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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 18, 2011

UNICEF confirma que Cuba es el único país sin desnutrición infantil. Para el 2015 eliminarán la pobreza.

Problem Capitalismo?
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En el último informe del Fondo de las Naciones Unidas para la Infancia (UNICEF) titulado de “Progreso para la Infancia un Balance sobre la Nutrición”, determinó que actualmente en el mundo existen 146 millones de niños menores de cinco años con problemas de graves de desnutrición infantil. De acuerdo con el documento, 28% de estos niños son de África, 17% de Medio Oriente, 15% de Asia, 7% de Latinoamérica y el Caribe, 5% de Europa Central, y 27% de otros países en desarrollo.
Cuba sin embargo no tiene esos problemas, siendo el único país de América Latina y el Caribe que ha eliminado la desnutrición infantil, todo esto gracias a los esfuerzos del Gobierno por mejorar la alimentación, especialmente la de aquellos grupos más vulnerables. Además, la Organización de las Naciones Unidas para la Alimentación y la Agricultura (FAO) también ha reconocido a Cuba como la nación con más avances en América Latina en la lucha contra la desnutrición.
Esto se debe a que el Estado Cubano garantiza una canasta básica alimenticia y promueve los beneficios de la lactancia materna, manteniendo hasta el cuarto mes de vida la lactancia exclusiva y complementándola con otros alimentos hasta los seis meses de edad. Además, se les hace entrega diaria de un litro de leche fluida a todos los niños de cero a siete años de edad. Junto con otros alimentos como compotas, jugos y viandas los cuales se distribuyen de manera equitativa.
No por nada la propia Organizacion de las Naciones Unidas, (ONU) sitúa al país a la vanguardia del cumplimiento de materia de desarrollo humano. Y por si fuera poco para el año 2015, Cuba tiene entre sus objetivos eliminar la pobreza y garantizar la sustentabilidad ambiental.
Y todo esto pese a 50 años de embargo, bloqueo económico, comercial y financiero impuesto por Estados Unidos…

*GambaCL

Líbia: ao rei Sarkozy, o butim

17/9/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MI17Ak02.html
Saia da frente, Lawrence da Arábia. O Grande Libertador Gaulês da Líbia (e de outros árabes otários à vista), o neonapoleônico presidente francês Nicolas Sarkozy, carregando consigo seu camaradinha primeiro-ministro britânico David da Arábia Cameron, andou galantemente por um aeroporto militar protegido por cordão sanitário-militar em Trípoli para cantar La Vie en Rose ao lado do Mediterrâneo, celebrando assim o sucesso do longo bombardeio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de empurrar a Líbia até a ‘democracia’.

Pendurado nele, à caça dos fotógrafos, vinha o insuportável autopromotor e autoproclamado “novo filósofo” Bernard-Henri Levy, o do peito perenemente exposto sob a camisa branca recém passada, ele, o do famoso telefonema de Benghazi, para “vender” uma guerra ao detonado Libertador Gaulês (como se Rei Sarkô fosse de recusar qualquer mãozinha para ampliar sua grandeur).

Não se devem economizar metáforas da Roma Imperial – de “volta da vitória” a “lauréis” e o inevitável “ao vencedor o butim” (de guerra), porque isso foi, precisamente.

Rei Sarkô e Deivizinho Cameron podem não ser parecidos com a linda moça angolana que acaba de ser coroada Miss Universo –, mas não poderiam estar em clima mais “à vontade para regozijar-se na própria aura gloriosa”. Uma volta da vitória na periferia do império – ainda que os vitoriosos não passem de reles procônsules e algumas loas tenham sido impiedosamente ofuscadas pelo fracasso econômico da Europa.

Ao som dos helicópteros Apache que patrulhavam o Mediterrâneo e escoltado por dúzias de guarda-costas da Polícia de repressão às agitações de rua, o Rei Sarkô sentiu a necessidade de declarar a um mundo que sequer cogita dessa possibilidade, que “o que fizemos foi feito por razões humanitárias. Não houve agenda oculta.”

