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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 11, 2010

Quem gostava do Silvio era a grobo




    https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeEoJ0V8smwlNf5d3VYGVbqXFFjkZ_2pMpaRE6XVpJUJ1Izr04B3cD8uOhazWcwSMhx4_RYOGS_QAS0zpSo5t52fYehOLCLsOhU0H6VXGux9NuUb-9Oi2Wa-5LeJPeu4ybpSpZc-miFeg/s1600/silvio_santos.jpg
    A situação já esteve melhor para Globo, não é, Galvão ?

    Como se sabe, o Silvio fazia questão de dizer que estava muito feliz com o segundo lugar.

    Silvio transformou uma concessão pública de televisão num instrumento de venda de seus produtos fora da televisão.

    Clique aqui para ler “Política social do Lula quebrou o Silvio”.

    Silvio não estava preocupado em tirar o lugar da Globo.

    Ele não queria ser o primeiro.

    Não era o modelo de negócio dele.

    Por isso, Silvio nunca investiu muito dinheiro na televisão.

    Silvio não se notabilizou por novelas, minisséries, esporte, e muito menos por jornalismo.

    Dizem que Silvio tem pavor de jornalismo.

    Ou seja, Silvio gostava de programas baratos, de auditório, como os dele, da Hebe e do Gugu.

    Programas de custo reduzido, controlável e com muita mão-de-obra avulsa.

    Isso não dava uma rede de televisão que pudesse enfrentar a hegemonia da Globo.

    No Governo Figueiredo, quando a Tupi quebrou, Roberto Marinho foi tão esperto que conseguiu escolher até os concorrentes.

    E o Governo Figueiredo dividiu a Tupi em duas:

    Uma, a Manchete, quebrou.

    A outra, o SBT, vai ter que trocar de mãos.

    Roberto Marinho pretendia interromper o movimento da Terra em torno do Sol.

    Manter o Regime Militar e o Silvio no segundo lugar.

    Aí, apareceu a Record, que quer ser a primeira.

    Aí, apareceu o Lula, que reduziu de 90% no Governo FHC para 50% a participação da Globo na publicidade oficial.

    Aí, veio a Dilma, que, se não fizer a Ley de Medios, a Globo derruba ela.

    Agora, o Silvio sofreu esse baque irremediável.

    Como diria o Cala Boca Galvão, quando a Holanda empatou:

    A situação já esteve melhor para a Globo.


    Paulo Henrique Amorim

    Assista e preste atenção nos sentimentos que lhe despertam





    *comtextolivre

    quarta-feira, novembro 10, 2010

    Uma nova moeda padrão em substituição ao Dólar


    O dólar definitivamente furado
    Atenção! Há poucas horas, em Seul, o ministro da Fazenda, Guido Mantega  formalizou a proposta  de criação de uma nova moeda padrão em substituição ao Dólar.

    Mundo Financeiro e os próprios norte-americanos já concluíram que o Dólar tornou-se  imprestável como  moeda padrão. Por isso, nesta reunião dos G-20 (as vinte maiores  economias do Planeta), que se inicia  hoje em Seul, será proposta a criação de uma nova moda padrão. O Brasil e a China já  haviam sugerido , há oito meses,  que esta  nova moeda, de transição e usada apenas nas transações comerciais entre  países, fosse administrada (emitida) pelo  FMI.

    Nas primeiras três décadas do século a  Grã Bretanha  vai cedendo o posto de  primeira potência mundial para os  Estados Unidos. Com o fim da Guerra, em 45, os EUA  emergem como a maior potência indiscutida. A partir de 1949, quando detona  seus primeira  bomba atômica,  a ex-União  Soviética contesta militarmente essa hegemonia norte-americana, até derreter no início dos anos  80, vítima  de sua própria ditadura burocrática e idiotizada.
    Em 11 de Setembro de e 2011 (início da  Grande Crise), vitimas de sua cobiça desenfreada e da leitura equivocada da  teoria econômica liberal, os Estados Unidos  consumaram sua decadência e  sua  hegemonia passou a depender exclusivamente de seu descomunal arsenal militar. Mas o Mundo já vive uma fase de poder multipolar.
    Isto, para dizer, em poucas linhas, que o Dólar perdeu as condições mínimas elementares para  se manter como  moeda padrão aceita universalmente como valor  de referência nas trocas comerciais. O Dólar está definitivamente furado, porque  perdeu fidúcia que no jargão bancário quer dizer, simplesmente, credibilidade.
    Em que diz isso, querido  leitor, não sou eu, mas nada menos  que o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick que em artigo do último dia 8, no Financial Times propôs a volta do Padrão Ouro ao sistema monetário internacional. A proposta, diga-se, além de inusitada é ingênua, porque qualquer especialista sabe que todo o ouro do Mundo, fundido em barras, cabe nos porões de um cargueiro de porte médio. Ou seja , por uma  simples questão de volume, o ouro é incompatível com tão  gigantesca  tarefa.
    Aliás, está  incompatibilidade foi declarada pelos  próprios  norte-americanos, quando, em 1971, Richard Nixon, rompeu  unilateralmente com  o Padrão Ouro  e reconheceu implicitamente que as reservas  americanas do metal, depositadas no famoso Fort Knox  não eram suficientes para dar lastro à moeda em circulação.
    Sobre o mesmo tema, leia também as colunas Última Hora e Para Entender a Crise. 

