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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Estados Unidos: um país fora da lei






Eva Golinger: Obama coloca no orçamento verba para grupos contra Chávez na Venezuela
EUA: Departamento de Estado solicita financiamento para a oposição venezuelana em 2012
por Eva Golinger, Adital
Nessa segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011, o Presidente Barack Obama apresentou ante o Congresso estadunidense um orçamento de 3,7 trilhões de dólares para 2012. No orçamento trilionário de Obama encontra-se um financiamento especial para os grupos anti-chavistas na Venezuela.
A excessiva soma de dinheiro representa o orçamento anual mais alto de toda a história estadunidense. No monto total encontram-se mai de 670 bilhões de dólares para o pentágono e para as operações militares, cerce de 75 bilhões de dólares para os serviços de inteligência e 55,7 bilhões de dólares para o Departamento de Estado e para a Agência Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID).
Por primeira vez nesses anos, o orçamento do Departamento de Estado destaca um financiamento direto de 5 milhões para os grupos anti-chavistas na Venezuela. Especificamente, o documento detalha. “Esses fundos ajudarão a fortalecer e apoiar a sociedade civil venezuelana para proteger o espaço democrático. O financiamento aumentará o acesso à informação objetiva; facilitará o debate pacifico sobre assuntos chave; ministrará apoio às instituições e aos processos democráticos; promoverá a participação cidadã e reforçará a liderança democrática”.
Apesar de que, talvez, soe “bonita” a linguagem empregada para justificar os milhões de dólares para grupos opositores da Venezuela, esse dinheiro tem funcionado como fonte principal para alimentar a subversão e a desestabilização contra o governo de Hugo Chávez. Somente de 2008 a 2011, o Departamento de Estado canalizou mais de 40 milhões de dólares à oposição venezuelana, principalmente investindo esse dinheiro nas campanhas eleitorais contra o presidente Chávez e na maquinaria midiática para influir sobre a opinião pública venezuelana.
O financiamento solicitado para 2012 para os grupos anti-chavistas na Venezuela provém de uma divisão do Departamento de Estado chamada “Fundo de Apoio econômico”. No entanto, não é essa a única fonte de financiamento para os setores opositores na Venezuela. Receberão também entre 1 e 2 milhões de dólares da NED (Fundo Nacional para a Democracia) e vários milhões de dólares de outras agências estadunidenses e internacionais.
Financiamento proibido
Chama a atenção que nesse ano se divulga publicamente o financiamento para a oposição venezuelana porque na Venezuela agora existe a Lei de Defesa da Soberania Política e da Autodeterminação Nacional que proíbe o financiamento externo para fins políticos no país. Então, teremos que perguntar-nos de que maneira o Departamento de Estado pensa canalizar esses fundos multimilionários a grupos venezuelanos, já que sua entrega seria uma violação da lei.
Em anos anteriores, não se detalhava o financiamento direto a grupos políticos na Venezuela no orçamento anual do Departamento de Estado porque desde 2002 a USAID tem sido o canal principal para esses fundos. No entanto, o escritório não autorizado da USAID em Caracas decidiu trasladar abruptamente suas operações na Venezuela para os Estados Unidos no dia 31 de dezembro de 2010 e, desde então, o próprio Departamento de Estado assumiu a responsabilidade do financiamento à oposição na Venezuela.
Em 2012, há eleições presidenciais e regionais na Venezuela, razão pela qual poder-se-ia especular que esses 5 milhões de dólares fazem parte de um financiamento que estão preparando para as campanhas da oposição.
No orçamento do Departamento de Estado para 2012, também se destacam 20 milhões de dólares no financiamento para grupos e organizadores que trabalham contra a Revolução Cubana.
Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, o financiamento dado através do Fundo de Apoio Econômico (ESF, por suas siglas em inglês) é para países de “alta importância estratégica” para Washington. Normalmente os fundos não são autorizados pelos governos desses países, mas são entregues diretamente a grupos e organizações políticos que promovem os interesses dos Estados Unidos.






