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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 10, 2010

Palestinos cobram do mundo reconhecimento de seu Estado




O plano israelense de construir novas casas em terras ocupadas pode ser rebatido pelo reconhecimento internacional de um Estado da Palestina, disse nesta terça-feira o principal negociador palestino.
Saeb Erekat
Saeb Erekat, negociador palestino, disse que o mais recente anúncio de Israel deixava claro que o Estado judaico quer construir assentamentos, não a paz
Aumentando o risco de um impasse sobre as negociações de paz, Saeb Erekat disse que o mais recente anúncio de Israel deixava claro que o Estado judaico quer construir assentamentos, não a paz.
- O unilateralismo israelense é um pedido para o reconhecimento internacional imediato do Estado da Palestina -, afirmou.
O mundo deu pouca importância quando o falecido Yasser Arafat declarou a existência de um Estado palestino em 1988, mas os rumos políticos mudaram e, atualmente, Israel está seriamente preocupado de que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, possa conseguir esse reconhecimento.
Abbas tem colocado em pauta a possibilidade de “ir à Organização das Nações Unidas” para declarar o reconhecimento do Estado como única opção para que as negociações de paz não sejam destruídas, mas apenas depois de conseguir o apoio dos Estados Unidos.
Na última segunda-feira, Israel anunciou planos para construir 1.300 novas casas em um território ocupado perto de Jerusalém e, nesta terça-feira, informações da imprensa mostraram que mais 800 unidades podem ser erguidas no grande assentamento de Ariel, no norte da Cisjordânia.
Os planos de construção foram divulgados no momento em que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, estava nos EUA para discutir uma forma de ressuscitar as negociações de paz no Oriente Médio, que foram paralisadas devido ao polêmico tema dos assentamentos.
Os EUA disseram que estavam “profundamente decepcionados” pelas notícias das novas construções, que são “contraproducentes aos nossos esforços para retomar negociações diretas entre as partes”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, deve abordar a questão em um encontro com Netanyahu, em Nova York, na quinta-feira.
A chefe da política externa da União Europeia, Catherine Ashton, afirmou que o plano “contradiz os esforços da comunidade internacional para a retomada de negociações diretas, e a decisão deve ser revertida.”
- Assentamentos são ilegais sob leis internacionais, constituem um obstáculo para a paz e ameaçam tornar impossível uma solução de dois Estados -, acrescentou ela.
As negociações de paz diretas entre Israel e os palestinos foram interrompidas em setembro, quase no mesmo momento em que começaram, depois que Netanyahu rejeitou exigências palestinas de estender uma paralisação parcial na construção de assentamentos na Cisjordânia.
Ciente de que o anúncio dos assentamentos foi feito enquanto o premiê israelense estava nos EUA, Crowley disse:
- Pode muito bem ter sido que alguém em Israel tenha tornado isso público para envergonhar o primeiro-ministro e minar o processo.

Os EUA ficaram indignados em março, quando planos para a construção de mais assentamentos foram anunciados enquanto o vice-presidente do país, Joe Biden, estava visitando Jerusalém.
*cappacete

O QUE ISRAEL QUER DO BRASIL







Na diplomacia mundial a qual estamos acostumados, pregada especialmente pelos EUA, existe uma bipolaridade. Ou se é pró Estados Unidos ou se é contra eles. Inventaram essa ladainha durante a Guerra Fria porque inventaram de dividir o mundo em dois feudos. O que a América mandava e o que a União Soviética mandava.
Então o resto das nações tinha que ir, como gado, para um lado ou para outro do pasto.Os donos do curral não aceitavam vacas que preferissem ficar no meio
Na América Latina, curral dos EUA eramos tratados como a escória do mundo, um completo lixo.Os americanos vinham pra cá, tiravam presidentes financiando golpes de estado de direita e assim, conseguiam o alinhamento dos países aos seus propósitos imundos. Não foram poucos os padres católicos assassinados por agentes da CIA ou mercenários treinados por eles, só porque davam abrigo a um povo que lutava contra a opressão. Todos os países da região sofreram com isso.
E o Brasil seguia sua linha bovina até pouco tempo. O que a América mandasse, nosso Presidente fazia. Não foi a toa que Celso Laffer, ex Ministro das Relações Exteriores de FHC tirou os sapatos no aeroporto para poder entrar nos EUA, mesmo gozando de imunidade conferida a um diplomata. Até lí outro dia algo escrito por um cidadão inconsciente, que se tratava de respeito à América. Verdade suprema. Respeito à América e desrespeito ao seu próprio país. Coisas como essa, na diplomacia são consideradas submissão e humilhação. A mesma coisa que sair do Brasil o dirigente máximo do país, e ir para fora falar em outra língua. Isso em diplomacia significa que você dá mais valor aos costumes do outro do que aos seus próprios.
Vassalagem era a tônica do Brasil até 2003.
Eis que agora Shimon Peres de Israel, vem dizer que o Brasil devia tomar uma posição sobre EUA ou Irã. Na realidade, ele quer dizer posição entre Israel ou Irã. já que os EUA só fazem o que Israel manda. A nação mais poderosa do mundo come na mão de um pequeno país fundamentalista do Oriente Médio. Nem Obama mudou um centímetro dessa política ridícula que os donos do financiamento de Washington (judeus americanos) impõem à Casa Branca.
Shimon Peres que espere mais quatro anos, ou oito para fazer de novo esse pedido. Ele pensa que nossa diplomacia e nossa Presidência  ainda estão na época dourada de Don Fernando, onde tudo o que era pedido, era prontamente atendido.
O Brasil está se lixando para a questão árabe-israelense. Isso é uma guerra deles, por motivos que só interessa a eles e aos Estados Unidos. Não queiram nos meter nesse embrulho. Nossa diplomacia não precisa tomar partido e sinceramente se for tomar, optará pelo lado que está levando mais pauladas no momento. Afinal, basta considerar o que Israel faz com a Palestina. O mesmo que Hitlher fez com os judeus. Na América do Norte, nenhuma palavra sobre isso. Os poucos que se levantam quanto à questão, são defenestrados e ridicularizados na imprensa. A tal "imprensa livre" americana.
Somos um país pacato e queremos tão somente comprar e vender produtos por aí. Agora, se tiver que decidir quais países têm direito a ter bomba atômica, nossa diplomacia já deixou muito claro, sim. Perez não viu ou fingiu que não viu com seu discurso lenga lenga publicado no Globo (onde claro, o repórter Carlos Alberto Sardenberg não tem colhões pra fazer pergunta alguma que realmente valha a pena). Se tiver que dizer quem pode ter a bomba, a posição brasileira é clara. Sim, o Irã pode ter. Por qual razão EUA e Israel podem e o Irã não pode? Porque a América do Norte continua achando que o mundo é seu quintal e assim deverá continuar?
Pra variar, nossa imprensa, ao cobrir fatos como esse, e ter a boa oportunidade de falar com o Presidente Israelense, poderia ter feito jus ao título de imprensa isenta, que tanto se vangloria aqui no Brasil. Mas claro que não. Sardenberg aproveitou a viagem paga por Israel para se fazer de pagem para a política internacional. Tudo em troca de uns dias no hotel e umas comidinhas.
Vassalagem pior, não existe.

