Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, agosto 15, 2011
A cara de pau do DEMo
A melhor coisa da democracia, é que você pode falar o que quiser, que ninguém liga.
O DEMo, o partido que antes se chamava PFL, que antes se chamava PDS, que antes se chamava ARENA, resolveu de novo, usar a propaganda pra espalhar um ideal de mentirinha. O ideal da liberdade, criticando a esquerda.
No vídeo abaixo você vê que se utilizam textualmente da expressão que dá conta que a esquerda não é "dona" da pobreza. Verdade, não é mesmo. Dona da pobreza é a direita, que a criou e a manteve por cinco séculos no país, excluindo seres humanos decentes de uma vida digna, condenando-os à pobreza, à miserabilidade e à falta de educação.
Quem mantinha a seca no Nordeste? Quem cultivava os esgotos a céu aberto nas periferias das cidades? Quem construia poços artesianos privados (de deputados amigos) para vender água aos sedentos, ou trocá-la por votos no momento oportuno?
No videozinho o básico do trololó da direita que sempre deu suporte ao regime ditatorial que se instalou no Brasil e que sugou e jogou fora as forças da democracia verdadeira. Um jovem negro fala que é a favor das cotas para pobres, e que defende o Bolsa Família, mas as pessoas não podem depender sempre dela.
Claro, história pra boi dormir. Primeiro, porque as cotas para pobres existem sim, e foram conseguidas ao custo de muito mensalão pra obrigar deputados e senadores inúteis, a fazerem um trabalho para o qual já são muito bem pagos para executar. Ou seja, votarem. Já as cotas raciais existem no Brasil e em diversos outros países do mundo que pretendam acabar com a desigualdade, impedindo que só os brancos de olhos azuis tenham chances reais de competir de igual para igual com seu vizinho. As notas para cotas raciais nas universidades têm o mesmo corte que quaisquer outras vagas e aluno nenhum entra sem estudar. Inclusive perdem a vaga quando seu desempenho não corresponde. E quando nos vestibulares não preenchem as cotas, elas ficam em aberto e são redistribuidas para todos, igualmente. Mas óbvio, a direita nazista da qual o DEMo faz parte, não tem interesse em explciar isso direito. O Bolsa Família também exige que os filhos dos beneficiários tenham frequência alta na escola, e é cortada automaticamente quando a pessoa atinge determinado patamar de renda. O DEMo também não faz questão de explicar, porque não dá a mínima se brancos, negros, amarelos ou verdes morrem de fome ou mantém seus filhos na desnutrição porque não têm dinheiro para uma cesta básica sequer.
Nisso os DEMos são verdadeiramente democráticos. Não estão nem aí para a cor do pobre que vai morrer de fome. Também não é demais lembrar que durante o governo da direita, que engloba inclusive a máfia de Don Fernando, um salário mínimo não era suficiente sequer para a compra de uma única cesta básica brasileira.
Como então ousa um partido como o DEMo, repositório fiel de tudo o que foi atraso, elitismo e repressão neste país por cinco séculos usar em sua propaganda eleitoral tamanhos absurdos e mentiras? Só mesmo numa democracia, onde você fala o que quer e ninguém te mete na cadeia, te espanca, mata seus filhos ou amputa seus membros, como fazia a gleba privilegiada que mandava em nossa pátria até poucas décadas atrás, gleba esta, que fundou um camaleão de nomes tido por partido político, e encabeçado por pessoas como os Bornhausen, Marco Maciel, Antonio Carlos Magalhães et caterva.
Realmente a esquerda não é dona da pobreza. Um indivíduo verdadeiramente de esquerda faz o possível para acabar com a miséria, não se utiliza dela enquanto pode, como fizeram tantos governantes neste país, e ao perderem só ao poder, se apresentam contra causas incontestáveis como o combate à corrupção e em favor do crescimento econômico e liberdade. Tudo o que eles, durante seu mando no país, nunca fizeram. Opovo que se estrepasse.
Assista ao vídeo e confirme a cara de pau suprema dessa gente.
*comtextolivre
Defender a Internet é defender a Palestina
Mais de 500 mil israelenses (o equivalente a 20 milhões de brasileiros) saíram às ruas para protestar.
