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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 18, 2011

Revista americana Newsweek terá Dilma Rousseff na capa

 


A revista norte-americana “Newsweek” escolheu a presidente Dilma Rousseff para estampar a capa de uma das suas próximas edições. De acordo com fontes próximas a Dilma no Palácio do Planalto, a matéria é sobre ela e um “novo Brasil”. Um correspondente da publicação está em Brasília e entrevistou a presidente na última semana.
A “Newsweek” é a segunda maior revista semanal dos Estados Unidos, com uma distribuição que ultrapassa a marca de 1 milhão e meio de exemplares.
 É a primeira vez que há destaque em mais edições da publicação para uma capa sobre o Brasil. A revista deve chegar às bancas nesta semana.
Com o título ‘Don’t mess with Dilma’ (em tradução literal ‘Não mexa com a Dilma’), a reportagem principal aborda o governo, a história política e também a vida pessoal da presidente.
A revista cita detalhadamente o crescimento econômico do Brasil e a participação de Dilma nesse processo de mudanças, iniciado com a gestão Lula. O assunto é endossado pela frase do presidente dos EUA, Barack Obama, quando esteve no Rio de Janeiro em março deste ano, dizendo que o Brasil era o país do futuro. Dilma será a primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral da ONU, fato descrito como positivo e influente.
Na matéria, a presidente afirma saber do potencial brasileiro e pergunta ao repórter da ‘Newsweek’ se ele sabe qual é a diferença entre o Brasil e o resto do mundo. A própria Dilma responde dizendo que, em nosso País, os instrumentos de controle políticos existentes são fortes o bastante para combater um crescimento mais lento ou até a estagnação da economia mundial – diferente de outros países. Segundo Dilma, o Brasil pode cortar as taxas de juros porque fez um empréstimo cauteloso e tem um Banco Central rígido.
Na entrevista, Dilma confessa que, quando criança, queria ser bailarina ou bombeira. Para ela, uma menina querer ser presidente é um sinal de progresso. Dima também fala sobre sua passagem pela prisão, época em que fazia parte de um grupo revolucionário político, e que, por conta disso, aprendeu a ter esperança e paciência.
A presidente Dilma Rousseff vai receber o prêmio Woodrow Wilson Public Service Award, na próxima terça-feira, 20, em jantar no Hotel Pierre, em Nova York. A premiação também já foi concedida a Lula, em 2009.

