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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 11, 2011


O Fantástico show da engabelação


Domingo no Fantástico, propaganda patética de manutenção do “caosaéreo”.
O Fantástico é o fantástico mundo FOX. Implantar o medo difuso nas pessoas.
Se você não morrer do “caosaéreo”, tem as “hepatites”.
Se não morrer ou adoecer das “hepatites”, tem a “criseclimática”...
E não esqueça da “medidacerta”, seu coração pode parar a qualquer momento.
Até domingo... se você não morrer ou ficar doente...
É fantástico!!!
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Aeronáutica desmente a Globo, a TV que já escondeu notícia de queda de avião
09 de agosto de 2011 às 19:03 2 Comentários
A Aeronáutica soltou uma nota oficial desmentindo reportagem divulgada no Fantástico do último domingo. Leia o texto e veja o nível da coisa. Enquanto lia, lembrei-me que a mesma Globo preferiu “esconder” no JN a notícia da queda do avião da Gol. Porque coincidiu de o evento acontecer na mesma edição que estava “reservada” para mostrar as imagens do dinheiro da compra do dossiê do escândalo da saúde. A direção da empresa achava que aquelas imagens levariam a disputa de Alckmin com Lula para o segundo turno. E que no segundo turno, o tucano poderia detonar o baiano.
A Globo erra em tudo mesmo. Levou o Alckmin pro segundo turno pra tomar uma lavada daquelas. E o pior, quando avião cai, a Globo demora pra dar a notícia. Quando está tudo bem, ela faz terrorismo midiático pra assustar a população. Essa Globo não tem jeito.

O Comando da Aeronáutica repudia veementemente o teor da reportagem do jornalista Walmir Salaro, levada ao ar no Fantástico deste domingo, sete de agosto, e no Bom Dia Brasil desta segunda-feira, oito de agosto.

A matéria em questão parte de princípios incorretos e de denúncias infundadas para passar à população brasileira a falsa impressão de que voar no Brasil não é seguro. A reportagem contradiz os princípios editoriais da própria Rede Globo ao apresentar argumentos com falta de Correção e falta de Isenção, itens considerados pela própria emissora como sendo atributos da informação de qualidade.

O jornalista embarcou em uma aeronave de pequeno porte (aviação geral), que tem características como nível de voo, rota, classificação e regras de controle aéreo diferentes dos voos comerciais. A matéria trata os voos sob condições visuais e instrumentos como se obedecessem as mesmas regras de controle de tráfego aéreo, levando o espectador a uma percepção errada.

O piloto demonstra espanto ao avistar outras aeronaves sobre o Rio de Janeiro e São Paulo, dando um tom sensacionalista a uma situação perfeitamente normal e controlada que ocorre sobre qualquer grande cidade do mundo. Nesse sentido, causa estranheza que a reportagem tenha mostrado a proximidade dos aviões como algo perigoso para os passageiros no Brasil. As próprias imagens revelam níveis de voo diferenciados, além de rotas distintas.

Além disto, o piloto que opta por regras de voo visual, só terá seu voo autorizado se estiver em condições de observar as demais aeronaves em sua rota, de acordo com as regras de tráfego aéreo que deveriam ser de seu pleno conhecimento. Mesmo assim, o piloto receberá, ainda, avisos sobre outros voos em áreas próximas.

Foi exatamente o que ocorreu durante a reportagem, que mostra o contato constante dos controladores de tráfego aéreo com o piloto. Desde a decolagem foram passadas informações detalhadas sobre os demais tráfegos aéreos na região, sem que houvesse qualquer perigo para as aeronaves envolvidas.

A respeito da dificuldade demonstrada em conseguir contato com o serviço meteorológico, é interessante lembrar que há várias frequências disponíveis para contato com o Serviço de Informações Meteorológicas para Aeronaves em Voo (VOLMET), que está disponível 24 horas por dia em todo o país. Além destas, há frequências de ATIS (Serviço Automático de Informação em Terminal) que fornecem continuamente, por meio de mensagem gravada e constantemente atualizada, entre outros dados, as condições meteorológicas reinantes em determinada Área Terminal, bem como em seus aeroportos. Como, aliás, é o caso da Terminal de Belo Horizonte, incluindo os aeroportos da Pampulha e de Confins.

Ressalte-se que, a despeito da operação de tais serviços, todos os pilotos têm a obrigação de obter informações meteorológicas antes do voo pessoalmente nas Salas de Informações Aeronáuticas dos aeroportos, por telefone ou até pela internet.

Ao realizar o voo sem, possivelmente, ter acessado previamente informações meteorológicas, o piloto expôs a equipe de reportagem a uma situação de risco desnecessário. Tratou-se, obviamente, de mais um traço sensacionalista e sem conteúdo informativo.

A respeito do momento da reportagem em que o controle do espaço aéreo diz que não tem visualização da aeronave, cabe esclarecer que o voo realizado pela equipe do Fantástico ocorreu à baixa altitude, em regras de voos visuais, uma situação diferente dos voos comerciais regulares.