Mas por via das dúvidas – e com os dois principais hotéis de Trípoli pululando de empresários/abutres – o presidente do sinistro Conselho Nacional de Transição, Mustafa Abdul Jalil, teve de dizer, fora da agenda: “aliados e amigos” terão “prioridade num quadro de transparência” na divisão do butim. Tantos sumarentos contratos de petróleo e gás (e água e urânio e reconstrução) para meter no saco, e tão pouco tempo!

Fazendo eco ao Rei Sarkô, Deivizinho Cameron proclamou, bombástico, que “a primavera árabe pode tornar-se um verão árabe”. É versão em código, cifrada, para informar que a OTAN está à disposição para bombardear mais ditadores, até deles não restar nem poeira –, sempre que oportunistas “rebeldes” convoquem a cavalaria (europeia) para que exibam credenciais “pró-democracia”, forjadas ou outras.

O Rei Sarkô até delineou o próximo capítulo: a estrada para Damasco. Caro Bashar, vá providenciando aquela passagem só de ida.

Regras à moda da Somália

O tour fulgurante do Rei Sarkô/Deivizinho Cameron a Trípoli foi cuidadosamente cronometrado para ofuscar a visita do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan ao Egito. Mas, no que tenha a ver com a alma da Primavera Árabe – o Egito –, o homem é Recep, não os bombardeadores anglo-franceses da OTAN.

E pensar que ainda ontem a inteligência britânica e francesa vivia feliz, na cama com o aparelho de segurança de Gaddafi. Pena que Deivizinho Cameron não teve tempo para gozar bons momentos com o comandante militar de Trípoli, Abdelhakim Belhaj – ex-emir do Grupo Líbio Islâmico de Combate [ing. Lybian Islamic Fighting Group (LIFG)], ex-quadro da al-Qaeda, ex-torturado pela CIA, mas, sorte dele, eterno inimigo figadal de Gaddafi.

Belhaj, por sua vez, perdeu uma grande chance de exigir de Deivizinho Cameron – sem os EUA por perto – desculpas oficiais, dos ingleses, pela tortura e por seis anos de cadeia. Talvez prefira a Corte Criminal Internacional.

Na Líbia, a OTAN conquistou, de fato, um trecho de estrada salpicado com umas poucas cidades na costa do Mediterrâneo. Ninguém sabe o que está acontecendo, mesmo, no deserto. A agenda real da OTAN é esperar e ver se Gaddafi e suas forças reagrupam-se e rearmam-se no Niger e no sul da Argélia, e começam guerrilha de verdade. Seria perfeito pretexto para que a OTAN fique lá – como no Afeganistão.

Há também a questão, nada pequena, das centenas, talvez milhares de subsaarianos africanos molestados ou massacrados pelos “rebeldes da OTAN” – o suficiente para garantir que vastas porções da África apóiem ativamente Gaddafi.

Com a OTAN contando com estender a farra, não surpreende que os amantes anglo-franceses não deem nenhuma, nem a mínima, importância, ao fato de que seu anfitrião, Jalil, prometeu jogar à lata do lixo o estado secular líbio (com a Xaria tornada “principal fonte da lei”). Uma razão a mais, para o ocidente manter-se “vigilante”. Devem-se esperar vastos arranca-rabos. O homem do qual não tirar os olhos é Ali as-Salabi – islamista linha-dura alinhado com Sheikh Yusuf al-Qaradawi. Já lançou guerra contra o primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição Mahmoud Jibril – até aqui a cara dos rebeldes da OTAN, para a mídia global. As-Salabi define Jibril e seu pessoal como “secularistas extremistas” que estão levando a Líbia para “uma nova era de tirania e ditadura”. Quadro da Al-Qaeda, Belhaj – que comanda milhares de rebeldes armados até os dentes – é nada menos que aliado muito próximo de as-Salabi.

Não há qualquer prova de que o Conselho Nacional de Transição tenha força suficiente para desarmar o atual inferno de várias guerrilhas inimigas, ao estilo do Iraque, em que estão convertidos Trípoli e os arredores. Se o CNT não consegui-lo, a OTAN lá estará, pronta e feliz, para fazê-lo. Nesse caso, ganha quem apostar em que a Líbia será transformada, não em algum Afeganistão 2.0 ou Iraque 2.0, mas numa Somália 2.0. Para resolver tudo? Mandem os Marines e transformem Trípoli em Fallujah. É possível, até, que a transformação garanta que Barack Obama seja reeleito nos EUA em 2012.