    *grupobeatrice

    Justiça condena Protógenes e deixa Dantas solto

    itagiba-dantas









      Protógenes foi atingido pelo novo Diário da Justiça
      Saiu no Estadão:

      “Protógenes é condenado por crimes na Satiagraha”


      Pela primeira vez na história do Judiciário brasileiro, o distinto público tem notícia de uma decisão da Justiça Federal, primeiro no PiG (*).

      Trata-se de uma delirante decisão que condenou o ínclito delegado Protógenes Queiroz a atender à vítimas de queimaduras.

      A delirante decisão condenou o ínclito delegado por forjar provas, espionar presidente da República, e assumir o controle da ABIN com o intento mediático de se eleger deputado federal.

      O delírio tem um objetivo explícito de impedir que o ínclito delegado se diplome deputado federal e possa subir à tribuna para ler o que ainda não se conhece da Operação Satiagraha.

      A decisão delirante foi tomada por um conhecido juiz federal que se livrou de boa por causa de uma decisão Suprema do ex Supremo Presidente Supremo do Supremo Tribunal Federal.

      Aquele que maculou irremediavelmente a imagem do Judiciário brasileiro ao conceder em 48 horas dois HC’s ao passador de bola apanhado no ato de passar bola, Daniel Dantas.

      Impedir que Protógenes Queiroz assuma a cadeira de deputado federal é o sonho de consumo do Daniel Dantas.

      Que agora, por coincidência, é o que pretende a delirante decisão publicada no Conjur, também conhecido como Estadão.

      Daniel Dantas continua solto.

      E o ínclito delegado vai ter que pensar queimaduras.

      Viva o Brasil !

      Paulo Henrique Amorim

      (*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

      Protógenes será deputado federal
      e denunciará Dantas


        Dantas, nos tempos em que brancos eram algemados. Viva o Brasil !

        O ínclito delegado Protógenes Queiroz informou que entrará com recurso contra a delirante decisão que o atinge.

        O ínclito delegado lembra que o direito de ser diplomado deputado federal não se prejudicará com a decisão delirante.

        Lembra também que assumiu na campanha o compromisso de subir à Tribuna e, protegido pela imunidade parlamentar, tratar de capítulos sombrios escondidos no sigilo da Operação Satiagraha.

        Protógenes desconfia que o juiz autor da delirante decisão tentou proferir a sentença antes da eleição para enquadrar o ínclito delegado na Lei de Ficha Limpa.

        O objetivo não foi alcançado.

        O ínclito delegado lembra que existe uma espécie de ofensiva que, por coincidência, beneficia o passador de bola apanhado no ato de passar bola: Daniel Dantas.

        Uma decisão da Justiça que beneficia Ricardo Sérgio de Oliveira, um dos heróis do livro “Os Porões da Privataria”, de Amaury Ribeiro Júnior.

        O lançamento de um livro igualmente delirante que tenta desqualificar o ínclito delegado.

        E agora, essa delirante decisão.

        O banqueiro condenado a 10 anos de prisão por tentar passar bola para um agente da Polícia Federal continua solto como um pardal.

        E em plena atividade.

        Como previu este ordinário blogueiro, Daniel Dantas brevemente será homenageado com uma sessão solene promovida pelo jornal O Estado de SP, a que comparecerá Fernando Henrique Cardoso, que o considerou “brilhante”.

        A festa servirá os vinhos da adega do Ricardo Sérgio.

        O responsável pela segurança será o ex-deputado Marcelo Lunus Itagiba.

        Protógenes passará 3 anos da vida cuidando de queimaduras.

        Fausto De Sanctis de aposentados em litígio com o INSS.

        E Paulo Lacerda abrirá uma loja de pasteizinhos de Belém, na Barra da Tijuca, no Rio.

        Viva o Brasil !


        Paulo Henrique Amorim

        A 'justiça' paulista é cega. Mas enxerga no escuro...

        O delegado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) foi condenado a três anos e onze meses de prisão pela Justiça Federal de São Paulo. Ele é acusado de vazar informações e forjar provas enquanto chefiava a Operação Satiagraha, que condenou o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, a 10 anos de prisão por corrupção ativa.

        Como se vê a justiça em São Paulo é rapida, quando lhe convém

        Crimes do delegado:

        1 - Prender Daniel Dantas

        2 - Prender Naji Nahas

        3 - Não aceitar suborno quando oferecido

        4 - Investigar a corrupção nos 3 poderes, inclusive o Supremo de Gilmar Mendes

        5 - Algemar os criminosos e recolher provas numa mega operação da policia federal
        *amigosdopresidenteLula

        O Brasil humilhado: Juiz, amigo de Gilmar Mendes, decreta prisão do delegado Protógenes.