Na faixa de altitude utilizada por aeronaves como das empresas TAM e GOL, extensamente mostradas durante a reportagem, há cobertura radar sobre todo o território brasileiro. Para isso, existem hoje 170 radares de controle do espaço aéreo no país. Como dito acima, é feita uma confusão entre perfis de voos completamente diferentes. Dessa forma, o telespectador do Fantástico ficou privado de ter acesso a informações que certamente contribuem para a melhor apresentação dos fatos.

No último trecho de voo da reportagem, o órgão de controle determinou a espera para pouso no Aeroporto Santos-Dumont. O que foi retratado na matéria como algo absurdo, na realidade seguiu rigorosamente as normas em vigor para garantir a segurança e fluidez do tráfego aéreo. Os voos de linhas regulares, na maioria das vezes regidos por regras de voo por instrumentos, gozam de precedência sobre os não regulares, visando a minimizar quaisquer problemas de fluxo que possam afetar a grande massa de usuários.

A reportagem também errou ao mostrar que Traffic Collision Avoidance System (TCAS) é acionado somente em caso de acidente iminente. O fato do TCAS emitir um aviso não significa uma quase-colisão, e sim que uma aeronave invadiu a “bolha de segurança” de outra. Essa bolha é uma área que mede 8 km na horizontal (raio) e 300 metros na vertical (raio).

Cabe ressaltar ainda que a invasão da bolha de segurança não significa sequer uma rota de colisão, pois as aeronaves podem estar em rumos paralelos ou divergentes, ou ainda com separação de altitude, em ambiente tridimensional.

A situação pode ser corrigida pelo controle do espaço aéreo ou por sistemas de segurança instalados nos aviões, como o TCAS. Nem toda ocorrência, portanto, consiste em risco à operação. O TCAS, por exemplo, pode emitir avisos indesejados, pois o equipamento lê as trajetórias das aeronaves, mas não tem conhecimento das restrições impostas pelo controlador.

Todas as ocorrências, no entanto, dão início a uma investigação para apurar os seus fatores contribuintes e geram recomendações de segurança para todos os envolvidos, sejam controladores, pessoal técnico ou tripulantes. É esse o caso dos 24 relatórios citados na reportagem. A existência desses documentos não significa a ocorrência de 24 incidentes de tráfego aéreo, e sim uma consequência direta da cultura operacional de registrar todas as situações diferentes da normalidade com foco na busca da segurança.

A investigação tem como objetivo manter um elevado nível de atenção e melhorar os procedimentos de tráfego aéreo no Brasil, pois é política do Comando da Aeronáutica buscar ao máximo a segurança de todos os passageiros e tripulantes que voam sobre o país. Incidentes e acidentes não são aceitáveis em nenhum número, em qualquer escala.

Sobre a questão dos controladores de tráfego aéreo, ao contrário da informação veiculada, o Brasil tem atualmente mais de 4.100 controladores em atividade, entre civis e militares. No total, são mais de 6.900 profissionais envolvidos diretamente no tráfego aéreo, entre controladores e especialistas em comunicação, operação de estações, meteorologia e informações aeronáuticas.

Para garantir a segurança do controle do espaço aéreo no futuro, o Comando da Aeronáutica investe na formação de controladores de tráfego aéreo. A Escola de Especialistas de Aeronáutica forma anualmente 300 profissionais da área. Todos seguem depois para o Centro de Simulação do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), inaugurado em 2007 em São José dos Campos (SP). Com sistemas de última geração e tecnologia 100% nacional, o ICEA ampliou de 160 para 512 controladores-alunos por ano, triplicando a capacidade de formação e reciclagem.

Vale salientar que a ascensão operacional dos profissionais de controle de tráfego aéreo ocorre por meio de um conselho do qual fazem parte, dentre outros, os supervisores mais experientes de cada órgão de controle de tráfego aéreo. Desse modo, nenhum controlador de tráfego aéreo exerce atividades para as quais não estejam plenamente capacitados.

A qualidade desses profissionais se comprova por meio de relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). De acordo com o Panorama Estatístico da Aviação Civil Brasileira, dos 26 tipos de fatores contribuintes para ocorrência de acidentes no país entre 2000 e 2009, o controle de tráfego aéreo ocupa a 24° posição, com 0,9%. O documento está disponível no link:

A capacitação dos recursos humanos faz parte dos investimentos feitos pelo DECEA ao longo da década. Entre 2000 e 2010, foram R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão somente a partir de 2008. O montante também envolve compra de equipamentos e a adoção do Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional (SAGITÁRIO), um novo software nacional que representou um salto tecnológico na interface dos controladores de tráfego aéreo com as estações de trabalho. O sistema tem novas funcionalidades que permitem uma melhor consciência situacional por parte dos controladores. Sua interface é mais intuitiva, facilitando o trabalho de seus usuários.