Podem apostar: a farra (trágica) e a jogatina estão só começando. Esperemos, agora, para ver quanto tempo demorarão o Rei Sarkô e Deivivizinho Cameron, para reencenar a volta da vitória – e em que tipo de Trípoli desembarcarão: Kabul, Bagdá ou Mogadishu?



... enviado da Vila Vudu
*GrupoBeatrice

Marx estava certo... sobre o capitalismo

18 de setembro de 2011 11h28

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Como efeito colateral da crise financeira, mais e mais pessoas estão começando a pensar que Karl Marx estava certo. O grande filósofo, economista e revolucionário alemão do século 19 acreditava que o capitalismo era radicalmente instável.

Ele tem uma tendência intrínseca de produzir avanços e fracassos cada vez maiores, e no longo prazo, ele estava destinado a se autodestruir.

Marx saudava a autodestruição do capitalismo. Ele era confiante que uma revolução popular ocorreria e daria origem um sistema comunista que seria mais produtivo e muito mais humano.

Marx estava errado sobre o comunismo. Aquilo sobre o que ele estava profeticamente certo era a sua compreensão da revolução do capitalismo. Não era somente a instabilidade endêmica do capitalismo que ele compreendia, embora neste sentido ele fosse muito mais perspicaz do que a maioria dos economistas da sua época e da nossa.

Mais profundamente, Marx compreendeu como o capitalismo destrói a sua própria base social - o meio de vida da classe média. A terminologia marxista de burguês e proletário tem um tom arcaico.

Mas quando ele argumentava que o capitalismo iria arrastar as classes médias a algo parecido com a existência precária dos sobrecarregados trabalhadores de sua época, Marx previu uma mudança na maneira como vivemos à qual só agora estamos lutando para nos adaptarmos.

Ele via o capitalismo como o sistema econômico mais revolucionário da história, e não pode haver dúvida de que ele se diferencia daqueles que vieram antes dele.

Os caçadores e coletores persistiram nesta forma de vida por milhares de anos, enquanto as culturas escravagistas permaneceram assim por quase o mesmo tempo, e as sociedades feudais sobreviveram por muitos séculos. Em contraste, o capitalismo transforma tudo que ele toca.

Não são só as marcas que estão mudando constantemente. As empresas e as indústrias são criadas e destruídas em um fluxo incessante de inovação, enquanto as relações humanas são dissolvidas e reinventadas em novas formas.

O capitalismo foi descrito como um processo de destruição criativa, e ninguém pode negar que ele foi prodigiosamente produtivo. Praticamente qualquer um que esteja vivo na Grã-Bretanha hoje tem uma renda real maior do que eles teriam se o capitalismo nunca tivesse existido.

Retorno negativo

O problema é que entre as coisas que foram destruídas no processo está o estilo de vida do qual o capitalismo dependia no passado.

Defensores do capitalismo argumentam que ele oferece a todos os benefícios que, na época de Marx, eram desfrutados somente pela burguesia, a classe média estabelecida que possuía capital e tinha um razoável nível de segurança e liberdade em suas vidas.

No capitalismo do século 19, a maioria das pessoas não tinha nada. Elas viviam de vender o seu trabalho, e quando os mercados entravam em queda, eles enfrentavam tempos difíceis. Mas à medida que o capitalismo evolui, seus defensores dizem, um número crescente de pessoas pode se beneficiar dele.

Carreiras bem-sucedidas não serão mais a prerrogativa de uns poucos. As pessoas não terão dificuldades todo mês para subsistir com base em um salário inseguro. Protegidos pelas economias, pela casa que possume e uma pensão decente, eles serão capazes de planejar suas vidas sem medo.

Com o crescimento da democracia e a distribuição da riqueza, ninguém precisará ser privado da vida burguesa. Todo mundo poderá ser da classe média.

