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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 02, 2011

Lula agradece apoio e chama todos à luta


Num vídeo, gravado pelo fotógrafo Roberto Stuckert, o presidente Lula agrade as manifestações de solidariedade e, mesmo com a voz falhando, convoca a todos para não darem espaço ao pessimismo, apoiarem Dilma e manterem a certeza de que o Brasil mudou e que temos, finalmente, um futuro que começa no presente, e não mais apenas na imaginação.
Se ele, diante do problema que enfrenta, conserva este ânimo, cada um de nós pode dar um pouco mais de empenho para que, poupando Lula, a luta não esmoreça por um minuto sequer.

O que Dilma dirá ao G-20:




Ontem, na solenidade “As empresas mais admiradas”, realizada pela Revista Carta Capital, a presidenta Dilma Rousseff fez uma espécie de avant-premiére do que será sua fala na reunião do G-20, que se inicia quinta-feira, em Cannes, na França.
Creio que haverá três pontos-chave na sua fala.
A primeira, propor – certamente diante de ouvidos moucos – que a crise seja enfrentada sem medidas recessivas, as mesmas que não deram certo nunca. “Se todos fizerem ajustes recessivos, a recessão será uma profecia autorrealizável”, adiantou Dilma.
A segunda, que será mencionada e seguirá mais forte nos diálogos bilaterais, é a de que o Brasil ajudará num projeto de recuperação que leve em conta o aquecimento da economia européia, mas dentro de um quadro institucional, via FMI, com o correspondente apoio da Europa á reestruturação de poder dentro do Fundo e à mudança de seus enfoques econômicos. Para esta, os ouvidos já não poderão ser “de mercador”, porque eles precisam e já viram que a China não virá com seu dinheirinho ajudar tão fácil assim.
Por fim, Dilma vai apontar o Brasil como destino favorável aos capitais sem emprego seguro nas economias centrais, ressaltando a força de nosso mercado interno, a solidez de nossos fundamentos econômicos e a perspectiva de reaceleração do crescimento a partir do início do ano que vem, animada por nosso consumo doméstico.
PS. Leia mais sobre as condições da ajuda do Brasil à União Europeia aqui 
*Tijolaço

Câncer do Lula.
O Brasil que odeia



O Conversa Afiada reproduz excelente artigo de Maria Inês Nassif, a partir do Blogger:

O JORNALISMO-URUBÚ E A DOENÇA DE LULA


Guia de boas maneiras na política. E no jornalismo

Maria Inês Nassif

A cultura de tentar ganhar no grito tem prevalecido sobre a boa educação e o senso de humanidade na política brasileira. E o alvo preferencial do “vale-tudo” é, em disparada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por algo mais do que uma mera coincidência, nunca antes na história desse país um senador havia ameaçado bater no presidente da República, na tribuna do Legislativo. Nunca se tratou tão desrespeitosamente um chefe de governo. Nunca questionou-se tanto o merecimento de um presidente – e Lula, além de eleito duas vezes pelo voto direto e secreto, foi o único a terminar o mandato com popularidade maior do que quando o iniciou.


A obsessão da elite brasileira em tentar desqualificar Lula é quase patológica. E a compulsão por tentar aproveitar todos os momentos, inclusive dos mais dramáticos do ponto de vista pessoal, para fragilizá-lo, constrange quem tem um mínimo de bom senso. A campanha que se espalhou nas redes sociais pelos adversários políticos de Lula, para que ele se trate no Sistema Único de Saúde (SUS), é de um mau gosto atroz. A jornalista que o culpou, no ar, pelo câncer que o vitimou, atribuindo a doença a uma “vida desregrada”, perdeu uma grande chance de ficar calada.


Até na política as regras de boas maneiras devem prevalecer. Numa democracia, o opositor é chamado de adversário, não de inimigo (para quem não tem idade para se lembrar, na nossa ditadura militar os opositores eram “inimigos da pátria”). Essa forma de qualificar quem não pensa como você traz, implicitamente, a ideia de que a divergência e o embate político devem se limitar ao campo das ideias. Esta é a regra número um de etiqueta na política.


A segunda regra é o respeito. Uma autoridade, principalmente se se tornou autoridade pelo voto, não é simplesmente uma pessoa física. Ela é representante da maioria dos eleitores de um país, e se deve respeito à maioria. Simples assim. Lula, mesmo sem mandato, também o merece. Desrespeitar um líder tão popular é zombar do discernimento dos cidadãos que o apoiam e o seguem. Discordar pode, sempre.


