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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 14, 2010

CPMF + Representantes da Saúde (paulista) marcam protesto contra ‘venda’ de leitos do SUS



"Ódio, rancor e maldade"

Presidente Lula disse ontem que é "a única explicação" para o Congresso acabar com a CPMF
*osamigosdopresidenteLula

Representantes da Saúde (paulista) marcam protesto contra ‘venda’ de leitos do SUS


Os tucanos seguem vendendo público o patrimônio 

Por meio de um Projeto de Lei Complementar (PLC) o governador do estado de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), pretende vender 25% dos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) para planos de saúde. O PLC 45/10 foi enviado para a Assembleia Legislativa do estado e aguarda votação. Em uma audiência sobre o assunto realizada na última semana, os médicos foram unânimes em rejeitar o Projeto. 
Para barrar o PLC, está marcada para esta quarta-feira (15) uma manifestação na Assembleia. De acordo com o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Renato Azevedo Júnior, “faltam leitos na rede pública e por isso não podem vendê-los.” Ele acredita que, se aprovado, o PLC pode até mesmo gerar  “duas filas para o atendimento nos hospitais públicos: uma dos pacientes do SUS e outra dos que têm plano de saúde.” Para ele a “solução para o setor está em aumentar os investimentos e melhorar a gestão do sistema público.”
O governador apresentou o Projeto sob a justificativa de que a manutenção dos hospitais públicos é muita cara. Levantamentos realizados pela bancada do PT na Assembleia mostram que entre outubro de 2009 e outubro de 2010, o Governo do Estado aumentou em 37% o repasse de verbas da Saúde para as Organizações Sociais, as OSs.
*cappacete

Assange é libertado!



Vários proeminentes pagaram uma caução de aproximadamente 283.000 Euros!
Dentre os proeminentes estão a bilionária judia Jemima Goldsmith (36), diretor de cinema Ken Loach (74, "Looking for Eric") e Michael Moore (56, "Bowling for Columbine").
*comtextolivre

A Cristandade se acabou. Viva a fé!






Este é o título do editorial de um número recente da revista Le Monde des Religions, (outubro 2010). Esta afirmação não parece confirmada quando vemos como o comércio e o consumismo tomaram conta da festa do Natal. A cultura parece ainda cristã, mas sem a profundidade que o Evangelho pede a quem crê. De fato, em um mundo individualista e competitivo, é ótimo que o Natal seja ocasião de encontro humano e confraternização das famílias e amigos. Pode ser positivo que, para muitas pessoas, esta festa não fique restrita à fé cristã. Ela nasceu no século IV de uma comemoração do solstício do inverno. Celebrada em seu início pelos seguidores da antiga religião romana, hoje se tornou uma festa mais humana do que religiosa. Entretanto, é lamentável que o seu conteúdo cristão tenha sido substituído pela febre do comércio e pelo Papai Noel das lojas e da cultura consumista.
Como qualquer pessoa pode constatar, este assunto pode ser visto, ao menos, por dois ângulos diversos. Depende do que se entende por "Cristandade" e por Cristianismo. Há quase 50 anos, durante o Concílio Vaticano II, ao ver o esforço da Igreja Católica se renovar em suas bases mais profundas, Paul Ricoeur, pastor evangélico, afirmava: "A Cristandade está morta. Viva o Evangelho!". Isso pode parecer estranho para quem não percebe que, desde muitos séculos, governos e sociedades se aproveitaram de sua ligação com a Igreja, (católica ou evangélica), para se perpetuar e se legitimar com uma aparência de fé e uma tintura de espiritualidade cristã. Já no século XIX, Soren Kierkegaard,filósofo dinamarquês e pensador cristão, refletia: "A Cristandade é o regime no qual uma sociedade faz tudo para permanecer como é, injusta e desigual em suas bases e, ao mesmo tempo, usar os aspectos exteriores e a aparência de Cristianismo para se desembaraçar da mensagem do Evangelho". Em nossos dias, durante uma palestra do padre José Comblin, um participante externou o seu descontentamento com o tipo de mundo que, durante vinte séculos, as Igrejas não conseguiram transformar para melhor. O teólogo Comblin respondeu: "É verdade. Mas, de fato, até hoje, o Cristianismo nunca foi vivido, a não ser por pouquíssimas pessoas que sempre contestaram este modelo social de mundo". O primeiro destes contestadores foi o próprio Jesus Cristo. Ele chegava a dizer aos religiosos da época: "As prostitutas e os desonestos cobradores de impostos a serviço dos romanos (odiados pelo povo judeu) participarão do reinado divino mais do que vocês" (Mt 21, 31). Ele não aceitava que a sociedade, em nome da religião e de Deus, condenasse uma mulher adúltera e nada dissesse ao homem com quem ela tinha relações. Não se pode culpabilizar apenas a parte mais frágil. É o que, nestes dias, vimos em toda esta campanha com a qual os meios de comunicação noticiaram a guerra da polícia e do governo do Rio de Janeiro contra o tráfico nas favelas. Todos concordamos em libertar os morros cariocas do domínio do crime e ficamos felizes em ver o povo se declarar contente com a ação da polícia. Mas, o que não apareceu em nenhum órgão da imprensa foi o lado oculto do sistema. Se traficantes mantinham na favela toneladas de drogas e montavam casas ricas e com piscinas é porque barões das classes mais altas sustentam e garantem o comércio. E sem dúvida, estes senhores importantes não moram no Morro do Alemão. Nem a policia, nem jornalistas fizeram menção deste elo da corrente. Sem as pessoas de classe alta que financiam o tráfico e os de classe média que compram as drogas, estas não seriam distribuídas e se acabariam por si mesmas.
A celebração do Natal vem nos recordar de que a paz nunca se fará pelas armas. Contam que uma vez alguém perguntou a São Francisco de Assis como se poderia vencer as trevas da violência e do mal. Ele respondeu: "Para que agredir as trevas? Basta acender uma luz e as trevas fogem apavoradas". De fato, a verdadeira paz é o esforço de transformar as tensões destrutivas em polaridades criativas. Isso não se constrói com soldados armados e sim com educadores/as e artistas que expressem a beleza e ajudem as pessoas a conviver melhor. Ao contrário de transformações superficiais, o verdadeiro Natal é anúncio de paz para toda pessoa a quem Deus ama. Jesus revelou a predileção divina pelos mais pobres e desprotegidos. Na noite escura do inverno do mundo, a luz divina vem iluminar nossas consciências e nossas realidades. Ela nos dá uma consciência mais crítica e a liberdade interior de colaborar sempre pela construção de uma sociedade nova. Não é um processo mecânico nem automático. Pede nossa adesão. Um antigo pastor da Igreja dizia: "De nada teria adiantado Jesus nascer em Belém se ele não renascer em nosso coração, transformando nossas pessoas e nosso modo de viver.
* Monge beneditino e escritor