 *OsamigosdoBrasil

sábado, setembro 17, 2011

Charge do Dia


Por que as dívidas dos países europeus interessam aos Brics

Durante uma semana de caos nos mercados de valores europeus, acumularam-se vários sinais de uma possível intervenção dos países emergentes na Europa. Tudo começou com uma informação confidencial do "Financial Times" na segunda-feira (12), indicando que o presidente do fundo soberano chinês China Investment Corp (CIC) e altos funcionários de Pequim haviam estado na Itália na semana passada. Depois, na terça-feira, o jornal brasileiro "Valor Econômico" evocou a possibilidade de uma intervenção do gigante sul-americano, enquanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciava que seus homólogos dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reuniriam no dia 22 em Washington, à margem de uma reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), para discutir a ajuda que poderão dar à Europa.
Qual o interesse econômico dos Brics?
A tempestade que atravessam atualmente os países membros da zona do euro preocupa todos os continentes, incluindo América e Ásia. A crise de 2008 e o efeito dominó da queda do banco Lehman Brothers marcaram os espíritos. Nenhum país quer que tal cenário se repita: a União Europeia, principal parceiro comercial da China, é um mercado crucial para suas exportações. Ora, se uma recessão europeia afetasse a China, esta também repercutiria na Índia e no Brasil, que têm laços econômicos muito estreitos com a China. Pequim é, por exemplo, o maior parceiro econômico do Brasil, com US$ 56,2 bilhões de trocas bilaterais em 2010.
Para esses países emergentes, investir nos títulos da dívida europeia também é um meio de diversificar suas aplicações. A China possui as maiores reservas cambiais do mundo: US$ 3,2 trilhões. A Rússia dispõe de US$ 514 bilhões, o Brasil de mais de US$ 350 bilhões e a Índia, mais de US$ 320 bilhões. Esses fundos são essencialmente investidos em bônus do Tesouro americano, de onde o interesse atual em variar suas posições dando apoio à moeda única europeia.
O objetivo é principalmente monetário: ao apoiar o euro diante do dólar e investir suas reservas cambiais, os Brics buscam evitar uma alta exagerada de suas respectivas moedas. "Enquanto a China compra dívida em euros, visa na verdade as taxas de câmbio", escreve o analista e financista Cullen Roche no blog Pragmatic Capitalism. "Trata-se de uma tentativa de manter o euro forte, o que favorece as relações comerciais [da China] com a Europa."
Enfim, os Brics ainda dependem amplamente dos investimentos dos países de desenvolvimento mais antigo: na Índia, por exemplo, os investimentos diretos estrangeiros (IDE) dos países-membros da UE representam mais de 20% dos IDE. Se uma crise mundial provocasse uma retirada desses investidores, causaria pânico em nível nacional.
O objetivo também é político?
Enquanto não vemos surgir uma resposta concertada do tipo G20 para a crise de liquidez da zona do euro, como depois da queda do Lehman Brothers em 2008, a reunião dos Brics na próxima semana em Washington pode dar a impressão de que foi dada uma resposta coletiva. O "Valor Econômico" resume assim os benefícios políticos para os Brics de uma tal intervenção: "Aparecer publicamente como contribuintes diretos para a estabilização dos mercados e mostrar a que ponto o equilíbrio da economia mundial mudou".
De seu lado, Pequim tem um interesse bem particular em consolidar seus investimentos na Europa, formulado na quarta-feira pelo primeiro-ministro Wen Jiabao: "Espero que os dirigentes europeus encarem com coragem sua relação com a China". Concretamente, a China espera que a UE, em troca de compras de títulos em euros, lhe conceda o estatuto de economia de mercado, antes do reconhecimento previsto pela Organização Mundial do Comércio em 2016. Essa posição permitiria, com efeito, suspender as últimas restrições sobre os investimentos e as exportações chinesas na UE.
Dificuldades a superar
Os Brics não são um grupo de países homogêneo: entre o modelo econômico russo e o indiano existe um abismo. A política monetária chinesa com seu iuane subvalorizado é, aliás, uma fonte de atritos recorrentes para seus parceiros. As exportações chinesas baratas também dizimaram o setor manufatureiro brasileiro e o têxtil da África do Sul. Os Brics ainda não conseguiram agir com um mesmo elã. Eles foram notadamente incapazes de se entender para apresentar um candidato comum para suceder a Dominique Strauss-Kahn na chefia do FMI.
Parece que o Brasil é o país mais motivado para ajudar a Europa. A China já investiu dezenas de bilhões de dólares em títulos das dívidas grega, portuguesa e espanhola, e impõe diversas condições para um novo envolvimento. A Índia, cujos 20% dos créditos são constituídos de obrigações europeias, deseja manter essa proporção, indicou na quarta-feira um responsável indiano à agência Reuters. Déli considera com ceticismo uma resposta centrada somente nos Brics e preferiria uma intervenção maior do FMI, analisa o "Financial Times". A Rússia, por sua vez, mostrou-se muito cética, e autoridades indicaram à AFP na quarta-feira que as demandas de compras de títulos em euros seriam estudadas caso a caso.
Pois esses países devem convencer sua opinião pública da racionalidade desses investimentos. O fundo chinês CIC foi particularmente criticado por ter investido maciçamente em Wall Street antes de 2008, em títulos que despencaram. A China está, portanto, em busca de investimentos seguros. Assim como o Brasil, cujo diretor de política monetária do Banco Central, Aldo Mendes, esfriou o entusiasmo do ministro da Fazenda Mantega, indicando na terça-feira que "o objetivo principal de nossa política de investimento é a segurança".
Quais são os cenários possíveis?
A opção mais provável é que os Brics entrem em acordo para comprar uma quantidade mínima de títulos em euros, com grande esforço de comunicação. O objetivo seria demonstrar um apoio simbólico, e até injetar otimismo no mercado europeu moribundo. Para o "Valor Econômico", o investimento poderia ser ainda mais moderado e envolver as dívidas de países mais seguros, principalmente Alemanha e Grã-Bretanha.
A reunião que se realizará no dia 22 será em todo caso observada com grande interesse. O apoio dos Brics à dívida dos países europeus é um "desenvolvimento interessante", indicou na quarta-feira a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, ao jornal italiano "La Stampa". "Mas se eles se limitarem a comprar títulos considerados seguros por todos, como os alemães ou britânicos, não assumirão muitos riscos. Minha esperança é que se ocorrerem intervenções desse gênero elas sejam grandes e não se limitem aos títulos seguros de alguns países."
Mathilde Gérard
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
No Le Monde Diplomatique
*comtextolivre