Jornalismo para quem precisa

Don Civita
Recentemente, li sobre a criação, em 2010, do Instituto de Altos Estudos em Jornalismo, sob os auspícios da Editora Abril. Entre os mestres do tal centro estavam o dono da editora, Roberto Civita, mantenedor da Veja, e Carlos Alberto Di Franco, do Master de Jornalismo, uma espécie de Escola das Américas da mídia nacional voltada para a formação de “líderes” dentro das redações. Di Franco, além de tudo, é um dos expoentes, no Brasil, da ultradireitista seita católica Opus Dei, a face mais medieval e conservadora da Igreja Católica no mundo.
Sinceramente, não vejo que “altos estudos”, muito menos de jornalismo, podem sair de um lugar assim.
Não tenho dúvidas de que a representação do tal instituto não é acadêmica, embora seja dirigido por Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobras no governo do PT, renomado estudioso da imprensa no Brasil. Trata-se de uma representação fundamentalmente ideológica, a reforçar as mesmíssimas estruturas de poder das redações, estruturas ultraverticalizadas, essencialmente antidemocráticas e personalistas, onde a possibilidade de ascensão funcional, sobretudo a cargos de chefia, está diretamente ligada à capacidade de ser subserviente aos patrões e bestas-feras com os subordinados.
Felizmente, o surgimento da internet deu vazão a outro ambiente midiático, regido por outras regras e demandas, um devastador contraponto ao funcionamento hermético das grandes redações e ao poder hegemônico da velha mídia brasileira, inclusive de seus filhotes replicadores e retransmissores Brasil adentro. O fenômeno dos blogs e sua capacidade de mobilização informativa é só a parte mais visível de um processo de reordenamento da comunicação social no mundo. As redes sociais fragmentaram a disseminação de notícias, fatos, dados estatísticos, informes e informações em um nível adoravelmente incontrolável, criando um ambiente noticioso ainda a ser desbravado por novas gerações de repórteres que, para tal, precisam ser treinados e apresentados a novas técnicas e, sobretudo, a novas idéias.
A “era do aquário”, para ficar numa definição feliz do jornalista Franklin Martins – aliás, contrário à obrigatoriedade do diploma –, está prestes a terminar. O jornalismo decidido por cúpulas restritas, com pouco ou nenhum apego à verdade dos fatos, está reduzida a um universo patético de mau jornalismo desmascarado instantaneamente pela blogosfera, vide a versão rocambolesca da TV Globo sobre a bolinha de papel na cabeça de José Serra ou a farsa do grampo sem áudio que uniu, numa mesma trama bisonha, a revista Veja, o ministro Gilmar Mendes, do STF, e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás.
Não será a escola de “altos estudos” da Veja e do professor Di Franco, portanto, a suprir essa necessidade. Essa demanda terá de ser suprida por repórteres ciosos de outro tipo de jornalismo, mais aberto e solidário, comprometido com a verdade factual e a honestidade intelectual, interessado em boas histórias. Um jornalismo mais leve e mais humano, mais preocupado com a qualidade da informação do que com a vaidade do furo. Um jornalismo vinculado à realidade, não a interesses econômicos. E isso, certamente, só poderá ser viabilizado dentro de outro modelo, cooperativo e democrático, a ser exercido a partir das novas mídias virtuais.
Por isso, é preciso estabelecer também um contraponto à ideologia da mídia hegemônica no campo da formação, em complemento aos cursos superiores de jornalismo. Abrir espaço para os milhares de estudantes de comunicação, em todo o Brasil, que não têm chance de participar dos cursinhos de treinees dos jornalões e das grandes emissoras de radiodifusão. Dar a eles, de forma prática e barata, uma oportunidade de aprender jornalismo com bons repórteres, com repórteres de verdade.
Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor, autor dos livros Jornalismo Investigativo, Cayman: o dossiê do medo e Fragmentos da Grande Guerra, entre outros. Mantém um blog chamado Brasília eu Vi. http://brasiliaeuvi.wordpress.com.
Ilustração by: Netto
* Terra Brasilis