ARNALDO JABOR TEM SEU DIA DE "LULA" – APANHA DA FOLHA, DA VEJA, E NÃO SUPORTA A CRÍTICA.

A suprema infelicidade de se sentir ofendido e injustiçado.



Jabor é um lixo como diretor de cinema, 
colunista, e ser humano.


Do Blog 007BONDeblog

Parece que o filme “A suprema felicidade” está se tornando a suprema decepção e inconformidade do seu autor Arnaldo Jabor com a crítica especializada.

A patética pergunta (Quem tem razão? A crítica ou o público?) do subtítulo de seu artigo de hoje em O Globo (Patrulhas ideológicas) dá bem a dimensão da maneira como Jabor reagiu mal à avaliação dos críticos de cinema ao seu trabalho.

Os críticos da “Folha” e da “Veja” disseram que o filme é “sem foco”, “acaba de repente”, e ainda que Jabor não é mais cineasta. Segundo Jabor, picharam, e falaram mal de seu trabalho.

E aí, o vivido Jabor não consegue entender, como um filme que já foi assistido por 180 mil pessoas, e algumas delas lhe enviaram até e-mail elogiando, é tratado assim, na base da “porrada”, como lixo, como se não tivesse nada de bom. Será que esse povo que elogia o filme é um bando de idiotas ? Ou será que a razão está com os minguados críticos, e aí, em palavras minhas, uns três ou quatro que cabem dentro de um fusca ?

E Jabor parte para o ataque aos seus críticos, rotula a eles de patrulheiros ideológicos e os acusa de invejosos, e de exercerem a crítica de forma “desonesta”, por inveja de alguém (dele) que é sucesso, no rádio e nos jornais.......

Jabor desaprendeu de ser vidraça, faz tempo que ele é pedra, e nas suas análises políticas sobre o governo Lula, ele foi sempre cruel, como ativo membro da patrulha da oposição. Jabor esqueceu que ele sempre rotulou de analfabetos, ignorantes, otários, os 97% dos brasileiros que dão ao governo Lula aprovação entre regular e ótimo, Jabor sempre fez parte dos 3% que se acham os “críticos sabidos e inteligentes”, os que cabem dentro do fusca e são os brasileiros que conhecem o que é bom para o Brasil. Jabor nunca reclamou da Folha nem da Veja, quando elas esculacharam Lula, o PT e Dilma Rousseff, aí Jabor gostou, aplaudiu e ajudou a “bater”.

Quando Lula reclamou de que parte da Imprensa só criticava seu governo, sem ver nada de bom nele, Jabor enxergou nisso uma “ameaça a liberdade de expressão e de imprensa”. Jabor, a imprensa e os críticos são livres para achar que seu filma é uma droga, é um direito deles dizer isso, respeite a opinião dos que assistiram e não gostaram.

Quem semeia vento, colhe tempestade. Quem com ódio, preconceito, má vontade, “Folha e Veja” fere, com isso e com muito mais, acabara sendo ferido.
 
 

Não conseguiu com Lula, vai tentar com a Dilma!...DEM apresenta projeto para regular participação de chefes do Executivo nas eleições




Um projeto de lei para impedir abusos de chefes dos Poderes Executivos em campanhas eleitorais foi apresentado nesta terça-feira à Câmara pelos deputados Roberto Magalhães (DEM-PE) e Paulo Bornhausen (SC), líder do DEM.

De acordo com Magalhães, o objetivo maior é preservar o decoro e a dignidade do cargo e proteger a igualdade entre os candidatos.

