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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 07, 2010

Sim Elas podem

Ricardo Moraes
Uma mulher comemora a vitória de Dilma. A primeira presidente pode servir de modelo para uma geração de mulheres

2 Males evitados

Eleição rejeitou udenismo moralista e potencialmente golpista e americanização das discussões políticas






As eleições do último domingo foram livres e democráticas. Foram próprias de uma democracia consolidada, porque o Brasil conta com uma grande classe média de empresários e de profissionais e com uma classe trabalhadora que participa dos ganhos de produtividade.
Porque conta com um sistema constitucional-legal dotado de legitimidade e garantido por um Estado moderno, que é efetivo em garantir a lei e crescentemente eficiente em gerir os serviços sociais e científicos que permitem reduzir a sua desigualdade.
É verdade que os dois principais candidatos não conseguiram desenvolver um debate que oferecesse alternativas programáticas e ideológicas claras aos eleitores. Por isso, a grande maioria dos analistas os criticou. Creio que se equivocaram.
O debate não ocorreu porque a sociedade brasileira é hoje uma sociedade antes coesa do que dividida. Sem dúvida, a fratura entre os ricos e os pobres continua forte, como as pesquisas eleitorais demonstraram. Mas hoje a sociedade brasileira é suficientemente coesa para não permitir que candidatos com programas muito diferentes tenham possibilidades iguais de serem eleitos -o que é uma coisa boa.
Os dois males que de fato rondaram as eleições de 31 de outubro foram os males do udenismo moralista e potencialmente golpista e o da americanização do debate político.
Quando setores da sociedade e militantes partidários afirmaram que a candidata eleita representava uma ameaça para a democracia, para a Constituição e para a moralidade pública, estavam retomando uma prática política que caracterizou a UDN (União Democrática Nacional), o partido político moralista e golpista que derrubou Getulio Vargas em 1954.
Não há nada mais antipolítico ou antidemocrático do que esse tipo de argumento e de prática. As três acusações são gravíssimas; se fossem verdadeiras -e seus proponentes sempre acham que são- justificam o golpe de Estado preventivo. Felizmente a sociedade brasileira teve maturidade e rejeitou esse tipo de argumento.
Quanto ao mal da americanização da política, entendo por isso a mistura de religião com política em um país moderno.
Os Estados Unidos, que no final da Segunda Guerra Mundial eram o exemplo de democracia para todo mundo, experimentaram desde então decadência política e social que teve como uma de suas características a invasão da política por temas de base religiosa como a condenação do aborto.
De repente um candidato passa a ser amigo de Deus ou do diabo, dependendo de ser ele “a favor da vida” ou não. A separação entre a política e a religião -a secularização da política- foi um grande avanço democrático do século 19. Voltarmos a uni-las, um grande atraso, a volta à intolerância.
A sociedade brasileira resistiu bem às duas ameaças. E a democracia saiu incólume e reforçada das eleições.
Em seu discurso após a eleição, Dilma Rousseff reafirmou seu compromisso com os pobres, ao mesmo tempo em que se dispôs a realizar uma política de conciliação, não fazendo distinção entre vitoriosos e vencidos.
Estou seguro que será fiel a esse compromisso, como o foram os últimos presidentes. Nossa democracia o exige e permite
bresserpereira
*Luis Favre

Decadência do pasquim fascio de luxo e do trololó man

Profissionais da Óia, tremei!





O ponta de lança, o aríete da canalhice fascista da revista Óia  agora é usado como bode expiatório e a extinção da sua coluna é oferecida como bônus para quem assinar o lixo.
A Óia é insuperável, em canalhice.
Profissionais da Óia, tremei! Sim, porque depois desse telemarquetingui outras cabeças rolarão se esse primeiro esforço de recuperar a credibilidade não der bons resultados, isto é, se as vendas continuarem despencando.  Tudo indica que a descida é longa e sabe-se lá o que aguarda a revista no fim da ladeira da decadência.

*GilsonSampaio

Imprensa francesa ignora a presença de SS errático https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR4eFnRoWHwbp2qTo18XdTx7GAM39Pool9lL8UqIgPGSskJ6spgPOk9SMkr4m0AWAe5lZZp-BuwuPzlL1yOih-ASi7bGI0AIztGUeVFZG59DhGjjsbKYSp8HZQs616OXendSW51FfSqo4/s1600/POR+QUE+NO+TE+CALLAS.jpg

Pela foto, a bolinha de papel deve estar doendo ainda
O candidato derrotado à Presidência pelo PSDB, José Serra, desferiu na quinta-feira, em Biarritz, no sudoeste da França, críticas frontais ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ao qual chamou de populista e "de direita" em seu primeiro compromisso político internacional após a derrota nas eleições no domingo.
Quando reclamou da política externa e da aproximação com o Irã, ouviu de um membro mexicano da plateia: "Por que não se cala?"
Outro brasileiro ilustre, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, também estava presente no fórum, mas se retirou antes do discurso de Serra.
Aberto na quinta-feira e encerrado na sexta-feira no País Basco, fronteira com a Espanha, o 11.º Fórum de Biarritz - União Europeia-América Latina visava a discutir as relações políticas, econômicas e sociais entre os dois continentes.
O evento não contou com a presença de chefes de Estado, nem mesmo do presidente da França, Nicolas Sarkozy. Nem a Embaixada do Brasil em Paris enviou representantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Os últimos destaques da imprensa francesa sobre o Brasil e brasileiros nos grandes jornais que destacam a vitória de Dilma Rousseff no 2º turno das eleições brasileiras.


