa ou étnica, o migrante, o refugiado ou requerente de asilo que enfrenta diariamente a discriminação devido a seu status como um não-cidadão, ou o jogador de futebol que é insultado por causa de sua cor da pele - todas essas pessoas, infelizmente, demonstram a validade da minha afirmação ".
Pior ainda, o Sr. Muigai declarou que a prática do racismo é difundido, e que nenhum Estado está imune a partidos políticos, movimentos e grupos extremistas, embora salientando que "o racismo pode levar a genocídio, crimes de guerra, limpeza étnica e crimes contra a humanidade ".
A migração, segundo Githu Miugai, é uma área em que a desumanização do indivíduo através de discursos de ódio pode gerar ações negativas e pessoas a incitarem atos de violência, incluindo assassinatos.
O relatório exorta as nações a "serem vigilantes contra os grupos extremistas e condenarem e proibirem as organizações e actividades que promovam ou incitem a discriminação racial", sublinhando que "os migrantes, refugiados e requerentes de asilo, independentemente de sua condição migratória, têm direito a ter todos os seus direitos humanos protegidos pelo Estado onde vivem, sem discriminação ".
Racismo, o medo do desconhecido. Racismo, uma reação intolerante promovida por um estúpido, imbecil, ignorante ou mal orientado, que teme o que é diferente, assim como tem medo do escuro. Racismo, um veículo perfeito para uma mentalidade "nós e eles", que forma preto e branco nos dois extremos, aos pés do arco-íris, sem qualquer capacidade de apreciar a beleza entre eles, uma mentalidade em que o "eles" justifica o "nós", e quanto mais fraco o ego, mais forte a necessidade de retratar o "eles" como um ID perigoso.
Quando o mundo vai se unir como um só, percebendo que nenhum ser humano pode ser "ilegal" em qualquer lugar do planeta que pertence a todos, e ao mesmo tempo a ninguém. Uma ave migratória pode ser considerada intrusa quando sobrevoa uma fronteira nacional invisível?
No décimo aniversário da Estação Espacial Internacional, agora que os nossos Governos e cientistas criaram um projeto que transcende todas as fronteiras nacionais, todas as divisões étnicas, raciais e religiosas, que já abrigou homens e mulheres de quase todos os cantos da Terra, a Humanidade como um todo deve seguir o exemplo. Afinal, todos nós somos terrestres, somos todos seres humanos.
Não basta punir apenas os playboyzinhos escrotos de São Paulo, é preciso ir atrás dos grandes disseminadores do preconceito no país
Os babacas antinordestismos no twitter nada mais fazem do que reproduzir os preconceitos que observam diariamente no PIG. Programas humorísticos de gosto duvidoso, tanto na TV quanto no rádio; programas de debates políticos e culturais, novelas, reportagens, editoriais... Todo um batalhão de publicistas do racismo, munidos de arsenal de conceitos esteriotipados que só prestam para perpetuar preconceitos de cor, classe, regionais, estéticos, culturais, linguísticos. Os escrotos do twitter provavelmente sofrerão algum tipo de sanção, e as hienas do PIG, quem cala?
Segue abaixo uma lista dos maiores divulgadores do preconceito no Brasil:
Ali Kamel, eminência parda do Brasil colonial
Eliane Cantanhede, a musa da massa cheirosa
Reinaldo Azevedo, paraninfo da elite fascistóide
Diogo Mainardi, porta voz da direita delinquente
Otávio Frias, herdeiro do DOI-CODI
Victor Civita, o publicitário do fascismo
Danilo Gentili, o herói da direita descolada e modernosa
Boris Casoy, o último dos CCC
Como esses, há muitos outros, estão por aí a galvanizar as centelhas do fascismo, não admitem que a classe trabalhadora tenha acesso a cidadania. Como cada vez mais perdem espaço no poder, querem botar fogo no país. Suas crias, por enquanto, agem apenas nas redes sociais de elite da internet. É preciso barrar essa corja e todos os seus seguidores.
PS: Quero ver essa playboyzada destilar seu fascismo na quebrada, relinchar em frente do computador é fácil. Aqui o chicote estrala burguesada de merda!
*docappacete