Finalmente, e depois de quase um mês, a mídia descobriu as manifestações em Israel. AQUI
E quando digo mídia refiro-me a mídia estrangeira, pois a publicada no Brasil está proibida de noticiar qualquer fato “desabonador” sobre o governo de Israel.
Perguntem a seus agentes sediados no estado sionista.
A mídia brasileira é a única mídia do mundo que confunde o governo de Israel com o povo daquele país.
Não foram nem 100 mil, nem 200 mil e nem 300 mil que saíram às ruas para protestar.
Observadores independentes informam que o número de manifestantes tem variado entre 500 mil e 700mil.
Os protestos se sucedem.
Os israelenses protestam contra a pobreza e o desemprego.
Protestam contra o sistema de saúde, a inflação, a carestia e a injustiça social.
Mas o que me chamou a atenção nem foram as manifestações, já que elas vão continuar até que a população tenha suas reivindicações atendidas.
O que me chamou a atenção foi o cinismo da mídia a respeito do aniversário da queda do muro de Berlim.
Veja a foto abaixo.
Mas quanto cinismo...
Comemoram a queda do muro de Berlim e não publicam nenhuma palavra sobre o muro do apartheid, que Israel construiu para cercar os palestinos.
Cruzes no muro do apartheid simbolizam os mortos
Se já não bastasse manter mais de um milhão e meio de seres humanos confinados num campo de concentração, foi preciso construir um muro vergonhoso?
E nem uma palavra?
Que data melhor, jornalisticamente falando, para denunciar o muro do apartheid?
Jornalisticamente falando, claro.
Mas desde quando a mídia se preocupa com jornalismo?
Somente os ingênuos acreditam que possa haver jornalismo fora da Internet.
E mesmo assim com ressalvas.
Sabemos que os donos da mídia estudam algumas formas de controlar a Internet.
Se eles vão conseguir, depende de cada um de nós.
A Internet e o muro do apartheid que Israel construiu para cercar os palestinos têm muito em comum.
Ainda mais agora que setembro está chegando.
É preciso ficar atento.
A Independência da Palestina( que jamais deixou de existir, ao contrário de Israel que jamais existiu – quem não gosta de História que consulte a Bíblia ) e a liberdade da Internet estão interligadas.
Defender a liberdade na Internet é defender a Palestina.
Vemos aqui o Sociólogo Silvio Caccia Bava discordando veementemente da posição global (plim-plim) e também da política londrina.
Lá, como muitas vezes se faz por aqui, a questão social vira um caso de polícia e, segundo a fala do primeiro ministro, um caso que a justiça terá que coibir com mão de ferro.
Consideramos que o momento social mundial se aproxima do lendário 1968 e de outras revoltas populares que pipocam ocasionalmente mundo afora.
Mas o que a torna importante como fenomeno de massas é que a mesma se faz sem um direcionamento político/partidário.
Vemos os partidos políticos, mesmo os de esquerda, perdidos ante a eclosão destes protestos.
Em relação à Londres e à Inglaterra como um todo - visto a ampliação dos protestos por outras cidades - é que os jovens, principalmente os de mais baixa renda, mas não apenas estes, estão sem uma perspectiva de futuro muito acalentadora.
Imaginem um jovem londrino, bombardeado com as propagandas de consumo, em uma sociedade que valoriza-o de acordo com o que consome, estar impedido de se destacar entre seus pares com a aquisição de tantos símbolos de status que lhe atingem através da TV ou de painéis publicitários sendo que não tem emprego - a população jovem é a que mais engrossa as estatísticas de desemprego.
E, num país em que a acumulação das riquesas iniciou-se com as famigeradas "cartas de corso"! Como acha que ele se ve agora, diante dos tribunais respondendo por seus 'crimes' - ainda com o agravante de ter sido chamado pelas redes sociais (premeditação, segundo eles).
Na crise de 2008 achamos que viram o Brasil passar quasem incólume por todo aquele tsunami e acharam um bom exemplo, só que pegaram o PROER do FHC para enfrentar a crise e não todos os incentivos ao aumento de produção do governo Lula.