O projeto estabelece que o presidente da República, os governadores e os prefeitos que não estiverem concorrendo à reeleição ficarão impedidos de participar, ao vivo, de atos de campanhas ou de propaganda eleitoral.

A proposta também proíbe que os ocupantes desses cargos vinculem quaisquer atos, programas, obras ou realizações da administração pública a candidatos reconhecidos como beneficiários de seu apoio.

Ele será agora encaminhado às comissões técnicas da Câmara, onde deverá ser analisado e votado. Só depois disso poderá ser levado à votação no plenário da Casa. Se aprovado, será encaminhado à apreciação do Senado Federal.Informações da Folha tucana

Ou...

O DEM não faz nada sozinho. O DEM é o partido laranja de José Serra. Juntos, quererm cercear a liberdade de expressão dos chefes de executivo. Isso não é nada democrático. Esses demos são uns democratas de fachada.

Nos EUA, Obama e esposa participaram ativamente das últimas eleições e não houve qualquer reclamação dos oposicionistas (porque isso é algo normal).

O que deveriam regular é a manifestação pública tendenciosa de ministros de altas cortes (Gilmar Mendes e Marco Aurélio de Mello) e de altos membros do MP (Sandra Cureau), estes sim magistrados ou envolvidos diretamente no julgamento de ilícitos de campanha. 
*amigosdopresidenteLula

Banco de Silvio pede socorro. Como fica o SBT ?

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeEoJ0V8smwlNf5d3VYGVbqXFFjkZ_2pMpaRE6XVpJUJ1Izr04B3cD8uOhazWcwSMhx4_RYOGS_QAS0zpSo5t52fYehOLCLsOhU0H6VXGux9NuUb-9Oi2Wa-5LeJPeu4ybpSpZc-miFeg/s1600/silvio_santos.jpg
Nem o Baú da Felicidade tem 2,5 bilhões à disposição

Saiu no Estadão Online:

Silvio Santos levanta empréstimo de 2,5 bilhões de reais do Banco Central para salvar o seu Banco Panamericano.

É uma operação de emergência para cobrir o buraco de empréstimos fictícios.

Ou seja, o Banco do Silvio fraudava o balanço.

O empréstimo de emergência de um fundo especial do Banco Central é de 2,5 bilhões de reais, uma quantia que provavelmente ultrapassa, de longe, a capacidade de endividamento de uma empresa como o SBT, em terceiro lugar no mercado de televisão e dirigida por um empresário de 80 anos.

Quem vai comprar o Banco ?

A Caixa pagou recentemente 700 milhões de reais para ter 49% do Panamericano.

Ela se interessaria em assumir o controle total ?

Ou será que o grupo português do Banco Espírito Santo, aqui no Brasil representado pela empresa Ongoing, se interessaria pelo negócio ?

A Ongoing já comprou no Rio o jornal O Dia e abriu o concorrente do Valor, o Brasil Econômico.

Para desespero da Globo.

E o SBT ?

Interessa também à Ongoing ?

Ontem, este ordinário blogueiro ouviu que Eike Batista está interessado no SBT.

E no Panamericano, Eike também estaria interessado ?

A indústria da televisão começa a se mexer.


Paulo Henrique Amorim

A imprensa se faz de vítima






Ao mesclar propositalmente as situações da Venezuela e do Brasil, por exemplo, e acusar genericamente outros países de promover a "bolivarização" das comunicações, a imprensa desinforma, confunde e atenta contra os interesses da sociedade cujos direitos diz defender.

Por Luciano Martins Costa
[09 de novembro de 2010 - 12h52]
Mal ou bem, o noticiário sobre eventos para discutir a liberdade de imprensa começa a oferecer algo mais do que os repetitivos e mal fundamentados alertas sobre o risco de volta da censura no Brasil.

Tanto as reportagens a respeito do encerramento da 66ª Assembléia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa, que se realizou na cidade de Mérida, no México, quanto o seminário sobre o futuro das mídias, que se inicia na terça-feira (9/11) por iniciativa do governo, em Brasília, estão trazendo um pouco mais de informação sobre um tema que a imprensa brasileira tradicional tem mantido, propositadamente, na obscuridade.

Vejamos, primeiro, o que nos trazem os jornais sobre a assembléia da SIP. A entidade, que congrega mais de 1.300 empresas privadas de comunicação nas Américas, tem conflitos permanentes com o governo em alguns países – cuja natureza varia conforme o país – mas trata a todos esses governos como inimigos das liberdades civis.

Ao mesclar propositalmente as situações da Venezuela e do Brasil, por exemplo, e acusar genericamente outros países de promover a "bolivarização" das comunicações, a imprensa desinforma, confunde e atenta contra os interesses da sociedade cujos direitos diz defender.

Noticiário manipulado

Conforme observa o Estado de S.Paulo, ainda antes de encerrar-se o encontro no México representantes de governos criticados pelas empresas de comunicação faziam reparos aos documentos apresentados durante o congresso. O porta-voz do governo da Bolívia, por exemplo, comentou que "os membros da SIP, que no passado atuaram apoiando até mesmo ditaduras, estão equivocados".

O chanceler do Equador também se manifestou, recomendando que a imprensa de seu país faça a lição básica do jornalismo, de tentar se colocar do outro lado, para sentir a pressão e a manipulação enviesada da informação cometida pela imprensa contra o governo.