        Do Blog Fatos SociaisAssim funciona a República brasileira: enquanto o banqueiro corrupto Daniel Dantas continua solto, o ínclito delegado Protógenes Queiroz é condenado a 3 anos e 4 meses de prisão.
        Protógenes, que acaba de ser eleito deputado federal pelo PCdoB de São Paulo, é acusado de ter investigado Dantas de forma ilegal durante a Operação Satiagraha. A sentença foi dada pelo juiz da 7.ª Vara Criminal Federal em São Paulo, Ali Mazloum, conhecido por sua ligação com o ministro Gilmar Mendes e por diversos outros escândalos. O ministro Gilmar Mendes é o mesmo que mandou soltar o banqueiro Daniel Dantas numa das ações mais rápidas da justiça brasileira.Veja abaixo quem é Ali Mazloum:Gilmar Mendes defende juiz Ali Mazloumhttp://www.conjur.com.br/2009-jun-23/gilmar-mendes-defende-ali-mazloum-alvo-processo-administrativo
        MPF pede condenação na Operação Anaconda, Ali Mazloum é citadohttp://www.conjur.com.br/2004-out-21/mpf_condenacao_juizes_advogados_delegados
        100 juízes no banco dos réus, Ali Mazloum é citadohttp://www.conjur.com.br/2004-jan-18/sao_100_juizes_banco_reus_pais?pagina=5
        Segundo a Revista Carta Capital“a Satiagraha investigou um esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro envolvendo grandes empresários. A operação ganhou notoriedade porque, em julho de 2008, Daniel Dantas, do grupo Opportuniry, e Naji Nahas, investidor do mercado financeiro, foram presos junto de outras 15 pessoas”.
        Daniel Dantas possui uma rede de proteção que passa pelo Congresso Nacional (muitos deputados e senadores tiveram as campanhas financiadas por Dantas), pelo STF (Gilmar Mendes é o maior exemplo), pelo Executivo (basta ver a forma como a polícia federal tem perseguido e constrangido o delegado Protógenes) e pela grande mídia (a revista Veja é sua grande defensora).A condenação do delegado Protógenes Queiroz é um tapa na cara da República. Prova de que, por aqui, investigar gente corrupta não é um bom negócio. Força, Protógenes!
        Veja Também:

        Levante a sua Voz



        P.S.: ...aproveite a acompanhe ao vivo Seminário Internacional sobre Comunicações Eletrônicas e Convergência de Mídias clicando AQUI



        Por que a mídia teme o debate?

        Balaio do Kotscho 10 de novembro de 2010 às 9:51h
        “A proposta é recebida com receio pelo setor, que teme o cerceamento do conteúdo jornalístico”, escreveram na Folha as repórteres Elvira Lobato e Andreza Matais, sobre o seminário promovido pelo governo federal, que começa nesta terça-feira, em Brasília, com o objetivo de discutir uma nova regulamentação para os meios de comunicação eletrônica. Os outros jornais também mostraram o mesmo receio.
        Afinal, o que tanto temem os barões da mídia? É sempre a mesma coisa: basta qualquer setor da sociedade civil ou representantes dos três poderes colocarem em discussão a regulamentação dos meios de comunicação social no país para que as entidades representativas do setor reajam em bando, assustadas, como se um exército de censores estivesse de prontidão para acabar com a liberdade de imprensa no país.
        Do que se trata? Com base na legislação de outros países, que enviaram representantes ao seminário, o atual governo está preparando um anteprojeto de lei para estabelecer novas regras do jogo numa área revolucionada nos últimos anos pelos novos meios eletrônicos. O resultado deste trabalho será entregue à presidente eleita Dilma Rousseff, que decidirá se enviará ou não um projeto de lei ao Congresso Nacional, a quem cabe a última palavra.
        Em qualquer democracia do mundo, é assim que as coisas funcionam. Aqui, não. Nossa mídia não admite que nenhuma instância da sociedade, dos parlamentos ou dos governos eleitos se atreva a se meter em sua seara. É como se a mídia constituisse um mundo à parte, uma instituição autônoma, acima do bem e do mal, inimputável como as crianças e os índios.
        Desde o começo do primeiro governo do presidente Lula, já se gastaram milhares de quilômetros de matérias em jornais e revistas e horas sem fim de comentários em emissoras de rádio e televisão para falar das ameaças à liberdade de expressão no Brasil. O nome do fantasma é “controle social da mídia”, um negócio que ninguém sabe direito o que é nem como faz para funcionar, mas é muito perigoso.
        Pergunto: qual foi até agora a iniciativa concreta do governo Lula para cercear qualquer profissional ou orgão de imprensa? Sim, eu sei, falarão do episódio da “expulsão” do correspondente Larry Rother, um grave erro do governo que não se consumou, e da “censura” ao Estadão, que já dura não sei quantos séculos, impedido de falar dos rolos de um filho do ex-presidente José Sarney, por determinação da Justiça.
        Só por ignorância ou má fé casos assim podem ser citados por entidades como a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), venerando clube que congrega o que há de mais reacionário e ultrapassado no continente, como exemplo de que no Brasil não vigora a mais absoluta liberdade de imprensa e de expressão.
        Não adianta o ministro Franklin Martins, da Comunicação Social, responsável pelo seminário e pelo anteprojeto, repetir mil vezes que o objetivo da discussão é defender, e não ameaçar, a radiodifusão, que sofre a pesada concorrência das empresas de telecomunicação. “Se prevalecer só o mercado, a radiodifusão será atropelada da jamanta das teles”.
        Os números publicados pela Folha dão razão a Martins. “Enquanto as teles faturaram R$ 144 bilhões em 2009, o faturamento somado das rádios e TVs foi de R$ 13 bilhões e R$ 15 bilhões”, informa o jornal. O ministro também descarta qualquer “controle social” sobre a mídia. “A imprensa já é observada, criticada e fiscalizada pela internet, que, aliás, faz isso de forma selvagem, mas faz”.
        A maior prova de que as empresas e suas entidades representativas não querem regulamentação alguma e só aceitam prestar contas a Deus, se acharem necessário, foi o fracasso da tentativa de criar uma comissão, no último encontro da Associação Nacional de Jornais (ANJ), para começar a discutir a autorregulamentação do setor.
        Na área de publicidade, a iniciativa foi tomada há mais de 30 anos com o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que envolve agências, veículos e anunciantes, e funciona muito bem. Mas as Organizações Globo foram contrárias à criação da comissão e, portanto, não se falou mais no assunto.
        É esta, por sinal, a principal recomendação do estudo “Indicadores da Qualidade de Informação Jornalística”, que será lançado hoje pela Unesco, com base em 275 questionários respondidos por profissionais de todo o país. “Cabe às empresas do setor definir os padrões de qualidade”, resumiu Guilherme Canela, o coodenador do estudo, que propõe a autorregulação.
        Só falta agora os tementes da SIP, da Abert, da ANJ (da líder oposicionista Judith Brito), da Aner, os de sempre, enfim, acusarem a Unesco, um orgão da ONU, de se meter onde não foi chamada e ameaçar a liberdade de imprensa no Brasil.
        Razão tem meu amigo Luciano Martins Costa, que escreveu ontem no “Observatório da Imprensa” a melhor definição sobre a crise existencial vivida pela nossa velha imprensa:
        “O que acontece é que as empresas tradicionais de mídia vivem no regime monárquico e lutam para impedir a proclamação da República”.
        *satiro

