Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (DEM), segurou a remoção de pessoas de cerca de 200 barracos na favela de Paraisópolis (zona sul de SP) para não atrapalhar a campanha do candidato aliado José Serra(PSDB), mas ontem, Kassab mandou jogar os moradores na rua e foi marcada por um tumulto no início da tarde de ontem.
Policiais jogaram bombas de gás lacrimogênio nos moradores, para evitar tumulto, segundo guardas-civis municipais que estavam no local.
Já o prefeito Kassab,disse que o local vai passar por processo de urbanização e regularização dos imóveis construídos lá irregularmente, e os donos de imóveis invadidos poderão doar seus antigos terrenos em troca de abatimento de eventuais dívidas com a prefeitura.
Favela ao lado do bairro nobre
Paraisópolis é um bairro da cidade de São Paulo, que está localizada no distrito de Vila Andrade, mas pertence à região do Morumbi, na zona sul paulistana. É derivado da favela de Paraisópolis, e tem uma população estimada em 80 mil pessoas. São 20 mil domícilios no bairro.Informações do jornal Agora
E você que votou no Alckmin/Kassab...
Prefeitura vai retirar camelôs.; Onde está o Serra que não defende as pessoas de baixa renda?
A partir da próxima segunda-feira, a Operação Delegada entrará em vigor nas ruas do Itaim Paulista (zona leste de SP).
Ambulantes que atuam na região, foram notificados por fiscais da Subprefeitura do Itaim Paulista de que terão mercadorias e barracas apreendidas se tentarem trabalhar sem autorização.
A Operação Delegada permite a policiais militares, em dias de folga, trabalhar para a Prefeitura de São Paulo na fiscalização para evitar o comércio informal.
Em rede nacional, Lula dá os parabéns à ‘companheira Dilma’
Presidente afirmou também que é importante que ‘governo e oposição, sem abrir mão de suas opiniões, respeitem-se mutuamente e divirjam de forma madura e civilizada’
05 de novembro de 2010 | 20h 05
Sandra Manfrini e Luci Ribeiro – Agência Estado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou em rede nacional nesta sexta-feira, 5, a “companheira Dilma Rousseff” pela vitória nas eleições de domingo, 31. Lula afirmou ainda que “será motivo de grande satisfação” passar a faixa, no próximo dia 1º de janeiro, à primeira mulher eleita presidente da República. “Tenho perfeita consciência do imenso simbolismo desse ato”, enfatizou.
Lula afirmou que esse ato vai mostrar ao mundo inteiro e aos próprios brasileiros que “somos um País com instituições consolidadas, capazes de absorver mudanças e progressos”. “Simbolicamente, estaremos proclamando ainda que ninguém é melhor do que ninguém”, destacou.
Ele disse ainda que o resultado das eleições deixa claro que, no Brasil “não importam as diferenças de origem social, de sexo, de sotaque ou de fortuna. Somos todos brasileiros”. “E todos devem ter oportunidades iguais, o direito a sonhar com dias melhores e o apoio para melhorar sua vida e a de sua família”, concluiu.
Recado para a oposição
Lula aproveitou também para mandar um recado para a oposição. “Passadas as eleições, quando é compreensível que o calor da disputa gere confrontos mais duros, é importante que governo e oposição, sem abrir mão de suas opiniões, respeitem-se mutuamente e divirjam de forma madura e civilizada”, destacou.
Lula ressaltou que só um debate político qualificado poderá ajudar o Brasil a avançar nos campos econômico e social. “O Brasil vive hoje um momento mágico, de crescimento econômico, inclusão social, forte geração de emprego, distribuição de renda e redução das desigualdades regionais. Estou convencido de que, nos próximos anos, o Brasil poderá consolidar-se como uma terra de oportunidades e de prosperidade, transformando-se numa nação desenvolvida. Avançaremos mais rapidamente nessa direção, se soubermos qualificar o debate político”, recomendou.
O presidente afirmou também que “está orgulhoso do nosso povo e do nosso País”. Segundo ele, “o povo brasileiro, mais uma vez, deu uma extraordinária demonstração do vigor da nossa democracia”, ressaltando que mais de 106 milhões de eleitores foram às urnas. “E, num ambiente de tranquilidade e entendimento, mas também de paixão e entusiasmo, promoveram uma grandiosa festa democrática em todo o Brasil”.