A terceira regra de boas maneiras é tratar um homem público como homem público. Ele não é seu amigo nem o cara com quem se bate boca na mesa de um bar. Essa regra vale em dobro para os jornalistas: as fontes não são amigas, nem inimigas. São pessoas que estão cumprindo a sua parte num processo histórico e devem ser julgadas como tal. Não se pode fazer a cobertura política, ou uma análise política, como se fosse por uma questão pessoal. Jornalismo não deve ser uma questão pessoal. Jornalistas têm inclusive o compromisso com o relato da história para as gerações futuras. Quando se faz jornalismo com o fígado, o relato da história fica prejudicado.


A quarta regra é a civilidade. As pessoas educadas não costumam atacar sequer um inimigo numa situação tão delicada de saúde. Isso depõe contra quem ataca. E é uma péssima lição para a sociedade. Sentimentos de humanidade e solidariedade devem ser a argamassa da construção de uma sólida democracia. Os formadores de opinião tem a obrigação de disseminar esses valores.


A quinta regra é não se deixar contaminar por sentimentos menores que estão entranhados na sociedade, como o preconceito. O julgamento sobre Lula, tanto de seus opositores políticos como da imprensa tradicional, sempre foi eivado de preconceito. É inconcebível para esses setores que um operário, sem curso universitário e criado na miséria, tenha ascendido a uma posição até então apenas ocupada pelas elites. A reação de alguns jornalistas brasileiros que cobriram, no dia 27 de setembro, a solenidade em que Lula recebeu o título “honoris causa” pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, é uma prova tão evidente disso que se torna desnecessário outro exemplo.


No caso do jornalismo, existe uma sexta regra, que é a elegância. Faltou elegância para alguns dos meus colegas.


(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo

*PHA

John Cage Uma das obras mais polêmicas de toda a história da música de concerto.


*comtextolivre

A verdade sobre a Líbia


*comtextolivre

terça-feira, novembro 01, 2011

Supremo rasgou a Constituição
para absolver Gilmar

Este ansioso teve acesso a novo movimento do corajoso advogado Alberto Piovesan.

Como se sabe, Piovesan foi ao Senado e ao Supremo para tentar o impeachment do ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (*).

Na verdade, Piovesan queria que o Senado e o Supremo apurassem informações de amplo conhecimento público: as relações entre o ex-Supremo e um dos 2001 advogados de Daniel Dantas (o banqueiro condenado a 10 anos de cadeia), o notório Dr Sergio Bermudes, são de fazer corar a Madre Superiora.

Tanto assim que este ansioso blog considerou um verdadeiro BO o trabalhou do dr Piovesan.

Pois, não é que o Senado do Presidente Sarney engavetou o trabalho do dr Piovesan ?

Piovesan recorreu ao Supremo.

E o Supremo absolveu Gilmar Dantas (*).

Só que agora se sabe que, para absolver Gilmar Dantas (*), o Supremo rasgou a Constituição !

Viva o Brasil !

Leia a seguir o embargo com que Piovesan sugere ao Supremo respeitar a Constituição:

EXMO. SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI

RELATOR DO MANDADO DE SEGURANÇA Nº 30672

DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

ALBERTO DE OLIVEIRA PIOVESAN, já qualificado nos autos do MANDADO DE SEGURANÇA nº 30672, vem em causa própria, respeitosamente, ante Vossa Exce-lência, com base nos artigos 337 e 338 do Regimento Interno dessa Egrégia Corte, tempestivamente interpor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ao v. Acórdão publicado no D.J. no último dia 18 do corrente mês de outubro de 2011, face a existência de omissão que impõe seja declarado nulo o respectivo julgamento concluído em 15 de setembro deste ano de 2011, conforme em seguida expõe.


A omissão decorreu da falta de verificação do quorum mínimo para o julgamento.


A matéria é constitucional. Tanto que do cabeçalho da própria Ementa do V. Acórdão consta expressamente esta circunstância (grifei):


“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. IMPEACHMENT. MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FE-DERAL. RECEBIMENTO DE DENÚNCIA. MESA DO SENADO FEDERAL. COMPETÊNCIA.”


No feito discute-se se a exata observância do disposto no artigo 52, II, da Constituição Federal, realiza-se mediante decisão colegiada do Senado Federal, ou concor-rentemente de seu Presidente e da respectiva Mesa.


E tanto é tranquilamente de índole constitucional a questão, que também o precedente citado na R. Decisão Agravada assim considerou a relacionada ao processo de impeachment.


Não é preciso mais argumentar, para tanto concluir.