O Wikileaks segundo a TV Vermelho

Hoje é aniversário do Rei do Baião e de Dilma



Parabéns presidente Dilma!


A presidente eleita Dilma Rousseff comemora hoje 63 anos.Todos nós desejamos feliz aniversário para Dilma

*luisnassif/amigosdopresidentelula

*aposentadoinvocado

PSDB em SP: 16 anos no poder e o pesadelo do ALAGÃO retorna com as chuvas

Vereador entra com representação contra demo Kassab

 

13 de dezembro de 2010

O vereador Aurélio Miguel (PR) informou na tarde desta segunda-feira, na Câmara de São Paulo, que entrou com representação no Ministério Público para que seja aberta uma investigação sobre supostas irregularidades relacionadas ao prefeito Gilberto Kassab (DEM). As denúncias são referentes à operação urbana Faria Lima, da época em que Kassab era secretário de Planejamento do governo Celso Pitta (1997-2000), e envolvem também a atual gestão. Segundo Miguel, os prejuízos aos cofres públicos podem chegar a cerca de R$ 130 milhões.

De acordo com o vereador, a assessoria técnica do Tribunal de Contas do Município analisou o termo de compromisso que propôs a alteração dos índices de uso e ocupação de solo na Faria Lima. Em um dos processos, o tribunal concluiu, em 2005, que uma permissão para o aumento de 50% para 70% da taxa de ocupação estava em desacordo com a legislação da época. Os valores atuais das contrapartidas estariam em R$ 22,2 milhões.

O outro documento encaminhado à Promotoria afirma que o tribunal concluiu, em outro processo da época, que o prejuízo aos cofres públicos chegariam a R$ 56,7 milhões. O documento trata do uso e ocupação de solo de um imóvel localizado na avenida Horácio Lafer.

O vereador, líder do PR na Casa, estima ainda uma perda de R$ 50 milhões com irregularidades na arrecadações de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de áreas construídas na cidade entre 2003 e 2004. Miguel diz que existem outros 137 processos similares ao da operação urbana em julgamento que poderão elevar os números do prejuízo.


Zona Leste da capital, na região da Vila Prudente, nesta segunda-feira (13).

Bastou chover forte em São Paulo, para reviver o pesadelo de mais um dia de ALAGÃO.