A choradeira da mídia, que no Brasil não tem qualquer justificativa, acaba por abrir espaço para algum esclarecimento no noticiário que, embora ainda manipulado, permite ao público tomar conhecimento de que, aqui como em outros países do continente, a imprensa não é simplesmente vítima de ditadores, mas protagonista ativa do jogo político.

Novas alternativas

Para uma abordagem jornalística do problema das relações da imprensa latino-americana com o poder público, é preciso recuar alguns anos e recordar que, no país onde esse conflito chegou ao grau máximo, a Venezuela, tudo começou com uma tentativa de golpe de Estado liderada por donos de empresas de comunicação.

Em alguns outros países, como a Bolívia, houve uma reação preconceituosa de empresários de origem hispânica à eleição de um governante de origem indígena, e parte da imprensa andou estimulando até mesmo aventuras separatistas.

No Brasil, a adesão da imprensa mais poderosa a um grupo político específico é oficial e contamina o jornalismo.

Na maior parte desses casos, ficou clara a dificuldade da mídia tradicional de lidar com contrariedades na escolha democrática dos eleitores e na execução de políticas diversas daquelas que historicamente eram produzidas por governantes aliados ou controlados pelas empresas de comunicação.

A partir do estabelecimento desse viés a priori, pode-se afirmar que quase tudo que se publica vem contaminado por esse desvio no caráter da imprensa.

Ao lado desse fenômeno deve-se observar que o rápido desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação e informação oferece ao público alternativas mais abertas, retirando do círculo de influência da mídia até então predominante vastas porções da sociedade.

Só o jornalismo salva a imprensa

Quando se fala do público que consome informações através do jornalismo, já não se pode restringi-lo ao conceito de leitor de jornais ou revistas. De posse de uma informação, o cidadão pode rapidamente se transformar em protagonista do processo comunicacional, reproduzindo uma notícia por meio de seu aparelho eletrônico, acrescentando seu próprio comentário – que eventualmente corrige, completa, contradiz ou desmente a notícia original.

Portanto, o poder de influência da imprensa tradicional sobre a sociedade reduz-se gradualmente e tende a se concentrar sobre as instituições.

Nessa circunstância, não é partindo para o confronto e fazendo denúncias sobre ameaças que não existem que as empresas de comunicação vão recuperar alguma reputação. O que pode ajudar a imprensa não é a ação política direta ou diversionista – é apenas o jornalismo de qualidade.
*revistaforum

Fábio Konder Comparato: ‘O mercado só é livre quando o abuso de poder é impedido por disposições legais’



A falta de regulamentação de artigos da Constituição relacionados ao capítulo da Comunicação motivou o jurista e professor Fábio Comparato a ajuizar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar de este tipo de recurso não ser muito comum no país, Comparato espera que ele seja aceito e que incentive um debate na sociedade sobre o tema.
A Ação pede que o STF force os parlamentares a regulamentar os direitos de resposta na mídia, os princípios dos meios de comunicação e a regionalização da produção (artigo 221) e a omissão que existe em relação a proibição de monopólio e oligopólio no sistema de comunicação (artigo 220).
De onde surgiu a ideia de entrar com esta Ação?
A idéia foi minha. Ultimamente, tenho denunciado o caráter dúplice da nossa organização constitucional, que exibe muitas normas de excelente sentido republicano e democrático, mas inaplicáveis na prática, por deliberada falta de regulação legal. É como um edifício, que nos deslumbra pela vistosa fachada. Por trás dela, porém, o espaço interior é vazio.
Quais os efeitos práticos da Ação, se for acatada pelo STF?
Dispõe a lei que "será dada ciência ao Poder competente (no caso, o Congresso Nacional) para adoção das providências necessárias". Na ação proposta, que foi registrada no Supremo como ADO nº 9, pediu-se que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal legislassem sobre a matéria lacunosa em regime de urgência, conforme os dispositivos de seus respectivos Regimentos Internos. É óbvio que essa urgência é sempre muito relativa.
Sob o aspecto político, porém, se a ação for julgada procedente, a opinião pública será alertada para o fato de que, em tais assuntos, as empresas de comunicação de massa fazem o que querem, sob o olhar complacente do Poder Público.
Porque a escolha de uma Ação por Omissão? Esse tipo de instrumento legal tem muitos precedentes no país?
Há poucos precedentes. Exatamente, apenas 8.
O senhor acredita que a sociedade deveria acionar mais a Justiça em relação às omissões e abusos existentes no sistema de comunicação do país?
É claro que sim. É preciso entender que a legitimidade especial para propor ações desse tipo, reconhecida pela Constituição a poucos agentes políticos e a algumas entidades da sociedade civil, é um poder-dever, exercido em nome e benefício do povo.
Setores empresariais da mídia costumam reclamar da existência de leis que ampliem o controle social na área. Muitos defendem que a autorregulação do setor seria suficiente. Qual a sua avaliação sobre as leis que existem para a área?
Essa conversa fiada de excesso regulamentar, no setor, é típica da mentalidade capitalista. Até a velhinha de Taubaté sabia que o mercado só é livre quando o abuso de poder é impedido por adequadas disposições legais e administrativas. Sem isto, prevalece necessariamente a lei do mais forte, ou melhor, do que tem menos escrúpulos. As pequenas e médias empresas que o digam. Aliás, os jornais vivem trombeteando que são vítimas de censura. Mas, que eu saiba, nenhum dos grandes jornais do país publicou a notícia do ajuizamento da ação judicial que estamos comentando. Será que o assunto não interessa ao grande público?
Muitas propostas de interesse público para a comunicação não são aprovadas no Congresso porque vários parlamentares defendem interesses empresariais e outros tantos são controladores diretos ou indiretos de meios de comunicação. Ocorre que o artigo 54 da Constituição proíbe que políticos eleitos participem do quadro societário de uma rádio ou TV. Seria esse também um tema importante para uma ação judicial?
Quanto a esse ponto, é preciso agir caso a caso, não só judicialmente, mas também no seio do Congresso Nacional; por exemplo, abrindo-se processo interno contra o deputado ou senador em questão, por procedimento incompatível com o decoro parlamentar (Constituição Federal, art. 55, II).
[* Fábio Konder Comparato é professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Doutor Honoris Causa da Universidade de Coimbra.