Genesis - the Carpet Crawlers live


*esquerdopata

Demoniocracia Capetalista Trucana Dem

Protesto em frente a prefeitura de São Paulo 




 

Manifestantes reivindicavam uma reunião de negociação com o prefeito (DEMo) Gilberto Kassab para pedir a revogação do reajuste no preço da tarifa do transporte público. No início da noite, o protesto tomou a frente do prédio.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que "sempre manteve canais abertos de diálogo com a sociedade e, por isso, afirma não ser possível compreender e aceitar a violência usada por manifestantes que protestam contra a tarifa do sistema de transporte público da cidade".
O diálogo demotucano é assim:

Uma solução pra o NunKassab

Prefeitura ainda não sabe como fechar buraco na Zona Oeste de SP
Cratera de 10 metros de profundidade atrapalha trânsito no Pacaembu
Basta jogar lá dentro todos os manifestantes que protestavam em frente a prefeitura.
*comtextolivre 

Petista e estudantes apanham da polícia do Serra/Alckmin


Policiais agridem os vereadores José Américo (ao fundo) e Antonio Donato, ambos do PT, durante protesto contra o aumento da tarifa de ônibus no centro de São Paulo
Policiais militares reprimem protesto contra o aumento da passagem de ônibus no centro de São Paulo

Manifestação desta quinta-feira (17) contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo terminou, mais uma vez, em pancadaria. Os manifestantes protestavam em frente à Prefeitura, quando policiais militares reprimiram o ato com bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha.

“Eles vieram como uma truculência desproporcional”, afirma Fábio Nassif, que integra a comissão de comunicação do Comitê contra o Aumento da Passagem, grupo formado por movimentos sociais, partidos políticos de esquerda, grêmios estudantis, sindicatos, associações de bairro e pelo Movimento Passe Livre.

O protesto tem como objetivo pressionar a prefeitura para que seja revogado o aumento da tarifa de ônibus, que subiu de R$ 2,70 para R$ 3 em janeiro --variação de 11%-- após decreto do prefeito Gilberto Kassab (DEM).


Policial tucana prende, bate e arrebenta  durante protesto contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo 

Durante a pancadaria, sobrou paras os vereadores petistas Antonio Donato e José Américo, que participavam do ato e integram a comissão de negociação. Os dois parlamentares apanharam dos policiais com cassetetes e gás lacrimogêneo, mesmo após terem se identificado. Donato afirma ter sido agredido por policiais militares. “Está uma confusão aqui. Levei um monte de borrachada”, disse, por telefone, ao UOL Notícias.


Américo diz que os vereadores estavam reunidos com um representante da prefeitura quando ouviu o barulho das bombas. "Imediatamente interrompemos a conversa e tentamos dialogar [com a polícia], mas a tropa de choque nos agrediu com gás lacrimogêneo e gás de pimenta", afirma o vereador.

Segundo Fábio Nassif, um manifestante que foi agredido pelos PMs está detido ao lado do prédio da prefeitura. Carlos Ceconello, fotógrafo da Folha de S. Paulo, foi ferido na perna por estilhaços de bomba.

Não é a primeira vez que uma manifestação contra o aumento da tarifa em SP termina em pancadaria. Em 14 de janeiro deste ano, um protesto na praça da República foi reprimido por policiais militares. O mesmo ocorreu em uma manifestação no parque Dom Pedro, em janeiro de 2010.
*osamigosdopresidenteLula

O que há em comum entre as ditaduras árabes e os governos paulistas do PSDB?

Egito
Argélia
Bahrein
São Paulo
São Paulo
São Paulo
As semelhanças não ficam apenas no autoritarismo e na brutalidade policial, há também a corrupção generalizada, as relações promíscuas com a imprensa, o elitismo, as políticas excludentes, e a sede de perpetuação no poder.

*Cappacete

Hitler falava em nome dos cristãos?