Dilma Rousseff, première femme présidente du Brésil
O presidente Nicolas Sarkozy na noite passada enviou seu "mais calorosas felicitações" a Sra. Dilma Rousseff pela sua eleição como presidente do Brasil, que "comprova" a ele "o reconhecimento do povo brasileiro pelo extraordinário trabalho que tem feito com Presidente Lula do Brasil para um moderno e mais justo. "
Em uma mensagem divulgada pelo Palácio do Eliseu imediatamente após o anúncio dos resultados eleitorais no Brasil, o líder do governo francês prevê que "a França e Brasil compartilham valores comuns e uma visão comum do mundo". Os dois países são particularmente "convencido de que é urgente lutar contra as alterações climáticas" e "acreditam no multilateralismo renovado para manter o mundo multipolar, tendo em conta as realidades do século XXI". (Le Figaro)


Large succès électoral pour Dilma Rousseff, la première femme à diriger le Brésil
Pela primeira vez na sua história, o Brasil vai em breve ser governado por uma mulher. Dilma Rousseff, 62 anos, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleito domingo, 31 de outubro o 40 º presidente do país desde o advento da República em 1889.
Com 56% dos votos contra 44% do seu adversário, ele superou significativamente o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), José Serra, 68. Uma diferença de 12 milhões de votos. Ela prevalece em todo o país, exceto nos três estados do sul. Rousseff assumirá o cargo por quatro anos em 01 de janeiro de 2011. (Le Monde)

*Celso Jardim

Réquiem para o Trololó Man

 



rat fracasso na Espanha




Ratzinger dá preju na Espanha

Fracasso da 'operação' Ratzinger' - Quem vai pagar o negócio falido: Feijó, Bugalho ou o povo galego?
061110_ratzingergz Diário Liberdade - Uma cidade vazia e com a hotelaria abaixo da ocupação de qualquer fim de semana foi a paisagem deste sábado em Compostela. Ninguém viu as 200.000 pessoas garantidas pela Junta e a Câmara Municipal.
O balanço da delirante aposta econômica das instituições públicas (com o dinheiro de todos e todas nós) fica eloqüentemente resumido pela assistência final à capital galega para ver o líder da seita católica. As 200.000 pessoas anunciadas pelo governo do PP e apoiadas pelos governos espanhol (PSOE) e compostelano (PSOE+BNG) ficaram reduzidas a 15.000, no cálculo mais optimista.
Dificilmente poderemos acreditar em que a jornada tenha deixado, como prometeram os dirigentes do PP e do PSOE, 30 milhões de euros de lucros para Compostela e Galiza.
Convém agora lembrarmos que essa era precisamente a grande coarctada com que Núñez Feijó (presidente da Junta) e Sánchez Bugalho (presidente da Câmara compostelana) contavam para justificar incondicionalmente a visita de Ratzinger e os 3.000.000 de euros malbaratados numa visita de umas poucas horas (em Barcelona as instituições investiram menos de metade). A gravidade do assunto é maior se tivermos em conta a crise brutal do sistema e a ofensiva em curso contra os salários e direitos laborais da maioria social que vive do seu trabalho.
E agora que a realidade e os hoteleiros compostelanos já desmentiram a teoria dos 200.000 visitantes, que não apareceram, alguém deveria pagar o negócio falido. Eles que tanto defendem o livre mercado e as privatizações, deveriam responder como se faz nesses âmbitos quando uma aposta financeira ou especulativa nom dá certo: com umha renúncia ou demissom fulminante.
No entanto, como sabemos que este simulacro bourbónico de democracia que os espanhóis nos imponhem (com a colaboraçom da burguesia galega, a verdade seja dita) carece de qualquer mecanismo de garantia para os interesses do povo face à cleptocracia que nos malgoverna, podemos garantir desde já que nom vai haver demissons. Os partidos do sistema continuarám a roubar o dinheiro público para engordar bispos, banqueiros e demais amigos da burguesia dominante neste país negado e espancado pola sua polícia, que ainda chamamos Galiza.
Porém, nem os seus 6.000 cães de presa fardados puderam calar as vozes do povo consciente, e muito menos evitar a sonora falência da farsa vaticana representada pola burguesia galego-espanhola hoje em Compostela.
O seu fracasso é a nossa vitória e a luita... essa vai continuar.

sábado, novembro 06, 2010

Homenagem a todos os sotaques, antídoto contra a baixeza de certos waspaulistas






*PHA,LN,

Brasil é o país que mais avançou no IDH, diz estudo da ONU





O Brasil foi o país que mais avançou no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) preparado pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD). Foram quatro pontos a mais em comparação a 2009. Um desempenho significativo, sobretudo diante do cenário de estagnação econômica na esteira da crise mundial inciada em 2008.

Dos 169 países analisados, 116 mantiveram a posição apresentada em 2009 e 27 tiveram desempenho pior. Além do Brasil, somente outros 25 conseguiram melhorar a classificação, de acordo com o relatório, que foi divulgado nesta quinta-feira (4).

Para o vice-presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), as medidas tomadas pelo Governo Lula nos últimos anos contribuíram para o melhor posicionamento do Brasil no ranking. "O IDH envolve três aspectos do desenvolvimento humano: conhecimento, medido por indicadores da educação, saúde e padrão de vida digno (medido pela renda). São três áreas em que o nosso país obteve expressivo desenvolvimento nos oito anos de Governo Lula" destacou o petista.