terça-feira, novembro 09, 2010

O retrato de um país feliz


Leia na revista IstoÉ Dinheiro a belíssima matéria sobre a eleição da presidente Dilma:

A incontestável vitória de Dilma Rousseff tem um significado especial. Ela simboliza a ascensão social e econômica de milhões de brasileiros
"Como a primeira mulher a chegar à Presidência da República, eu não tenho o direito de errar. E eu não vou errar"

Tribunal suspende punição contra jovens acusados de estupro em SC


Uma decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina suspendeu a sentença aplicada a dois adolescentes de 14 anos acusados de estuprar uma menina de 13 anos em Florianópolis.(filho do dono da globo de lá RBS)
O caso ocorreu em maio passado e gerou muita repercussão no Estado por envolver adolescentes da classe alta da cidade: o filho de um delegado e um integrante das família Sirotsky, proprietária do Grupo RBS.
Pela decisão em primeiro grau, os dois adolescentes teriam que prestar serviços comunitários pelo período de seis meses. A medida sócio-educativa aplicada pela juíza Maria de Lourdes Simas Porto Vieira no início de agosto não agradou os familiares da garota, que entraram com um mandado de segurança no TJ-SC.
O advogado Francisco Ferreira já havia se manifestado publicamente contra a medida, alegando que a vítima não teria prestado depoimento na primeira fase.
O desembargador Hilton Cunha Júnior decidiu nesta segunda-feira em caráter liminar anular a sentença até que a garota seja ouvida, e o novo processo, analisado.
Fabrício Escandiuzzi, Terra

O lobo muda de pele...

Cambio: Estados Unidos declara guerra al mundo

EEUU ejerce su hegemonía antes de la reunión del G20
*cronicascriticasdaal 

O lobo muda de pele...

Deve aparecer muito distante, ao presidente Barack Obama, o 4 de Novembro que de dois anos atrás, quando os seus discursos salpicados com a retórica permitiram-lhe abrir uma maneira para penetrar no coração de milhões de Americanos, povo historicamente "sensíveis" (para assim dizer...) ao fascínio emanado pelos indivíduos que têm a capacidade suficiente para falar por horas e horas de "paz", "mudança", e "ecologia" e semelhantes assuntos.
Como é sabido, as eleições intercalares (Midterm Electrions) são geralmente consideradas como um teste decisivo  para perceber qual o humor do povo em relação à Administração e relativas escolhas políticas. 

De momento, parece que a queda abrupta de Obama e a especular subida da ala dura do partido republicano sejam um sinal duma reencontrada "islamofobía", despertada do próprio sono graças à sua "alfinetadas" dos recentes "ataques" (com muitas aspas)  feitos pelos diversos Al Awalaki e companhia, todos os membros da mesma  auto-intitulada "Al Qaeda".  
Desde o 11 de Setembro ao correio infectado com antraz. Hoje chegámos aos toner "explosivos" (sic!) que oriundos, assim dizem no Pentágono, do Yemen. 

O prato é servido.  

Os republicanos são o que são, como sempre, alimentado pelas poderosas lobbies da guerra e do petróleo, e tentam tudo para encontrar um casus belli, uma coisa tipo incidente do Golfo de Tonkin o que lhe permita adquirir o consenso necessário para aumentar a área do conflito no Médio Oriente. 

O Obama de hoje, com pouca credibilidade, se realmente deseja salvar a situação, não pode deixar de adaptar-se às manias republicanas, e reafirmar, em perfeita sintonia com os neocons, o sagrado "papel" dos Estados Unidos, ou seja, guardiães da (des)ordem mundial; e paciência para os muitos idiotas "radical chic", que entopem os luxuosos salões de meio mundo. 

O Irão é desde muito o alvo, e é só por causa dos gritantes fracassos no Afeganistão e no Iraque que ainda não foi efectuada qualquer acção militar contra Teerão.  

Até o conhecido colunista David Broder, do prestigiado (sic) Washington Post, afirma que ao travar uma guerra com o Irão não só seria possível eliminar a assim chamada "ameaça nuclear" número um, mas também resolveria muitos dos problemas económicos da crise de hoje (como o desemprego); em suma, atacar o Irão significaria dois pássaros com uma pedra.  

Por outro lado,  nos ambientes da "desinformação", sobre as "reconstruções oficiais" dos factos, recentemente largou o machado Wikileaks, o assim chamado "site de contra-informação", que num piscar de olho teria adquirido centenas de milhares de documentos secretos que mostram a pesada responsabilidade do Líbano , da Síria e, cereja no topo do bolo, do Irão no crescimento da guerrilha xiita no Iraque, a ser considerada, é claro, a única responsável pelos massacres sangrentos contra a inerme população sunita. 

