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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, setembro 09, 2011

Santayana: qual foi o alvo em 11 de setembro

O Conversa Afiada reproduz texto de Mauro Santayana, extraído do JB:

Nota do colunista: reproduzo abaixo, sem qualquer alteração, o texto do artigo que publiquei, no dia 12 de setembro de 2001, no Correio Braziliense. Ele foi redigido na tarde do dia dos atentados, sob o calor dos fatos. Nada a acrescentar, a não ser as crianças trucidadas no Afeganistão, no Iraque, e, agora,  na Líbia , sem falar nas que morriam antes e continuam a morrer na Faixa de Gaza.

A hora do medo


por Mauro Santayana


Qualquer que tenha sido o grupo terrorista responsável pelo surpreendente ataque contra Nova York , o alvo foi o modelo de sociedade que os Estados Unidos adotaram e pretendem impor ao mundo. O golpe pode ter sido desfechado por palestinos ou curdos, iraquianos ou corsos, líbios ou porto-riquenhos, como pode ter sido obra da direita norte-americana.


Pode significar represália contra a morte de crianças palestinas pelos mísseis israelitas, como pode expressar a vingança dos direitistas internos contra a execução do detonador de Oklahoma.


Um amigo norte-americano me disse, recentemente, que os seus compatriotas se encontram exaustos. Já não se orgulham, como se orgulhavam antes, de seu way of life.

Fortalecida a hegemonia mundial com a derrota do grande adversário, os Estados Unidos só têm sustentado a sua grandeza mediante uma economia fundada na virtualidade eletrônica e na ameaça que representam seus arsenais militares. No interior do país aumenta a pobreza, com a redução real dos salários e o endividamento cada vez maior das famílias norte-americanas. Não há sinais de melhora à vista. Anuncia-se forte recessão mundial, assunto de que tratamos, neste mesmo espaço, na semana passada e ainda não foi encontrado o caminho para enfrentá-la.


Depois da penosa depressão dos anos 30, a grande saída para a economia do país foi a guerra: Pearl Harbour lhes deu o pretexto, mais interno do que externo, para a participação no conflito e essa participação os levou ao comando da economia global. E agora? Já houve quem comparasse a explosão do World Trade Center, símbolo do capitalismo globalizador, ao ataque de dezembro de 1941 à grande base naval da Ásia.


Mas as coisas não são exatamente as mesmas. Em 1941, havia uma guerra em curso, e a Alemanha, tendo rompido o pacto Molotov-Ribbentrop, já estava ocupando grande parte da União Soviética. A Inglaterra sofria os ataques aéreos, desfechados pela Luftwaffe, a França estava ocupada havia mais de um ano, sofrendo, além da presença militar do inimigo, o vexame que representava o governo capitulacionista de Vichy.


Toda a simpatia do ocidente e dos povos submetidos ao Eixo estava com os Estados Unidos e seu grande presidente Franklin Roosevelt.


Hoje não ocorre o mesmo. O presidente dos Estados Unidos, e essa é a conclusão da grande imprensa norte-americana, é um texano bisonho, escolhido em pleito controvertido, que declarou guerra aos interesses do mundo quando rejeitou os compromissos do Protocolo de Kyoto e serve de chacota aos humoristas. Nós, brasileiros, temos ainda outras preocupações com Mr. Bush: ele e seu vice-presidente declararam, recentemente, que os países devedores devem vender suas florestas para pagar a dívida externa. Como não existem mais florestas na África, já sabemos para quem é o recado.


Pode ser que os falcões do Pentágono aproveitem o clima de vingança para optar por uma guerra contra todos, e Blair já fala em solidariedade das democracias, mas, se assim agirem, os Estados Unidos correm imenso risco.