Maias lembrou que no governo Lula houve avanços consideráveis no acesso à educação pública de qualidade, no aumento dos investimentos em infraestrutura médica-hospitalar e desenvolvimento de programas de saúde, além da constante valorização do salário mínimo e do significativo combate à miséria e a pobreza. O parlamentar pondera, no entanto, que ainda é preciso avançar.

"Temos muito o que comemorar, pois este relatório comprova que o caminho adotado pelo Governo Lula foi decisivo para alcançarmos um índice de país de alto desenvolvimento humano. Mas é claro que precisamos investir ainda mais em educação e na redução da desigualdade social, apontadas pelo estudo como as duas principais barreiras para o progresso brasileiro", afirmou o deputado.

Apesar do crescimento, o País ainda apresenta traços importantes de desigualdade tanto de gênero quanto social. No documento deste ano, o Brasil passa a ocupar a 73ª colocação, desempenho suficiente para que integre grupo de países de desenvolvimento humano elevado. O índice analisa indicadores de desempenho de países em três áreas: saúde, educação e rendimento. Este ano, indicadores usados e a forma de cálculo para chegar ao índice mudaram. A escala, no entanto, permanece: varia de 0 a 1. Quanto mais próxima de um, melhor a situação do país. O Brasil alcançou índice 0,699. Noruega, a primeira colocada, 0,938. O pior indicador foi do Zimbábue: 0,140.

Esperança de vida

A esperança de vida do brasileiro é de 72,9 anos. A média de anos estudados de pessoas com mais de 25 anos está em 7,2. Já o rendimento nacional bruto é US$ 10.607 per capita. O que ainda amarra a colocação nacional é a qualidade da educação, avaliada pelo novo índice "anos de estudo esperados", uma espécie de expectativa de vida educacional. Ao longo dos últimos cinco anos, o número de anos escolares esperado caiu de 14,5 para 13,8.

Ao longo da década, o Brasil apresentou um crescimento médio anual de 0,73% no IDH. Um ritmo considerado muito bom. Mas, entre grupo de países de alto desenvolvimento humano, há exemplos de velocidade significativamente maior.

www.ptnacamara.org.br

Vale a pena ver de novo e a posição de uma Igreja Presbiteriana




E AGORA? (Rm.13.1-7)

As eleições aconteceram. A Sra. Dilma foi eleita presidenta do Brasil. As especulações, indagações, tentativas de previsões sobre isto, aquilo ou aquilo outro, estão pululando por todo o canto. Não é diferente em nosso ambiente religioso – protestante, com a pergunta que dá título a este escrito: " E agora?"
Esta pergunta é a que me fiz e ainda faço, agora que as urnas confirmaram a vitória da Sra. Dilma. Não era a minha candidata, não lhe teria dado o meu voto, caso não houvesse justificado minha ausência a meu domicílio eleitoral. Como e o que devo fazer na condição de cristão frente a tal resultado? Algumas atitudes devem acompanhar-me e, também, aos demais cristãos.
1ª Consciência de que a autoridade constituída vem do Senhor: Esse conceito pode ser aplicável ao princípio geral (autoridade) como ao aspecto particular-individual (autoridades). Claro que há autoridades, as quais exercem a autoridade fora do padrão de Deus; o Senhor não só permite que lá estejam, mas, por várias vezes, vemos que Ele ali as coloca diretamente. Os exemplos bíblicos são vários e os da história da Igreja também. Assim, necessito entender que, quem está no poder, só está por concessão ou determinação de Deus e realizará Seu propósito eterno.
2ª Consciência da intercessão em favor de tais autoridades: Esse será sempre um grande desafio, sobretudo se as coisas não forem favoráveis, dentro da dimensão que imagino deveriam ser. Se houver situação de ação contrária às liberdades individuais e sociais, torna-se muito complicado orar por tais autoridades. Mas, é mandamento do Senhor (I Tm. 2.1-3). Tal prática não está ligada a favor apenas de quem seja bom e honrado; a intercessão e a oração não são apenas a favor destes, mas, também em prol dos não cordatos (I Pe. 2.18 e 19). Além disso, a orientação (determinação) do Senhor Jesus é a de se orar em favor daqueles que nos insultam e nos perseguem.
3ª Consciência de compromisso com Deus acima das autoridades humanas: A autoridade estabelecida por Deus, por meio da vida das autoridades constituídas, deve estar dentro do limite próprio de alçada de sua esfera e competência. Isso significa que as autoridades humanas também estão sob autoridade (divina), a qual lhes é superior. Desse modo, minha obediência maior é ao Senhor e à Sua Palavra e, caso as autoridades constituídas deixem sua área própria e resolvam extrapolar sua competência, determinando o que seja injusto, iníquo e contrário às Escrituras, estarei pronto à insubmissão e à desobediência civil, posto que a obediência é devida a Deus antes que aos homens. Falarei, agirei e me manifestarei contra tais medidas, inclusive com resistência pacífica, porém ativa e combativa.
"E agora?" Não sei. Deus o sabe. No entanto, seja de um modo ou de outro, importa que sejamos achados fiéis, servindo ao Senhor e sustentando os valores do Reino de Deus.


