Diante do presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, o presidente da estatal Telebrás, Rogério Santanna, acusou ontem as teles privadas de boicotar o Plano Nacional de Banda Larga do governo com ações judiciais.
Valente não revidou o ataque, mas se defendeu depois que o executivo da estatal se retirou. Disse que as teles "não são do mal", e que o problema é a Telebrás disputar o mercado com as empresas privadas sem se sujeitar às mesmas regras.
A "saia justa" entre os dois executivos aconteceu em seminário da revista CartaCapital, no Rio.
Valente é também presidente do Sinditelebrasil, que representa as empresas de telefonia fixa e celular. A entidade questiona na Justiça a inclusão de metas para expansão da infraestrutura de banda larga nos contratos de concessão das teles, que estão em fase de revisão pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Segundo Valente, o contrato de concessão só pode estabelecer metas de investimento para telefonia fixa, porque é o único serviço considerado público pela lei.
As operadoras privadas receiam perder R$ 20 bilhões anuais com a reativação da Telebrás. Isso equivale a todos os contratos do setor com a administração pública, que representou 20% do faturamento líquido do conjunto das teles fixas e celulares em 2009 (R$ 97,8 bilhões).
Rogério Santanna disse que as empresas fazem "litigância organizada" para manter domínio de mercado.
O presidente da Telebrás disse que 90% da oferta de banda larga no Brasil é feita por cinco grupos: Oi, Telefônica, Embratel/Net, GVT e CTBC, enquanto 2.125 pequenos provedores respondem por 5%. "Na prática, não há concorrência em banda larga", afirmou Santanna.
*comtextolivre