E se a afirmação for de Wikileaks, como sugerido por quase toda a imprensa ocidental, não se pode (ou talvez não se deve) não acreditar.  

O tempo está a esgotar-se, o "inimigo" foi identificado e o terreno preparado para o ataque com os meios usuais, o que significa que somos confrontados com a confirmação do facto que a tanto publicitada passagem de testemunha de Bush para Obama, não só não trouxe aquela "mudança" sobre a qual tantos "esquerdos" europeus teriam apostado uma fortuna, mas foi apenas um recuo tático, que não afectou minimamente a linha estratégica fundamental do imperialismo dos EUA.

*Informação Incorrecta 



O mundo sobre os ombros de um homem pequeno


A crise se agiganta, Obama se apequena...
Saul Leblon da Carta Maior:
A tentativa do governo americano de purgar a crise interna com expansão da liquidez significa transferir os efeitos colaterais do colapso americano para os países em desenvolvimento. A equação paradoxal manipulada pelo FED e a Casa Branca fortalece a economia no núcleo duro do capitalismo ao desvalorizar a moeda de troca elevando a competitividade das suas exportações para gerar crises de superliquidez no resto do mundo. Sobretudo o mundo pobre e em desenvolvimento perde fôlego comercial e capacidade soberana de coodenar sua economia, por conta da invasão de capitais especulativos vazados das burras do Tesouro gringo.
A inexistência de um movimento socialista forte no resto do mundo, a exemplo do que havia nos anos 30, e depois da Segunda Guerra, permite que Obama promova ‘esse repasse do ônus’, sem maiores riscos. Durante o governo Roosevelt, iniciado em 1933, deu-se o oposto. Para reverter a crise de 29 foi necessário que o Estado americano assumisse o comando da economia. À revelia dos mercados Roosevelt acionou uma inédita política desenvolvimentista de recorte estatal feita de gigantescas obras públicas, ações sociais e frentes de trabalho.
Omitir-se então, e transferir o ajuste aos mercados pela superliquidez, como agora, significaria abrir espaço ao avanço do movimento socialista europeu e do poder sindical dentro dos EUA. A ausência desse personagem histórico explica o impasse no G 20 e a conversa mole de busca de coordenação internacional quando na verdade o que interessa aos EUA é destruir qualquer articulação política que possa se opor aos desígnios do seu ajuste unilateral.
O corolário desse teatro foi expresso por Barack Obama nesta 2º feira na Índia. Com escárnio, o democrata, que fica cada dia menor à medida em que a crise se agiganta, disse sobre as ações do FED e do Tesouro: ‘O que é bom para os EUA é bom para o mundo”. O único lugar no mundo que pode dar uma resposta consequente a Obama é a América Latina com seu colar de governos progressistas dotados de uma incipente capacidade de coordenação. Basta isso para avaliar a octanagem conservadora da pregação demotucana e de seu dispositivo midiático contra a integração sulamericana. E é essa gente hoje que vem falar em risco de desindustrialização…
[Leia 'Desindustrialização, Guerra cambial e Hipocrisia']
EUA: O CONSUMIDOR NÃO COMPRA, AS EMPRESAS NÃO INVESTEM, OS BANCOS NÃO EMPRESTAM
“…as empresas não financeiras [nos EUA] detêm cerca de US$ 3 trilhões em caixa e só investem em tecnologia poupadora de mão de obra (com benefícios da depreciação acelerada), o que não aumenta o emprego. O sistema bancário tem reservas excedentes da ordem de um US$ 1 trilhão e não os empresta porque ninguém solicita” [Delfim Neto, Valor, 09-11]