Os resultados desses investimentos foram demonstrados pela auditoria realizada em 2009 pela International Civil Aviation Organization (ICAO), organização máxima da aviação civil, ligada às Nações Unidas, com 190 países signatários. A ICAO classificou o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro entre os cinco melhores no mundo. De acordo com a ICAO, o Brasil atingiu 95% de conformidade em procedimentos operacionais e de segurança.

Sem citar quaisquer dessas informações, para realizar sua reportagem, a equipe do Fantástico exibe depoimentos sem ao menos pesquisar qual a motivação dessas fontes. O Sr. Edileuzo Cavalcante, por exemplo, apresentado como um importante dirigente de uma associação de controladores, é acusado por atentado contra a segurança do transporte aéreo, motim e incitação à indisciplina, e responde por essas acusações na Justiça Militar.

O Sr. Edileuzo Cavalcante foi afastado da função de controlador de tráfego aéreo em 2007 e recentemente excluído das fileiras da Força Aérea Brasileira. Em 2010, também teve uma candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral.

Quanto à informação sobre as tentativas de chamada por parte do controlador de tráfego aéreo, Sargento Lucivando Tibúrcio de Alencar, no caso do acidente ocorrido com a aeronave da Gol (PR-GTD) e a aeronave da empresa Excel Aire (N600XL) em 29 de setembro de 2006, cabe reforçar que elas não obtiveram sucesso devido à aeronave da Excel Aire não ter sido instruída oportunamente a trocar de frequência e não a qualquer deficiência no equipamento, conforme verificado em voo de inspeção. Durante as tentativas de contato, a última frequência que havia sido atribuída à aeronave estava fora de alcance, impossibilitando o estabelecimento das comunicações bilaterais.

Já quando foi consultar o Departamento de Controle do Espaço Aéreo, a equipe de reportagem omitiu o fato que trataria de problemas de tráfego aéreo. Foi informado que se tratava unicamente sobre a evolução do tráfego aéreo de 2006 a 2011.

Por fim, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica ressalta que voar no país é seguro, que as ferramentas de prevenção do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro estão em perfeito funcionamento e que todas as ações implementadas seguem em concordância com o volume de tráfego aéreo e com as normas internacionais de segurança. No entanto, este Centro reitera que a questão da segurança do tráfego aéreo no país exige um tratamento responsável, sem emoção e desvinculado de interesses particulares, pessoais ou políticos.

Brasília, 9 de agosto de 2011.
Brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

http://www.revistaforum.com.br/blog/2011/08/09/aeronautica-desmente-a-globo-a-tv-que-ja-escondeu-noticia-de-queda-de-aviao/


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ONU: "TRÁFEGO AÉREO CIVIL BRASILEIRO MELHOR QUE O DOS ESTADOS UNIDOS, FRANÇA, ALEMANHA, ITÁLIA, AUSTRÁLIA"


ONU (OACI) RECONHECE ALTA QUALIDADE DO TRÁFEGO AÉREO CIVIL BRASILEIRO

ONU (OACI) RECONHECE QUE QUALIDADE DO TRÁFEGO AÉREO CIVIL BRASILEIRO SUPERA OS ESTADOS UNIDOS, FRANÇA, ALEMANHA, ITÁLIA, AUSTRÁLIA E OUTROS

[OBS deste ‘democracia&política’:

A grande mídia brasileira não deu divulgação a esse reconhecimento internacional da ICAO (International Civil Aviation Organization)publicado em 2009. Censurou. 


Na época, ela estava intensamente engajada na campanha para a eleição de José Serra, pela volta da direita ao poder em 2010. Era uma das estratégias da campanha criar na população a idéia de “imenso caos aéreo”. O pretexto foi um momento de confusão criado por paralisação de grupos de controladores de voo logo após o acidente da derrubada de um avião da GOL por pilotos norte-americanos e, também, o gigantesco e rápido crescimento da demanda por conta da nova classe média surgida no governo Lula. 


A direita, por intermédio da grande mídia, e a oposição por ela pautada passaram a propagar a figura do “caos aéreo” e que a única solução seria a volta dos demotucanos e a “privatização dos aeroportos e da infraestrutura de controle do tráfego aéreo civil brasileiro” (provavelmente para grandes grupos estatais estrangeiros que atuam no setor). Vejamos a seguir o que foi abafado na época]:

AUDITORIA DA OACI NO BRASIL: RESULTADOS E RECONHECIMENTO

Transcrição de Informativo do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica - Nº 03/09 - Brasília, 21 de maio de 2009:

“Reconhecimento. Essa é uma expressão que abrange pelo menos dois significados gigantescos para cada um de nós. O primeiro aspecto é ter o olhar justo de alguém com base em dados concretos. A partir de fatos e serviços realizados, ser distinguido pela forma com que faz. Pela capacitação, suor e ideais doados. O segundo significado é tão importante quanto. É o reconhecimento que temos de nós mesmos. Como nós nos enxergamos, nesse caso, profissionalmente.