Hitler é o da direita
Estou cansado de ler textos analíticos de esquerda e de direita sobre o Oriente Médio.
E todas acabam se perdendo em elucubrações sobre o islamismo.
Como se o islamismo fosse um bicho papão.
Isso na verdade é o preço que se paga ao se ilustrar pela mídia corporativa que não vende informações, mas adjetivos.
O islamismo, como toda religião, tem seus altos e baixos.
O perigo é a generalização.
Associar o radicalismo ao islamismo é o mesmo que associar o cristianismo ao nazismo e o sionismo ao judaísmo.
Nem todo cristão é nazista e nem todo judeu é sionista.
Ambas as religiões tem seu lado bom e seu lado ruim.
O que está acontecendo no Oriente Médio não tem nada a ver com religião.
Tem a ver com a miséria, exclusão, fome e opressão.
No Oriente Médio ha nações ocupadas fisicamente – Iraque, Palestina, Líbano, Síria, o que as transforma em nações colonizadas em pleno século 21.
E há nações ocupadas monetariamente por corporações que mantêm no poder títeres cuja única preocupação é assaltar seus países e manter suas populações sob o jugo dos carrascos.
O que ocorre agora na região não tem nada a ver com religião, mas com revoluções que num primeiro momento prescindem das armas, mas todos sabemos o que pode acontecer num segundo momento.
Sempre se fala que a vontade do povo é soberana, que a voz do povo é a voz de Deus, mas ai do povo que acreditar nisso.
Acaba pagando um preço muito alto.
No entanto e independente disso, a roda da História sempre caminha para frente.
Pode até haver alguns recuos para que o sistema tenha alguma sobrevida, mas que ela anda para a frente, ela anda.
E se o povo do Oriente Médio entender que o islamismo pode sim ajudar na realização de bons governos, que assim seja.
Pelo menos o islamismo não produziu a inquisição, nem as duas guerras mundiais e nem jogou bombas atômicas sobre Nagazaki e Hiroshima.
Então que tal deixarmos o islamismo em paz e nos atermos ao que de fato interessa?
*bourdokan

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Ecossocialismo nas latitudes ao sul do Trópico de Câncer