Rev. Paulo Audebert Delage


Pastor Titular da Igreja que sou membro comungante.
Como acredito que Igreja"s" não deveriam ter de seus líderes posicionamentos políticos, e como político que sou, mantenho este blog com o objetivo, da discussão, de idéias, coloco o texto do Pastor Titular, do boletim dominical do domingo dia 09/11/2010, à baila, mostrando que os tempos são outros,hoje claramente às igrejas se manifestam, atraves de seus líderes, contrariando os próprios ensinamentos de Jesus Cristo, quando disse "A César o que é de César a Deus o que é de Deus",  ora, se a maior ou o maior mandatário do País ao assumir 'jura defender a constituição" qual o interesse em dizer que "SE" ...( estarei pronto à insubmissão e à desobediência civil,) acho lamentável, se o outro candidato fôsse o eleito haveria tal comentário duvido.
*CHEbola

O Estado laico e pluralista e as Igrejas

A descriminalização do aborto e a união civil de homosexuais, temas suscitados na campanha eleitoral, ensejam uma reflexão sobre a laicidade do Estado brasileiro, expressão do amadurecimento de nossa democracia. Laico é um Estado que não é confessional, como ocorre ainda em vários países que estabelecem uma religião, a majoritária, como oficial. Laico é o Estado que não impõe nenhuma religião mas que respeita a todas, mantendo-se imparcial diante de cada uma delas. Essa imparcialidade não significa desconhecer o valor espiritual e ético de uma confissão religiosa. Mas por causa do respeito à consciência, o Estado é o garante do pluralismo religioso.
Por causa dessa imparcialidade não é permitido ao Estado laico impôr, em matéria controversa de ética, comportamentos derivados de ditames ou dogmas de uma religião, mesmo dominante. Ao entrar no campo político e ao assumir cargos no aparelho de Estado, não se pede aos cidadãos religiosos que renunciem a suas convicções religiosas. O único que se cobra deles é que não pretendam impôr a sua visão a todos os demais nem traduzir em leis gerais seus próprios pontos de vista particulares. A laicidade obriga a todos a exercer a razão comunicativa, a superar os dogmatismos em favor de uma convivência pacífica e diante dos conflitos buscar pontos de convergência comuns. Nesse sentido, a laicidade é um princípio da organização jurídica e social do Estado moderno.
Subjacente à laicidade há uma filosofia humanística, base da democracia sem fim: o respeito incondicional ao ser humano e o valor da consciência individual, independente de seus condicionamentos. Trata-se de uma crença, não em Deus como nas religiões que melhor chamaríamos de fé, mas de crença no ser humano em si mesmo, como valor. Ela se expressa pelo reconhecimento do pluralismo e pela convivência entre todos.
Não será fácil. Quem está convencido da verdade de sua posição, será tentado a divulgá-la e ganhar adeptos para ela. Mas está impedido de usar meios massivos para fazer valê-la aos outros. Isso seria proselitismo e fundamentalismo.
Laicidade não se confunde com laicismo. Este configura uma atitude que visa a erradicar da sociedade as religiões, como ocorreu com o socialismo de versão soviética ou por qualquer motivo que se aduza, para dar espaço apenas a valores seculares e racionais. Este comportamento é religioso ao avesso e desrespeita as pessoas religiosas.
Setores de Igreja ferem a laicidade quando, como ocorreu entre nós, aconselharam a seus membros a não votarem em certa candidata por apoiar a discriminalização do aborto por razões de saúde pública ou aceitar as uniões civis de homosexuais. Essa atitude é inaceitável dentro do regime laico e democrático que é o convívio legítimo das diferenças.
A ação política visa a realização do bem comum concretamente possível nos limites de uma determinada situação e de um certo estado de consciência coletivo. Pode ocorrer que, devido às muitas polêmicas, não se consiga alcançar o melhor bem comum concretamente possível. Neste caso é razoável, também para as Igrejas, acolher um bem menor ou tolerar um mal menor para evitar um mal maior.
A laicidade eleva a todos os cidadãos religiosos a um mesmo patamar de dignidade. Essa igualdade não invalida os particularismos próprios de cada religião, apenas cobra dela o reconhecimento desta mesma igualdade às outras religiões.
Mas não há apenas a laicidade jurídica. Há ainda uma laicidade cultural e política que, entre nós, é geralmente desrespeitada. A maioria das sociedades atuais laicas são hegemonizadas pela cultura do capital. Nesta prevalecem valores materiais questionáveis como o individualismo, a exaltação da propriedade privada, a laxidão dos costumes e a magnificação do erotismo. Utilizam-se os meios de comunicação de massa, a maioria deles propriedade privada de algumas famílias poderosas que impõem a sua visão das coisas.
Tal prática atenta contra o estatuto laico da sociedade. Esta deve manter distância e submeter à crítica os “novos deuses”. Estes são ídolos de uma “religião laica” montada sobre o culto do progresso ilimitado, da tecnificação de toda vida e do hedonismo, sabendo-se que este culto é política e ecologicamente falso porque implica a continuada exploração da natureza já degradada e a exclusão social de muita gente.
Mesmo assim não se invalida a laicidade como valor social.
Leonardo Boff é teólogo e escritor.