Desta certeza resulta que o quorum mínimo para que o Egrégio Plenário decidisse o recurso é de 8 (oito) Ministros, nos termos do artigo 143 do Regimento Interno desse Egrégio Supremo Tribunal Federal:


“Art. 143. O Plenário, que se reúne com a pre-sença mínima de seis Ministros, é dirigido pelo Presidente do Tribunal.


Parágrafo único. O quorum para votação de matéria constitucional e para a eleição do Presidente e do Vice-Presidente, dos membros do Conselho Nacional da Magistratura e do

Tribunal Superior Eleitoral é de oito Ministros.


É certo que na Sessão em que iniciado o julgamento do Agravo Regimental, do dia 17 de agosto de 2011, havia quorum para julgar o caso. Nessa Sessão apenas o Eminente Ministro


Relator proferiu seu Voto, tendo pedido vista o também Eminente Ministro Marco Aurélio. Mas, na Sessão do dia 15 de setembro de 2011, na qual o Ministro Marco Aurélio proferiu seu R. Voto, e foram colhidos os dos demais Ministros presentes e deu-se por concluído o julgamento, registrou-se, conforme consta do R. Acórdão, ausência justificada na votação do recurso de três dos Srs. Ministros que compõe esse Egrégio Supremo Tribunal Federal:


“A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Minis-tros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, negar provimento ao recurso de agravo. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Ausentes, justificadamente, os Senhores Mi-nistros Celso de Mello, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa.


Brasília, 15 de setembro de 2011.”


Nessa ocasião o Egrégio Supremo Tribunal Federal contava com 10 (dez) Ministros, ante a aposentadoria de também Eminente Sra. Ministra, vaga que ainda não está preenchida.


Tem-se então que compunham a Sessão de 15 de setembro de 2011, no momento da votação do Agravo Regimental, apenas 7 (sete) Srs. Ministros, número inferior ao quorum exigido pelo próprio Regimento Interno para, vale enfatizar, votação de matéria constitucional.


Por falta de quorum, a decisão ora embargada é nula.


E por esta razão não se há ainda de apontar, nestes embargos, eventuais circunstâncias que em tese possibilitem aclaramento, o que se afirma com o costumeiro e devido respeito, em relação ao substancioso e respeitável Voto do Eminente Ministro Marco Aurélio, sendo também, por ora, pela mesma razão, e feitas as mesmas reverências, inoportunas ainda quaisquer considerações em relação ao costumeiramente primoroso e respeitável Voto do Eminente Sr. Ministro Relator, únicos que estão escritos no V. Acórdão.


O Embargante reconhece que dificilmente, em novo julgamento, haverá resultado diferente.


Sabe, todavia, que o voto faltante, acaso perfilhe a tese desenvolvida no Agravo, poderá sensibilizar os Srs. Ministros, juízes que são e, portanto, sempre dispostos a re-considerarem posições quando juridicamente convencidos.


E é para possibilitar mais debates, tendentes a solver todas as dúvidas envolvendo matérias constitucionais, uma das razões da exigência de quorum qualificado para decidir questão relevante como a posta ao crivo desse Supre-mo Tribunal Federal, a qual é, inegavelmente, matéria constitucional.


Pelo exposto o Embargante requer sejam provi-dos estes embargos de declaração para, sanada a omissão quanto à verificação do quorum exigido pelo Regimento In-terno desse Egrégio Supremo Tribunal Federal quando da conclusão do julgamento do Agravo Regimental interposto de decisão proferida no Mandado de Segurança nº 30672, e pa-tente a sua insuficiência, seja declarada a nulidade apontada, e realizado novo julgamento.


De Vitória/ES para Brasília, em 20 de outubro de 2011


ALBERTO DE OLIVEIRA PIOVESAN



(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews  e da CBN se refere a Ele.
*PHA