Socorreram os bancos enquanto a produção e o consumo foram deixados de lado.
E o mesmo aconteceu nos EUA, na crise de 2008 e na atual: remédios amargos para conter a dívida americana com o pagamento feito com os investimentos em projetos sociais. Contra as grandes fortunas nem pensar!
Os tempos são de revoltas, os partidos do campo popular tem a obrigação de começarem a atuar junto a esta justa demanda e caminharmos juntos na construção de uma sociedade mais humana, mais justa, sem os abismos econômicos entre as pessoas, sem o consumismo desenfrado que atinge o meio ambiente.
Para concluir, na bela voz da saudosa Mercedes Sosa
*blogdamilitância
"ATIIRADOR", "VÂNDALOS" E "TERRORISTAS" - OS "PRINCÍPIOS DA GLOBO"
“ATIRADOR”, “VÂNDALOS” E “TERRORISTAS” – OS “PRINCÍPIOS DA GLOBO”
Laerte Braga
O primeiro-ministro da antiga Grã Bretanha – Micro Bretanha – foi ao Parlamento dizer que a Scotland Yard iria manter a ordem, impedir novos atos de “vandalismo”. David Cameron é o responsável pelo fim do “multiculturalismo” em declarações que fez numa conferência em Berlim. Foi apoiado por Ângela Merkel, chanceler alemã.
“Senhor: Sois célebre e vossas obras alcançam tiragem de trinta mil exemplares. Vou dizer-vos por quê: é que amais os homens. Tende o humanismo no sangue: eis a vossa sorte... Deleitai-vos quando vosso vizinho pega uma xícara da mesa porque há um modo de pegar que é propriamente humano e que sempre descrevestes em vossas obras como menos elástico e menos rápido que o do macaco não é?” (Sartre, O MURO, Nova Fronteira, 2005, Rio de Janeiro).
Ao longo de todos esses anos que existe, desde que inventado por potências do mundo à época, o Estado de Israel mata sistemática e deliberadamente palestinos. Rouba terras, rouba água, serviu de base para os Estados Unidos por esses anos todos no Oriente Médio. Hoje controla os EUA através de banqueiros e grandes corporações empresariais. Estende suas asas nazi/sionistas por todo o mundo.
As suásticas tremulam em Wall Street e nos píres que passam pelo mundo recolhendo riquezas para sustentar-lhes – as elites – a opulência e a arrogância.
“A burguesia é um grande incesto”. D. Thomas Balduíno em palestra feita em Juiz de Fora, MG, na década de 70.
Acreditam-se enviados divinos, povo superior, a taxa de juros é elevadíssima.
“Se não houvesse entre nós uma pequena diferença de gosto, eu não vos importunaria. Mas tudo se passa como se tivésseis a graça e eu não. Sou livre para gostar ou não de lagosta a americana, mas se não gosto de homens sou um miserável e não posso encontrar lugar ao sol. Monopolizaram a vida”. Do mesmo Sartre, no mesmo livro.
Comunidade Européia. O presidente da França Nicolas Sarlozy reuniu-se com seus ministros para avaliar a crise que devasta a Grécia, a Espanha, a Itália, a Irlanda, Portugal, começa a esticar seus tentáculos para a antiga Grã Bretanha e pode chegar tanto à França como ao reino de sua majestade a rainha Elizabeth II.
Louis Francis Albert Victor Nicholas Mountbatten, o primeiro Conde Mountbatten de Burma. Almirante da esquadra pirata de sua majestade a rainha, e tio materno do Príncipe Philip, Duque de Edimburgo, consorte da rainha Elizabeth. Em tempo algum negou seu fascínio pelo nazismo.
Os mulambos do conde assombram aos gritos e espasmos de HEIL HITLER na baía de Donegal, na República da Irlanda.
Para a GLOBO os rebeldes ingleses são “vândalos”. A idéia de problemas sociais não passa pela cabeça dos que dirigem a organização e falam através de editorial em “princípios”.
O norueguês de olhos azuis e cabelos louros que matou quase uma centena de pessoas num ato de “purificação” segundo disse à polícia de seu país é um “atirador”.