Ele também parabenizou a Justiça Eleitoral que, segundo ele, “dirigiu com equilíbrio e competência a disputa. Horas depois de encerrado o pleito, graças ao sistema eletrônico de votação e apuração, já conhecíamos os resultados”.
Segundo Lula, a “festa democrática de domingo foi o coroamento de um processo eleitoral que mobilizou o País durante meses, no qual foram escolhidos não só a nova presidente, como também governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais”. “Esse processo foi realizado sob o signo da liberdade. O Povo pode escolher seus dirigentes e representantes livremente. Também livremente, partidos e candidatos puderam expressar suas opiniões, defender suas ideias e criticar as propostas dos seus adversários”, acrescentou.
O Instituto Millenium promove um Fórum em Minas Gerais, com a benção de Aécio Neves, e escolhe para palestrar sobre Reforma Agária... um monarquista, além da Senadora Kátia Abreu (DEMos/TO).
"Sua alteza" percorre o Brasil fazendo conferências para ruralistas e empresários. Do "alto de sua realeza", considera a Reforma Agrária e os movimentos sociais "nocivos" para os "rumos da civilização cristã", construída na concepção de seus antepassados, onde o lugar que cabia ao trabalhador rural era a senzala.
Além de "Sua Alteza Imperial", e além de Aécio Neves (PSDB/MG), o governador Anastasia (PSDB/MG) palestra na abertura, e o ex-presidente FHC encerra o Fórum.
Fernando Henrique Cardoso, o professor Cardoso, o príncipe dos sociólogos, o Farol de Alexandria, o sujeito mais vaidoso que caminha sob o sol, o grande parlapatão brasileiro (o senador Pedro Simon é um mero parlapatinho). Um cara que lambia o chocolate para não ter que dividí-lo com os próprios filhos e a mulher Ruth, segundo ele mesmo admitiu, entre o jocoso e o tolinho.
Pois, o professor Cardoso acaba de ser derrotado pela terceira e consecutiva volta, talvez, quarta, se computarmos o índice de popularidade com o qual se despediu do poder planaltino em janeiro de 2003, nada além de 23%, nível inferior à popularidade da governadora Yeda no Rio Grande do Sul, para vocês terem uma pálida ideia do rechaço popular ao Farol.
O jornalista João Moreira Sales fez uma reportagem com o príncipe, quando dona Ruth ainda era viva. O texto memorável foi publicado na revista Piauí (edição nº 11, de agosto/2007), e pode ser lido aqui. Vale a pena a leitura atenta. A seguir transcrevo o trecho final da reportagem com o grande parlapatão:
[...] À noite, amigos convidam a família Cardoso para um show de flamenco. A mesa é colada ao palco. A cada arranco do dançarino, que bate furiosamente os pés no chão, o presidente recua na cadeira, assustado.
Para o último jantar de FHC em Madri, no dia seguinte, ele, dona Ruth, Julia e um casal de amigos vão a um restaurante simplíssimo, quase um botequim. Oito mesas, se tanto. O ex-presidente vai direto para a cozinha e volta feliz: "Ganhei quatro votos", anuncia. As paredes são cobertas de fotografias - toureiros, políticos, o príncipe das Astúrias. "Vou ver as fotos", diz, e levanta de novo. Chegam croquetes, morcela, aspargos, queijo. Ele se farta. "A Ruth tinha essa educação comunista com os filhos, essa história de dividir tudo, inclusive a comida boa que de vez em quando eu trazia pra casa. Depois de um tempo, passei a lamber o chocolate na frente deles, pra ninguém meter a mão." "O camembert ele escondia no armário", confirma Ruth Cardoso. De sobremesa, Fernando Henrique derruba um prato de arroz-doce e se encanta quando descobre que ali servem rabanada também. Come rabanada a valer. Ao saber quem é o cliente, dono e funcionários do restaurante pedem fotos. FHC volta à minúscula cozinha e, junto do forno, posa com quatro empregados, todos com cara de mexicano. "Pronto, agora consolidei o voto", comemora. Alguém comenta: "Consolidou. No México".