*esquerdopata/comtextolivre

O SISTEMA

Da Democracia - Parte I








 

Vivemos em democracia.
A maioria dos Países do mundo são democracias; com várias nuances, mas todas baseadas no mesmo conceito: δῆμος (démos), povo, e κράτος (cràtos), poder, e significa governo do povo.
A invenção é antiga, apareceu na Antiga Grécia por volta do 500 antes de Cristo. Mas, além das experiências grega e romana, ficou como curiosidade ou pouco mais até o final do 1700.
A partir de então começou a renascer, antes nos círculos dos intelectuais (Rosseau, Mill), a seguir nas massas e, após a Segunda Guerra Mundial, como forma de governo predominante.
Hoje é natural viver numa democracia, e costumamos olhar com um misto de comiseração e pena para aqueles Estados que ainda estão agarrados a conceitos como o totalitarismo ou a monarquia não constitucional. Mesmo assim, constituem excepções destinadas a desaparecer para dar lugar a novos regimes democráticos.
Nem sequer há sérias discussões acerca de possíveis alternativas: presente e futuro devem ser democráticos, ponto final.
Este é um erro típico da nossa sociedade arrogante: assim como esquecemos que haverá uma ciência do século XXII, do XXIII e assim por diante, da mesma forma não consideramos o facto que no futuro poderão surgir novos regimes políticos.
O que seria perfeitamente natural.
A democracia não é justa, pelo contrário.
Consideramos um caso limite, numa comunidade de 100 pessoas: 49 querem comer só vegetais, 51 só carne.
Como os últimos são a maioria, é implementado um governo democrático que subvenciona a compra de costeletas. E a vontade dos outros 49? No lixo.
É justiça esta?
Na verdade a democracia é um regime que satisfaz os desejos da maioria, não da totalidade do povo.
Dizia Lenin:
A democracia é um estado que legitima a subordinação da minoria à maioria, e é comparável a uma organização criada para o uso sistemático da força por uma classe contra outra, uma parte da população contra a outra.
E ao ir ainda mais atrás, descobrimos que já Platão tinha individuado os problemas da democracia:
Cada governo cria leis para o seu próprio proveito: a democracia faz leis democráticas, a tirania tirânicas, e da mesma maneira fazem os outros governos. E depois de ter feito as leis, eis que anunciam que o justo para os governantes identifica-se com aquilo que é, pelo contrário, o útil deles, e quem se afasta é punido conforme a lei é a justiça. É aí que reside, meu bom amigo, o que eu digo, idêntico em todas as polis, o útil do poder estabelecido. Mas, se bem me lembro, esse poder detém a força. Assim isso significa, para quem pode pensar, que, em qualquer caso o que é justo é sempre idêntico ao lucro do mais forte.

Nas palavras de Platão pode ser vislumbrada uma tendência hoje bem conhecida: a das democracia sa transformar-se em oligarquias.
Formada pelos termos gregos ὀλίγοι (oligoi), poucos, e ἀρχή (archè), poder ou comando, a oligarquia é o sistema de governo no qual quem manda é um restrito grupo de pessoas.
A oligarquia é o verdadeiro rosto das modernas democracias.
A escolha que podemos fazer com o voto é, na realidade, uma escolha muito limitada: poucos partidos, (alguns dos quais sempre condenados à oposição), com políticos de profissão presentes no sistema ao longo de décadas.
Com a recente bipolarização da política dos Países ocidentais, a situação tornou-se ainda pior: agora a escolha só pode ser entre a área de esquerda (geralmente um partido ou movimento, em teoria, mais sensível aos assunto sociais) e de direita (mais a favor do livre mercado).
Os restantes partidos não têm possibilidade de alcançar o número de votos suficientes para governar sozinhos; a única possibilidade é entrar numa coligação (e pesados compromissos) com um dos dois partidos maiores.
Assim, um sistema com dois partidos, gerido por políticos de profissão.
Por esquisito que pareça, costumamos definir isso como "democracia".
Ipse dixit.