Desigualdade explode nos Estados Unidos



Sim, isto são ous EUA: Detroit
NICHOLAS D. KRISTOF, no New York Times pelo Viomundo
Em minhas reportagens, eu viajo regularmente às repúblicas das bananas notórias por sua desigualdade. Em algumas destas plutocracias, o 1%  mais rico da população abocanha até 20% da torta nacional.
Mas, dá para acreditar? Você não precisa viajar a países distantes e perigosos para observar tal desigualdade. Nós temos isso bem aqui em casa — e depois das eleições de quinta-feira, pode piorar.
O 1% mais rico dos norte-americanos agora acumula quase 24% da renda nacional, comparado com 9% em 1976. Como Timothy Noah da [revista eletrônica] Slate notou em sua excelente série sobre desigualdade, os Estados Unidos agora tem uma distribuição de riqueza mais desigual que as tradicionais repúblicas das bananas da Nicarágua, Venezuela e Guiana.
Os dirigentes das maiores companhias dos Estados Unidos ganhavam em média 42 vezes o salário médio dos trabalhadores em 1980, mas isso passou a 531 vezes em 2001. Talvez a estatística mais chocante seja esta: de 1980 a 2005, mais de quatro quintos do aumento total de renda dos Estados Unidos foram para o 1% mais rico.
Este é o cenário para uma das grandes brigas pós-eleitorais de Washington — até quando estender os cortes de impostos de Bush para os 2% mais ricos dos Estados Unidos. Os dois partidos concordam em estender os cortes de impostos para quem ganha até 250 mil dólares [por ano]. Os republicanos também querem estender os cortes de impostos para quem ganha acima disso.
O 0,1% dos contribuintes mais ricos receberia um corte de impostos de 61 mil dólares do presidente Obama. Mas receberia 370 mil dólares [de corte de impostos] dos republicanos, de acordo com o grupo não partidário Tax Policy Center. E isso resultaria num modesto estímulo econômico, já que os ricos em geral não gastam o que deixam de pagar em impostos.
Num período de desemprego de 9,6%, não faria mais sentido financiar um programa de emprego? Por exemplo, o dinheiro poderia ser usado para evitar a demissão de professores e o enfraquecimento das escolas norte-americanas.
Além disso, uma prioridade óbvia do pior desaquecimento da economia em 70 anos seria estender o seguro-desemprego, parte do qual será cortado em breve a não ser que o Congresso aja para renová-lo. Ou há também o programa de assistência para o ajuste do comércio, que ajuda a treinar e apoiar trabalhadores que perderam seus empregos por causa do comércio exterior. Não será mais aplicado aos trabalhadores do setor de serviços depois de primeiro de janeiro [de 2011], a não ser que o Congresso intervenha.
Assim temos uma escolha. São nossa prioridade econômica os desempregados ou os zilionários?
E se os republicanos estão preocupados com o déficit do orçamento de longo prazo, uma preocupação justa, por que insistem em dois passos que economistas não partidários dizem que piorariam os déficits em mais de 800 bilhões de dólares na próxima década — cortar impostos para os mais ricos e derrubar a reforma do sistema de saúde? Que outros programas os republicanos cortariam para garantir os 800 bilhões em receita perdida?
Ao considerar estas questões, é preciso relembrar o cenário em que se deu o crescimento da desigualdade nos Estados Unidos.
No passado, muitos de nós aceitávamos os níveis de desigualdade porque acreditávamos existir uma troca entre igualdade e crescimento econômico. Mas há provas de que os níveis de desigualdade que agora atingimos na verdade suprimem o crescimento. Uma gota de desigualdade pode lubrificar o crescimento econômico [nota do Viomundo: teoria de Ronald Reagan, a Reagonomics, segundo a qual quando sobra mais dinheiro para os mais ricos eles investem na economia e criam empregos], mas muita desigualdade pode emperrar a economia.
Robert H. Frank, da Universidade de Cornell, Adam Seth Levine da Universidade Vanderbilt e Oege Dijk, do Instituto da Universidade Europeia, recentemente escreveram um trabalho fascinante sugerindo que a desigualdade causa problemas econômicos. Eles olharam para os dados do censo para 50 estados e os 100 condados mais populosos dos Estados Unidos e encontraram relação entre os lugares onde a desigualdade mais cresceu e o crescimento do número de falencias.
Aqui está a explicação: quando a desigualdade cresce, os mais ricos pegam o dinheiro e compram mansões ainda maiores e automóveis ainda mais luxuosos. Os que se encontram abaixo tentam fazer o mesmo e acabam gastando a poupança e assumindo dívidas, tornando uma crise financeira ainda mais provável.
Outra consequência descoberta pelos estudiosos: a desigualdade crescente aumenta o número de divórcios, presumivelmente como resultado de dificuldades financeiras. Talvez eu seja muito sentimental ou romântico, mas isso me impressiona. É um lembrete de que a desigualdade não é apenas uma questão econômica, mas também de dignidade e felicidade.
Há provas crescentes de que perder um automóvel ou uma casa mexe com a sua identidade e acaba com a sua autoestima. Mudanças forçadas [de endereço] arrancam famílias de suas escolas e de suas redes de apoio.
Em resumo, desigualdade deixa as pessoas que estão mais baixo na escala social se sentindo feito ratinhos na roda que gira cada vez mais rápido, sem esperança ou escape.
Polarização econômica também rompe nosso sentido de união nacional e de objetivos comuns, gerando também polarização política.
E assim, no cenário pós-eleitoral, não devemos agravar nossa separação por renda, que deixaria um caudilho latino-americano orgulhoso. Para mim, já chegamos ao ponto das repúblicas das bananas onde a desigualdade se tornou economicamente pouco saudável e moralmente repugnante.
PS do Viomundo: Este site não gosta de julgamentos morais. Nota que os Estados Unidos combateram ferozmente os governos que tentaram reduzir a desigualdade, tanto na Nicarágua quanto na Venezuela. E, ao contrário do articulista, nota que a desigualdade nos Estados Unidos se acelerou porque os ricos passaram a exportar os empregos e, para pagar menos imposto, a sediar suas corporações em paraísos fiscais, enquanto os mais pobres foram fritar hambúrguer no setor de “serviços”.
*estadoanarquista

Trem bala e Belo Monte vão começar. Bye-bye Serra forever


À direita, na área azul, dá para ver o Serra a se afogar

Saiu no Globo, pág. 19:

“Pé no acelerador do trem-bala – Medida Provisória garante crédito do BNDES até R$ 20 bi com condições especiais para consórcio vencedor.”

Três consórcios – dois asiáticos e um europeu – devem entregar propostas que serão abertas dia 16 de dezembro na Bolsa de São Paulo.


As obras devem começar em 2012.

(O Globo, como sempre, arrumou um “especialista” para dizer que “a obra não é viável”.)

Saiu no Estadão, pág. B3:

“Belo Monte deve ser a primeira obra beneficiada pela garantia do Tesouro – construção de hidrelétrica no rio Xingu terá 80% do custo financiado pelo BNDES; valor …  será autorizado pela Medida Provisória”.