Não é possível, nestas primeiras horas, identificar os responsáveis, ainda que possam surgir numerosas versões no calor dos fatos. Um exame sereno da situação mostra, no entanto, que seria muito difícil, ainda que não improvável, a um grupo de terroristas estrangeiros seqüestrar tantos aviões, sem qualquer suspeita e, mais ainda, atingir o coração do sistema militar, que é o Pentágono. Se o grupo é estrangeiro, é conveniente acreditar em algum tipo de cumplicidade interna.


A verdade poderá assustar mais ainda os dirigentes americanos: nada seria pior do que uma sublevação interna nos tempos modernos. Não seria como a Guerra da Secessão, com os interesses delimitados pela geografia, mas uma explosão de descontentamento difuso. Na Casa Branca não se encontra Abraham Lincoln, habita-a Mr. Bush, o que não é o mesmo.

O mais triste é saber que morreram pessoas inocentes, que nada têm a ver com os donos do mundo. Muitas das vítimas eram apenas turistas que visitavam as grandes e orgulhosas torres. As torres simbolizam, na arquitetura, a petulância dos que pretendem erguer-se à altura dos céus, como pontes erguidas para o absoluto. Outras eram apenas os descuidados e confiantes passageiros dos aviões.


Compraram os seus bilhetes, telefonaram para as famílias, leram os seus jornais e, antes da morte, se assustaram ao ver que voavam entre os grandes edifícios da cidade.


Qualquer que venha a ser a reação dos

Estados Unidos, o mundo mudou, será outro depois das explosões de Nova York e a fragilidade do sistema se tornou evidente.


Não há pessoas invulneráveis à violência de nosso tempo; não há tampouco povos invulneráveis. A mais poderosa das armas é ainda o homem e a sua disposição para a morte, em nome de uma causa, de um dever, ou, simplesmente, de um equívoco.


No fundo, o que está em jogo é a probabilidade ou não de a humanidade vencer esse tempo que, para citar o grande humanista norte-americano Thomas Paine, põe à prova a alma dos homens.


Em Belfast, os protestantes tentam agredir as crianças católicas a caminho das escolas.


No Oriente Médio, os israelitas matam outras crianças, como represália a ataques dos palestinos. Nas cidades norte-americanas, crianças assassinam professores e outras crianças nas escolas e o seu exemplo é seguido no mundo inteiro, até mesmo em nosso país.


O medo é nosso vizinho mais próximo e entra em nossa casa pelos canais de televisão.


O medo em Nova York poderá, ao agravar-se, igualar-se ao medo que se apossou da orgulhosa Cartago, tal como, sucintamente, o descreveu, com merveilleuse désolation, o grande Montaigne:


“Não se ouviam senão gritos pavorosos. Viam-se os moradores saírem de suas casas, atacarem-se uns aos outros, entrematarem-se, como se se tratasse de inimigos que tivessem vindo ocupar a cidade. A isso chamaram terror pânico, em homenagem a Pan…”


Pan é um deus destes tempos, modernos e americanos, of course: os gregos o criaram para cuidar da masturbação e do medo.