Também era previsível, não é?  O que fez José Serra e seu sucessor neste ano para, pelo menos, diminuir as tragédias do ano passado?

A chuva, no final da tarde, provocava até 68 pontos de alagamento em toda a cidade às 19h11.

De acordo com o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), destes, 8 eram intransitáveis.

O córrego da Mooca transbordou deixando a Av. Luiz Ignácio de Anhaia Mello (zona leste) alagada.

Toda a cidade entrou em estado de atenção às 16h (situação de risco de alagamentos na cidade).

Às 19h23, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrava 162 km de lentidão.

O temporal também causou o desabamento de casas na zona leste de São Paulo e na Grande São Paulo, e derrubou árvores na região central.

Os trens do Metrô e da CPTM operavam com restrição de velocidade às 17h34. (Do R7)
*amigosdopresidenteLula

Festa em São Paulo

Maluf se livra de condenação e pode assumir vaga
Folha de S.Paulo
Paulistanos tomados de júbilo incontido
O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) cassou ontem a decisão que levou ao enquadramento do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) na Lei da Ficha Limpa.

O julgamento deve permitir a liberação da candidatura de Maluf à reeleição para a Câmara, que havia sido barrada pelo TRE  de São Paulo.

Apesar de o deputado ainda estar formalmente com o registro eleitoral indeferido, agora a defesa dele poderá pedir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a validação dos 497 mil votos que ele recebeu nas eleições deste ano.

Ontem a 7ª Câmara de Direito Público do TJ revogou um julgamento dela própria, de abril, que condenou Maluf pela suposta participação em um esquema para superfaturar uma compra de frangos pela Prefeitura de São Paulo.

O deputado venceu a causa por 3 a 2, com os votos dos desembargadores José Helton Nogueira Diefenthäler Júnior, Constança Gonzaga Junqueira de Mesquita e José Geraldo Barreto Fonseca.

Segundo Diefenthäler, o relator do processo, "há a necessidade de provas mais robustas de fraude ou da existência de medidas tomadas sem a menor justificativa. Somente assim se justificaria alguma espécie de punição".

O advogado de Maluf, Eduardo Nobre, afirmou que pedirá hoje ao TSE a aprovação da candidatura do deputado com base no julgamento. Na corte já tramita um recurso dele contra o enquadramento na Ficha Limpa.

Mais de um terço dos políticos julgados pelo TSE por conta dessa lei tiveram suas candidaturas liberadas


Dia normal em Tucanópolis

"Cidade" teve ao menos 79 pontos alagados

Riso do Bem II


*comtextolivre

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Um deleite Bebel...

Filho de Peixe - Bebel Gilberto


A cantora e compositora Bebel Gilberto, filha dos ícones da música brasileira João Gilberto (um dos criadores da bossa nova) e Miúcha (irmã de Chico Burque), nasceu em Nova Iorque, no dia 12 de maio de 1966.
Bebel começou a cantar cedo, participando de coros infantis em discos e musicais como "Saltimbancos" e "Pirlimpimpim". Aos nove anos, já havia se apresentado no Carnegie Hall com a mãe e Stan Getz.
Em 1986, lançou um EP pela Warner, que incluia a canção "Eu Preciso Dizer Que Te Amo", composta em parceria com os então integrantes do Barão Vermelho, Dé Palmeira e Cazuza, de quem era grande amiga.
Em 1991, depois de algumas tentativas de carreira solo no Brasil, Bebel mudou-se para Nova York. Revezando-se entre os Estados Unidos e a Inglaterra, trabalhou com David Byrne, Arto Lindsay e DJ Towa Tei (do grupo Deee-Lite), sempre procurando fundir sua bossa nova natal a novos processos e concepções musicais.
Em 2000, lançou seu primeiro disco solo, "Tanto Tempo", pelo selo Ziriguiboom, da gravadora belga Crammed, e despontou nas paradas de sucesso internacionais da categoria World Music. Com o disco, Bebel conquistou as pistas dos clubes mundo afora e a posição de artista brasileira que mais vendeu discos nos Estados Unidos desde os anos 60. A cantora vendeu mais de um milhão de cópias no mundo e foi ovacionada pela crítica e pelo público internacional.
Em 2004, lançou, pela Universal Music, o cd "Bebel Gilberto", que contou com produção do inglês Marius de Vries, que já trabalhou com estrelas como Annie Lennox e Madonna. Ainda em 2004, Bebel Gilberto recebeu o prêmio britânico Mobo (Music of Black Origin), na categoria World Music.
Em 2007, a cantora lançou seu terceiro cd, "Momento". "All in One", seu quarto cd, foi lançado mundialmente em 29 de setembro de 2009 pelo famoso selo de jazz americano Verve. Em "All in One", Bebel contou com um super time de produtores como Mark Ronson (Amy Whinehouse, Lily Allen), John King (Dust Brothers, Beck), Daniel Jobim, Carlinhos Brown, Didi Gutman (Brazilian Girls) e Mario Caldato Jr (Beastie Boys, Bjork, Jack Johnson).
Desde o lançamento do disco "Tanto Tempo" em 2000, ela vendeu mais de 2,5 milhões de discos e teve, no exterior, músicas incluídas nas trilhas sonoras de sete filmes (entre eles Next Stop Wonderland, Bubble, Closer e Eat Pray Love) e sete séries de TV, entre as quais Sex and the City, Six Feet Under e Nip/Tuck.