Navalha
Que horror !, não, amigo navegante ?
A Marina tem pavor de Belo Monte.
Serra disse na campanha que precisaria rever todo o projeto da hidrelétrica – para bajular a Marina, é claro.
(Provavelmente com a ajuda do James Cameron, um notável especialista em marketing e hidreletricidade, também.)
O Serra falou mal e bem do trem bala.
Ele diz qualquer coisa, como se sabe.
Quer dizer, amigo navegante, ufa !
O trem bala e Belo Monte vão começar a rodar.



Paulo Henrique Amorim

Martinho da Vila e o ENEM / skaf tirou a máscara socialista

O Pequeno Burguês
Martinho da Vila
Felicidade!
Passei no vestibular
Mas a faculdade
É particular
Particular!
Ela é particular
Particular!
Ela é particular...
Livros tão caros
Tanta taxa prá pagar
Meu dinheiro muito raro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar...
Morei no subúrbio
Andei de trem atrasado
Do trabalho ia prá aula
Sem jantar e bem cansado
Mas lá em casa
À meia-noite
Tinha sempre a me esperar
Um punhado de problemas
E criança prá criar...
Para criar!
Só criança prá criar
Para criar!
Só criança prá criar...
Mas felizmente
Eu consegui me formar
Mas da minha formatura
Não cheguei participar
Faltou dinheiro prá beca
E também pro meu anel
Nem o diretor careca
Entregou o meu papel...
O meu papel!
Meu canudo de papel
O meu papel!
Meu canudo de papel...
E depois de tantos anos
Só decepções, desenganos
Dizem que sou um burguês
Muito privilegiado
Mas burgueses são vocês
Eu não passo
De um pobre coitado
E quem quiser ser como eu
Vai ter é que penar um bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado...


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O buraco é mais embaixo

Skaf, sem a roupa de socialista: imposto, não!
Já sem a fantasia de socialista que vestiu na campanha eleitoral, Paulo Skaf, o presidente da toda poderosa Fiesp, retomou, para uma plateia formada por empresários os mais variados, o seu velho discurso neoliberal.
No seu cardápio, o prato mais trivial é o combate a qualquer coisa que se assemelhe a imposto.
Como se sabe, empresários detestam os impostos, não porque, como falam, ele "trava os investimentos", mas simplesmente porque refreia os lucros. E, mais uma vez, a fúria de Skaf voltou-se à CPMF, que vários novos governadores querem recriar e que ele, numa campanha violenta, ajudou a derrubar em 2007.
"Há algumas pessoas sonhando que o R$ 1 trilhão previsto para ser arrecadado para os cofres do governo federal em 2011 talvez seja pouco e andam sonhando com a criação de impostos ou contribuições. O recado que dou a elas é que tenham cuidado porque nós vamos fazer com que esses sonhos virem pesadelos", disse um entusiasmado Skaf segunda-feira na abertura do Congresso Indústria 2010, em São Paulo.
Skaf, que apesar de dirigir a Fiesp é um "sem-indústria" (a empresa têxtil que tinha fechou as portas em 2001, afundada em dívidas com a Previdência, que ele tentou quitar por meio dos generosos programas de parcelamento de débitos lançados tanto pelo governo FHC quanto pelo de Lula), talvez tenha carregado na oratória ainda sob os efeitos da adrenalina acumulada na campanha eleitoral. O fato é que foi entusiasticamente aplaudido por seus pares, o que demonstra o quão difícil será recriar algum imposto para a saúde.
É que nessas questões tributárias não há espaço para socialismo de nenhum tipo em Skaf. E não é apenas com a CPMF a sua briga.
A insuspeita colunista Monica Bergamo registrou em sua coluna da Folha, em 2007, uma cena envolvendo esse nosso líder empresarial e o médico Adib Jatene, que, quando ministro da Saúde no governo FHC, teve a ideia de criar o imposto para a saúde. Vamos ao seu didático relato:
 
"Dedo em riste, falando alto, o cardiologista Adib Jatene, “pai” da CPMF e um dos maiores defensores da contribuição, diz a Paulo Skaf, presidente da Fiesp e que defende o fim do imposto: 'No dia em que a riqueza e a herança forem taxadas, nós concordamos com o fim da CPMF. Enquanto vocês não toparem, não concordamos. Os ricos não pagam imposto e por isso o Brasil é tão desigual. Têm que pagar! Os ricos têm que pagar para distribuir renda.'
Numa das rodas formadas no jantar beneficente para arrecadar fundos para o Incor, no restaurante A Figueira Rubaiyat, Skaf, cercado por médicos e políticos do PT que apóiam o imposto do cheque, tenta rebater: 'Mas, doutor Jatene, a carga no Brasil é muito alta!'. E Jatene: 'Não é, não! É baixa. Têm que pagar mais.' Skaf continua: 'A CPMF foi criada para financiar a saúde e o governo tirou o dinheiro da saúde. O senhor não se sente enganado?' E Jatene: 'Eu, não! Por que vocês não combatem a Cofins (contribuição para financiamento da seguridade social), que tem alíquota de 9% e arrecada R$ 100 bilhões? A CPMF tem alíquota de 0,38% e arrecada só R$ 30 bilhões.' Skaf diz: 'A Cofins não está em pauta. O que está em discussão é a CPMF.' 'É que a CPMF não dá para sonegar!,' diz Jatene."
Pois é, o doutor Jatene sabe das coisas. Com a CPMF não dá para sonegar. E isso é muito, muito ruim para os nossos empresários.
*comtextolivre