Ruth Cardoso registra tudo, sem dar muita atenção. Se há alguém que não cai nos números do marido, é ela. Conta de uma viagem a Buenos Aires, quando passeavam pelo bairro da Recoleta e foram reconhecidos por um ônibus de turistas brasileiros. Confusão instalada, desceram todos e começaram a bater fotos. O sorriso de FHC se abre feito uma cortina. "Olha só pra ele", alfineta Ruth Cardoso. "Deviam ser todos petistas, Fernando, e você não passava de atração turística." Ele não se dá por vencido: "Em restaurantes de Buenos Aires eu sou aplaudido quando entro. É que eu traí os interesses da pátria, então lá eles me adoram". A neta Julia balança a cabeça: "Como é que ele diz essas barbaridades...".
Fotografia de Zeca Wittner/AE, pescada na revista CartaCapital desta semana, onde ilustra muito bem um artigo demolidor de Mino Carta contra o príncipe-e-farol.
Desta vez é um vídeo que, com serenidade, analisa os possíveis cenários após a eleição de Dilma.
O título, Dilma Rousseff 2010, já deixa intuir algumas coisas. Mas é ao assistir às imagens que podemos perceber qual a verdade: o Brasil está à beira do Armageddon.
Aprendizes clarividentes, os apoiantes de Serra confeccionaram um filme que não deixa dúvida: Dilma não deixará pedra sobre pedra e, após ter destruído São Paulo,o seu objectivo será a aniquilação do Brasil inteiro. Violência descontrolada, isolamento internacional, guerra civil: são apenas algumas das consequências. Os capitais? Fugidos. O turismo? Já é história. Irão e Venezuela estão no futuro dos Brasileiros, e por os piores motivos.
Na prática, o Brasil deixará de existir tal qual hoje o conhecemos.
E Dilma poderá então abandonar-se à orgias sabáticas no topo de Pão de Açúcar, entre luxuria e gargalhadas.
Esta última parte não é presente no vídeo, mas representa o seu óbvio desfecho.
Agora ficamos à espera da próxima curto-metragem na qual, provavelmente, será mostrada a altura em que Dilma assinou o pacto com o Diabo.
Ao que parece, o vídeo foi posto no site oficial da campanha de José Serra mas, após poucas horas, foi retirado.
Pena, pois bem demonstra a espessura da candidatura do PSDB.
Só um reparo: o título não deveria ser "Dilma 2012" mas "Boomerang".
Passado o vendaval da mais agressiva campanha eleitoral do Brasil pós-ditadura militar — mas ainda assim incapaz de desviar a nação dos trilhos de um projeto que vai agora inaugurando sua terceira etapa — é possível antever o caminho traçado pela primeira mulher escolhida por quase 60% dos 190 milhões de brasileiros para governar seu país.
Mais importantes que o fato de Dilma Roussef se tornar a primeira mulher presidente de um país em grande parte conservador e machista são as qualidades da presidente. Sementes de boa cepa, resistentes à seca e às tempestades, elas se desenvolveram num solo dizimado pela idéia de que não passava de uma “invenção política” do presidente Lula.
Cresceram teimosamente a cada golpe desfechado pelo jogo desleal de uma oposição disposta a reconquistar a qualquer preço o poder. Terminaram por vicejar frondosamente, a ponto de derrubar o mito com que geralmente se procura desclassificar as eleições presidenciais brasileiras — travadas entre os “dois Brasis” que coexistem num país de proporções continentais, com um eleitorado dividido em “segmentos” de classe.
Dilma seria, segundo tal ponto de vista, a candidata dos pobres e analfabetos de regiões atrasadas, derrotada nos estados “modernos” dos ricos e educados.
Dilma venceu no conjunto do Brasil, e em todas as classes sociais, pela franqueza, coragem e sentido pragmático com que colocou na boca de cena da política brasileira a competente executiva dos bastidores dos oito anos do governo Lula e sua extraordinária familiaridade com os grandes problemas e a complexidade do Brasil.
Por maior que tenha sido o empenho dos grandes meios de comunicação, e por milhões que tenham sido as mensagens apócrifas que se espalharam como vírus pela internet nos últimos meses, Dilma desconstruiu, uma a uma, as falsas personagens com que tentaram manchar sua candidatura.
Além de “criatura” de Lula, ela foi a “terrorista de alta periculosidade” que iria levar o Brasil a uma sangrenta luta armada; foi a doente em estado terminal que morreria ao assumir, deixando o governo para seu vice Michel Temer, fruto da coalizão com o velho PMDB, que a esquerda não consegue engolir.