        A raça dele está chegando ao fim: DEM estuda se unir a outras siglas



        Em busca da sobrevivência política, partido cogita a possibilidade de fundir-se ao PSDB ou ao PMDB,(de Quércia) hipótese que converteria em aliado um opositor ferrenho ao governo Lula

        Partidos que sofreram as maiores derrotas durante as eleições, DEM e PPS enfrentam um truncado jogo de alianças e acordos até o fim do ano para definir uma mudança de curso que recoloque as legendas em uma rota de sobrevivência política. Enquanto os sucessores do antigo PFL estudam a fusão com o PSDB e até um desembarque no PMDB-o que jogaria a legenda na bancada governista -, os socialistas tentam se afastar da imagem conservadora dos atuais aliados para marchar rumo a uma oposição mais branda ao governo federal.

        Depois de perder 22 cadeiras na Câmara e seis no Senado como resultado do pleito de outubro, o DEM estuda se unir a outras siglas para manter parte do cacife político. Na oposição desde a primeira eleição do Presidente Lula, em 2002, o partido viu a bancada se reduzir dramaticamente.

        Da quase uma centena de deputados federais eleitos em 1998, sobrarão apenas 43 a partir de 1º de fevereiro, data da posse dos novos parlamentares. Diante dos números, os maiores expoentes da legenda estudam a fusão com PSDB ou PMDB. Na prática, isso significa dizer que a sigla poderia tomar um caminho insólito e apoiar o governo petista depois de fazer oposição ferrenha a Lula nos últimos oito anos.

        O maior temor do DEM é que uma janela para a troca de partidos seja aprovada pelo Congresso e a bancada se reduza ainda mais com a migração de parlamentares para a base governista.

        "Estamos extremamente fragilizados. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tem conversado com vários partidos, sempre com um cenário de fusão", revela o deputado federal Guilherme Campos (DEM-SP).De acordo com o parlamentar, o presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), também tem participado dos encontros.

        Ao negociar um desembarque na bancada governista, o DEM praticamente implodiria a oposição ao Palácio do Planalto durante o governo de Dilma Rousseff, já que o grupo ficaria reduzido a PSDB, PSol e PPS, que, juntos, detêm apenas 68 dos 513 assentos na Câmara dos Deputados. Por isso, os atuais partidos da bancada governista desconfiam das reais intenções da legenda. Entendem que a negociação aberta seria mais uma forma de pressionar o PSDB a garantir maior espaço nas composições estaduais e municipais. O maior interessado é justamente Kassab, que termina o mandato na Prefeitura de São Pauloem2012 e almeja chegar ao Palácio dos Bandeirantes, que será ocupado por Geraldo Alckmin (PSDB) nos próximos quatro anos.

        Musculatura

        Se o destino do DEM passa por São Paulo, o PPS tenta formar uma frente com partidos menores para tentar ganhar um mínimo de musculatura no Congresso. A legenda viu reduzir de 22 para 12 o número de deputados na Câmara e tem apenas Itamar Franco (PPS-MG) no Senado. O presidente do partido, Roberto Freire, analisa que o caráter conservador abraçado pelos aliados PSDB e DEM durante as eleições prejudicou em especial o partido, que pretende se inserir em um discurso de centro-esquerda.

        "Tivemos erros crassos na campanha que se encerrou, como fazer uma oposição que aplaudia o governo, sem citar a correção necessária de rumos, sem espírito crítico", critica Freire. O partido se aproxima de grupos mais alinhados ao Planalto, como PV e PSol. O próprio Freire admite voltar à bancada governista, de onde saiu depois do escândalo do mensalão em 2005, desde que o Palácio do Planalto altere a atual política econômica.

        Devolta aos trabalhos

        A Câmara iniciou ontem à noite a votação de medidas provisórias que trancam a pauta. Depois de mais de três meses sem deliberações, os deputados aprovaram a MP que prorroga até o fim de janeiro os contratos do Executivo. Também foi aprovada a medida provisória que altera o Fundo Especial para Calamidade Públicas e o Sistema Nacional de Defesa Civil, para dar mais agilidade às transferências de recursos governamentais em caso de desastres. O Senado também retomou a rotina de votações e, na noite de ontem, aprovou, em primeiro turno, a reforma do Código de Processo Penal. Entre as mudanças, está o fim da prisão especial para pessoas que tenham concluído o ensino superior. A matéria ainda será apreciada em segundo turno.Com informações do Correio Braziliense
        *amigosdopresidenteLula

        As barrigas das gaivotas Terra esquisita os estados unidos.


        Podem acontecer coisas como esta: um míssil é lançado e ninguém sabe nada.