A depravação da América

A cultura dos Estados Unidos foi inundada por um tsunami de mentiras. O marketing se tornou a atividade predominante da cultura. É uma coisa seguida por pessoas de negócios, políticos e pela mídia. O dinheiro é tudo o que importa. Foi-se o tempo em que a ética protestante definia o caráter dos EUA. Ela foi usada pelos sociólogos como fator responsável pelo sucesso do capitalismo na Europa do Norte e nos EUA, mas a ética protestante e o capitalismo se tornaram incompatíveis. A "América" está se tornando uma região de depravação raramente superada pelas piores nações da história.
Foi-se o tempo em que a ética protestante definia o caráter dos Estados Unidos. Ela foi usada como fator responsável pelo sucesso do capitalismo na Europa do Norte e na América, pelos sociólogos, mas a ética protestante e o capitalismo são incompatíveis, e o capitalismo, em última análise, faz com que a ética protestante seja abandonada.
Há um novo ethos que emergiu, e as elites governamentais não o entendem. Trata-se do etos da “grande oportunidade”, do “prêmio”, da “próxima grande ideia”. A marcha lenta e deliberada em direção ao sucesso é hoje uma condenação do destino. Junto à próxima grande ideia comercial está o novo modelo do "sonho americano". Tudo o que importa é o dinheiro. Dada essa atitude, poucos na América expressam preocupações morais. A riqueza é só o que se tem em vista; vale inclusive nos destruir para alcançá-la. E se não chegamos lá ainda, certamente em breve chegaremos.
Eu suspeito que a maior parte das pessoas gostaria de acreditar que sociedades, não importa as bases de suas origens, tornam-se melhores com o tempo. Infelizmente a história desmente essa noção; frequentemente as sociedades se tornam piores com o tempo. Os Estados Unidos da América não é exceção. O país não foi benigno em sua origem e agora declina, tornando-se uma região de depravação raramente superada pelas piores nações da história.
Embora seja impossível encontrar números que provem que a moralidade na América declinou, evidências cotidianas estão onde quer que se veja. Quase todo mundo pode citar situações nas quais o bem estar das pessoas foi sacrificado pelo bem das instituições públicas ou privadas, mas parece impossível citar um só exemplo de instituição pública ou privada que tenha sido sacrificada em nome do povo.
Se a moralidade tem a ver com o modo como as pessoas são tratadas, pode-se perguntar legitimamente onde a moralidade desempenha um papel no que está se passando nos EUA? A resposta parece ser: “Em lugar nenhum!” Então, o que tem aconteceu nos EUA para se ter a atual epidemia de afirmações de que a moralidade na América colapsou?
Bem, a cultura mudou drasticamente nos últimos cinquenta anos. Foi isso o que aconteceu. Houve um tempo em que a "América", o "caráter americano", era definido em termos do que se chamava de Ética Protestante. O sociólogo Max Weber atribuiu o sucesso do capitalismo a isso. Infelizmente, Max foi negligente; ele estava errado, completamente errado. O capitalismo e a ética protestante são inconsistentes entre si. Nenhum dos dois pode ser responsável pelo outro.
A ética protestante (ou puritana) está baseada na noção de que o trabalho duro e a ascese são duas consequências importantes para ser eleito pela graça da cristandade. Se uma pessoa trabalha duro e é frugal, ele ou ela é considerado como digno de ser salvo. Esses atributos benéficos, acreditava-se, fizeram dos estadunidenses o povo mais trabalhador do que os de quaisquer outras sociedades (mesmo que as sociedades protestantes europeias fossem consideradas parecidas e as católicas do sul da Europa fossem consideradas preguiçosas).
Alguns de nós afirmam agora que estamos testemunhando o declínio e a queda da ética protestante nas sociedades ocidentais. Como a ética protestante tem uma raiz religiosa, o declínio é frequentemente atribuído a um crescimento do secularismo. Mas isto seria mais facilmente verificável na Europa do que na América, onde o fundamentalismo protestante ainda tem muitos seguidores. Então deve haver alguma outra explicação para o declínio. Mesmo que o crescimento do secularismo tenha levado muita gente a dizer que ele destruiu os valores religiosos juntamente aos valores morais que a religião ensina, há uma outra explicação.
No século XVII, a economia colonial da América era agrária. Trabalho duro e ascese combinam perfeitamente com essa economia. Mas a América não é mais agrária. A economia dos EUA hoje é definida como capitalismo industrial. Economias agrárias raramente produzem mais do que é consumido, mas economias industriais o fazem diariamente. Assim, para se manter a economia industrial funcionando, o consumo deve não apenas ser contínuo, como continuamente crescente.