Na versão da casta candidata a primeira-dama de seu adversário José Serra, tornou-se até mesmo uma potencial “assassina de criancinhas” por ter considerado a gravíssima questão do aborto no Brasil um caso de saúde pública.
Foi esta a mulher que, em seu primeiro pronunciamento como presidente eleita, cercada por correligionários do Partido dos Trabalhadores, leu, durante 25 minutos, (Lula falaria de improviso, provavelmente) o discurso com que carimbou cada uma de suas promessas de campanha, e que em última instância podem ser traduzidas num mesmo e único esforço: o de manter e ampliar um projeto político visando a redistribuição de renda, sem que isso implique num processo de radicalização ou estimule uma polarização na sociedade brasileira.
De um lado, Dilma passou a borracha na tinta ainda fresca dos jornais que conspiraram abertamente contra ela e fez o elogio e a defesa intransigente da liberdade de imprensa. Estendeu à mão à oposição, comprometendo-se com uma proposta de pacificação e diálogo e, para surpresa de todos, chegou a citar nominalmente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como um político de quem guarda “as melhores impressões”.
Do outro lado, deixou claro que não haverá ajuste fiscal às custas do social: ao contrário da Europa, onde os governos estão dilapidando o Estado do Bem Estar, o Brasil à la Roussef vai gastar mais ainda que o de Lula nos programas sociais, nos serviços essenciais e dos investimentos em infraestrutura. Ela sabe que o Brasil jamais será um país desenvolvido enquanto houver brasileiros com fome, famílias morando nas ruas e crianças abandonadas à sua própria sorte.
Em tempos de crise como a que o mundo se encontra mergulhado, este Brasil seguirá estimulando seu mercado interno e sua poupança. Vai aprovar um fundo social para investimentos na educação com os recursos do pré-sal e no modelo de partilha na exploração do petróleo. E vai manter inalteradas as diretrizes da política externa dos últimos anos, principalmente no que toca ao fortalecimento das relações Sul-Sul, especialmente com a América Latina — ao mesmo tempo que deve bater mais fortemente na luta contra o protecionismo dos países ricos e contra a guerra cambial.
Com estes elementos, é possível entender Dilma Roussef pela lógica de consolidação de uma novíssima social democracia brasileira, ou pelo espírito revigorado de uma esquerda da qual os países centrais foram sistematicamente se afastando a partir dos anos 70, até abandoná-lo definitivamente com a adesão incondicional aos princípios neoliberais globalitários dos anos 90.
Dilma terá mais facilidades neste processo de consolidação: os dez partidos da base governista, liderados pelo PT, conquistam pela primeira vez ampla maioria no Congresso Nacional e governar, aparentemente, vai ficar mais fácil.
Ao mesmo tempo, o Brasil sombrio e subterrâneo que emergiu do ódio e da polarização que alimentaram a campanha presidencial deste ano deu provas da resistência de sua sobrevida. Foi possível sentir no ar, o tempo todo, o desconforto anti-igualitário de uma classe média temerosa de perder seus privilégios diante do novo contingente de brasileiros que chega enfim a seu patamar.
Não é a primeira vez que isto acontece: foi assim nos momentos críticos que antecederam a morte trágica de Getúlio Vargas em 1954; na resistência à posse de Juscelino Kubitschek, em 1955; na manobra constitucionalista que evitou que o vice de Jânio Quadros, Jango Goulart, o substituísse depois de sua renúncia, e na desconstrução da liderança de Goulart como presidente, que culminou com o golpe militar que o depôs de 1964.
As garras afiadas deste Brasil sombrio voltaram a se retrair, mas a campanha para 2014 já começou. Como Lula, o primeiro operário a chegar à presidência, Dilma, a primeira mulher, não pode errar. Oxalá suas qualidades a levem a impor sua própria marca nos próximos quatro anos, de importância fundamental para o futuro do Brasil e de toda a América do Sul.
Esse é o lema predominante no capitalismo contemporâneo. Universalizado a partir da Europa ocidental, o capitalismo desqualificou a todas outras civilizações como ‘bárbaras”. A ponto que, como denuncia em um livro fundamental, Orientalismo, Edward Said, o Ocidente forjou uma noção de Oriente, que amalgama tudo o que não é Ocidente: mundo árabe, japonês, chinês, indiano, africano, etc. etc. Fizeram Ocidente sinônimo de civilização e Oriente, o resto, idêntico a barbárie.