Os que derrubam um helicóptero de assassinos norte-americanos no Afeganistão são “terroristas”.
Tudo segundo o editorial assinado pelos Marinhos. Os donos.
“... Eu vos digo: ou amamos os homens ou eles não nos permitem trabalhar a sério. Eu não quero meio termos. Vou pegar, agora mesmo, meu revólver, descerei à rua e verei se é possível executar alguma coisa contra eles. Adeus Senhor, talvez seja vós quem vou encontrar. Não sabereis jamais com que prazer explodirei vossos miolos. Se não – é o caso mais provável –, lede os jornais de amanhã. Lá vereis que um indivíduo chamado Paul Hilbert matou, numa crise de furor, cinco transeuntes no bulevar Edgard-Quinet. Sabeis melhor que ninguém o que vale a prosa dos grandes diários. Compreendei que não estou furioso. Estou muito calmo, pelo contrário, e vos peço que aceiteis meus melhores cumprimentos”.
Corta para aviões da OTAN – Organização do Tratado Atlântico Norte –, em nome da democracia, dos direitos humanos, dos valores cristãos e ocidentais bombardeando a Líbia, matando cidadãos líbios, homens, mulheres, criança, destruindo cidades, escolas e hospitais. Dão a isso o nome de “ajuda humanitária”.
William Bonner ou o outro, o preferido de Hilary Clinton, o Waack, noticiam solenes e pomposos esses “princípios”.
A GLOBO nasceu na mentira, vive na mentira.
São os “princípios” da organização. Como as máfias os têm.
A denúncia do jornalista Rodrigo Viana acerca do cerco a Celso Amorim define o verdadeiro caráter dessa gente.
Cada vez mais a democracia deixa de existir e se transforma numa imensa rede de comissões, agências, notáveis, sem o menor respaldo popular.
O mundo dos bancos, das grandes corporações, do latifúndio – o veneno em nossas mesas – e o ser humano transformado em objeto descartável.
É outro “princípio” da GLOBO. O do Homer Simpson, aquele que diz que somos idiotas.
Não há vida no mundo institucional da verdade única do capitalismo. É hora de começar a derrubar os muros mesmo que sejamos “vândalos” ou “terroristas”, nunca seremos atiradores.
Não temos olhos azuis, não somos louros e nem descendência de vikings. E segundo a carta de centenas de laudas deixadas pelo “atirador”, somos miscegenados, logo, incapazes de alcançar o nirvana de metralhadoras “purificando”.
Para os “princípios” da GLOBO somos o alvo do espetáculo vazio. Por isso os rios estão cheios de monstros, de loucos e loucas.
Que guardem a chave dos cofres e seus preciosos ”princípios” medidos em dólares. O ruído dos oprimidos está chegando.
“Que Deus abençoe a América e os americanos”. Barack Obama após o assassinato de Osama bin Laden. Centenas de pessoas dançavam nas imediações da Casa Branca e um louco matava colegas de trabalho para “purificar” o mundo.
É o “plim plim”, o universo da ditadura, da tortura, da mentira transformada em “princípios”.
*Brasilmobilizado
A fúria das ruas se tornou contagiosa, e a indignação popular se globalizou; é impossível diferenciar as fotos
Hoje começamos com um teste. Selecione o país de onde vem a seguinte notícia: "Nas últimas semanas, ruas e praças foram tomadas por milhares de pessoas que protestam contra o governo. Em alguns lugares, os protestos se tornaram muito violentos". Os países entre os quais você pode escolher são: Azerbaijão, Chile, China, Espanha, Filipinas, Grécia, Indonésia, Israel, Portugal, Reino Unido, Rússia, Tailândia.
A resposta é fácil: em todos. E, é claro, a lista poderia incluir Bahrein, Egito, Jordânia, Marrocos, Líbia, Síria, Tunísia e Iêmen, entre outros.
Este ano começou com a Primavera Árabe e continuou com o verão furioso. A fúria das ruas se tornou contagiosa, e a indignação popular se globalizou. É impossível diferenciar uma foto de jovens enfrentando a polícia em Santiago do Chile de outra foto mostrando a mesma imagem em Londres. Ou uma que mostra os indignados acampados na Porta do Sol, em Madri, de outra com as barracas de campanha dos milhares de manifestantes nas praças de Tel Aviv.