No Fórum Social Mundial 2011, realizado em Dakar, no Senegal, a questão do ecossocialismo ocupou novamente espaço dentre os ativistas e participantes desse importante encontro internacional. Mas afinal, o que vem a ser mesmo esse tal de ecossocialismo?
A virada do milênio tem trazido algumas questões novas à extensa pauta das preocupações com o futuro da Humanidade. Na seqüência de eventos históricos carregados de significado, talvez o mais importante tenha sido o fim da experiência do chamado “socialismo real” na maior parte dos países do leste europeu, bem como das conseqüências provocadas sobre os países que dependiam econômica e diplomaticamente daquele bloco em todos os continentes do globo.
O crescimento, em escala global, dos movimentos preocupados com a questão ambiental fortaleceu o surgimento dos próprios partidos chamados “verdes” ou “ecologistas”, que passaram a contar com representantes nos espaços legislativos em grande parte dos países, especialmente aqueles do mundo desenvolvido. Apesar de apresentarem uma visão muitas vezes restritiva em sua pauta política, a entrada em cena desses novos atores representava o início do debate a respeito da questão ambiental de forma institucional e definitiva. Não haveria mais como ignorar esse tema, até então pouco presente de forma explícita nas agendas políticas dos Estados.
Por outro lado, cada vez mais as forças políticas que partilhavam uma visão crítica do modelo de sociedade, tal como praticado pelos países defensores de uma economia de mercado - o nosso antigo e velho conhecido modo capitalista de produção, passaram a incorporar em suas reflexões a preocupação com a questão ambiental. Ou seja, a questão da superação do capitalismo passou a estar acompanhada da preocupação com um modelo social e econômico que estivesse também referenciado na própria sustentabilidade do planeta.
O crescimento da importância e da influência políticas exercidas pelo movimento altermundista reforçou igualmente tal tendência, à medida que as sucessivas edições do Fórum Social Mundial (FSM) aprofundavam os debates a respeito das estratégias para se aproximar do lema “um outro mundo é possível”. Em 2011, no evento realizado há poucos dias em Dakar, no Senegal, a questão do ecossocialismo ocupou novamente espaço dentre os ativistas e participantes desse importante encontro internacional.
Mas afinal, o que é vem a ser mesmo esse tal de ecossocialismo?
A conjugação de forças para a consolidação desse movimento foi bastante dispersa, como tende a ocorrer com as tentativas que buscam refletir uma tendência histórica e/ou conjuntural que perpassa fronteiras nacionais e barreiras de natureza até mesmo político-ideológica. Mas, ao que tudo indica, a idéia para uma iniciativa comum concretizou-se em 2001, quando os professores Joe Kovel (1) e Michael Löwy, dentre outros, propuseram o lançamento de um Manifesto Ecossocialista em escala internacional.
Pode-se começar a ter uma idéia mais objetiva do que seja o movimento a partir das considerações presentes no próprio texto introdutório do documento, escrito há quase uma década:
“O ecossocialismo não é ainda um espectro, tampouco está baseado em partido político ou movimento concreto. É somente uma alínea racional que parte de uma determinada interpretação da crise atual e das condições necessárias para superá-la. Não temos nenhuma pretensão de onisciência. Pelo contrário, nossa meta é convidar ao diálogo, a discussão, as emendas e, sobretudo, pensarmos como podemos efetivar está idéia. Por todos os lugares do universo caótico do capital mundial surgem espontaneamente pontos inumeráveis de resistência. Muitos são intrinsecamente ecossocialistas em seu conteúdo.” (2)
Com isso, percebe-se claramente um avanço em relação às críticas mais características do movimento ecologista. Em geral, este último sempre abriu suas baterias genericamente contra os chamados modelos predatórios e de destruição do meio-ambiente. Já os que se consideram integrantes da corrente ecossocialista procuram identificar no modelo capitalista as causas de tal degradação.
O texto do manifesto é claro quanto a essa qualificação:
“Na nossa visão, as crises ecológicas e o colapso social estão profundamente relacionados e deveriam ser vistos como manifestações diferentes das mesmas forças estruturais. As primeiras derivam, de uma maneira geral, da industrialização massiva, que ultrapassou a capacidade da Terra absorver e conter a instabilidade ecológica. O segundo deriva da forma de imperialismo conhecida como globalização, com seus efeitos desintegradores sobre as sociedades que se colocam em seu caminho. Ainda, essas forças subjacentes são essencialmente diferentes aspectos do mesmo movimento, devendo ser identificadas como a dinâmica central que move o todo: a expansão do sistema capitalista mundial.” (3)