No cinema, na literatura, nos discursos, civilização é identificada com a civilização da Europa ocidental – a que se acrescentou a dos EUA posteriormente. Brancos, cristãos, anglo-saxões, protestantes – sinônimo de civilizados. Foram o eixo da colonização da periferia, a quem queriam trazer sua “civilização”. Foram colonizadores e imperialistas.
Os EUA se encarregaram de globalizar a visão racista do mundo, através de Hollywood. Os filmes de far west contavam como gesto de civilização as campanhas de extermínio das populações nativas nos EUA, em que o cow boy era chamado de “mocinho” e, automaticamente, os indígenas eram “bandidos, gestos que tiveram em John Wayne o “americano indômito”, na realidade a expressão do massacre das populações originárias.
Os filmes de guerra foram sempre contra outras etnias: asiáticos, árabes, negros, latinos. O país que protagonizou o mais massacre do século passado – a Alemanha nazista -, com o holocausto de judeus, comunistas, ciganos, foi sempre poupada pelos nortemamericanos, porque são iguais a eles – brancos, anglo-saxões, capitalistas, protestantes. O único grande filme sobre o nazismo foi feito pelo britânico Charles Chaplin – O grande ditador -, que teve que sair dos EUA antes mesmo do filme estrear, pelo clima insuportável que criaram contra ele.
Os países que supostamente encarnavam a “civilização” se engalfinharam nas duas guerras mundiais do século XX, pela repartição das colônias – do mundo bárbaro – entre si, em selvagens guerras interimperialistas.
Essa ideologia foi importada pela direita paulista, aquela que se expressou no “A questão social é questão de polícia”, do Washington Luis – como o FHC, carioca importado pela elite paulista -, derrubada pelo Getúlio e que passou a representar o anti-getulismo na politica brasileira. Tentaram retomar o poder em 1932 – como bem caracterizou o Lula, nada de revolução, um golpe, uma tentativa de contrarrevolução -, perderam e foram sucessivamente derrotados nas eleições de 1945, 1950, 1955. Quando ganharam, foi apelando para uma figura caricata de moralista, Jânio, que não durou meses na presidência.
Aí apelaram aos militares, para implantar sua civilização ao resto do país, a ferro e fogo. Foi o governo por excelência dessa elite. Paz sem povo – como o Serra prometia no campo: paz sem o MST.
Veio a redemocratização e essa direita se travestiu de neoliberal, de apologista da civilização do mercado, aquela em que, quem tem dinheiro tem acesso a bens, quem não tem, fica excluído. O reino do direito contra os direitos para todos.
Essa elite paulista nunca digeriu Getúlio, os direitos dos trabalhadores e seus sindicatos, se considerava a locomotiva do país, que arrastava vagões preguiçosos – como era a ideologia de 1932. Os trabalhadores nordestinos, expulsados dos seus estados pelo domínio dos latifundiários e dos coronéis, foi para construir a riqueza de São Paulo. Humilhados e ofendidos, aqueles “cabeças chatas” foram os heróis do progresso da industrialização paulista. Mas foram sempre discriminados, ridicularizados, excluídos, marginalizados.
Essa “raça” inferior a que aludiu Jorge Bornhausen, são os pobres, os negros, os nordestinos, os indígenas, como na Europa “civilizada” são os trabalhadores imigrantes. Massa que quando fica subordinada a eles, é explorada brutalmente, tornava invisível socialmente.
Mas quando se revela, elege e reelege seus lideres, se liberta dos coronéis, conquista direitos, com o avança da democratização – ai são diabolizadas, espezinhadas, tornadas culpadas pela derrota das elites brancas. Como agora, quando a candidatura da elite supostamente civilizada apelou para as explorações mais obscurantistas, para tentar recuperar o governo, que o povo tomou das suas mãos e entregou para lideres populares.
É que eles são a barbárie. São os que chegaram a estas terras jorrando sangue mediante a exploração das nossas riquezas, a escravidão e o extermínio das populações indígenas. Civilizados são os que governam para todos, que buscam convencer as pessoas com argumentos e propostas, que garantem os direitos de todos, que praticam a democracia. São os que estão construindo uma democracia com alma social – que o Brasil nunca tinha tido nas mãos desses supostos defensores da civilização.