Na verdade, na Grã-Bretanha, nos EUA e em muitos outros países desenvolvidos nos últimos 20 ou 30 anos, o contrário vem ocorrendo. A segurança do emprego não existe, as atividades e as profissões do passado em grande parte acabaram e as carreiras que duram uma vida inteira são meramente lembranças.

Se as pessoas têm qualquer riqueza, isto está nas suas casas, mas os preços dos imóveis nem sempre crescem. Quando o crédito fica restrito como agora, eles podem ficar estagnados por anos. Uma minoria cada vez menor pode contar com uma pensão com a qual pode viver confortavelmente, e não são muitos os que tem economias significativas.

Mais e mais pessoas vivem um dia de cada vez, com pouca noção do que o futuro pode reservar. AS pessoas da classe média costumavam imaginar as suas vidas desdobradas em uma progressão ordenada. Mas não é mais possível olhar para uma vida como uma sucessão de estágios em que cada um é um passo dado a partir do último.

No processo da destruição criativa, a escada foi afastada, e para um número cada vez maior de pessoas, uma existência de classe média não é mais sequer uma aspiração.

Assumindo riscos

Enquanto o capitalismo avançava, ele devolveu as pessoas a uma nova versão da existência precária do proletariado de Marx. As nossas rendas são muito maiores, e em algum grau nós estamos protegidos contra os choques por aquilo que resta do Estado de bem-estar social do pós-guerra.

Mas nós temos muito pouco controle efetivo sobre o curso das nossas vidas, e a incerteza na qual vivemos está sendo piorada pelas políticas voltadas para lidar com a crise financeira.

As taxas de juros a zero em meio a preços crescentes querem dizer que as pessoas estão tendo um retorno negativo de seu dinheiro, e ao longo do tempo o seu capital está se erodindo.

A situação de muitas das pessoas mais jovens é ainda pior. Para adquirir os talentos de que precisa, a pessoa tem de se endividar. Já que em algum ponto será necessário se reciclar, é preciso tentar economizar, mas se a pessoa está endividada desde o começo, esta é a última coisa que ela poderá fazer.

Não importa a sua idade, a perspectiva que a maioria das pessoas enfrenta é de uma vida de insegurança.

Ao mesmo tempo em que privou as pessoas da segurança da vida burguesa, o capitalismo criou o tipo de pessoa que vive a obsoleta vida burguesa. Nos anos 80, havia muita conversa sobre valores vitorianos, e propagandistas do livre mercado costumavam argumentar que ele traria de volta para nós os íntegros valores de outrora.

Para muitos, as mulheres e os pobres, por exemplo, estes valores vitorianos podem ser bastante ilógicos em seus efeitos. Mas o fato mais importante é que o livre mercado funciona para corroer as virtudes que mantêm a vida burguesa.

Quando as economias estão se perdendo, ser econômico pode ser o caminho para a ruína. É a pessoa que toma pesados empréstimos e não tem medo de declarar a insolvência que sobrevive e consegue prosperar.

Quando o mercado de trabalho está altamente volátil, não são aqueles que se mantém obedientemente fiéis a sua tarefa que são bem-sucedidos, e sim as pessoas que estão sempre prontas para tentar algo novo e que parece mais promissor.

Em uma sociedade que está sendo continuamente transformada pelas forças do mercado, os valores tradicionais são disfuncionais, e qualquer um que tentar viver com base neles está arriscado a acabar no ferro-velho.

Vasta riqueza

Olhando para um futuro no qual o mercado permeia cada canto da vida, Marx escreveu no ''Manifesto Comunista'': "Tudo que é sólido se desmancha no ar". Para alguém que vivia na Grã-Bretanha no início do período vitoriano - o Manifesto foi publicado em 1848 -, isto era uma observação incrivelmente perspicaz.

Naquela época, nada parecia mais sólido que a sociedade às margens daquela em que Marx vivia. Um século e meio depois, nos encontramos no mundo que ele previu, onde a vida de todo mundo é experimental e provisória, e a ruína súbita pode ocorrer a qualquer momento.

Uns poucos acumularam uma vasta riqueza, mas mesmo isso tem uma característica evanescente, quase espectral. Na época vitoriana, os muito ricos podiam relaxar, desde que eles fossem conservadores com a maneira como eles investiam seu dinheiro. Quando os heróis dos romances de Dickens finalmente recebem sua herança, eles nunca mais fazem nada na vida.