        Enquanto Barack Obama está empenhado numa  viagem que por número de efectivos envolvidos parece um êxodo bíblico, em frente das costas da Califórnia aparece um rasto de fumo.

        "O que é isso?" perguntam os habitantes de Los Angeles.
        "Oh, nada de especial, fiquem descansados, é só um míssil e nem é dos nossos" responde o Pentágono.

        Assim, uma notícia que em qualquer lugar do mundo seria motivo de séria preocupação, já no dia a seguir quase desaparece das primeiras páginas dos jornais.

        E parte a campanha "Descontração Controlada".

        No Washington Post podemos ler as opiniões dos especialistas.
        Afirma John Pike, que tudo sabe de defesa e de assuntos aeroespaciais:
        Esta coisa é tão obviamente um rasto de avião e, no entanto, aparentemente, ninguém pode dizer isso.[...] O objecto estava a mover-se muito lentamente para ser um míssil.

        Parecia o lançamento de um míssil por causa duma ilusão óptica que tornaram o rasto aparecer como se tivesse começado no mar. 
        Ilusão óptica...onde é que já vimos isso?

        Assim, quando o embaixador da Nato e ex deputado secretário da Defesa Robert Ellsworth afirma "É um grande míssil", bom, está enganado.


        Da mesma forma estão enganados o Pentágono, a Air Force, a Marinha, o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte, o U.S. Northern Command e a Federal Aviation Administration quando afirmar não conhecer a natureza do objecto. Nem o NORAD escapa.

        A resposta correcta deveria ser: "Não é um míssil".


        A seguir o vídeo, numa reportagem da CBS:





        Definitivamente não é um míssil.
        Podemos avançar com outras explicações?

        Segundo o especialista Leonardo, colaborador fixo deste blog, as imagens relatam o voo dum grupo de gaivotas, cujas barrigas reflectiram a luz do sol, criando o conhecido "efeito míssil".

        Mas também não podemos afastar a hipótese dum raio globular ou a dum efeito criado pelo trânsito do planeta Vénus (um trânsito bastante acelerado, típico do planeta).

        Uma última nota.

        É enviado um toner com pó explosivo para uma sinagoga de Chicago?
        Horror, tragédia, é preciso atacar o Yemen e o Irão.

        Aparece um míssil em frente de Los Angeles?
        Paciência.

        Estados Unidos, terra esquisita mesmo.

        Nota: reparei agora que a mesma notícia é relatada por Prova Final. Como as fontes são diferentes, se o assunto interessa pode ser uma boa ideia ler esta versão também. Aqui vai o link: Misterioso Míssil filmado em Los Angeles.