Da Democracia - Parte II


A Democracia é hoje vendida como uma necessidade.
As antigas ditaduras falharam: falar ainda de fascismo ou de comunismo é um anacronismo. Hoje em dia o controle pode ser efectuado com armas mais eficazes.
Com o fim de melhor dominar as massas, é preciso convence-las de ser livres, de poder decidir o próprio destino.
A farsa do voto democrático é simplesmente isto: formar uma espécie de governo, expressão da vontade popular, que possa implementar as decisões tomadas por outras forças além daquelas representadas no parlamento.
Hoje somos chamados a escolher entre duas posições aparentemente diferentes, eleger pessoas que afirmam representar "o novo" enquanto são perfeitamente integradas no sistema, muitas vezes há décadas.
As políticas que são realizadas são sempre as mesmas, funcionais aos grandes centros de poder financeiro, centros de poder que preferem aqueles movimentos que se apresentam como "progressistas": porque é evidente que certas medidas que afectam o cidadão são mais facilmente implementadas por aqueles que pretendem fazê-lo "em defesa das camadas mais desfavorecidas da sociedade".
Os governos de esquerda são, de facto, os que podem mais facilmente implementar os programas de "direita", como as mais recentes experiências em terras portuguesas mostram claramente.
A propaganda do "sagrado direito e dever de votar" fez o resto, e o sistema democrático provou ser o mais funcional para os objectivos das oligarcas, que continuam a governar imperturbáveis enquanto os "eleitores" estão demasiado ocupados a discutir se for melhor o partido verde ou o amarelo.
Mas, no fundo, palavras como esquerda e direita são chamarizes sem sentido.
Somos chamados a expressar uma preferência entre os dois "lados", mas não é uma verdadeira escolha.
Como preferem ser torturados? Com a electrocussão ou com um alicate?
Direita ou esquerda?
O importante é que as pessoas não possam reparar na operação, e fiquem assim calmas na convicção de manter o poder.
Como já realçámos no artigo O Pior Inimigo, este é um sistema genial.
Reprimir as vozes dissidentes afinal é contraproducente, muito melhor deixa-las desabafar na indiferença geral.
O actual sistema joga com os medos atávicos das pessoas.
E um em particular: o medo do desconhecido.
Afirma Henry Kissinger:
O que cada homem teme é o desconhecido. Quando essa situação ocorre, abdicamos voluntariamente dos nosso direitos individuais para garantir o bem-estar garantido pelo governo mundial
Sem um poder central, o que impediria aos homens de matar-se uns aos outros?
A segurança pessoal é a principal razão pela qual ao longo dos séculos os seres humanos aceitaram a autoridade.
É um dar para receber, os cidadãos oferecem algumas das suas liberdades em troca da "segurança".
Consideramos isto: numa sociedade sem um governo central, nem polícia, os homens realmente matariam os seus similares? O mundo ficaria transformado numa espécie de inferno?
Todos, alguns mais do que outros, tendemos a acreditar nisso, mas esta não pode ser apenas propaganda, espalhada pelos governantes para justificar o próprio domínio?
A ideia que os poderes, ao longo de milhares de anos, têm difundido é que os homens são cruéis animais selvagens quando deixados livres; e por isso é necessário um governo autoritário, que proteja os próprios súbditos (tal como Hobbes ensina).
A ideia básica é "o Homem não é capaz de ser livre."
Os resultados:
  • Aqueles que assumiram a tarefa de "domar" os homens (as "bestas selvagens") foram os maiores criminosos da história, os promotores de todas as guerras e de todos os genocídios.
  • Ao alimentar esta teoria e ao dar os piores exemplos, têm aproximado os homens a esse ideal (negativo) que eles próprios tinham criado.
Fomos vítimas da propaganda ao longo dos tempos?
É esta uma degeneração do sistema democrático?
Depende do ponto de vista. Na óptica da classe dominante a resposta é "não". a democracia esta a funcionar nos melhores dos modos.
Será este o inevitável desfecho de qualquer regime democrático?
Provavelmente sim. A democracia favorece os políticos, os burocratas, os conciliadores. Numa palavra: os medíocres. As pessoas com fortes convicções são muitas vezes vistos como fanáticos, extremistas, e a tendência é de uniformizar as várias componentes da sociedade democrática.
Mas permanece uma pergunta fundamental: pode existir uma alternativa?

OAB nacional e de SP repudiam ofensas a Nordeste



‘É racismo, mas contra a procedência’, diz Ophir. No Facebook, usuários criam ato pela região amanhã

O GLOBO

Após a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Pernambuco ter entrado, anteontem, com notíciacrime contra os ataques aos nordestinos no Twitter em protesto à eleição de Dilma Rousseff, no domingo, agora a OAB nacional e a seção de São Paulo reagiram às mensagens. A OABSP divulgou nota repudiando os ataques, que teriam sido iniciados pela estudante de Direito Mayara Petruso, de São Paulo. A OAB-PE entrou com notícia-crime no Ministério Público Federal em São Paulo contra Mayara, por crime de racismo e incitação pública de prática de crime.
“Não podemos tolerar atitudes xenofóbicas, racistas, preconceituosas e intolerantes nas redes sociais”, afirma, na nota, o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, que continua: “Insultar ou pedir a morte, de quem quer que seja, receberá nosso repúdio, especialmente vindo de uma estudante de Direito que, ao invés de buscar a paz social, por divergência política incitou outras pessoas ao ódio, cujo alvo foram os nossos irmãos do Nordeste”.
D’Urso destaca que “a reação generalizada de repúdio da sociedade sirva de exemplo a essa estudante e aos demais usuários dos sites de relacionamentos, para que tenham responsabilidade sobre as opiniões que expressam e o que escrevem”. No domingo, Mayara divulgou no Twitter frases como “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!”.
O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, também condenou ontem as ofensas: — Temos que lamentar esse tipo de conduta. É uma espécie de racismo, mas contra a procedência. Um crime previsto, por exemplo, na lei 7.716/89, que já falava em punir a prática e a incitação de discriminação de raça, cor, religião e também procedência.
Presidente da OAB-RJ, Wadih Damous disse que hoje a seção Rio da OAB também divulgará nota se solidarizando à OAB-PE e condenando as mensagens: — Se essa estudante hoje tentasse ingressar na Ordem do Rio, eu indeferiria a inscrição.
Também ontem, usuários do Facebook começaram a divulgar ato em favor do Nordeste amanhã, “Dia do orgulho nordestino”.
Segundo o perfil de uma participante, amanhã devem ser postados “links, poesias, imagens qualquer coisa relacionada a essa maravilhosa região”. Até ontem, o ato tinha 1.830 usuários confirmados. No Twitter, os hashtags “#orgulhodesernordestino” e “#oab” já apareceram entre os mais citados da rede.
Apesar das mensagens contra o Nordeste no Twitter afirmarem que a região teria eleito Dilma, na verdade mesmo se os eleitores de Norte e Nordeste fossem excluídos, Dilma seria eleita, por diferença de 275 mil votos.
*luisfavreontem