A Coerência Católica

No Diário Ateísta
*comtextolivre

Alemanha - Caso de Jörg, filho de pai suíço e mãe brasileira

Alemanha - Jörg se apresentou no programa de TV Alemã chamado "das Supertalent 2011".
Filho de pai suiço e mãe brasileira, Jörg, 21 anos de idade, conta que seu pai foi de férias ao Brasil e conheceu a sua mãe brasileira e se casaram . Jörg conta que quando ele tinha 13 anos de idade, os pais se separaram e o pai suíço ganhou a guarda dele e que depois o obrigou a morar com uma família adotiva em uma fazenda. Jörg conta ainda que se tornou rebelde, vândalo, começou a beber, usou drogas (cocaína, maconha) e tentou até mesmo suicídio.  Jörg tenta atualmente uma chance como "Supertalento Alemão 2011" tocando seu piano. Ele conta ainda que quer que a mãe brasileira se sinta orgulhosa ao vê-lo no programa e que ela foi uma maravilhosa mãe, a mãe que ele sempre amou.

Vídeo o qual Jörg conta seu caso (em alemão)





Jörg se apresentando no programa Alemão (em Alemão)




*Blogdamilitância

O inferno astral do neoliberalismo

Por Antonio Lassance, no sítio Carta Maior:


O neoliberalismo é uma ideologia, uma visão de mundo. Mais precisamente, é uma visão de mundo adepta do individualismo, da competição, do Estado mínimo e da primazia do mercado, o que justifica sua filiação ao velho liberalismo. O que havia de novo nesse liberalismo?

O velho liberalismo de Adam Smith reservava funções claras ao Estado, mesmo que sumárias, como a defesa do território, a proteção (que hoje preferimos chamar de segurança pública), o recolhimento de impostos e a política monetária. Mas nenhum liberal clássico, ao defender o indivíduo, deixava de olhar a sociedade como um todo. A liberdade individual supostamente promoveria o bem estar da sociedade. Smith externava preocupação com o [fato] de que seus concidadãos, que vestiam o mundo, estavam em farrapos.

Para o neoliberalismo, porém, não existe sociedade; o que existe são indivíduos (frase de Margareth Thatcher, ex-primeira ministra do Reino Unido). Não existe serviço público que não possa e não deva ser prestado por empresas privadas (frase de David Cameron, atual primeiro ministro do britânico).

Para o liberalismo clássico, as corporações eram um problema a ser atacado. “A riqueza das nações”, de Adam Smith, criticava a proteção estatal às companhias comerciais, que exerciam atividades mercantis de forma monopolística, financiadas e escoltadas com recursos públicos. Para o novo liberalismo, as corporações são “a firma” e são equiparadas aos indivíduos. São pessoas jurídicas e têm por trás de si acionistas (indivíduos). Ao contrário da versão original, para o neoliberalismo a riqueza dos indivíduos é apátrida, e não uma riqueza “das nações”.