É tentador procurar uma mesma explicação para todos esses protestos. Embora seja fato que a má situação econômica, a desigualdade e a falta de oportunidades para os jovens estejam presentes em muitos deles, é mais verdadeiro ainda que cada um desses protestos é movido por forças muito próprias.
Os jovens chilenos saem às ruas porque querem educação melhor; os ingleses, porque querem roubar um aparelho de TV. Os israelenses protestam contra a falta de moradia, e os indignados espanhóis porque... não sei bem por quê.
Por tudo. No Reino Unido, a discussão pública sobre as causas dos saques é especialmente reveladora. Cada um tem uma explicação diferente: famílias fracas e desfeitas, ineptidão policial, imigração, multiculturalismo, discriminação racial, as políticas sociais, os cortes orçamentários, a desigualdade econômica, a tolerância diante dos comportamentos antissociais, os defeitos do sistema de ensino, a overdose de BlackBerries e redes sociais e muito mais. Essa variedade de explicações significa que ninguém entende a origem dessa repentina explosão de violência nas ruas.
Mas, embora não saibamos o que aconteceu nesta semana no Reino Unido, contamos com uma análise rigorosa e recente da instabilidade social que houve na Europa entre 1919 e 2009. Jacobo Ponticelli e Hans-Joachim Voth, da Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona, acabam de publicar um ensaio fascinante em que, utilizando uma enorme base de dados sobre 26 países europeus, constatam que, nesses 90 anos, "os cortes nos gastos públicos elevaram significativamente a frequência de distúrbios, marchas antigoverno, greves gerais, assassinatos políticos e tentativas de derrubar a ordem estabelecida".
Não constitui surpresa, mas é bom que alguém o tenha comprovado cientificamente.
Assim, considerando que os cortes nos gastos públicos já se tornaram inevitáveis em muitos países, já sabemos o que devemos esperar. A fúria das ruas deste verão vai se prolongar. São afortunados (e poucos) os países que a poderão evitar.
@moisesnaim
Tradução de CLARA ALLAIN
*esquerdopata
Dilma considera pedidos da Fifa absurdos e queda de braço continua
Mônica Bergamo
Insatisfeita com os vários pedidos feitos pela Fifa para a Copa do Mundo-2014, a presidente Dilma Roussef está disposta a não atender as exigências. O último pedido da entidade que irritou a presidente é para o governo ser o responsável por qualquer dano sofrido pela federação, seus dirigentes, convidados e instalações durante o evento.
A informação está na coluna de Mônica Bergamo, publicada na Folha nesta sexta-feira."O céu é o limite para eles", diz o assessor direto de Dilma. "Mas nós consideramos que, se a Copa será boa para o Brasil, será boa também para a Fifa. Tem que ser um jogo de 'ganha-ganha', e não algo em que só eles levem a melhor".
De acordo com o assessor, Dilma não está disposta a deixar que a Fifa imponha no Brasil as condições exageradas, como teria feito à África do Sul. A queda de braço tem sido "constante", nas palavras do mesmo assessor.
No Sorteio Preliminar da Copa-2014, primeiro evento oficial do Mundial no Brasil, que foi realizado no Rio de Janeiro em 30 de julho, Dilma mostrou em discurso que o governo federal terá atuação independente da Fifa e do COL (Comitê Organizador Local). E não fez elogios a elas em suas declarações.
Dilma vem recusando audiência com Ricardo Teixeira e Joseph Blatter desde sua eleição.
Nelson Almeida-30.jul.11/France Presse
Dilma sentada ao lado de Blatter (esq) e Pelé durante o Sorteio Preliminar da Copa-2014
JOGO EMPATADO O governo está endurecendo nas negociações com a Fifa para a realização da Copa de 2014. A entidade tem feito pedidos considerados "absurdos" pela equipe da presidente Dilma Rousseff, que não está disposta a atendê-los. Um dos últimos: os cartolas querem que a União se responsabilize por qualquer dano sofrido pela federação, seus dirigentes, convidados e instalações durante o evento. Um acidente, por exemplo, teria que ser indenizado pelo governo, que depois cobraria a conta dos terceiros responsáveis pelo incidente.