*PHA

Piovesan pode processar Gilmar, se for molestado

Diante da estarrecedora notícia de que o ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo Gilmar Dantas denunciou o bravo advogado Alberto Piovesan à Polícia Federal, este ansioso blogueiro procurou o ameaçado advogado.
Piovesan, por telefone, explicou que “a melhor coisa é deixar acontecer”.
Até agora, ele não sentiu os efeitos de qualquer ação da Polícia Federal contra ele.
(Este ansioso blogueiro ligou para a Polícia Federal para saber se já abriu processo de investigação. Fez o mesmo no Ministério da Justiça, ao qual, em teoria, a PF está subordinada. Aguarda resposta dos dois. Ou será que a PF, como nos bons tempos do Dr Corrêa, se subordina politicamente ao Gilmar Dantas?)
Caso Piovesan venha a sofrer algo de concreto, em função da denúncia de Gilmar Dantas, aí, então, ele pode vir a buscar uma reparação, tentar punir quem o ataca.
Piovesan acredita que o Ministro Gilmar talvez mereça estar onde está.
O que ele, Piovesan quer – clique aqui para ler o memorial que enviou aos ministros do Supremo que analisam o impeachment de Gilmar – é que Senado abra uma investigação para apurar se é verdade o que dizem sobre Gilmar, enquanto Ministro da Suprema Corte.
(Ou seja, sobre as relações indecorosas entre ele e poderosíssimo advogado, Dr Sergio Bermudes, um dos dois mais poderosos do Brasil - o outro é o Dr Thomaz Bastos.)
Como se sabe, o notável Presidente do Senado, José Sarney, mandou para a lata de lixo o pedido de Piovesan.
Piovesan insistiu e, por isso, recorreu ao Supremo.
Ou seja, o Brasil está diante de circunstâncias que envergonham o Supremo, Justiça brasileira e o Senado Federal.
Só o FHC seria capaz disso!
Amigo navegante, o ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo pode sair por aí e mandar a Polícia Federal investigar quem ele bem entender?
E se ele, por exemplo, cismar com a cara do Fausto De Sanctis, de novo?
Ou do Mino Carta, a quem ele já processou?
Ou Cesare Battisti, que ele quer ver em cana, de qualquer maneira?
A Polícia Federal passou a ser um anexo do gabinete dele?
Ou ele pensa que o Brasil é uma grande de Diamantino?
Paulo Henrique Amorim
 Gilmar pediu que PF investigue advogado do impeachment

No dia 11 de julho, Gilmar Mendes enviou ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Coimbra, um ofício em que pede a abertura de inquérito por calúnia, injúria e difamação contra o advogado Alberto Piovesan. Foi o advogado quem entrou no Senado com um pedido de impeachment contra Gilmar, cujo recurso contra o arquivamento de José Sarney não foi a julgamento do Supremo.
Nas quatro páginas da representação, Gilmar afirma que Piovesan atua “não sabe a mando de quem” para questionar a isenção do ministro. Ressalta que o “ilustre desconhecido” advogado só entrou com um processo no Supremo, justamente o recurso contra a decisão de Sarney. E que, mesmo no Espírito Santo, onde está registrado o registro profissional dele, só há notícia de duas ações patrocinadas por Piovesan.



Marco Aurélio e Gilmar
Se seguir o que ocorreu no impeachment do seu primo no Congresso, Fernando Collor, o que é bastante provável, Marco Aurélio Mello dará um voto esta tarde contrário à decisão de José Sarney de arquivar diretamente o pedido de impeachment do seu colega de Supremo Gilmar Mendes. No caso Collor, foram os deputados que decidiram, em votação no plenário, pela abertura do processo, conduzido posteriormente pelos senadores em plenário.
No caso de Gilmar, por analogia, os senadores, e não Sarney sozinho, é quem deveriam votar em plenário pela abertura ou arquivamento do processo contra Gilmar. Ele foi acusado de ter recebido benesses de advogados e, não fosse o pedido de vista de Marco Aurélio no dia 17 de agosto, o caso encaminharia para o arquivo sem uma análise mais acurada.
A propósito, se a provável tese de Marco Aurélio vingar, o Supremo não afastará Gilmar Mendes. Longe disso. A decisão, que é política, caberia aos senadores. O tribunal afirmaria apenas que o rito de processamento do caso não foi respeitado. Ricardo Lewandowski, relator do processo, já votou pelo arquivamento sumário do recurso.
No Lauro Jardim
*comtextolivre
 