Senhores e senhoras que compõem esta Instituição [Comando da Aeronáutica], temos bons motivos para falar em reconhecimento em todos os sentidos que essa expressão esclarece.

O Comando da Aeronáutica recebeu, nesta semana, notícia muito significativa. Após auditoria da “Organização de Aviação Civil Internacional” (OACI) [órgão da ONU], as conclusões são de que o Brasil está em patamar elevadíssimo, com resultados superiores a diversos países desenvolvidos em relação aos indicadores do tráfego aéreo civil.

Os resultados que partilho com todos os meus Comandados são dignos de um reconhecimento especial. São os resultados do esforço de todos os que vestem essa farda azul e atuam para que os sistemas ligados à aviação civil sejam motivo de honra e orgulho para este País de dimensões continentais.

Antes de tratar de detalhes da inspeção realizada pela OACI, dirijo-me neste momento para parabenizá-los e pedir também a cada um que tenha ciência do valor dos seus serviços e reconheça-se como partícipe dessa grande vitória.

Atendo-me à inspeção, informo que, entre os dias 4 e 15 de maio, um grupo de oito auditores internacionais da OACI realizou auditoria no Sistema de Aviação brasileiro, prevista desde o ano de 2005.

Esse modelo de auditoria foi criado em 1998 e faz parte do "Projeto Universal de Auditorias de Supervisão da Segurança Operacional" da OACI. Até março deste ano, 124 países foram auditados e o Programa espera inspecionar a totalidade dos 190 países até o ano de 2010.

O objetivo dessa auditoria foi avaliar se o Brasil colocou em prática as normas e recomendações da OACI, bem como verificar a capacidade do Estado Brasileiro de efetuar a vigilância da segurança operacional das atividades da aviação civil.

O relatório final sobre o trabalho realizado pelos auditores no Brasil tem prazo de nove meses para ser concluído e será publicado no portal da OACI na internet (www.icao.int). Na América do Sul, apenas três países ainda não foram auditados: Equador, Paraguai e Suriname.

BOLETIM PERIÓDICO Nº 03, DE 21 DE MAIO DE 2009


No que concerne aos Serviços de Navegação Aérea (ANS), sob a responsabilidade do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), as conclusões dos auditores indicam que o nível de conformidade do Brasil atingiu o patamar de 95%, resultado superior ao de países como Estados Unidos, França, Alemanha, Itália e Austrália. Nesse cenário, destaca-se o Canadá, sede da OACI, que obteve pontuação superior a do Brasil.

Essas informações podem ser obtidas nos relatórios completos de alguns Estados na página da OACI na internet.

Os 5% de não-conformidades decorrentes da auditoria nos Serviços de Navegação Aérea (ANS) geraram três recomendações para o DECEA. A primeira refere-se ao Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SMS), uma sistemática de prevenção de acidentes a ser implantado pelos órgãos prestadores de serviço, recentemente preconizado pela OACI, e que tem sido motivo de “nãoconformidades” em quase todos os países auditados. A segunda diz respeito à qualificação na língua inglesa para operadores de Busca e Salvamento (SAR) em nível semelhante ao exigido para controladores de tráfego aéreo, cujo plano apresentado pelo Brasil e já aprovado pela OACI, prevê alcançar esse nível em 2011. O último item observado foi o Controle de Qualidade do Serviço de Informação Aeronáutica (AIS), um programa cuja implementação no Brasil se encontra na fase final.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), por sua vez, atingiu nível de conformidade de 96%, empatado com o primeiro colocado no ranking mundial, a EASA (European Aviation Safety Agency) e a frente de países como EUA, Canadá, França, Itália, Alemanha, Austrália, China, Índia etc. A única não-conformidade apontada pela auditoria refere-se à questão de recursos humanos, cuja implementação encontra-se em fase final de solução.

Nessa meta de reconhecer e se reconhecer, buscamos a cada dia de trabalho a perfeição, redobrando esforços para eliminar as poucas não-conformidades. Para isso, mais do que esforço e especialização, há ações concretas que vêm sendo reconhecidas também pelos organismos reconhecidos internacionalmente.

Essas instituições avaliam e inspecionam com imparcialidade a área da aviação civil em todo o mundo. O resultado divulgado nesta semana nos cobre de alegria e muito orgulho. Estamos no caminho certo.

Temos olhares e ouvidos atentos 365 dias por ano, 24 horas por dia. Sem pausa. Enquanto lêem ou ouvem estas palavras do seu Comandante, os senhores sabem que muitos profissionais estão trabalhando em seus setores, doando-se completamente para fazer o melhor.

Quando forem os senhores para os seus postos, onde quer que seja, saibam que são os grandes responsáveis pela Instituição ter credibilidade no Brasil e no mundo. Consequências diretas do nosso compromisso, evidentemente, resultados são fatos concretos. Ao pensarmos que tudo começou naquele dia em que resolvemos servir ao País, lembremo-nos de que nada pedimos em troca. Mas nos apraz ter ciência de que atingimos cotidianamente nossos objetivos. Isso preenche nosso coração de satisfação. Servir e se doar ao País. Eis o nosso compromisso e, também, o nosso maior reconhecimento.