Outro fator de novidade do neoliberalismo era a globalização, uma marcha tida como inexorável para o domínio absoluto do globo por essas grandes corporações (comerciais, industriais, mas sobretudo financeiras). Bem diferente da ideia de divisão internacional do trabalho, que tinha como base as nações, e não as empresas. Romanticamente, Smith apontava um caminho para cada país encontrar seu lugar ao sol, produzindo de acordo com sua vocação. Deve-se dar um desconto ao romantismo de Adam Smith, pois ele era contemporâneo da poesia de Lord Byron, da música de Beethoven, da pintura de Delacroix. O mundo respirava romantismo por todos os lados e parecia que o progresso salvaria a todos.

A visão do neoliberalismo não é nada romântica. Os neoliberais são realistas até o último fio de cabelo. Eles são herdeiros da mutação genética introduzida no velho liberalismo pelo darwinismo social de Herbert Spencer, na segunda metade do século XIX. Sua vinculação a Friedrich Hayek tem traços claros que os colocam mais como apóstolos da lei do mais forte do que da lei do livre mercado.

Ascensão e queda do neoliberalismo

A construção do neoliberalismo desenrolou-se aos soluços, com inúmeros sobressaltos. Ele sobreviveu em estado vegetativo por décadas, até ganhar uma dimensão política avassaladora com o tridente formado por Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, nos anos 1980, personificado nas lideranças de Ronald Reagan, Margareth Thatcher e Helmut Kohl.

Sua força política empunhava um ideário econômico agressivo, cuja síntese mais propalada tornou-se conhecida como o “Consenso de Washington”.

O ciclo do neoliberalismo, quase como um ciclo biológico tradicional, durou cerca de vinte e cinco anos. É difícil encontrar hoje em dia algo que não traga sinais dessa herança. Mesmo com seus abalos, ao final dos anos 1990, ele ainda ganhou uma sobrevida por meio de governos da autointitulada “terceira via”. Sob esse guarda-chuvas está uma legião composta pelos democratas nos EUA (Bill Clinton), socialdemocratas da Europa (Tony Blair, no Reino Unido; Gerhard Schröder, na Alemanha; Lionel Jospin, na França; Massimo D’Alema, na Itália) e parte da América Latina (como Fernando Henrique Cardoso, no Brasil; Carlos Andrés Perez, na Venezuela; Carlos Menem, na Argentina; e todos os governos da Concertación chilena).

O inferno astral

O neoliberalismo sofreria um profundo abalo e entraria definitivamente em seu inferno astral a partir de 2008, quando se ouviu um dobre de finados não na periferia do sistema, mas na catedral do capitalismo, em Nova York. Era o enterro da Lehman Brothers Holdings Incorporated.

Mas uma das características do neoliberalismo, além da ousadia e do cinismo, é a teimosia. Ele insistia em disputar projetos políticos e em ganhar eleições com seus arautos. Neles residiam as últimas esperanças de dar a volta por cima, recobrar as energias e reinventar formas de acumulação que evitassem que o capitalismo carregasse a pecha de ser um grande prejuízo para a vida da maioria dos mortais.

Para a surpresa dos incautos, o neoliberalismo conseguiu eleger novos garotos-propaganda. Na pátria-mãe, o Reino Unido, David Cameron; no Chile, Sebastián Piñera; na Alemanha, Angela Merkel.

O Reino Unido é o exemplo mais retumbante do fracasso estrutural do neoliberalismo. Sua política econômica tem como eixo a redução de serviços públicos e a tentativa de desmonte de estruturas de Estado, uma retórica persistente, mas pouco efetiva. O inglês mantém um alto grau de prestação de serviços públicos estatais. Conjunturalmente, a inflação está em alta, com as projeções beirando os 5% - pois é, eles não vão cumprir a meta de inflação, que por lá está fixada em 2%. O desemprego não só está em alta, como é o maior dos últimos dois anos.