Força Naval turca peita Israel

A Força Naval turca escoltará de agora em diante os barcos turcos que transportam ajuda humanitária a Gaza, disse nesta quinta-feira o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan.
A afirmação foi feita depois que Israel se negou a pedir desculpas pela morte de 9 ativistas turcos que estavam na flotilha
que tentou chegar à Faixa de Gaza - submetida a um bloqueio israelense - em 2010.
O navio Mavi Marmara (foto acima) fazia parte de uma flotilha ativista que levava ajuda humanitária a Gaza
quando foi abordado por fuzileiros navais israelenses em alto mar, no Mediterrâneo, em 31 de maio de 2010.
Os marines assassinaram a tiros nove turcos, incluindo um cidadão turco-americano, durante um combate a bordo.
"Os navios de guerra turco se encarregarão de proteger os barcos turcos que transportem ajuda humanitária à Faixa de Gaza", declarou Erdogan citado pela Al Jazeera.
"De agora em diante, não permitiremos que esses barcos sejam objetos de ataque por parte de Israel, como foi o caso da flotilha da Liberdade, então Israel enfrentará uma resposta adequada."
RECUSA
O colérico chefe de governo israelense, Binyamin Netanyahu, (foto) reiterou no domingo (4) sua rejeição absoluta a se desculpar a Ancara pela morte de nove ativistas turcos no ataque por soldados de elite israelenses à pequena Frota da Liberdade em maio de 2010.
"Não precisamos nos desculpar porque os soldados se defenderam do ataque de ativistas violentos."
SUSPENSÃO DE LAÇOS
O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan (foto acima), anunciou na última terça-feira (6) a suspensão total dos laços comerciais e militares com Israel, depois de reduzir o status das relações diplomáticas com o país.
"Laços comerciais, laços militares, relativos à indústria de defesa, nós estamos suspendendo-os completamente. Este processo vai ser seguido de diferentes medidas", disse Erdogan a repórteres em Ancara.
As novas medidas vieram apenas dias depois de Ancara lançar uma série de ações para penalizar Israel por sua recusa em se desculpar pela operação contra uma frota humanitária em 31 de maio de 2010 que tentava furar o bloqueio à faixa de Gaza. A ação deixou nove ativistas turcos mortos.
O chefe militar de Israel Amos Gilad (foto acima), havia dito que os laços militares com a Turquia, uma importante parceira de Israel na região, ainda estavam em efeito.
Nesta semana, o chefe do Banco central de Israel(foto acima), Stanley Fischer, alertou contra as consequências econômicas de uma prolongada disputa com a Turquia, dizendo que a economia do país supera em muita Israel e cresce muito rápido.
"A economia turca está crescendo em um passo excepcional. Eles têm grande empreendedores e uma força de trabalho treinada na Europa. Turquia será um grande mercado na região e um grande exportador. As consequências de não ter relações comerciais com a Turquia serão custosas", disse. 
*militanciaviva