Falando com o amigo Gilson acerca do biodiesel brasileiro (voltaremos a fala do assunto cedo ou tarde), lembrei dum artigo que tinha lido há bem pouco tempo.
O tema é: os carros electrícos.
Os automobilistas do Velho Continente, tal como os Norte-Americanos, já sabem: o futuro, segundo as grandes marcas construtoras de viaturas, é eléctrico.
E na prática não há uma casa automobilística hoje que não tenha no meio dos projectos um modelo híbrido (motor a gasolina acoplado com a um motor eléctrico); alguns já estão à venda, enquanto para os eléctricos "puros" (movidos exclusivamente com o motor eléctrico) será preciso esperar ainda poucas semanas.
Os próximos carros 100% eléctricos terão dois defeito: o preço e a autonomia.
No primeiro caso, os valores anunciados já são ridículos (o já citado Nissan consegue percorrer 160 quilómetros, depois pára), mas na utilização quotidiana são destinados a diminuir ulteriormente.
No segundo caso, um carro horrível como o Nissan Leaf custará 35 mil Euros: quanto um BMW Série 3 a gasolina, mais mais caro (de 2.000 Euros) dum Mazda 6 Turbodiesel.
Mas sabemos como é: estamos a falar de high tech, tecnologia de ponta, expressões máximas da engenharia do século XXI.
Os originais
O carro à direita é um Model 1316 da Woods Electric, construído em 1912: a velocidade máxima era pouca coisa, 33 km/h, e a autonomia era de 160 km.
O Nissan Leaf atinge os 160 km/h de velocidade, nada mal.
Pena que nestas condições a autonomia fique extremamente reduzida.
E quanto seria a dita autonomia em condições oprimais?
160 quilómetros, o mesmo valor do Model 1316 de 1912.
Em quase 100 anos de evolução, a industria automobilística conseguiu a mesma autonomia dum carro de 1912.
E que dizer dos tão publicitados híbridos, jóias das coroas dos maiores produtores de carro?
À esquerda o Lohner-Porsche Mixte Hybri, construído entre 1900 e 1905.
Desenvolvido por Ferdinand Porsche, funcionava com um motor eléctrico e um motor a gasolina, atingindo a velocidade máxima de 60 km/h. E tinha tracção integral.
Não era bonito? Não, não era. Porque, o Leaf é bonito?
A verdade é que entre o fim do século XIX e o inicio do XX (até os anos '30), era muito comum ver veículos eléctricos nas ruas, tanto comum quanto ver um carro a gasolina. Aliás: os carros eléctricos eram os mais vendidos.
E a razão era simples: a operacionalidade dos veículos movidos com energia eléctrica era simples (não eram necessárias mudanças), limpa e não barulhenta e a manutenção era reduzida pois não existem radiadores, óleo ou a vela de ignição.
Na altura a industria ainda não tinha decidido em qual dos dois tipos de propulsão apostar e os veículos eléctricos estavam no mesmo patamar dos a gasolina enquanto prestações.
O primeiro carro a ultrapassar a barreira dos 100 km/h, por exemplo, foi um carro eléctrico (La Jamais Contente, em 1899).
Entre 1910 e 1924 era oferecido um serviço de troca da bateria, praticado pela Hartford Electric Light Company para camiões eléctricos. O proprietário adquiria o veículo da General Electric Company (GVC) sem bateria, fornecida depois pela Hartford: o proprietário pagava uma taxa variável por quilometro e uma taxa de serviço mensal para a manutenção e o eventual armazenamento do camião. Ao longo de 14 anos foram mais de 6 milhões os quilómetros percorridos desta forma.
Eléctrico vs. gasolina
Mas, afinal, os carros movidos a gasolina acabaram por suplantar os "irmãos" eléctricos. Porquê?
Como resposta é possível fornecer alguns dados:
em 1859 é aberto o primeiro poço petrolífero dos Estados Unidos, em Pensilvânia.
em 1870 é fundada a primeira companhia petrolífera, a Standard Oil, de propriedade dum certo J.D.Rockfeller.
Pouco depois, o governo dos Estados Unidos decidiu não taxar a produção de petróleo.