Hoje, não existe o porto seguro. As rotações do mercado são tais que ninguém pode saber o que terá valor dentro de alguns anos.

Este estado de inquietação perpétua é a revolução permanente do capitalismo, e eu acho que ele vai ficar conosco em qualquer futuro que seja realisticamente imaginável. Nós estamos apenas no meio do caminho de uma crise financeira que ainda deixará muitas coisas de cabeça para baixo.

As moedas e os governos provavelmente ficarão de ponta-cabeça, junto de partes do sistema financeiro que nós acreditávamos estar a salvo. Os riscos que ameaçavam congelar a economia mundial apenas três anos atrás não foram enfrentados. Eles foram simplesmente deslocados para os Estados.

Não importa o que políticos nos digam sobre a necessidade de controlar o déficit. Dívidas do tamanho das que foram contraídas não podem ser pagas. Elas quase que certamente serão infladas - um processo que está destinado a ser doloroso e empobrecedor para muitos.

O resultado só pode ser mais revoltas, em uma escala ainda maior. Mas isto não será o fim do mundo, ou mesmo do capitalismo. Aconteça o que acontecer, nós ainda teremos que aprender a viver com a energia mercurial que o mercado emitiu.

O capitalismo levou a uma revolução, mas não a que Marx esperava. O feroz pensador alemão odiava a vida burguesa e queria que o comunismo a destruísse. E assim como ele previu, o mundo burguês foi destruído.

Mas não foi o comunismo que conseguiu esta proeza. Foi o capitalismo que eliminou a burguesia.