Lições da Líbia*

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Não é de admirar que nos EUA haja quem clame que a guerra na Líbia possa servir de modelo para outras operações congéneres (ver NYT.com, 28.08.11). Talvez na Síria (com denúncias que os EUA treinam gangs no Iraque para intervir neste país) ou na Argélia. A acção da NATO abriu novos corredores ao islamismo radical e à nebulosa da Al-Qaeda na região do Norte de África.
Luís Carapinha
Sobre a infausta guerra na Líbia muito já foi escrito e dito. Dos canais da comunicação social dominante continuam a jorrar rios de falsidade e desinformação, com muito folclore e tiros para o ar (quando não à queima-roupa) à mistura. Sobressai atrozmente, neste novíssimo jornalismo corporativo embedded com o imperialismo, a irracional desvontade assumida ou consentida (ao que os tempos obrigam…) em ler e compreender a realidade.
Importa pois recuperar os traços e carácter essencial desta guerra.
Uma guerra de inspiração colonial, como aliás o lembra o símbolo da bandeira do rei Ídris hasteada pelos bandos armados socorridos e utilizados pela NATO, desde o início apontada contra a soberania, a independência e integridade territorial da Líbia.
Uma guerra de espoliação dos preciosos recursos e riquezas nacionais e de destruição das infra-estruturas líbias. Trate agora o sempre solícito Ban Ki-moon, fingindo ignorar os crimes da NATO e a execução do direito internacional, a que não é mesmo poupada a famigerada resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, de lançar ventos ao negócio da «reconstrução». Empreendimento bem consentâneo com a exigência da «comunidade internacional» em enviar uma missão fardada para o terreno (sob comando da NATO? da UE?) a juntar aos conselheiros militares e tropas especiais de diversos países da NATO e «aliados árabes» que desde há meses actuam em território líbio.
Uma guerra a inaugurar o novo conceito estratégico aprovado pela NATO em 2010, que não deixou de marcar um ponto de inflexão no desenrolar das «revoltas árabes», expondo os perigos mortais das debilidades e fragilidades organizativas e das teses que insistem na salvaguarda do «espontaneísmo» num processo verdadeiramente emancipador. Suprema hipocrisia que atesta ao mesmo tempo da sua capacidade operacional, o imperialismo surge a cavalgar a rebelião árabe, envergando a máscara de paladino da causa humanitária e da democracia (tal como na guerra de desmembramento da Jugoslávia de 1999, então desatada à revelia das Nações Unidas). Manobra que soube tirar partido no plano interno da f(r)actura da gradual readmissão da Líbia no «convívio do grande capital» ao longo da última década, explorando simultaneamente no plano regional as ilusões e divisões reveladas no seio das forças que objectivamente têm desempenhado um papel destacado na combate à agenda hegemónica das potências imperialistas e seus aliados.
Uma guerra que remete para estratégia de largo prazo dos EUA para África (onde há anos procura um hospedeiro para o AFRICOM) e para a lenta mas inexorável tectónica da profunda redivisão e rearrumação de forças em curso no plano mundial. São sintomáticas as palavras de um responsável da companhia pirata petrolífera sediada em Benghazi ao referir que [no redesenhar do negócio do petróleo] «não temos problemas com as companhias europeias (…) mas há algumas questões políticas com a Rússia, China e Brasil» (Público, 23.08.11).
Uma guerra que acontece no pano de fundo do agravamento da grande crise do capitalismo que atinge duramente os EUA, UE e Japão (onde a dívida ultrapassa os 200 por cento do PIB e acaba de ser nomeado o sexto primeiro-ministro dos últimos cinco anos). Não por acaso a revista Time de 22 de Agosto titula em grandes parangonas, «O declínio e a queda da Europa (e talvez do Ocidente)».
Não é de admirar que nos EUA haja quem clame que a guerra na Líbia possa servir de modelo para outras operações congéneres (ver NYT.com, 28.08.11). Talvez na Síria (com denúncias que os EUA treinam gangs no Iraque para intervir neste país) ou na Argélia. A acção da NATO abriu novos corredores ao islamismo radical e à nebulosa da Al-Qaeda na região do Norte de África.
Na Líbia destroçada e dividida prossegue a agressão da NATO, que só nesta segunda-feira efectuou mais de 40 raids de combate (Ria Novosti, 30.08.11). A resistência patriótica líbia é uma realidade e esperança no longo calvário em que foi afundado aquele país.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 1970, de 1.10.2011

quinta-feira, setembro 08, 2011

Lula recebe prêmio na Polônia por respaldo à liberdade e democracia



O ex-presidente Lula foi agraciado com o prêmio 'Lech Walesa', criado em 2008 para reconhecer personalidades destacadas por seu respaldo à liberdade, democracia e cooperação internacional.

Lula receberá o prêmio em cerimônia que acontecerá no próximo dia 29 de setembro na cidade de Gdansk, no norte da Polônia, segundo a Fundação Lech Walesa confirmou nesta quarta-feira à Agência Efe.

Lula expressou seu agradecimento à fundação polonesa e disse que considera o prêmio como um reconhecimento não só de suas conquistas pessoais, mas também do povo brasileiro, que nos últimos oito anos mostrou como é possível realizar uma transição econômica e social de forma pacífica e democrática.

Por sua parte, o ex-presidente polonês Lech Walesa lembrou que, embora Lula tenha 'raízes ideológicas diferentes', compartilha com ele uma origem sindical e a realização de mudanças excepcionais em seus respectivos países.