        Ipse dixit.
        *informincorre

        O triste fim de fhc









        image                                   FHC – O nefelibata 

        Mino Carta
        Promotor e intérprete de uma ambição exagerada para um pássaro que não voa
        Quem já leu um livro de Fernando Henrique Cardoso? É a pergunta que às vezes dirijo à plateia que, generosa além da conta, acompanha uma palestra minha. Que levante o braço quem leu. De quando em quando, alguém acena ao longe, por sobre e em meio a uma fuga de cabeças imóveis. Trata-se, obviamente, de uma pesquisa rudimentar. Tendo a crer, porém, que o príncipe dos sociólogos e ex-presidente não é tão lido quanto os jornalistas tucanos supõem.
        É grande, isto sim, o número daqueles que lhe atribuem acertadamente a chamada “teoria da dependência”, objeto do ensaio escrito no Chile em parceria com o professor Enzo Falletto. Ali está uma crítica inexorável da burguesia nativa, incapaz, segundo a dupla de ensaístas, de agir por conta própria para tornar o Brasil um país contemporâneo do mundo.
        Muitos anos após a publicação do livro, quando FHC ocupava a Presidência do País, eu me atrevi a perguntar aos meus botões se ele não estaria a provar a célebre teoria. Teria a oportunidade de demonstrar na prática seu teorema, pelo qual o Brasil é inescapavelmente destinado ao papel de dependente. Dos Estados Unidos, está claro. Ninguém como o presidente Fernando Henrique entendeu ser inevitável, ineludível, imperioso, cair nos braços do colega americano, no caso Bill Clinton.
        Não me permito aventar a hipótese de que o nosso herói agiu em benefício próprio. Atendeu, legitimamente, isto sim, às suas convicções. A operação revela uma extraordinária habilidade política, a refletir seu incomum poder de sedução. A burguesia nativa encantou-se com aquele que recomendava o esquecimento de seu próprio passado, incapacitada, talvez, à comparação entre a teoria da dependência e a ação do presidente tucano, enquanto Bill escancarava os braços e oferecia o abrigo do ombro possante. Nem se fale do deleite da mídia: eis o presidente intelectual que o mundo nos inveja.
        FHC é um encantador de serpentes. Plantou-se sobre o pedestal da estabilidade, obtida de início com a URV, enfim com o real, mérito indiscutível, premissa de progressos em espiral, que se renovam em uma espécie de estação de colheitas cada vez mais apressadas.
        Trunfo notável, traído com a reeleição alcançada pela via da compra de votos para concretizar a emenda constitucional, e conduzida na campanha de 1998 à sombra da bandeira da estabilidade rasgada exatos 12 dias após a posse. Tanto em 94 quanto em 98, o obstinado Sapo Barbudo foi o adversário fadado à derrota, graças, inclusive, ao apoio maciço da mídia dos ainda influentes barões de longa vida e dos seus obedientes sabujos. Dá-se, inclusive, naquele 1998 vincado pela crise russa, um fenômeno peculiar: os patrões da mídia nativa passam a acreditar não somente nas promessas do seu candidato à reeleição, mas também nos seus colunistas que tão sofregamente o sustentam. Uma vez reeleito, FHC desvaloriza o real e deixa os senhores de tanga.
        A Lula, vencedor em 2002, FHC entrega um país economicamente à deriva. O tucanato chegara ao poder oito anos antes com o propósito de ficar ali por duas décadas. Muita ambição, talvez, para um pássaro que não voa. Tenho uma lembrança pré-tucana que me vem à mente, remonta a 28 anos atrás. Acompanho André Franco Montoro na sua campanha à governança de São Paulo, na ocasião pela zona canavieira do estado. Chegamos a Rafard quando já caía a noite e a caçamba de um caminhão se dispôs a ser palanque nas bordas da cidadezinha.
        Eu estava a bordo, do alto via aquela plateia de rostos iluminados obliquamente e ouvia a brisa ciciar em meio ao canavial que nos cercava. A sequência dos oradores previa também a fala de FHC e, ao cabo, aquela de Montoro. Quando o então suplente de senador tomou a palavra, Mário Covas veio sentar-se ao meu lado na amurada do convés. A cada período do discurso, olhava-me com cumplicidade e meneava a cabeça em desalento. Nunca esqueci aquele momento e quando o senador em lugar de Montoro, líder da cisão peemedebista criadora do tucanato, deixou-se encantar pelo convite de Fernando Collor e por sua própria, incomensurável vaidade, melhor entendi o comportamento de Covas na noite de Rafard.
        Sua confiança no companheiro valia zero. E foi como se saísse da amurada e se chegasse ao orador garboso ao dizer com todas as letras, oito anos depois: “Se você for para o governo de Collor, eu saio do partido e trato de mandá-lo a pique”. FHC tirou o time de campo. Covas sabia ser persuasivo, e teve a ventura de não assistir ao desastre de 2002, a primeira derrota de José Serra.
        Outro episódio para mim marcante tem 30 anos e alguns meses. Estamos a viver a última grande greve dos operários de São Bernardo e Diadema, comandada pelo presidente do sindicato, Luiz Inácio, melhor conhecido como Lula. Vou frequentemente ao estádio da Vila Euclydes para viver de perto aquela situação, e um dia Raymundo Faoro, o amigo que hoje me faz falta, liga e diz: “Quero ver também”. Veio a São Paulo e no aeroporto, quando fui buscá-lo, fomos interceptados por um emissário de FHC. O senador gostaria muito de se encontrar conosco a caminho do estádio. Faoro disse está bem.
        Houve um café servido em xícaras de porcelana, e então o príncipe dos sociólogos iniciou a sua peroração a favor do nosso distanciamento daquela imponente manifestação dos grevistas. O segundo ato foi encenado no salão nobre do Paço Municipal de São Bernardo, precipitado pelo mesmo motivo. “Sou um jornalista – disse eu – esta conversa para mim é tempo perdido.” Faoro não disse nada. Levantamos e fomos ao palanque de Lula. Foi quando o autor de Os Donos do Poder e o líder sindical se conheceram. Refleti sobre as razões de FHC: por que pretendia impedir que Faoro fosse ter com Lula? Permito-me a seguinte conclusão: pelo jurista e historiador nutria turvos ciúmes intelectuais, pelo líder operário algo mais que a premonição de uma inevitável rivalidade. Tratava-se de um confronto já latente.
        Como amiúde acontece com fanáticos da ambição, o instinto da rivalidade está sempre preparado para o bote. Qual seria, exatamente, a primeira corda da relação Fernando Henrique-José Serra? Digo, do ângulo daquele. De grande ami zade, é a resposta oficial. E nos bastidores das intimidades mais recônditas, até mesmo inconfessáveis? Não duvido que a amizade de FHC por Serjão Motta fosse autêntica, totalmente sincera. Pois Serjão era um ser amoitado por natureza, provavelmente o mais sábio do terceto. Não tinha o menor interesse em sair à luz do sol para se exibir. Com Serra, parece-me fácil imaginar que a amizade de FHC seja agulhada pela rivalidade. Latejante.
        Eis dois modelos de ambição diferentes, de certa forma opostos, pelo menos sob certos aspectos. Por exemplo. Ambos são hábeis em trabalhar à sombra, em manobrar por baixo dos panos. FHC, contudo, sabe como manter intacto este fluxo subterrâneo. Serra, talvez por causa da origem calabresa, às vezes não se contém e mostra a cara. FHC faz questão de aparentar tolerância e bonomia, mesmo em relação a quem abomina, como convém ao político matreiro a explorar os sentimentos alheios ao montar o ardil que irá engolir quem confiou em excesso. Serra é, para o mal de seus desenhos, de cultivar ressentimentos e rancores. Ódios precipitados, quando não daninhos para ele mesmo.
        Nesta rivalidade se esvai o PSDB. A ambição transbordante, evidente demais, afastou ambos de uma liderança sábia e até arguta como a de Ulysses Guimarães. Depois de ter assustado fatalmente Tancredo Neves, que os quis longe do governo destinado a sobrar para José Sarney. Cogitado para o Planejamento, Serra só teve espaço em São Paulo. FHC, que Tancredo definia como “o maior goela da política brasileira”, não foi além de um cargo inútil no Congresso.
        Vanitas, vanitatum, diziam os latinos ao se referir à vaidade. Não é por acaso que o PSDB, nascido do inconformismo em relação à linha peemedebista que a tigrada tinha como muito branda, acaba por assumir, tardia e desastradamente, e empurrado pela presença de Lula, o papel da UDN velha de guerra. O enredo é impecável na moldura da deplorável trajetória da esquerda brasileira. É uma história escrita por um punhado de verdadeiros, digníssimos heróis, crentes alguns até as últimas consequências, e por uma armada de cidadãos inconsequentes, quando não oportunistas. Tal é a minoria branca, como diz Cláudio Lembo. Descrentes de tudo, muitos até sem se darem conta de sua descrença porque incapazes de perceber seus impulsos mais fundos.
        Magistral a entrevista de FHC ao Financial Times publicada às vésperas do primeiro turno. Dizia ele que, em caso de vitória de Dilma Rousseff, o desenvolvimento do Brasil seria “mais lento”. Confrontado com aquele do governo Lula ou do seu? Se for com este, podemos vaticinar um futuro terrificante. No tempo de FHC, o índice anual de crescimento não passou de 2,5%. Em matéria de desfaçatez, a entrevista é digna do Guiness. “Eu fiz as reformas – afirma o rei da cocada preta –, Lula surfou na onda.” Então, por que é o presidente mais popular da história? Culpa do próprio PSDB, dos companheiros incompetentes, “entenderam errado”, permitiram “a mitificação de Lula”, o qual, embora nascido da classe trabalhadora “portou-se como se fizesse parte da velha elite conservadora”.
        Quem serviu à velha elite conservadora, foi o presidente FHC, que confirmou o Brasil como quintal dos EUA e o atrelou ao neoliberalismo. O confronto entre os dois governos é inevitável, bem como entre a repercussão internacional de um e de outro. Ocorre-me imaginar como há de roer as entranhas do príncipe dos sociólogos constatar que o metalúrgico teve mundo afora, com sua política independente, o reconhecimento que lhe faltou, a despeito de sua política dependente.
        E nas suas últimas falas, FHC age no seu melhor estilo, é o náufrago que exige lugar no bote salva-vidas em lugar de crianças, mulheres e velhos. São estes, aliás, os culpados pelo naufrágio, donde o privilégio lhe cabe. Quanto a José Serra, que afogue.
        Mino Carta
        Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde. redacao@cartacapital.com.br