*Terra

Deleite

Charge do Dia


O caso Battisti x Folha



Por Morales
Carta de Magno de Carvalho ao jornalista João Carlos Magalhães e ao jornal Folha de São Paulo a respeito da reportagem-lixo publicada pelo jornal direitoso paulista e assinada por Magalhães, difamando Cesare Battisti.
Como divulgada na lista de discussão Eskuerra (link abaixo para os arquivos públicos dessa lista:
Sr. João Carlos Magalhães e jornal Folha de São Paulo
Não pretendo continuar mantendo um debate com o Senhor sobre a infame matéria de capa que o senhor publicou na Folha de São Paulo de domingo 04/9/2011 se aproveitando da confiança que eu tinha não apenas por considerá-lo até então meu sobrinho mas principalmente pela história da sua família em especial seu pai um revolucionário perseguido, preso e torturado pela ditadura militar e coerente até os dias de hoje.
Espero encerrar esta troca de comunicação com esta resposta à sua mensagem dirigida a mim e ao companheiro Cesare Battisti a respeito da dita ou maldita matéria esperando não vir a ter doravante qualquer contato com o Senhor.
Em primeiro lugar. Quero lembrar que foi a partir de uma conversa em Brasília num jantar na presença de seus tios, que surgiu a possibilidade de uma entrevista sua com o companheiro Cesare Battisti que hoje mora em minha casa.
Nesta ocasião, o Sr. admitiu que a Folha de São Paulo sempre foi parcial contra Battisti o que depois confirmou ao companheiro quando declarou que o Editor executivo da Folha de São Paulo em reunião do qual o Sr. participou, ordenou que estava proibido qualquer jornalista se referisse o Cesare Battisti como ex-militante, ex-ativista mas sim como EX-TERRORISTA.
Varias condições foram estabelecidas para que esta entrevista fosse dada, uma delas foi de que o Senhor teria direito de veto sobre a publicação caso o Sr. não concordasse com a forma final da mesma a publicação seria suspensa e que nada seria publicado sobre declarações políticas, nada sobre a Itália, o que ocorreu na década de 70 e o que ocorre hoje; enfim a matéria versaria apenas sobre o escritor, sua obra, seu próximo livro e seus projetos sociais.
O Sr. Disse mais: que pretendia mostrar um outro lado do Cesare Battisti diferente do que setores da mídia inclusive a Folha de são Paulo tem apresentado, demonizando o militante.
E o que podemos ver no domingo passado quanto a Folha de São Paulo chega às bancas: Uma grande foto na capa, Cesare Battisti gargalhando com um copo de cerveja na mão e a manchete LA DOLCE VITA CLANDESTINA, a matéria na pagina 10 do primeiro caderno com o título em letras garrafais REVOLUÇÃO? ISTO É UMA PIADA.
O Sr. Descumpriu todos os acordos e o pior, sua matéria tem um efeito devastador como disse um advogado que se preocupa com o companheiro.
A foto e o título legenda da capa é uma provocação para grupos paramilitares e de outros de extrema direita da Europa e do Brasil.
A afirmação de que a revolução é uma piada como está no título da matéria ou como está no texto: QUE REVOLUÇÃO? ISTO É UMA PIADA além de ser uma afirmação política, que o Sr. garantiu que não sairia em nenhum momento colocada na matéria, é uma deformação proposital do que disse o companheiro Cesare, não em entrevista, mas em conversa informal como outras que ocorreram durante os três dias em que o Sr. ficou em minha casa que hoje também é a casa de Cesare .
O que ele disse em resposta a uma pergunta sua , foi que a idéia de uma revolução armada hoje no Brasil seria uma piada, ao contrário do que ocorre na África ou Países Árabes.
O Sr. Sabe muito bem que esta deformação do pensamento do companheiro serve para queimá-lo com todos os setores que o apóiam na Europa, em outros países e também no Brasil.
O Sr. Também diz nesta mensagem enviada para nós que cumpriu o acordo de não se referir a nada ocorrido na Itália nos anos de chumbo até os dias de hoje. Novamente o Sr. descumpre o compromisso além de deformar coisas e fatos comentadas em conversas informais que agora estão estampadas nas capas dos maiores jornais formais da Itália tais como: SE TIVESSEM ME MANDADO , EU TERIA MATADO.
O objetivo da matéria foi atingido basta ver os mais de seiscentos comentários no Folha online , em que a grande maioria detona Cesare Battisti e alguns até propõem uma campanha nacional pela expulsão do companheiro do país.
Por fim o Senhor diz cinicamente na sua mensagem endereçada a mim e ao Cesare que NÃO É TRAIDOR OU MAU CARÁTER POR QUE NÃO TEM CAUSA E POR TANTO NADA A TRAIR.
Esta declaração fala por si e demonstra a espécie de gente em que o Senhor se transformou.
Além de traidor e mau caráter o Senhor não passa de um mercenário, mas para um mercenário SEM CAUSA é estranho suas manifestações ideológicas contrarrevolucionárias e anticomunistas afirmadas nas conversas informais nestes dias em que ficou na minha casa. Sem dúvida seu editor-executivo o defenderá das acusações de falta de ética ou desvio de conduta apresentadas por Celso Lungaretti a ombudsman da Folha pelo Sr. se aproveitar de uma relação de parentesco (e eu realmente o considerava meu sobrinho até o último domingo) para tentar destruir a imagem de um companheiro que como ele próprio disse, lhe recebeu como um irmão.
Certamente, seu editor executivo, lhe dará até uma promoção, por se mostrar mais eficiente do que colegas seus da revista Veja, TV BANDEIRANTES, CARTA CAPITAL e outros veículos da imprensa de extrema direita e marrom do Brasil e da Itália.
Magno de Carvalho

O que está acontecendo no Chile? Desmascarando o “modelo”


O que está acontecendo no Chile? Desmascarando o “modelo”
A educação é um direito humano fundamental, e não uma mercadoria, dizem os estudantes chilenos (Foto: El Ciudadano)       


São Paulo - As manifestações por melhorias na educação chilena se aproximam dos quatro meses com a mesma intensidade do início do movimento. E com muito mais apoio e conquistas. O governo de Sebastián Piñera, após inúmeras acusações, abriu negociações, e os alunos em todo o país mantêm a mobilização, prometendo promover uma nova greve geral na próxima semana.


Em artigo para a Rede Brasil Atual, Camilla Croso, coordenadora da Campanha Latinoamericana pelo Direito à Educação (CLADE) e presidenta da Campanha Mundial pela Educação (CME), e René Varas, secretário-executivo do Foro Nacional Educación de Calidad para Todos do Chile, afirmam que o movimento coloca em xeque a visão do Chile-modelo e apresentam também a faceta de uma nação autoritária, que precisa se abrir aos ventos da liberdade e da democracia participativa. Confira.