Walesa fundou seu prêmio em 2008, 25 anos após ter sido agraciado com o Nobel da Paz por sua luta contra o comunismo e pelo advento da democracia na Polônia. A fundação polonesa premia o vencedor com US$ 100 mil.

Em 1990, após protagonizar numerosos protestos e pôr em xeque o Governo comunista polonês, a queda do muro de Berlim abriu as portas da democracia na Polônia, onde Lech Walesa se tornou o primeiro presidente eleito livremente pelos cidadãos desde a Segunda Guerra Mundial.Os Amigos do Presidente Lula.

quarta-feira, setembro 07, 2011

Entrevista de José Dirceu a PHA

Hino Nacional Hino Nacional produzido pelo SEBRAE mostrando as diferenças culturais existentes no nosso país.


*esquerdopata

Partido da Veja prega voto distrital

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A revista Veja, como se sabe, não faz jornalismo.

Semana passada, dedicou-se ao exercício da espionagem e ao da infâmia.

Como não “colou” a jogada e ainda está às voltas com a possibilidade de que se descubra quem plantou a câmara de espionagem da qual tirou as fotos que jornalista Alberto Dines disse que “não renderiam sequer uma nota numa coluna de fofocas políticas”, esta semana a revista veio “light”.

Mas continuou a não fazer jornalismo.

Reforma Agrária para acabar com conflitos no campo

O fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, 46, acusado de ter encomendado a morte da missionária Dorothy Stang em 2005, foi preso ontem após se entregar na delegacia de Altamira (PA).
O mandado de prisão preventiva foi expedido pelo Tribunal de Justiça do Pará, que havia julgado pela manhã um recurso do acusado.
Conhecido como Taradão, ele foi condenado no ano passado a 30 anos de prisão e era o único dos cinco réus do processo que estava solto, devido a um habeas corpus do próprio TJ paraense.
A defesa nega envolvimento dele no crime e disse que vai recorrer para revogar a prisão preventiva.
Segundo a polícia, o fazendeiro se apresentou antes mesmo da comunicação oficial sobre o mandado.
O promotor Edson Cardoso, que representou o Ministério Público no julgamento, disse que o fato de ele ter se apresentado espontaneamente é uma estratégia da defesa para conseguir novo habeas corpus.
Galvão seria encaminhado na noite de ontem à penitenciária da Altamira.
A decisão de prendê-lo não estava na pauta de ontem da sessão da 1ª Câmara Criminal. Os desembargadores, em princípio, analisariam apenas o pedido da defesa para que o júri do ano passado fosse cancelado e refeito, sob a alegação de que Galvão teve o direito de defesa cerceado.
Para o advogado dele, Jânio Siqueira, a pergunta enviada aos jurados foi mal redigida e o réu deveria ter ficado ao lado do seu defensor, e não centro do plenário.
Os desembargadores, no entanto, rejeitaram por unanimidade os argumentos e decidiram que, solto, ele poderia fugir ou ameaçar testemunhas. Eles também negaram o pedido da defesa para reduzir a pena.
A presidente da sessão, Vânia Silveira, disse que tinha "convicção" de que a condenação do acusado foi justa. Galvão vivia ainda em Altamira, cidade vizinha a Anapu, onde a freira foi morta.
Segundo as investigações da polícia, ele foi um dos mandantes do crime, ao lado de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida.
Conforme a acusação, o assassinato foi motivado por denúncias da missionária contra os dois mandantes, que ocupavam ilegalmente um lote do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança.
Rayfran das Neves Sales confessou ter atirado em Dorothy. Amair Feijoli da Cunha e Clodoaldo Carlos Batista foram apontados como intermediário da ação e como o pistoleiro que acompanhou Rayfran no crime.
A freira da congregação Notre Dame tinha origem norte-americana e era naturalizada brasileira. Ela iniciou seus trabalhos no país na década de 60 no Maranhão e viveu cerca de 20 anos no Pará.