Abaixo, Bebel interpreta "Eu Preciso Dizer Que Te Amo", que compôs em parceria com Cazuza e Dé Palmeira.


Dilma, a vitória da geração que tinha um sonho


Lula e Dilma são o fruto de uma geração que sonhou com um Brasil democrático e socialmente justo
A geração nascida no final dos anos de 40 e início dos anos 50 viveu os acontecimentos políticos e culturais das décadas de sessenta, setenta e oitenta do século passado com muita intensidade. Claro que nem todos, dessa geração, participaram da vida política e cultural do país, muitos não estavam nem aí para o que estava acontecendo, estavam alheios aos fatos, mas, quem participou viveu momentos de muita inquietação, de uma experiência que marcou muito a nossa visão de mundo.
Foi uma geração com uma parte significativa de homens e mulheres engajados nas lutas políticas e culturais do país. Geração que se identificava não só pela idade, mas, e, principalmente, pelas idéias, tendo como objetivo a busca de um mundo melhor. Para isso se concretizar o caminho era exatamente o engajamento nos movimentos políticos e culturais que naquele período pipocavam em todos os recantos do país.
No início dos anos sessenta o mundo vivia os primeiros momentos da Revolução Cubana, os avanços da Revolução Chinesa, a conquista do espaço sideral pelos cosmonautas soviéticos, a luta contra a guerra do Vietnã, contra o colonialismo europeu na África e Ásia e a luta em defesa da autodeterminação dos povos.
No Brasil vivíamos o governo de João Goulart (1961/1964), os avanços democráticos com as mobilizações de massa: operários e camponeses se organizando. Era um novo país que estava sendo construído. Nesse período: os movimentos culturais, políticos, filosóficos e religiosos surgiam em todos os continentes.
As ideias de Bertrand Russel, Sartre, Che, Fidel, Marcuse, Gramsci, Mao Tsé-Tung, Garaudy e a teologia da libertação, através do Concilio Vaticano II sob a benção do Papa João XXIII, empolgava a nossa geração. Era um momento de muita ebulição política que despertava a participação efetiva nas lutas por um mundo plenamente democrático.
Tudo isso foi interrompido bruscamente pelo golpe militar de 1964. Golpe que impôs a sociedade brasileira um regime que acabava com as liberdades democráticas, colocando na ilegalidade os movimentos dos trabalhadores e os partidos progressistas. Essa mesma onda antidemocrática se espalha por toda América Latina, impondo governos fiéis aos interesses de Washington. Foi uma época obscurantista.
Através do Ato Institucional no Nº 5 (1968) e o Decreto Lei 477 (1969), o governo militar fecha o regime e inicia uma violenta repressão aos movimentos oposicionistas, políticos e culturais, levando com isso parte dessa geração para luta armada, para luta clandestina, esse era um dos caminhos de enfrentamento ao horror de um regime que não respeitava os direitos fundamentais do cidadão.
Essa geração foi vitoriosa, mesmo sofrendo toda repressão, em um processo lento e gradual as forças progressista foram avançando até derrotar as forças do atraso.
A presidenta eleita, Dilma Rousseff, é fruto dessa geração, ela nasceu em 14 de dezembro de 1947. Quando do golpe militar de 1964 ela estava com 17 anos, freqüentava o ginásio em Belo Horizonte. Como muitos jovens daquela época, Dilma participava do movimento estudantil, isso era comum, principalmente nos Colégios Estaduais.
Com o endurecimento do regime em 1968 ela, como muitos outros da sua geração, tiveram que lutar na clandestinidade, era a luta subterrânea contra a ditadura militar. Dilma foi presa, torturada e condenada a três anos de reclusão pelo crime de pensar um Brasil diferente. Aqui, muitos jovens engajados nas lutas políticas e nos movimentos culturais também foram presos e torturados, alguns foram assassinados. Era a busca da concretização do ideário socialista: um mundo sem fome, com justiça social, sem preconceitos, com oportunidades iguais para todos. Um sonho possível.
No final do século 20 e início do século 21 a geração que foi a luta nos anos sessenta, setenta e oitenta chega ao poder. Os personagens desse embate se tornam protagonistas de um novo cenário político, uns mantendo a sua utopia, a sua coerência, outros mudando de lado. É essa geração que assume o poder e muda a cara do país.
Luiz Inácio Lula da Silva, líder metalúrgico do ABC Paulista, militante da luta sindical, pertencente a essa geração, preso diversas vezes, torna-se Presidente da República. Lula faz um governo transformador, tirando milhões de brasileiros da miséria e da pobreza, projeta o país no cenário internacional. O Brasil passa a ser uma nação respeitada e ele um líder mundial. Tendo no seu núcleo político a esquerda dos anos de chumbo, aquela que resistiu ao regime militar, mantendo a coerência das idéias.
Dilma Rousseff, mulher de classe média, militante de esquerda, presa política nos anos 70, filha de imigrante búlgaro, se torna a primeira mulher presidenta do Brasil. Lula e Dilma, prova da justeza da nossa causa, fruto de uma geração que sonhou com um Brasil de todos os brasileiros, um país independente, próspero e justo, tornam o sonho de uma geração em realidade, um Brasil democrático e socialmente justo.
Nessa luta muitos tombaram, foram barbaramente assassinatos, muitos, até hoje continuam “desaparecidos”, mas o caminho era esse, como dizia o velho camarada Apolônio de Carvalho, apesar de tudo “vale à pena sonhar” e valeu a pena esse sonho. Hoje, o Brasil está dando certo, prova de que o sonho valeu à pena.