A Escócia de Adam Smith, em má homenagem ao credo neoliberal, ostenta um grande número de serviços públicos gratuitos à população. Seu Estado de bem-estar social faz inveja ao dos ingleses. Os escoceses já haviam conseguido um parlamento próprio e agora têm ganhado mais adeptos em favor de sua independência. A política de desmonte, do governo Cameron, tem ajudado em muito a aumentar a adesão à proposta de secessão. As receitas da Escócia são suficientes para mostrar que, se alguém pode sair perdendo com a separação, é a Inglaterra.

No País de Gales, a seção local do partido conservador cogita até trocar de nome e reclama de sua associação ao legado de Margareth Thatcher. A má fama do thatcherismo, segundo pesquisas, os prejudica eleitoralmente.

No Chile, Piñera enfrenta as maiores manifestações desde Pinochet. Além dos estudantes nas ruas, grande parte dos moradores das cidades do sul do país, dependentes do gás subsidiado para se proteger do frio, protesta contra o reajuste do produto e o encarecimento do custo de vida.

Na Alemanha, Merkel tem feito pouca coisa que pode ser considerada verdadeiramente neoliberal. Tanto que até seu companheiro de partido, Helmut Kohl, lhe faz críticas sistemáticas. Os socialdemocratas alemães parecem bem mais apegados ao neoliberalismo e dizem que a Alemanha vai pagar caro pelas “vacilações” de Merkel, que deveria ser mais dura em cobrar ajustes rigorosos em toda a zona do Euro.

O conservadorismo e seu contraponto

Mas a hora não é dada a comemorações. O que está ruim ainda tem a chance de ficar pior. A crise profunda do neoliberalismo tem tido como efeito político a ressurreição do conservadorismo. Se os novos liberais perderam força, os conservadores tomaram muito de seu espaço. A última vez em que isso aconteceu foi após a I Guerra Mundial, com o nazismo e do facismo.

O conservadorismo tem como bandeiras o combate aos imigrantes, o protecionismo, o militarismo e o gasto social seletivo. Quer reduzir a prestação de serviços públicos e trocá-los por cheques, “vouchers” e descontos de imposto de renda, mas não exatamente por razões privatistas. Há um duplo propósito. Torna possível financiar empresas privadas nacionais para prestar serviços públicos essenciais e fecha a porta aos imigrantes, que vivem na ilegalidade e não podem receber esses benefícios focalizados.

O conservadorismo que tem no “Tea Party”, dos EUA, seu movimento mais proeminente, é protecionista, nacionalista, militarista, xenófobo, intolerante Os neoliberais não são a fonte desses cacoetes. Seus vícios originais são outros, embora aceitem compartilhá-los, principalmente o militarismo, se isso justificar vantagens competitivas.

Neoliberais apóiam a imigração como forma de atrair talentos de qualquer parte do mundo e reduzir o custo da mão-de-obra, assim como para manter uma ampla parcela de trabalhadores apartada de direitos sociais. São a favor do direito de mulheres muçulmanas escolherem se querem ou não usar a burka, pois sua proibição desrespeita a liberdade individual. São cautelosos quanto ao militarismo, pois seus gastos são elevados. Henry Kissinger e James Baker escreveram, meses atrás, um artigo condenando a intervenção na guerra da Líbia, com base em um cálculo da relação custo-benefício para os Estados Unidos.

Na crise financeira de 2008, os neoliberais foram, em grande medida, “liquidacionistas”, como o velho Hayek pergava. Disseram que os bancos em dificuldades deveriam ser deixados à sua própria sorte e quebrarem, se preciso fosse.