PÉ NO CHÃO
"O céu é o limite para eles", diz assessor direto de Dilma. "Mas nós consideramos que, se a Copa será boa para o Brasil, será boa também para a Fifa. Tem que ser um jogo de 'ganha-ganha', e não algo em que só eles levem a melhor." Dilma estaria decidida a não deixar que a Fifa imponha aqui condições exageradas, como teria feito à África do Sul. A queda de braço tem sido "constante", nas palavras do mesmo assessor.
O GATO SUMIU
E Ricardo Teixeira, presidente da CBF, continua em baixa no Planalto. A assessoria da entidade não foi encontrada para comentar as negociações com o governo nem o distanciamento do cartola do núcleo de poder.
*APOSENTADO INVOCADO
Cameron ameaça manifestantes com o Exército mas já usa ‘mercenários’, segundo Gaddafi
É prática antiga dos ingleses recorrer a mercenários
A Grã-Bretanha vai considerar convocar o Exército em distúrbios futuros para liberar policiais para "lidar com baderneiros", afirmou o primeiro-ministro, David Cameron, nesta quinta-feira. O governo também dará à polícia poderes para exigir que as pessoas retirem proteções do rosto e vai compensar as pessoas cujas casas ou empresas foram depredadas na onda de violência em Londres e outras cidades britânicas esta semana, disse ele.
– É responsabilidade do governo assegurar que qualquer contingência futura seja avaliada, incluindo se há tarefas que o Exército pode assumir que possam liberar mais policiais para a linha de frente – disse Cameron ao parlamento, em sessão emergencial para discutir a violência.
Críticas de Gaddafi
A violenta reação do governo britânico aos manifestantes, em Londres, levou a TV estatal líbia a denunciar, nesta quinta-feira, que o governo britânico tem usado “mercenários irlandeses e escoceses” para enfrentar os distúrbios na Inglaterra.
- Os rebeldes britânicos se aproximam de Liverpool em batalhas intermitentes com as brigadas do (primeiro-ministro David) Cameron e com os mercenários da Irlanda e Escócia. Deus é maior, disse uma legenda noticiosa colocada na programação matinal do canal.
Aviões e navios da Grã-Bretanha fazem parte da operação militar da Otan contra o regime líbio, que há cinco meses enfrenta uma rebelião armada. O dirigente Muammar Gaddafi é acusado de contratar mercenários, principalmente de outros países africanos, para enfrentar os rebeldes. Nesta semana, Cameron mobilizou reforços policiais para acalmar Londres e outras cidades inglesas, após quatro dias de saques, incêndios e distúrbios causados por jovens mascarados.
A irônica referência aos “mercenários” foi transmitida em um programa que geralmente louva o regime de Gaddafi. O apresentador disse que os distúrbios na Grã-Bretanha “não são protestos fomentados por serviços estrangeiros de inteligência” – como a Líbia costuma dizer que é o caso na sua própria guerra civil. Na quarta-feira, o governo líbio usou contra Cameron a mesma retórica que o Ocidente habitualmente emprega contra Gaddafi, ao dizer que ele perdeu sua legitimidade e deve sair.
O que se falou no post anterior sobre o que é, de fato, o pensamento e a ação da Presidenta Dilma Roussef está expresso no discurso que ela fez hoje, ao visitar as obras da siderúrgica que se está construindo junto ao Porto de pecém, no Ceará.
Dilma foi direto ao ponto, politizando seu discurso que, infelizmente, não tem a repercussão que deveria.
Disse que aquela siderúrgica era uma “vitória contra a inércia do pensamento do atraso” que achava que o Nordeste não podia se industrializar, não podia ter siderúrgicas ou refinarias de petróleo.
Exaltada, Dilma disse que “nós não vamos enfrentar a crise com recessão… Nós vamos enfrentar a crise gerando emprego e assegurando renda e defendendo o mercado interno”.
Essa é a presidenta que o país precisa ver.