Parabéns ao DECEA e ao CENIPA.

Parabéns à Força Aérea Brasileira.”

Ten Brig Ar Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica

FONTE: Informativo do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica - Nº 03/09 - Brasília, 21 de maio de 2009 [imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
*Beatrice

A nova diretoria da UNE e o Discurso do Bom Brizola Neto



*Tijolaço

Terça-feira, no almoço que teve com lideranças políticas do Rio de Janeiro, o Presidente Lula disse tudo o que precisava ser dito sobre a questão da moralidade administrativa:
- Quem roubar dinheiro público tem de ir para a cadeia.
Dito isso, esta questão do efeito-faxina tem que ser tratada no campo da política e da comunicação.
A oposição política, depois das três derrotas presidenciais seguidas e, sobretudo, depois que o país reencontrou o caminho do desenvolvimento, não tem tamanho nem causa política que possa usar para bloquear novos e necessários avanços.
Faz tempo que só tem como discurso uma moralidade administrativa que, no poder, nunca praticou.
É tristemente verdadeiro o que disse a D. Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais, quando afirmou, no ano passado, que a imprensa era, de fato, a oposição brasileira.
E, lamentavelmente, uma visão primária de comunicação está deixando a Presidenta ser conduzida pela linha que escolhe a oposição (a de fato) representada pela mídia.

Transformar a Presidenta em “faxineira” – como bem ressaltou, em seu blog, o publicitário Antonio Mello – além de aderir a uma visão machista primária, é deslocar o eixo de compreensão da luta essencial para um combate à corrupção – que não é mais que rotina e obrigação – sobre o qual se podem construir mil distorções e sobre o qual certamente se constrói uma visão despolitizante na população.
Ontem, uma faxineira profissional, arrumando umas fotografias, perguntou-me se eu conhecia muitos políticos – na verdade, só havia fotos com dois, Brizola e Fidel Castro – “destes que ficam roubando a gente”.
Um retrospecto de acontecimentos recentes mostra como estas questões tomaram, na mídia, o lugar de outras que representam a essencia do projeto de desenvolvimento nacional soberano e socialmente inclusivo.
O lançamento da plataforma P-56, um marco gigantesco na construção nacional de equipamentos para, que custo US$ 1,5 bilhão e tem o recorde de 73% de conteúdo nacional apareceu por 15 segundos no Jornal Nacional, no mesmo dia em que durante quase 20 minutos o ex-ministro Antonio Palocci ficava no “nem lá, nem cá” em relação aos questionamentos que sofria.
Depois vieram os casos DNIT, o Ministério da Agricultura, o do Turismo, todos com repercussão muito maior que, por exemplo, o lançamento do plano Brasil sem Miséria, ou os incentivos à indústria nacional, ou a redução de tributos e a simplificação da vida dos microempreendedores, sem falar no plano de educação técnica e outras iniciativas. O balanço do PAC 2 virou uma exposição dos atrasos e suspeitas em uma pequena parte dele, os 10% em atraso das obras no transporte. Ah, esqueci, deixou-se transformar a ação do BNDES no caso Carrefour-Pão de Açucar numa suspeita de obscuras transações com Abilio Diniz.
Estamos diante de um momento mundial gravíssimo, onde o nosso país se prepara para enfrentar uma recessão mundial com o desafio de não interromper seu crescimento. E nossas manchetes são quase que “policiais”.
O Governo, para o público, tem uma única pauta: a faxina. E só se coloca a faxina como prioridade se tudo está muito sujo.
O erro primário de comunicação e imagem está levando o Governo a ficar a reboque dos acontecimentos e criando uma paralisia política.
No post que citei, o Antonio Mello diz, com exatidão: “Eles querem levá-la ao inferno, presidenta, sob a luz dos refletores”.
Uma coisa, óbvia e necessária, é zelar pela probidade administrativa. Outra, bem diferente, é se deixar levar por um clima udenista que usa a moralidade como biombo para manter o Brasil onde está a mais de 500 anos, uma colônia na qual a elite não vê outro destino senão a bem comportada submissão à metrópole.
A Presidenta Dilma chegou ao lugar que ocupa porque é uma mulher de coragem e decisão, sim, mas sobretudo porque é uma pessoa que enxerga um destino para este país e tem o compromisso com a dignidade e a felicidade deste povo. Não por seguir a marquetagem do óbvio e seguir a pauta da mídia.
Pretender que seja percebida apenas como gerente é reduzi-la e reduzir o projeto que ela representa.
*Tijolaço

Dilma apura e pune! E o governo mineiro abafa!