No entanto, uma das grandes dificuldades de natureza teórica e política de tal proposição reside na maneira de como encarar a questão da inclusão de bilhões de indivíduos em condições de vida minimamente civilizatórias e a questão da redução do abismo de desigualdade sócio-econômica em escala planetária. Afinal, uma coisa é ter preocupação com o modelo de sustentabilidade em sociedades que já atingiram, há muitas décadas, padrões de bem estar social para a maioria das respectivas populações, com infra-estrutura econômica e social implantada no conjunto da sociedade e capacitação produtiva para buscar modelos de produção assim chamados de “verdes” e menos agressivos ao meio-ambiente. Já o desafio apresenta-se muito mais complexo quando se trata de sociedades – a grande maioria do mundo, diga-se de passagem – do mundo subdesenvolvido ou em desenvolvimento. A maior parte da população do mundo vive em países onde o nível de carência básica e as exigências de caráter emergencial exigem soluções muitas vezes contraditórias com o modelo um tanto idealizado do movimento ecossocialista.
A construção de uma estratégia para sustentar um modelo ecossocialista deve passar, necessariamente, pelo enfrentamento da questão do crescimento e do desenvolvimento econômicos. Afinal, não existe alternativa à inclusão social e econômica que não seja por essa via. E nesse momento, na encruzilhada do debate, surge a questão do “limite ao crescimento”, como o próprio manifesto tenta abordar, como veremos no parágrafo abaixo.
“O ecossocialismo insiste em redefinir a trajetória e objetivo da produção socialista em um contexto ecológico. Ele o faz especificamente em relação aos “limites ao crescimento”, essencial para a sustentabilidade da sociedade. Isso sem, no entanto, impor escassez, sofrimento ou repressão à sociedade. O objetivo é a transformação das necessidades, uma profunda mudança de dimensão qualitativa, não quantitativa. Do ponto de vista da produção de mercadorias, isso se traduz em uma valorização dos valores de uso em detrimento dos valores de troca um projeto de relevância de longo prazo baseado na atividade econômica imediata.” (4)
E por mais que se tente argumentar, infelizmente a questão é inescapável. Na situação atual, para a maioria da população do globo, impor limites ao crescimento significa estabelecer algum grau de escassez e de inacessibilidade ao padrão de vida já alcançado justamente pelas sociedades onde surgiram tais teorias. O grande desafio é encontrar um caminho que combine os requisitos de sustentabilidade em escala planetária com a necessária satisfação das necessidades de bilhões de pessoas que se encontram excluídas do acesso a bens básicos. E isso significa, sim, de alguma forma, ampliar o padrão atual de consumo em escala mundial. A busca de respostas, caminhos e soluções para esse dilema é exatamente o foco desse momento que parecemos viver no mundo, desse início de milênio.
Nesse sentido, parece um tanto idealista a proposição de operar exclusivamente na escala local, no plano do microempreendimento. Essa solução pode funcionar em alguns casos, em alguns países, mas dificilmente dará conta, no curto e no médio prazos, do atendimento em escala ampla. Da forma como o manifesto trata esse ponto, a livre associação de produtores pareceria capaz de oferecer a solução de generalizar a produção em bases ecológicas. Senão vejamos,
“A generalização da produção ecológica sob condições socialistas pode fornecer a base para superação das crises atuais. Uma sociedade de produtores livremente associados não cessa sua própria democratização. Ela deve insistir em libertar todos os seres humanos como seu objetivo e fundamento. Ela supera assim o impulso imperialista subjetiva e objetivamente.” (5)
Como se pode perceber, a questão é bastante complexa e não poderia ser esgotada aqui nesse espaço. Resolver essa dificuldade implica, entre outros aspectos, em reconhecer que o tratamento da sustentabilidade e dos diversos modelos a serem adotados deve obedecer, entre outros, ao critério da diversidade. E, desse ponto de vista, o ecossocialismo para as latitudes ao sul do Trópico de Câncer deveria merecer critérios diferenciados em relação àqueles da Europa e América do Norte. A maioria dos países da África, da Ásia, da América e da Oceânia apresenta carências urgentes e imediatas. O contra-argumento, igualmente relevante e essencial, é de que qualquer caminho deve levar em consideração os limites físicos do potencial de recursos físicos do planeta.
O momento atual e os anos a seguir serão fundamentais para que se encontrem soluções capazes de combinar o caminho da sustentabilidade da Terra, da redução das desigualdades entre as populações e do atendimento de padrões de vida condignos para todos.
NOTAS
(1) Ver entrevista em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17428
(2) Ver a íntegra em: http://www.iefd.org/manifestos/ecosocialist_manifesto.php
(3) Idem.
(4) Idem.
(5) Idem.
Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.
*cartamaior