Se há um contraponto político ao conservadorismo, ele ronda a América do Sul. Está pelo Brasil, pela Argentina, o Uruguai, o Paraguai, a Bolívia, a Venezuela, o Equador e o Peru. Com defeitos, limitações, tibiezas e inúmeros problemas. Na Europa e nos Estados Unidos, os movimentos de esquerda são de uma espontaneidade sem luxemburguismo (o da Rosa, não o do Vanderley). Dependem de associações civis pouco conectadas à luta política nacional e têm um profundo descrédito pelos partidos, inclusive os de ultraesquerda, afogados em sua própria retórica e empacados em sua falta de projeto.

Frase do Dia

"O culto das diferenças é uma liberdade que só quem foi educado na igualdade consegue conquistar."

 *EtniaBrasileira/Somosunicos/somostodosetniaBrasil

Índio da Costa, o político 10 real


Índio da Costa reapareceu no noticiário com mais uma de suas ideias geniais. Depois de conversar com o cacique Jilberto Caçab, ele resolveu promover um curso relâmpago para potenciais vereadores do PSD no Rio de Janeiro. Entre os interessados, compareceram desde juízes de futebol (cansados de serem chamados de “fdp” e “ladrão”) a passistas de escola de samba (que só têm emprego garantido no mês de fevereiro).
O sucesso foi tanto que Índio da Costa já planeja lançar o curso à distância, especialmente para blogueiros “independentes”, tuiteiros profissionais, marqueteiros políticos e especialistas em “social media”.
O que foi realmente espantoso foi o preço do curso. Eu já tinha ouvido falar de artista “déiz real”. Já tinha ouvido falar até em jornalista “déiz real”. Mas vereador “déiz real” é novidade. Aliás, uma novidade preocupante para os cofres públicos, já que o vereador “déiz real” é treinado para roubar “déiz milhão de real”…

Com Trágico e Cômico de Diogo Salles do JT

Exagero? De quem?

É discutível a questão dos benefícios ao consumidor e da concorrência entre as montadoras instaladas aqui – que mal ou bem geram emprego e, embora importando muito, movimentam a cadeia produtiva interna – mas a nossa imprensa parece estar tomada de um furor concorrencial quase bélico.
Tendo Miriam Leitão como “Joana D’Arc” (perdão, Joana), apelam à OMC para derrubar o “furor protecionista” de nosso Governo. É bom lembrar que, e muito corretamente, a propriedade de meios de comunicação no Brasil também tem seus mecanismos protecionistas, por outras razões. Econômicas ou culturais, as razões que um país tem para proteger-se são justas, se isso não implica exclusão total das influências ou produtos externos.
E não é que num destes areoubos internacionalistas, a Folha acaba apelando para um exemplo que desnuda todo o exagero com que o tema está sendo tratado? veja o que se publica sob o título Para gerente de loja de carros de luxo, governo “exagerou”:
A decisão do governo de elevar em 30 pontos percentuais o IPI para carros importados amargou o café de Breno Floriano, 32, gerente comercial de uma loja de veículos de luxo em Ribeirão Preto (303 km de São Paulo).
Segundo ele, o aumento do imposto vai encarecer em até R$ 300 mil os custos de importação de um veículo.
O Rolls Royce Phanton que acabou de comprar, por exemplo, vai custar R$ 1,309 milhão, ante os R$ 1,010 milhão previstos inicialmente.
Ribeirão Preto é reconhecida com um dos principais polos de consumo de carros de luxo do país. “Com esse custo a mais, vai ficar difícil vender carros importados. Acho que governo exagerou na medida”, disse.
Exagero, desculpe, é achar que o direito de comprar com imposto reduzido um Rolls-Royce Phanton de R$ 1 milhão deva se sobrepor aos interesses da economia nacional. Até porque quem quer este Maria Antonieta sobre rodas que está na foto do post, pode e deve pagar bastante imposto pelo seu luxo. Aliás, já paga, porque um gerente de loja ter um carro desses é sinal que a loja salga e muito no preço.
Se quer fazer economia, tem carro brasileiro para isso. Se quer ser esnobe, passe no caixa.
 *Tijolaço