Nesta semana, a Polícia Federal – PF -, subordinada ao Ministério da Justiça que, por sua vez, é subordinado à presidência da República, deflagrou uma operação de prisão de suspeitos de desvios no Ministério do Turismo.
Antes, houve aquilo que a própria imprensa comercial, perplexa, chamou de “faxina no DNIT”.
Ou seja: há denúncia? Apure-se. Doa em quem doer. Havendo culpa, há punição.
Estamos assistindo no Brasil uma viragem cultural, que se inicia no governo Lula. A PF, a Controladoria Geral da União – CGU- (que existe, de fato, a partir de 2003), e a Procuradoria Geral da República -PGR-, nunca antes na história deste país, parafraseando alguém, tiveram tanta autonomia e recursos para cumprir seus papéis constitucionais. O Tribunal de Contas da União -TCU- funciona no mesmo diapasão.
Já o estado de Minas Gerais parece outro país. Espasmos investigatórios no Ministério Público Estadual - MPE-, relatórios técnicos do Tribunal de Contas do Estado -TCE- e as denúncias do bloco Minas Sem Censura – MSC-, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais já fazem fila: superfaturamento, dispensa ilegal de licitações, pagamentos antecipados, parcelas inteiras do MPE efetuando apurações de “mentirinha” (ressalvadas as honrosas exceções), nada, nada disso é apurado com rigor. Aliás, várias dessas denúncias nem sequer são apuradas.
Isso sem falar na imprensa. A do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília é livre para investigar, inclusive para caluniar o governo federal. A de Minas dispensa comentários.
Aliás, o MinasSemCensura já registrou: os oito anos de governo Aécio tiveram menos CPI´s que no período da Ditadura Militar!
A cultura da impunidade está em declínio no Brasil. Em Minas há uma sistemática operação abafa.
Governador Anastasia: “libere” o MPE, o TCE-MG, a Polícia Judiciária e a imprensa!
Clique aqui e veja mais sobre CPIs em Minas.
*comtextolivre

Tucanistão o brasil de fhc


*esquerdopata

O Chile se reencontrou nas ruas

Mobilização da juventude do Chile por reforma drástica no sistema educacional herdado de Pinochet --a favor da universalização do ensino público totalmente gratuito e de qualidade, põe em xeque a supremacia da lógica de mercado instaurada no país desde o golpe sangrento de 1973.

A educação é o ponto de convergência desse reencontro dos chilenos com o debate sobre o seu presente e o seu futuro. Diz respeito não apenas ao destino das novas gerações. Mas à sociedade na qual se deseja viver e aos valores compartilhados sobre os quais ela deve se sustentar.

O sistema educacional chileno trazido do pinochetismo diz que o presente e o futuro são mercadorias que devem gerar lucro. Não há exceção à bíblia neoliberal implantada avant la lettre pelos tanques e caças, em 1973: a sorte e o destino da sociedade devem ser modelados pela inexcedível capacidade dos mercados de alocar fatores ao menor custo, com maior eficiência. A democracia é um adereço num mundo autorregulável. A escola é uma peça da engrenagem. A universidade e todo aparato educacional – seus currículos e critérios de acesso-- prestam-se ao propósito de adestrar corações e mentes para a demanda mercantil . Não há pertinência em debater um projeto de país. Tampouco espaço para uma universidade que reflita, pesquise e opine sobre a democracia e o desenvolvimento.

No Chile não há universidade pública porque não há soberania democrática sobre o interesse público. As famílias pagam pela mercadoria educacional, assim como foram instadas a privatizar a sorte da velhice e demais instâncias da vida social. Não por acaso, o desinteresse pela vida política só fazia crescer no país. Dos 12,2 milhões de chilenos maiores de 18 anos, só 7,2 milhões votaram no pleito de janeiro de 2010 que elegeu o bilionário direitista Sebástian Pinera. A participação de chilenos com menos de 30 anos de idade no escrutínio foi de apenas 9,2%, contra 35% em 1988.
A plataforma dos estudantes vocaliza um sentimento crescente de que a captura da esfera pública pelo lucro privado não serve mais aos chilenos. Desde a semana passada, em bairros de classe média de Santiago, como Nunoa, as noites são de panelaços em apoio aos estudantes. Os mineiros do cobre estão em greve pela participação na renda de um negócio milionário que destina 10% do lucro ao Exército. Há poucos dias, o trânsito de Santiago foi interrompido por um movimento espontâneo de passageiros cansados dos atrasos em um sistema de transportes desregulado.

A paradoxal vitória de um Presidente egresso do pinochetismo há pouco mais de 18 meses –saudado pela mídia reacionário brasileira como sintoma de guinada na América Latina, que hoje conta com apenas 26% de apoio na opinião pública-- apenas confirma a percepção de uma ruptura em marcha. Se há tão pouco tempo a sociedade chilena não encontrava alternativa melhor para governa-la hoje esse vácuo foi superado : o Chile se reencontrou nas ruas. Nelas sedimenta um novo rosto e um novo ciclo na sua rica história política. Toda América Latina ganha com isso.