Na prática, significa que 90% do crime compensa, caso se roube muito dinheiro, o suficiente para pagar bons advogados.







No sistema judiciário brasileiro, o crime compensa para 90% dos que roubam muito

O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, concedeu entrevista ao programa de rádio "Bom dia, ministro", e atribuiu ao sistema judiciário o maior empecilho para reduzir a corrupção.

"A legislação brasileira oferece tanta possibilidade de chicana processual que um bom advogado consegue que a pessoa não vá para a cadeia", disse o ministro.

Segundo Hage, hoje há mais de mil processos judiciais contra corrupção decorrentes da fiscalização da CGU, mas na justiça apenas 10% do dinheiro roubado dos cofres públicos é recuperado, e poucas pessoas são presas.

Na prática, significa que 90% do crime compensa, caso se roube muito dinheiro, o suficiente para pagar bons advogados.

"Não adianta colocar mais gente na AGU (Advocacia-Geral da União), no Ministério Público para agilizar fase preparatória, pois já estamos bem organizados nesta parte. Trabalhamos bastante bem até a hora que o processo chega ao Judiciário, aí se morre na praia", criticou o Ministro.

Cadê a palavra da OAB nestas horas?

O ministro não chegou a criticar a Ordem dos Advogados do Brasil, mas cabe lembrar que existe um forte lobby de bancas de advocacia crimilalista, sempre interessada no máximo de "chicanas" possíveis, para vender mais e mais seus serviços.

Paradoxalmente, de forma legal, na forma de honorários, bancas de advocacia acabam ganhando participação na partilha do dinheiro criminosamente roubado, usando todos os artifícios do sistema para impedir que a fortuna dos corruptos roubada volte aos cofres públicos, e que os responsáveis sofram punição exemplar, necessária para dissuadir a idéia de que o crime compensa.

Além disso, cada corrupto que se livra de um processo através de chicanas, sem julgamento do mérito, ou fica postergando um julgamento, continua oficialmente com a ficha "limpa", muitas vezes sendo eleito novamente mediante campanhas milionárias, financiadas com o dinheiro amealhado na corrupção, voltando a participar impunemente da vida pública em novas falcatruas, realimentando o ciclo.

Com isso, sob pretexto de defender ao extremo direitos individuais, o excesso de recursos ("chicanas") penaliza toda a sociedade com a roubalheira impune.

Para Hage, é preciso pressionar o Congresso Nacional para aprovação de reformas na legislação processual brasileira, como o Código de Processo Penal (CPP) e o Código de Processo Civil (CPC), reduzindo as "chicanas".

Porém, nem todas as propostas na reforma do CPP são boas.

"O projeto atual que está no Congresso, de Código de Processo Penal, prevê um tipo de medida absurda que só vai piorar a situação: a distinção do juiz de garantias do juiz de processo. A colocação de mais um juiz só vai levar ao retardamento, pois ele não tem conhecimento do caso e pode levar muito tempo para se familiarizar", disse Hage.

O ministro também afirmou que é muito difícil conseguir dois juízes diferentes para analisar um processo quando, em muitas varas do País, há apenas um magistrado trabalhando.

Punições administrativas são maiores

Hage lembrou que, apesar da demora no judiciário, as medidas administrativas, como afastamento ou demissão, já surtem resultados. Somente em 2010, 521 servidores federais foram penalizados por práticas ilícitas no exercício da função, o que representa um aumento de 18,94% em relação ao ano anterior. O ministro afirma que não está ocorrendo mais irregularidades, e sim maior atuação das corregedorias.

Empresas ficha-suja

Outra iniciativa positiva foi a criação do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas (em geral, corruptores).

"Cerca de 4 mil empresas estão ali com punições registradas, e, agora, podemos tornar isso público em nível nacional para que governos estaduais também deixem de contratar esses serviços. Antes, cada órgão declarava inidônea determinada empresa e ela podia continuar contratando em todo o Brasil", afirmou. Segundo Hage, metade dos Estados brasileiros já aderiu ao cadastro e a CGU está trabalhando para que mais adesões sejam feitas. (Com informações do Portal Terra).
*amigosdopresidentelula

Crack é uma tragédia na base da pirâmide social. A presidenta tem lado

Dilma ataca o crack.
Descriminalização é coisa de tucano

Crack é uma tragédia na base da pirâmide social. A presidenta tem lado


Presidenta Dilma assume compromisso de luta contínua contra o crack e outras drogas

A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta quinta-feira (17) a implantação de 49 Centros Regionais de Referência em Crack e Outras Drogas (CRR) em universidades federais das cinco regiões brasileiras. Em solenidade no Palácio do Planalto, a presidenta reafirmou o compromisso de seu governo na luta contínua do combate às drogas, especialmente o crack, “para que um país como o nosso não tenha sua juventude vulnerabilizada”.