É preciso acrescentar mais?
Assim, o desenvolvimento do motor eléctrico parou, para favorecer o mais poluente motor de combustão interna. E agora, passados 100 anos, as casas automobilísticas decidiram voltar a propor a mesma tecnologia obsoleta, desta vez com uma camada high-tech e, claro, preço a condizer.
*informainc
Eis um nordestino de valor, dentre tantos que existem e já existiram
Por Otávio Barros
Excelentíssimo Senhor Prefeito da Cidade do Recife
Dr. João da Costa
Nós, educadores,educadoras e militantes sociais das mais diferentes regiões do Brasil, queremos expressar a V. Excia, por meio desta Carta-Manifesto, nosso desejo e proposta de que se nomeie a área do antigo Hospital Psiquiátrico da Tamarineira de
“Parque Educador Paulo Freire”.
Paulo Freire, cidadão do Recife que se fez cidadão do mundo, respeitado e acatado por intelectuais, por artistas, por lideranças políticas e religiosas, pela gente humilde, por universidades e governos de países dos mais diferentes matizes ideológicos e culturais, jamais se esqueceu de sua terra natal, onde cresceu, estudou e aprendeu a se solidarizar e lutar até o último dia de sua vida em prol da promoção política, social e cultural dos oprimidos e oprimidas, dos excluídos e excluídas.
Nada mais justo, entendemos, que a sua cidade natal acolha o seu nome num lugar que terá certamente a sua “cara”: um parque repleto de mangueiras, jaqueiras e caramboleiras, visitadas pelos pássaros cantantes, cenário decantado por ele em muitos de seus livros, pois deste convívio com a natureza, desde quando viveu seus primeiros anos de vida na Estrada do Encanamento, no Recife, ele nunca se apartou.
Queremos, em setembro de 2011, na data em que Paulo Freire faria 90 anos de seu nascimento, unir, indissoluvelmente, sua pessoa sábia e profética ao destino possível do Recife, como a cidade que valoriza os seus líderes e pensadores, que enobrece a boniteza de sua gente e a sua natureza tropical exuberante, legando à sua população, dentro do projeto de cidade voltada para o futuro e para o bem estar de seus cidadãos e visitantes, o “Parque Educador Paulo Freire”.
Contando com a sua enorme capacidade de entender a história com sua generosidade para com os que generosamente amaram a sua cidade, com sua sensibilidade e sua forte convicção de que o Recife tem tudo para voltar a ser a grande metrópole do Nordeste, e tendo a certeza de que as gerações futuras hão de reconhecer o valor histórico desta justa homenagem ao recifense que se tornou o maior educador brasileiro
Subscrevemo-nos.
13 de outubro de 2010.
Ana Maria Araújo Freire (Nita Freire)
Derrotado nas urnas, o ex-candidato tucano à presidência, José Serra, participou nesta sexta-feira do encerramento do XI Fórum de Biarritz, no sul da França - dedicado a analisar as relações entre América Latina e União Europeia (UE) - a acusou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de desindustrializar o país e fazer "populismo" de direita em matéria econômica. Da plateia, um homem reagiu e gritou: "Por que não te calas?"
Durante sua palestra, Serra argumentou que não pôde discutir como gostaria durante a campanha eleitoral e declarou que o Brasil é um país fechado ao exterior. "Há um processo claro de desindustrialização", afirmou, criticando "a fraqueza" dos investimentos do governo e a elevada carga tributária.
"É um governo populista de direita em matéria econômica", afirmou, complementando que a a democracia não é só ganhar eleições, "é governar democraticamente".
O tucano também criticou o modelo de orçamento participativo, no qual o contribuinte pode decidir sobre a distribuição de parte dos impostos, adotado pelo Brasil e por outros países latino-americanos.
O ex-candidato também acusou o governo de se unir a ditaduras, como a do Irã. Neste momento, foi interrompido por um membro da Fundação Zapata, do México, que estava na plateia, e gritou: "Por que não te calas?", provocando um momento de agitação.Aqui no JB
As imagens foram feitas pelo marido da funcionária. O padre José Antonio Briton Solano aparece na cama com a mulher quando é surpreendido. Teolinda Amaya acusa o padre de abuso e afirma estar grávida dele. A mulher foi demitida, mas o padre continua trabalhando normalmente.