*esquerdopata

O tempo exausto



por Mauro Santayana

Em todos os séculos houve a percepção de que o mundo chegava a seu fim, com a extinção da vida na Terra, como castigo divino ou inevitável cataclismo. Mas a vida, essa inexplicável rebelião da matéria, que encontra sua perfeição e perversão na existência do homem, consegue impor-se. O preço da sobrevivência é o conflito. Desde que o registro da vida da espécie existe, a existência tem sido a crônica da resistência contra as forças naturais, os outros seres biológicos, feras, bactérias e vírus, e, sobretudo, contra parcelas da própria espécie.

Há uma tese, presente em vários pensadores, e de forma difusa, que explica o conflito básico do homem entre o predador e o solidário. O instinto de caça e de destruição, enfim, de canibalismo direto ou sutil, só consegue ser combatido pela inteligência. A inteligência conduziu o homem a se ver como ser frágil e precário que só poderia sobreviver em comunhão com os outros, multiplicando a força individual, certo de que sua proteção dependia da vida do companheiro. Mas houve o momento em que essa mesma inteligência, que indicava a solidariedade como necessária à existência individual e coletiva, passou a servir ao instinto predador. Ora o homem é o lobo do homem, na definição de Plauto, ora o homem é o anjo do homem, como ocorre, quase todos os dias, no heroísmo de pessoas simples, que chegam a morrer para salvar a vida de outras. Os homens são construtores de sua História. E a História, não obstante a presunção de alguns acadêmicos parvos, como Fukuyama, nunca chegará a seu fim – a menos que o Sol esfrie de repente ou de repente estoure, na impaciência de seus gases comprimidos.

O tempo histórico de vez em quando entra em exaustão. São momentos, que podem durar décadas ou séculos, em que os ritos essenciais da vida são perturbados pelas superestruturas da sociedade, e o indivíduo redescobre a solidariedade, aquele sentimento de que a sua sobrevivência (e sua autonomia como ente, ou aquele que é) só pode ser defendida se contar com o outro. Nesses momentos, para o bem – e, algumas vezes, para o mal – surgem as grandes mudanças, com novas normas de convivência da espécie. Embora possam identificar-se como religiosas ou étnicas, são necessariamente políticas, porque se referem à vida prática dos seres humanos.

Ontem, Londres entrava em seu terceiro dia de tumultos urbanos. Não é a primeira vez que isso ocorre. Além dos protestos sangrentos de Brixton, de há trinta anos, a cidade conheceu o conflito brutal de 1780, em que centenas de católicos foram massacrados pelos protestantes açulados por Lord George Gordon. Vivendo como cidadãos de segunda classe, desde Henrique VIII, os católicos recuperaram sua cidadania de acordo com o Catholic Relief Act, de 1778. Gordon, um nobre frustrado em sua tentativa de fazer carreira no Almirantado, encontrou sua chance para a demagogia, mobilizando os protestantes contra a lei e os levando a queimar propriedades de católicos e a assassiná-los em plena rua. Antes de ser condenado à prisão por rebeldia, Gordon se converteu ao judaísmo. Acabou morrendo na prisão de Newgate.

Há uma diferença entre as agitações urbanas e as revoluções. Como resumia um autor inconveniente, Lenine, sem teoria revolucionária não há revolução. Jean Tulard, um dos melhores historiadores contemporâneos, é seguro quando afirma que as rebeliões populares podem ser facilmente vencidas, seja pela repressão policial, seja pelo engodo por parte do poder. As revoluções necessitam de um esforço intelectual poderoso, de líderes que pensem uma nova ordem e a imponham no exercício da razão. Esses líderes podem surgir no desenvolvimento natural das rebeliões, como ocorreu na França de 1789, depois da Queda da Bastilha, ou em demoradas e pacientes carreiras políticas.

Londres repete, com a mesma impaciência, o que está ocorrendo em várias partes do mundo, e parece provável que virá a ocorrer nas regiões ainda preservadas. O tempo, e nele, os homens, parecem exaustos do modelo da sociedade contemporânea, baseado na competitividade, na voracidade do consumo e do lucro. É uma sociedade contraditória. De um lado, a aplicação tecnológica das descobertas científicas torna a vida mais confortável e mais durável, mas não parece que isso responda aos anseios mais profundos da espécie. E, ainda pior: a tecnologia torna a crueldade mais organizada e mais eficaz. O nazismo foi a mais perfeita utilização da tecnologia para o assassinato em massa de toda a História. Os norte-americanos os repetem, desde a Guerra do Golfo, no Oriente Médio.

Como em outras épocas, a civilização se encontra diante de uma ruptura. O sistema econômico, submetido ao domínio do capital financeiro, entra em crises sucessivas, com a criminosa especulação dos operadores no mercado de capitais. Os indignados, com razões maiores ou menores, se multiplicam. A internet substitui – é outra das surpresas da tecnologia – os agitadores de rua, na condução dos protestos. Falta apenas a ideologia, a que se referem, entre outros, Lenine e Tulard. 
*Brasilmostraatuacara

Vice-ministro do Irã propõe mais colaboração com o Brasil para enfrentar a crise mundial.