*Antonio Capistrano é ex-reitor da UERN


A juventude precisa conhecer os horrores da ditadura

Estudante Edson Luís(*), metralhado no Calabouço 
Oito mil escolas públicas de ensino médio de todo o país irão receber do governo federal um CD-ROM com a história de 394 mortos e desaparecidos durante a ditadura militar (1964-1985). O trabalho, feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com apoio do Ministério da Educação (MEC) e sob a encomenda da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, foi apresentado nesta sexta-feira (10) em Brasília.
O CD-ROM foi elaborado a partir dos arquivos do projeto Direito à Memória e à Verdade da SDH e outros documentos. Além da biografia dos perseguidos políticos, o CD vai permitir aos professores e estudantes conhecer o contexto histórico e cultural do período com acesso à cerca de 4 mil fotografias e ilustrações, 300 vídeos e mais 300 canções que fizeram parte dos protestos e da resistência à ditadura.
“Essa juventude hoje não conhece os anos difíceis que o país passou”, disse o ministro da Educação, Fernando Haddad, no lançamento. Segundo ele, o CD-ROM “será festejado como um instrumento de transformação”. Para Haddad, há um efeito pedagógico e cívico na iniciativa. “Democracia se apropria com a cultura. Não é nata do ser humano”, disse ao enfatizar que os valores democráticos precisam ser ensinados.
O ministro Paulo Vannuchi enfatizou que o CD ROM é uma experiência “absolutamente pioneira” em projetos de memória. “Não lembro de ter ouvido falar em outro país”, disse. SDH e MEC também são parceiros na elaboração das diretrizes curriculares nacionais para direitos humanos.
O CD-ROM deverá virar um site a ser desenvolvido pela UFMG. O trabalho foi coordenado pela professora Heloisa Maria Murgel Starling do departamento de história da UFMG e contou com a participação de 15 estudantes de várias áreas, entre elas, história, direito e comunicação.
Para a professora, o projeto é uma “batalha ganha” na recuperação da memória da época da ditadura. “Ao abordar a cultura, o CD-ROM traz uma dimensão de esperança e dimensão lúdica. O conhecimento da história se dá não apenas pela fase dura e dramática, mas também pela enorme criatividade que existia no período.”
(*) O estudante paraense Edson Luís de Lima Souto, de 16 anos, é morto pela polícia, em 1968, no restaurante universitário Calabouço, no Rio de Janeiro. Secundarista e pobre, Edson estava almoçando no restaurante quando foi mortalmente baleado. Ao contrário do que o governo militar publicou na época, Edson não era líder estudantil nem participava de confrontos armados. A morte de Edson Luís virou um marco na luta estudantil contra a ditadura. Seu enterro foi histórico, unindo centenas de pessoas em protesto, repúdio e luto.

*Com Agência Brasil