"O que está acontecendo no Chile desmascara o que em muitas partes do mundo acreditava-se ser um modelo educacional a ser seguido, e deve ser lido na profundidade que seus protagonistas estão expressando nos discursos que a cada dia ganham mais repercussão mundial. Há mais de três meses, o movimento estudantil do ensino superior e médio, junto com o sindicato dos professores e professoras e com multidões de cidadãos e cidadãs chilenas, clamam para que a educação seja reconhecida como direito humano fundamental e para que o Estado assuma seu papel de proteger, respeitar e realizar este direito, conforme ratificou em diversos tratados internacionais, como o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) ou o Protocolo de San Salvador.
A cidadania chilena foi às ruas inúmeras vezes nos últimos meses, convocando até 700.000 pessoas em manifestações públicas. Suas demandas centrais são a gratuidade da educação pública e o fim do lucro na educação. De fato, pesquisa de opinião pública do Centro de Estudos Públicos (CEP) do Chile, de julho de 2011, demonstra que 80% da população chilena rejeita o lucro na educação. Hoje, grande parte da educação privada no país está subsidiada pelo Estado. Diferentemente da educação pública, a chamada “educação subvencionada”, mesmo recebendo recursos públicos, pode selecionar os estudantes e cobrar das famílias. O resultado é uma verdadeira segregação entre pessoas de diferentes níveis de ingresso, fenômeno que vem sendo conhecido como “apartheid educacional”.


O movimento segue resistindo e manifestando-se porque, apesar de sua expressão massiva, não obteve até o momento uma resposta à altura por parte do governo. Este tem feito propostas que tangenciam as questões de fundo que hoje marcam a política educativa do Chile, caracterizada por uma concepção de educação como um mero mercado. Hoje, o acesso a uma educação de qualidade depende diretamente do poder aquisitivo das famílias, quando o Estado deveria garantir o gozo do direito por parte de todos e todas, levando a cabo medidas que, ao contrário do que ocorre, se orientem pelo preceito da equidade e não discriminação. De fato, a discriminação socioeconômica que hoje marca o sistema educacional chileno contraria frontalmente o artigo 2 do PIDESC, que obriga o Estado a garantir o exercício do direito sem discriminação alguma.


Interessante que as reivindicações desmascaram o sistema que o discurso hegemônico da comunidade internacional costumava salientar como “um modelo a ser seguido”. Os argumentos a favor desse “modelo” destacam o aumento da cobertura conquistado, mas ignoram a segregação social que o caracteriza, e a assumem como inevitável e natural. Para amenizar, afirmam, respaldando-se nos resultados da prova PISA, que essa desigualdade diminuiu nos últimos anos. Sabe-se que essa pequena redução na distância entre os grupos privilegiados e os mais desfavorecidos – que se dá apenas na área de leitura, é bom lembrar - é ainda muito pouco significativa. O mesmo PISA reconhece que estamos falando do sistema mais segregado no qual é aplicada essa prova.


Deve-se admitir o que é evidente: uma das principais barreiras à qualidade educativa é a própria segregação social produzida no interior do sistema educacional chileno. A atual distribuição dos estudantes em distintos tipos de instituições educativas de acordo com sua origem social e ingresso familiar é discriminatória e compromete uma aprendizagem em sintonia com o conjunto dos direitos humanos. Isso é válido para os conhecimentos medidos pelo PISA, mas, acima de tudo, para que se aprenda a viver em uma sociedade que valorize a diversidade e combata a desigualdade.


As críticas ao modelo chileno que hoje vem a público são feitas há muito tempo por organismos e instâncias de direitos humanos internacionais. O Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, por exemplo, em um compilado de observações sobre os países da América Latina e Caribe, questionou a qualidade segmentada por condição de renda, assim como porque o governo fazia a opção política de subvencionar as escolas privadas ao invés de promover as escolas públicas e em que medida o preceito básico da gratuidade se fazia presente na educação.