Mais de 1.500 pessoas serão investigadas por racismo

Denuncie todo caso de intolerância e racismo
Polícia de SP abre inquérito para investigar suposto crime de racismo no Twitter. Um inquérito foi instaurado hoje pela delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.
A Delegada pede que se denuncie todo caso de intolerância, racismo e preconceito, enviando fotos e nomes de perfis da rede social.
A Polícia Civil de São Paulo vai investigar a estudante Mayara Petruso e outras 1.500 pessoas suspeitas de praticar racismo contra nordestinos no Twitter.
Um inquérito foi instaurado hoje pela delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância para apurar o suposto crime cometido pela garota e a responsabilidade por um manifesto virtual intitulado "São Paulo para os paulistas", que, dentre outras coisas, diz reivindicar "o fim da repressão ao paulista sobre o tema da migração em sua própria terra".
O manifesto já foi assinado por quase 1.500 pessoas, que também podem vir a responder, como a estudante de direito, pelo crime de incitação ao racismo.
A garota poderá ser indiciada também por incitação ao crime por ter pedido no Twitter que seus seguidores "matassem um nordestino afogado".
Se condenada por incitação ao racismo, poderia pegar de dois a cinco anos de prisão. No caso da incitação ao crime, a pena é de três a seis meses de prisão ou multa.
É a primeira vez que a delegacia de crimes raciais de São Paulo vai investigar um caso de preconceito no Twitter.
Segundo a delegada Margarette Barreto, a apuração de autoria de crimes é mais difícil no mundo virtual porque os usuários costumam apagar seus perfis nas redes sociais quando casos polêmicos ganham notoriedade.
"Vamos fazer um trabalho sério dentro das possibilidades de prova", diz.
A delegada espera concluir a investigação em até três meses e afirma que os usuários das redes sociais podem contribuir com a polícia imprimindo imagens de frases de outros usuários que incitem o preconceito ou o crime e encaminhando-as à polícia.
Telefones
Estado de São Paulo 0800-15-63-15
São Paulo e região metropolitana 181
Pela Internet:
Denuncie por este link
Este serviço centralizado permite que qualquer pessoa forneça à polícia informações sobre delitos e formas de violência, com absoluta garantia de anonimato.