        SP: Governo tucano não impede expansão do crack

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        Pontos de venda e consumo de crack aumentam em SP.
        Em avenida da Zona Sul, tráfico é feito em plena luz do dia.
        José Serra falou durante toda a campanha que em São Paulo existia uma ação coordenada, e que iria implantar no país ações para o combate e o tratamento dos dependentes.
        Pura balela, pois foi no governo Serra que o tráfico se expandiu em São Paulo que é o estado recordista de consumo da droga.
        São Paulo tem assistido a uma multiplicação de pontos de consumo e venda de crack. No início, eles se concentravam só na região da Luz, no Centro, mas o crack se espalhou. Uma das avenidas mais importantes da Zona Sul foi invadida por usuários e traficantes, que vendem a droga à luz do dia, em pleno movimento de carros e pedestres. É uma das novas cracolândias da capital.
        Na Avenida Jornalista Roberto Marinho, antiga Avenida Água Espraiada, o homem caminha no meio dos carros, passa pela mureta de concreto e desaparece. A moça também se arrisca, atraída pela força do vício. Outra pessoa cai para dentro da margem do córrego e a cena se repete ao longo do dia na avenida.
        Um outro traficante se mistura aos usuários em plena luz do dia, entregando a mercadoria e saindo com o dinheiro. Mais um cachimbo é acendido. O crack hoje acompanha o ritmo frenético da avenida, que tem 4,5 km de extensão e corta seis bairros da Zona Sul. Por ela, passam quase 30 mil carros só nos horários de pico.
        Território livre
        De uns tempos pra cá, o córrego Água Espraiada virou território livre para o consumo de crack a qualquer hora do dia. É assim perto de cruzamentos movimentados, debaixo e em cima de viadutos. Os usuários vão chegando e os traficantes se aproveitam da impunidade. De repente, o crack tomou conta do pedaço.
        “Você vê muito assalto deles roubando para consumo da droga, né?”, afirma o motorista de van escolar Ildemar de Oliveira. Ele mudou o trajeto para evitar sustos. “A gente tem um receio de passar porque vocâ não sabe a reação deles.”
        A polícia passa e o tráfico fica. Um casal chega e logo o rapaz saca o cachimbo, queimando a pedra de crack. Ele passa para a mulher e, assim, consomem a droga tranquilamente. Consumindo também a saúde e a vida deles. Questionado se tem esperança de deixar o vício, Rogério responde: “Eu tenho. Tenho muita esperança de sair desse lugar”.
        O tráfico e consumo de crack se espalha por toda a parte, o governo paulista perdeu o controle e não tem ações preventivas e de combate a disseminação da droga.