Os centros serão responsáveis por capacitar, nos próximos 12 meses, 14,7 mil profissionais como médicos, psicólogos , enfermeiros, assistentes sociais e agentes comunitários. Segundo a presidenta Dilma, o combate de “um problema da proporção do crack” requer profissionais altamente capacitados para tratamento do usuário e apoio às famílias, daí a importância do projeto que será, segundo ela, “uma das armas mais fortes de combate e prevenção às drogas”.

“Eu estava aqui, há pouco, comentando com o ministro Fernando Haddad a importância cada vez maior que a universidade federal, a universidade estadual, a universidade municipal adquirem na sociedade brasileira. A valorização que, no governo do presidente Lula, foi dada às universidades federais, eu acho que contribui também para essa devolução que eu acho que os senhores podem fazer com [para] a sociedade brasileira”, disse.

Em seu discurso, a presidenta frisou a importância do envolvimento multissetorial no combate às drogas e criminalidade e lembrou que “a valorização dos professores e professoras do nosso país” é imprescindível nesse processo e uma meta de seu governo. Além disso, ressaltou a presidenta, é necessário envolver instituições como a Política Federal para o combate ao crime organizado, tráfico de drogas e fortalecimento das fronteiras.

“Junto com a Polícia Federal nas áreas de fronteira, com o próprio Exército, com as Forças Armadas, o saber talvez seja uma das condições privilegiadas através das quais nós podemos decifrar as drogas (…). E, acho que é fundamental a gente perceber que tudo isso também passa por um processo de combate ao crime organizado, através do controle de fronteiras, da… eu diria, o reforço ainda maior da Polícia Federal no combate à criminalidade e às drogas”, disse.

Participaram ainda da abertura do seminário – que reúne 49 reitores das universidades selecionadas – os ministros Alexandre Padilha (Saúde), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Fernando Haddad (Educação), a secretária nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad), Paulina do Carmo, e o presidente da Andifes, Edward Madureira.

“O crack é mais que uma droga, é quase um veneno. Começa com uma brincadeira e termina com a morte”, alertou o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Após a cerimônia, a secretária nacional de Políticas Sobre Drogas concedeu entrevista coletiva e assinalou que, no próximo mês, o governo federal lançará o maior estudo do mundo sobre o crack, que envolveu 22 mil pessoas de diversos estados brasileiros. A partir da amostragem, a pesquisa traçará o mapa do consumo de crack no país e servirá como embasamento para diversas políticas públicas para enfrentamento da droga.

Centros de referência — Cada projeto (quatro cursos) terá até R$ 300 mil do Fundo Nacional Antidrogas (Funad) para capacitação de 300 profissionais. Ao final de 12 meses, serão formados 14,7 mil profissionais, em 844 municípios de 19 estados do país. Os cursos vão abordar o gerenciamento de casos, a reinserção social e o aconselhamento motivacional, bem como o aperfeiçoamento de médicos atuantes no Programa de Saúde em Família, no Núcleo de Assistência à Saúde da Família e profissionais do SUS e do Sistema Único de Assistência Social.


A iniciativa faz parte do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, lançado no ano passado pelo governo federal. O Plano prevê, também, a ampliação do número de leitos de internação de usuários, a ampliação do número de Centros de Referência de Assistência Social e dos Centros de Referência Especializada de Assistência Social, a realização de estudos e pesquisas, a ampliação do horário de atendimento do VivaVoz, a criação de centros de pesquisa e novas metodologias de tratamento e reinserção social, e medidas de enfrentamento ao tráfico.

NavalhaClique aqui para ler: “Política de descriminalização do FHC funciona para rico viciado”.
Por que o Cerra e o Aécio não apoiam a descriminalização do Farol de Alexandria ?
Por que o PSDB morre de medo dele ?
Essa política de descriminalização tem cheiro de marketing no Hemisfério Norte.
Deve fazer muito sucesso em Harvar.

Paulo Henrique Amorim