Pai envergonhado com a filha concede entrevista ao iG

Pai da estudante processada por discriminação se diz envergonhado
A pedido da OAB e da Procuradoria da República, Mayara Petruso será investigada por comentários contra nordestinos na internet
O empresário Antonino Petruso, morador de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, soube pelos jornais que a filha mais nova, Mayara Penteado Petruso, está sendo alvo de investigação pela Procuradoria Geral da República por crime de preconceito. Ela é a estudante de Direito que, finalizada a apuração que apontou Dilma Rousseff (PT) como nova presidenta do Brasil, desancou a postar frases de preconceito e discriminação contra o povo nordestino na internet.
Nas frases postadas na rede de microblogs Twitter e no Facebook, a jovem sugere o extermínio dos nordestinos e pede o fim do direito de voto para quem não mora na região Sudeste.
Antonino Petruso se disse “surpreso, decepcionado e envergonhado” pela atitude da filha e lamentou que a menina tenha se deixado influenciar pelo “acirramento” do debate eleitoral. “Nunca fui chegado a política e nunca ensinei nada disso para as minha filhas. Tenho um enorme respeito pelos nordestinos e é graças a eles que consigo das uma vida digna para minha família e pagar a faculdade da Mayara”, disse Petruso ao iG, em entrevista por telefone.
Petruso é dono de uma rede de supermercados de Bragança e diz que tem vários clientes e empregados de origem nordestina. Pai de quatro filhos, ele trabalha mais de 15 horas por dia para administrar o negócio herdado do pai. Nos últimos anos, em virtude da melhora da economia, viu os negócios melhorarem graças às políticas econômicas do governo Lula. “Tenho muita simpatia pelo Lula. Ele não resolveu tudo, mas fez um excelente governo. Se a Mayara tivesse me consultado, teria pedido para ela votar na Dilma. Entre todos os candidatos, ela era a melhor opção para o País”, afirmou o empresário.
Relacionamento
Mayara é filha de um relacionamento de Antonino fora do casamento. Embora o empresário financie os estudos e a moradia da jovem em São Paulo, ele narra que o relacionamento com a filha é um pouco distante. “Desde quando ela foi morar em São Paulo, pouco nos falamos. Duas outras filhas também moraram na capital nesses últimos anos, mas ela não mantinha contato nenhum com as irmãs nesse período”, contou.
Desde quando soube do caso, Antonino tenta encontrar a filha para saber o que de fato aconteceu, mas não consegue localizá-la. Após tentar fazer contato com a garota pelo celular e até ligar para a mãe dela, não obteve retorno e se disse preocupado com o que possa estar acontecendo. “A internet tem muito problema de hacker. Eu mesmo já tive o e-mail invadido por eles.
Quero ouvir dela o que está acontecendo. Se ela fez mesmo essas coisas graves que os jornais estão dizendo, terá que pagar e responder na Justiça”, disse o pai. “Sou contra qualquer tipo de discriminação. É o pior crime possível e estou muito chateado que a minha filha esteja envolvida nesse tipo de coisa”, desabafou.
Mayara é estudante do sexto semestre de Direito da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas). Transferida de uma faculdade da região do Pari, passou a frequentar as aulas no campus da Liberdade apenas neste ano, no período noturno.
Na sala 203, no segundo andar, a estudante sentava no fundo da classe e conversava com alguns poucos colegas de classe, em virtude do pouco tempo na turma. Apesar de muito jovem, com 21 anos, ela já estagiava em um escritório de advocacia durante o dia, mas foi despedida da empresa por causa do episódio. Na classe, os colegas mais próximos dizem que a jovem nunca soltou qualquer comentário preconceituoso e mantinha o respeito com todos os colegas.
“Era uma jovem sorridente e concentrada nos estudos. Conversava com todo mundo que vinha puxar papo com ela, mesmo aqueles de origem nordestina”, disse o estudante identificado apenas como Carlos, que sentava na frente da jovem e fez trabalhos com ela pelo menos duas vezes neste ano.
“Acho que ela foi ingênua e infeliz ao fazer esse tipo de comentário. Foi uma coisa muito feia o que ela disse, mas sei que ela não deve ter agido por mal”, disse outra colega que se identificou como Aline.
A história de Mayara ecoou entre os alunos da FMU e foi o principal assunto nesta quinta-feira, data que a reportagem do iG esteve na faculdade. No intervalo, nos elevadores e em todas as salas de aula, as pessoas buscavam identificar quem era a garota apelidada de “Geyse da FMU”, em referência ao episódio da estudante Geyse Arruda, que foi hostilizada por colegas da Uniban por frequentar as aulas com um vestido cor de rosa curtíssimo.
“A Mayara é a maior celebridade do curso de Direito hoje”, brincou um jovem durante o intervalo das aulas, numa roda com outros cinco jovens do terceiro ano.
“Desde o dia em que o episódio de preconceito veio a tona, Mayara não apareceu mais na faculdade. As amigas mais próximas dizem que ela não atende ao telefone nem responde e-mails. Uma delas chegou até a visitar a república onde Mayara mora com outras duas amigas, mas foi informada de que a jovem teria voltado para Bragança, para a casa da mãe.
Os colegas de sala temem que ela abandone o curso. Todos lamentaram o episódio e disseram até que sentem dó pelo que Mayara está passando. “Ela é muito novinha. Não deve estar sendo fácil enfrentar toda essa pressão”, afirmou a representante de sala.
‘Case’ de Direito
O caso da jovem de Bragança Paulista está sendo tratado pelos professores como “case” das aulas de Direito Civil. Segundo os alunos, alguns professores até analisaram o caso da jovem pela ótica jurídica. “Um dos professores afirmou que ela pode responder processo por incitação à violência e discriminação”, disse Rafael Prado, estudante do quarto ano de Direito. “Os professores estão usando o caso para alertar os alunos sobre os limites da internet. É capaz até de as aulas de Direito Eletrônico ficarem mais animadas”, brincou o estudante.
Ameaças e preconceitos
A Segurança da FMU também está em alerta. Para evitar que a jovem sofra qualquer tipo de hostilidade caso volte às aulas, os seguranças passam pela sala 203 na hora da entrada, do intervalo e na saída. Numa dessas rondas, a reportagem do iG foi flagrada dentro da sala de aula, ouvindo os colegas da jovem na hora do intervalo. Ao convidar o repórter a se retirar da faculdade, um dos seguranças disse que os responsáveis pela segurança estão em alerta total porque um jovem de origem nordestina invadiu a universidade da última quarta, ameaçando agredir Mayara. “A sorte é que ela não tem vindo às aulas”, disse um dos seguranças.
O pai de Mayara afirma que o episódio causou muitos problemas para a família. Além de assunto entre a maioria dos jovens de Bragança, uma das irmãs de Mayara tem sido alvo de críticas e comentários preconceituosos na faculdade onde estuda, em Bragança. A jovem confessou ao pai que alguns professores também têm destratado a moça em virtude do episódio. “Gostaria que as pessoas não confundissem as coisas por causa de um sobrenome. A Mayara tem 21 anos e responde por seus atos. O que ela fez foi muito grave, mas nós, familiares, só podemos lamentar e ajudá-la a se livrar desse preconceito ruim”, avalia o pai. “Os que confundem as coisas, incorrem num erro ainda mais grave que o da minha filha”, sentencia.
Desculpas da família
Antonino Petruso soube pelo iG que a filha não está frequentando a faculdade. Com problemas de visão que o impedem de dirigir, o empresário deve viajar a São Paulo no final de semana com uma das filhas para encontrar a filha e tentar orientá-la.
A Procuradoria Regional da República de São Paulo já solicitou ao Ministério Público Federal (MPF) que abra investigação contra Mayara. O processo foi encaminhado para a procuradora Melissa Garcia Blagitz Abreu e Silva, do Grupo de Combate aos Crimes Cibernéticos).
O pai da jovem promete contratar um advogado para ajudar a filha, mas ressalta que a jovem terá que responder por seus atos. “Preconceito é um crime inaceitável. Se ela fez isso mesmo, terá que pagar. Como pai, peço apenas desculpas aos nordestinos, do fundo do meu coração. Amo o Nordeste e todos os nordestinos merecem o meu respeito”, declarou Antonino Petruso.
Lá fora
O caso chegou a repercutir na imprensa internacional. O site do jornal britãnico The Telegraph publicou reportagem do seu correspondente no Brasil a respeito do assunto. A matéria diz que se a jovem for condenada pela Justiça, poderá pegar uma pena de dois a cinco anos de prisão por racismo. Ou então, de três a seis meses – ou multa – por incitar o assassinato na internet.

Rodrigo Rodrigues, iG São Paulo


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