        Lacerdismo Cavalcantista em SP

        Incêndios em favelas e o surto racista (atualizado)

        publicado, originalmente, em 8 de novembro de 2010 às 22h47m
        Há certos assuntos que revolver pode ser assustador porque quanto mais se cava, mais se encontra. Um desses casos é a questão do racismo e da xenofobia que crescem em São Paulo diante de todos – imprensa, polícia, Executivo, Legislativo, Judiciário e a própria sociedade – sem que providências de verdade sejam adotadas, pois o problema só faz crescer.
        É aterrador, o que vem agora. Aliás, leitores anteciparam que certa linha de pensamento sobre o assunto seria abordada neste espaço. Até porque, no antigo blog, o Cidadania.com, fora abordada episodicamente e, em seguida, abandonada por falta de convicção em sua consistência.
        Tudo mudou com o surto de racismo que explodiu em São Paulo. É assustador, mas as ações concretas empreendidas contra nordestinos pobres, favelados e negros podem não estar se restringindo só a insultos pelas redes sociais da internet ou a propostas de segregação racial documentadas e “assinadas” pelos autores.
        Não se pode dizer, em hipótese alguma, que os cães que ladram são os mesmos que mordem. Pode-se dizer, contudo, que por conta dos que ladram alguns podem estar sendo estimulados a morder.
        Uma breve pesquisa na internet revela que em 2009 contabilizaram-se cerca de 14 incêndios em favelas. (11 de janeiro, 11 de fevereiro, 10 de março, 17 de abril, 01 de maio, 26 de junho, 16 e 30 de agosto, 09 e 11 de outubro, 02 e 23 de novembro e 05 e 19 de dezembro). Todos em São Paulo. Em 2010, até setembro, com o incêndio da favela Real Parque, contabilizavam-se 53 incêndios.
        Se os dados estiverem errados, será um prazer corrigir. Mas não deve ser muito diferente disso. Ao menos na internet não se acha facilmente dados diferentes. Quem tiver algum reparo ou correção a eles, fará um grande favor informando. Nem que seja para desmontar esta reflexão alarmante.
        Mas, enfim, qual é o significado dessa contabilidade macabra? Há algum significado, aliás? É uma questão absurda ou estará ficando cada vez mais evidente que pode – e o que se está dizendo, apenas, é que meramente PODE – haver uma relação entre os fatos surto de racismo e incêndios recordes em favelas?
        Parece crível que alguma coisa assim PODE estar acontecendo por conta de indícios mais do que consistentes. Não seria correto, porém, atribuir nomes de culpados. Seria uma irresponsabilidade e quem cometê-la pode comprar uma bela dor de cabeça. Contudo, isso não exclui a necessidade de haver mais investigação do que está havendo.
        Aliás, vamos dizer as coisas como elas são: é escandalosa a investigação pífia dos incêndios em favelas tanto quanto escandaliza a difusão de idéias literalmente fascistas que vinham sendo ditas abertamente até que surgisse o caso da tal estudante de Direito cujo nome nem é bom mais citar para não transformar uma garota destrambelhada em bode expiatório.
        Aproxima-se um ponto em que se as autoridades locais não demonstrarem maior empenho em investigar e punir os crimes supramencionados alguém terá que provocar o Ministério Público Federal e, obviamente, a Polícia Federal. Tomara que não seja preciso recorrer a essa alternativa em defesa da civilização de um Estado como São Paulo.
        ———-

        Moradores de favela vivem ciclo de despejo como política pública

        MARIANA FIX
        ESPECIAL PARA A FOLHA

        O Brasil é conhecido no exterior por sua experiência em urbanização de favelas e por ter uma legislação considerada progressista no campo do direito à cidade. Diversos municípios têm se dedicado, no entanto, a desenvolver uma tecnologia de “remoção” de favelas contrária aos direitos sociais.
        Em São Paulo, a prática foi institucionalizada por Jânio Quadros (1985-88) com o nome de “desfavelização” e teve na gestão Maluf (1993-96) um dos seus casos mais emblemáticos: a expulsão de mais de 50 mil pessoas para a abertura da avenida Jornalista Roberto Marinho.
        Nessas ações, os habitantes das favelas costumam enfrentar pressão e violência, e são forçados a abandonar rapidamente suas casas. Recebem ofertas como verba em dinheiro (o “cheque-despejo”), bolsa-aluguel ou passagens para mudar de cidade. Se tiverem chance de entrar em algum financiamento para habitação, precisarão aguardar em alojamentos por vários anos.
        Na mira do trator, na verdade são geralmente empurrados para outras favelas, cada vez mais longe -frequentemente, em beiras de córregos ou nas margens das represas de abastecimento de água, protegidas por lei.
        O destino não é casual. A lei de proteção ambiental retira aquelas terras do jogo imobiliário, que define o preço de cada pedaço da cidade quase sempre acima dos baixos salários que a maioria dos brasileiros recebe.
        Nas margens da represa, sua presença é temporariamente tolerada por não interferir nos circuitos de valorização imobiliária, até serem novamente ameaçados de expulsão.
        Na falta de alternativas, essa é a saída que encontram pedreiros, porteiros, vigias, domésticos e diaristas, entre muitos outros, para não ficarem mais longe do lugar no qual trabalham.
        O problema aumenta quando, em vez de uma política ambiental, prevalece o discurso supostamente ecológico para criminalizar esses moradores, ignorando a lógica de produção social da cidade. Basta ver o panfleto “É crime”, recentemente distribuído pela prefeitura nas escolas aos filhos dos moradores do Jardim Pantanal.
        É também grave quando obras como a ponte Octavio Frias de Oliveira absorvem todos os recursos da Operação Urbana, que deveriam ter sido repartidos com a habitação social na região da Água Espraiada. Uma enorme desproporção entre a rapidez para produzir grandes obras viárias e a demora em relação à moradia. Até hoje nenhuma foi construída.
        Assim, as favelas não são eliminadas, como dizem, mas deslocadas para áreas de menor interesse imobiliário, onde a população vive em condições ainda piores.
        São ciclos implacáveis de assentamento, despejo, reassentamento. Entre as consequências estão o aumento das disparidades sociais, a sobrecarga do sistema de transporte e o agravamento dos problemas ambientais e de saúde pública.
        MARIANA FIX é arquiteta e urbanista.