Em carta enviada no dia 24 de agosto ao atual Relator Especial para o Direito à Educação, Kishore Singh, entidades de acadêmicos e o Foro Nacional de Educação para Todos do Chile apontam que o Estado chileno não cumpre com três de seus deveres jurídicos: a progressividade, a proibição da regressividade e a proibição da discriminação. O documento aponta que não só a gratuidade da educação não progrediu tal como prevêem os instrumentos de direitos humanos internacionais. Ao contrário, a oferta de educação gratuita regrediu, bem como ocorreu com a legislação que impede o lucro e o negócio da educação. Uma expressão disso é a queda no percentual do PIB dedicado à educação: passou de aproximadamente 7% em 1970 para cerca de 4,4% atualmente.


Mas não é apenas o direito à educação que está sendo violado no Chile. É também o direito à vida e à liberdade de expressão. A crescente criminalização do movimento cidadão é da maior gravidade e já levou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no dia 6 de agosto, a solicitar informações ao governo chileno sobre os episódios de violência durante os protestos do dia 4, incluindo uso desproporcional da força, detenções arbitrárias e centenas de feridos. Ao longo do mês, o uso da violência escalou, passando de bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água a armas de fogo. Na última quinta feira, 25 de agosto, o estudante de 16 anos Manuel Gutiérrez morreu baleado com um tiro no peito. Os acontecimentos no Chile vêm repercutindo por toda a América Latina e em outros continentes, deixando em evidência que a concepção de educação como direito humano fundamental está em risco assim como o direito à livre manifestação"


Camilla Croso é coordenadora da Campanha Latinoamericana pelo Direito à Educação (CLADE) e presidenta da Campanha Mundial pela Educação (CME). René Varas é Secretário Executivo do Foro Nacional Educación de Calidad para Todos do Chile.

Manifestantes ocupam Wall Street



Centenas de manifestantes se reuniram neste sábado no sul de Manhattan com o objetivo de ocupar as ruas do centro financeiro de Wall Street durante meses, inspirados pelos protestos da primavera árabe e dos indignados na Espanha.

Por volta do meio-dia em Nova York (13h em Brasília), dezenas de pessoas começaram a concentrar-se no parque Bowling Green, onde se encontra a famosa escultura do touro símbolo de Wall Street.

Com o lema "Agarre o touro pelos chifres" em seus panfletos, os organizadores do movimento "Occupy Wall Street" buscavam atrair cerca de 20 mil pessoas em um acampamento, e montar barricadas pacíficas para ocupar o local por alguns meses, segundo a declaração de objetivos divulgada no site do movimento.
"Como nossos irmãos e irmãs no Egito, Grécia, Espanha e Islândia, planejamos usar a tática revolucionária de ocupação em massa para restaurar a democracia nos Estados Unidos", afirmam os organizadores.

A campanha, iniciada por ativistas anônimos e respaldada pela revista canadense sem fins lucrativos "Adbuster", ganhou apoio do grupo anarquista Anonymous, conhecido por seus ataques piratas online, que se ofereceu a transmitir ao vivo o acontecimento na Internet.

A base do protesto é a isenção de impostos dos maiores acumuladores de riquezas do país, em contraponto com as altas taxas pagas pela população. "O que temos em comum é que somos 99% da população que não tolerará mais a cobiça e a corrupção do outro 1%", diz a declaração de intenções.

O Departamento policial de Nova York, que fechou o tráfego das ruas principais do distrito financeiro, não ofereceu por enquanto números oficiais de manifestantes, embora vários veículos da imprensa tenham citado centenas de pessoas.

Na rede social Twitter, a tag #occupywallstreet, transformada em uma das mais populares do dia desde a manhã, foi substituída horas mais tarde por #takewallstreet, depois que os organizadores da campanha denunciaram o bloqueio da primeira.

A maioria dos presentes, segundo o site oficial, eram "jovens, bem educados e mal pagos", que não buscam a violência e têm "o interesse de devolver os Estados Unidos nas mãos dos cidadãos individuais". O grupo planeja organizar concentrações similares em outros pontos do país, sendo a próxima no dia 6 de outubro em Washington.

*esquerdopata