Em visita ao Brasil, o Vice-Ministro para Europa e América Latina do Irã, Ali Ahani, afirmou haver várias semelhanças entre os dois países  e que há uma grande potencialidade para que  colaborem mais amplamente visando o enfrentamento da crise mundial. “Brasil e Irã, juntamente com outros países emergentes, podem tomar iniciativas concretas para evitar que os efeitos desastrosos da crise dos EUA e sobretudo do dólar, desabem sobre os demais povos”, conclamou.
Exemplificando as condições políticas para tal colaboração, Ahani comentou o fato da mais recente reunião da Unasul ter se posicionado por uma saída conjunta para fazer frente á crise capitalista, destacando, especialmente,  que tal proposta teve a iniciativa do presidente da Colômbia, cujo governo, é caracterizado por ter posições muito próximas às dos EUA. “Isso demonstra que a realidade vai se impondo objetivamente, o que revela que podem ser encontradas , conjuntamente, saídas efetivas, não apenas com a Unasul, mas com outros grupos de países, de outras regiões, para a busca de soluções”, declarou
O vice-ministro, que está na Capital Federal para participar da Oitava Sessão do Grupo de Consultas Brasil-Irã, disse que a crise econômica dos EUA e dos países europeus não é passageira e que ela não pode ser superada tão facilmente. ”A ordem econômica mundial ainda é muito dependente dos EUA e do dólar, fazendo com que uma crise desta natureza afete toda a economia mundial”, analisou, proclamando a necessidade de “uma ruptura da economia do mundo com a economia dos EUA”. Para ele , a articulação de países como Brasil, Irã, Venezuela e outros do grupo emergente pode encontrar medidas que reduzam a dependência em relação aos EUA.
A experiência iraniana
Para ele a experiência iraniana prova que os problemas regionais não podem ser resolvidos com intervenções externas. “Soldados europeus ou norte-americanos, depois de 8 anos, não trouxeram nenhuma estabilidade para Iraque ou Afeganistão, não resolveram o problema do terrorismo. É só verificar: depois de tanto tempo de intervenção, houve melhoras? Claro que não!”, declarou. O dirigente da nação persa também lembrou que até mesmo a questão do narcotráfico se agravou com a presença militar norte-americana no Afeganistão. “Os órgãos de segurança iranianos acabam de apreender 8 mil toneladas de drogas vindas do Afeganistão. A situação está bem pior lá depois da intervenção dos EUA”. criticou.
Ali Ahani demonstrou grande preocupação com os bombardeios que estão sendo realizados contra a Líbia, destruindo a infra-estrutura e a economia daquele país do norte da África. “É muito grave, pois a Resolução da ONU foi totalmente mal interpretada pelos países da OTAN. Querem não apenas dividir a Líbia, mas também se instalar lá, destruindo estruturas para que depois sejam reconstruídas por empresas multinacionais que são sediadas exatamente nos países membros da OTAN”, denunciou.
Eliminando o dólar
Anunciando que a América Latina é uma grande prioridade para a política externa do Irã, Ahani insistiu na necessidade da realização de consultas permanentes entre os países porque, segundo sublinhou, trata-se de uma crise muito complexa. “Medidas técnicas alternativas necessitam de fóruns mais permanentes entre os países que querem trilhar um caminho alternativo”, disse
Ele informou que o seu país praticamente eliminou dólar de várias operações e transações comerciais. “Utilizamos outras moedas que não o dólar e isso permitiu que o Irã não fosse tão afetado pelas crises mundiais” declarou - lembrando que em operações com 10 países da região da Ásia, entre eles a Turquia e o Paquistão , o dólar foi descartado e as operações comerciais e financeiras são feitas com as moedas locais.
O vice-ministro do Irã, que depois do Brasil visitará também o Uruguai e o Paraguai, disse que o seu governo está muito contente com o novo quadro político latinoamericano alcançado pelo voto popular..” Admiramos como muitos países da região atuam com inteligência, o que reforça nossa decisão de considerar a América Latina uma prioridade”, destacou.
Mídia
Finalizando, Ahani expressou sua satisfação por dialogar com blogueiros independentes brasileiros - diálogo que foi gravado pela TV Cidade Livre de Brasília - afirmando que há uma monstruosa manipulação midiática para desinformar acerca da realidade do seu país, responsabilizando EUA e Israel por tal manipulação. “ Vejam a monstruosidade que estão fazendo na Líbia, matando crianças  e mentindo ao mundo dizendo que estão fazendo uma ação humanitária!” exemplificou, lembrando que ,da mesma forma, mentem sobre o seu país, quando grandes redes comerciais de comunicação - conforme disse - acusam  que o programa nuclear persa, que tem finalidades pacíficas e é acompanhado pela Agência Internacional de Energia Atômica, de ser uma ameaça para a paz mundial. “Falam isto para justificar sua hostilidade contra nosso povo”, concluiu.
Beto Almeida
Membro da Junta Diretiva da Telesur