*Tijolaço
A oposição quer paralisar o governo
Messias Pontes *
Sem bandeira, sem programa e sem credibilidade a oposição de direita – PSDB, DEMO, PPS e a velha mídia conservadora, venal e golpista – age contra os interesses da Nação ao tentar paralisar o governo da presidenta Dilma Rousseff. A tática é a mesma usada pela canalha da velha UDN, ou seja, denunciar, na maioria das vezes sem provas, corrupção nos mais importantes órgãos governamentais.
Esta impatriótica oposição vibrou com a chamada “faxina” no Ministério dos Transportes com o demissão do ministro Alfredo Nascimento e mais de uma dezena de pessoas que ocupavam cargos, todas elas pertencentes ao Partido da República. Mas a vibração da oposição não é pelo combate à corrupção, mas sim pela possibilidade de os progressistas virem a fazer oposição ao governo.
Agora a mais desqualificada revista semanal brasileira, a Veja – o lixo do jornalismo – apresenta, sem nenhuma prova, denúncias de corrupção no Ministério da Agricultura, dirigida pelo peemedebista Wagner Rossi. Com isso a oposição conservadora de direita pretende levar a presidenta Dilma a realizar mais uma “faxina”, demitindo o ministro e seus auxiliares.
Mas para desespero dos oposicionistas, a Presidenta já percebeu que tudo não passa de uma grosseira e desonesta armação visando à desestabilização do seu governo, e já enfatizou que mantém a confiança no ministro da Agricultura. Afinal, o PMDB é o maior partido da base aliada, e se ela fizesse o jogo dos neo-udenistas, certamente ficaria com minoria no Congresso Nacional e enfrentaria turbulências imprevisíveis.
Por recomendação da presidenta Dilma o ministro Wagner Rossi compareceu à Câmara dos Deputados para falar sobre as denúncias publicadas pelo lixo do jornalismo. Ele foi muito firme e enfático ao afirmar que tudo aquilo era armação, mentira. E frisou que pediu uma profunda investigação por parte da Controladoria Geral da União e do Tribunal de Contas da União. Ele mesmo tomou a iniciativa. E como diz a sabedoria popular, quem fala assim não é gago.
A oposição e sua velha mídia atacam por todos os lados, mas tem levado desvantagem. Agora tentam indispor os militares contra a Presidenta afirmando, cínica e despudoradamente que o novo ministro da Defesa Celso Amorim, que foi ministro das Relações Exteriores nos governos Itamar Franco e Lula da Silva, só problemas trouxe para o País, “se notabilizando por polêmicas em relação à política externa, à qual imprimiu um viés grandiloquente, muitas vezes improdutivo para os interesses nacionais”. É muita desonestidade.
Para gáudio dos governistas e decepção dos oposicionistas, os comandantes e demais militares presentes aplaudiram tanto o discurso do novo ministro da Defesa quanto o da presidenta da República. Amorim garantiu batalhar por melhores salários para os militares e equipar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica. Por sua vez a presidenta Dilma frisou que Amorim era o homem certo no lugar certo e que com ele os projetos de defesa passam a ser mais consistentes e a andar mais rápido.
No governo do presidente Lula o Brasil perdeu o complexo de vira-lata e deixou de ser coadjuvante para ser protagonista no concerto das nações. E isto se deve muito à atuação firme e decidida do então chanceler Celso Amorim. Este se fez respeitar em todo o mundo, ao contrário do seu antecessor Celso de Melo que, vergonhosa e subservientemente, como um poodle, tirou os sapatos em vários aeroportos norte-americanos após os atentados às Torres Gêmeas em Nova Iorque.
Com visão de estadista e estrategista, Celso Amorim apontou com precisão o rumo mais seguro para o Brasil, mostrando que o nosso norte é o Sul. A integração dos países da América do Sul tem fortalecido a democracia no subcontinente. A defesa intransigente da paz e da não interferência em assuntos internos de outros países colocaram o Brasil no patamar das grandes potências. Como frisou o cantor e compositor Chico Buarque de Holanda, no ano passado, “Agora o Brasil não mais fala fino diante dos Estados Unidos e não mais fala grosso com o Paraguai e a Bolívia”.