Eu duvido que haja um leitor que não tenha escutado que 70% da economia dos EUA resulta do consumo. Mas 70% de um é 0,7, ou de dois é 1,4, de três, 2,1, etc. À medida que economia cresce de um a dois pontos do PIB, o consumo deve crescer de 0,7 para 1,4 pontos. Mas o aumento crescente do consumo não é compatível com a ascese. Uma economia industrial requer gente para gastar e gastar, enquanto a ascese requer gente para economizar e economizar. A economia americana destruiu a ética protestante e as perspectivas religiosas nas quais foi fundada. O consumo conspícuo substituiu o trabalho duro e a poupança.
No seu A Riqueza das Nações, Adam Smith afirma que o capitalismo beneficia a todos, desde que cada um aja em benefício dos outros. Agora estão nos dizendo que “economizar mais e cortar gastos pode ser um bom plano para lidar com a recessão. Mas se todo mundo proceder assim isso só vai tornar as coisas piores....aquilo de que a economia mais precisa é de consumidores gastando livremente”. A grande recessão atingiu Adam Smith na sua cabeça, mas o economista admitiria isso. “Um ambiente em que todos e cada um quer economizar não pode levar ao crescimento. A produção necessita ser vendida e para isso você precisa de consumidores”.
Poupar é (presumivelmente) bom para indivíduos, mas ruim para a economia, a qual requer gasto contínuo crescente. Se um economista tivesse dito isso na minha frente, eu teria lhe dito que isso significa claramente que há algo fundamentalmente errado com a natureza da economia, que isso significa que a economia não existe para prover as necessidades das pessoas, mas que as pessoas existem apenas para satisfazer as necessidades da economia. Embora não pareça isso, uma economia assim escraviza o povo a quem diz servir. Então, de fato, o capitalismo industrial perpetrou a escravidão; ele tem reescravizado aqueles que um dia emancipou.
Quando o consumo substituiu a poupança na psique americana, o resto de moralidade afundou junto na depravação. A necessidade de vender requer marketing, o que nada mais é que a mentira das mentiras. Afinal de contas, toda empresa é fundada no que disse o livro de Edward L. Bernays, de 1928: Propaganda. A cultura americana tem sido inundada por um tsunami de mentiras. O marketing se tornou a atividade predominante da cultura. Ninguém pode se isolar disso. É uma coisa seguida por pessoas de negócios, políticos e pela mídia. Ninguém pode ter certeza de estarem lhe contando a verdade a respeito de alguém. Nenhum código moral pode sobreviver numa cultura de desonestidade, e de resto, ninguém pode!
Tendo subvertido a ética protestante, a economia destruiu toda ética que a América um dia promoveu. O país tornou-se uma sociedade sem um etos, uma sociedade sem propósito humano. Os americanos se tornaram cordeiros sacrificáveis para o bem das máquinas. Então, um novo etos emergiu do caos, um etos que a elite governamental desconhece completamente.
Diz-se frequentemente que Washington perdeu o contato com as pessoas que governa, que não entende mais seu próprio povo ou como sua cultura comum funciona. Washington e a elite do país não entendem isso, mas a cultura não valoriza mais o certo sobre o errado ou o trabalho duro e a ascese sobre a preguiça e a extravagância. Hoje os americanos estão buscando a “grande oportunidade”, o “prêmio”, a “próxima grande ideia”. O Sonho Americano foi hoje reduzido ao “acertar em cheio!”. A longa e deliberada estrada para o sucesso é uma condenação. Vejam American Idol, The X-Factor e America’s Got Talent e testemunhe a horda que se apresenta para os auditórios. Essas pessoas, em sua maior parte, não trabalharam duro em nada na vida. Contem o número de pessoas que regularmente apostam na loteria. Esse tipo de aposta não requer trabalho algum. Tudo o que essas pessoas querem é acertar em cheio. E quem é nosso homem de negócios mais exaltado? O empreendedor!
Empreendedores são, na sua maior parte, fogo de palha, mesmo que haja exceções notáveis. O problema com o empreendedorismo, no entanto, é a alta conta em que passou a ser tomado. Mas o único valor ligado a ele é a quantidade de dinheiro que os empreendedores têm feito. Raramente ouvimos alguma coisa a respeito do modo nefasto como esse dinheiro foi feito. Bill Gates e Mark Zuckerberg, por exemplo, dificilmente representam imagens de pessoas com moralidade exemplar, mas na economia sem escrúpulos morais, ninguém se importa; tudo o que importa é o dinheiro.
Dada essa atitude, por que alguém, nessa sociedade, expressaria preocupações morais? Poucos na América o fazem. Assim, enquanto a elite americana fala na necessidade de produzir força de trabalho sustentável para as necessidades de sua indústria, as pessoas não querem nada disso.
A elite frequentemente lastima a falência do sistema educacional americano e tem tentado melhorá-lo sem sucesso, por várias décadas. Mas se alguém presta atenção no atual estado de coisas na América, vê que a maior parte dos empreendedores de sucesso são pessoas que abandonaram faculdades. Como se pode convencer a juventude de que a educação universitária é um empreendimento que vale a pena? Assim como Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg mostraram, aprender a desenhar um software não requer graduação universitária. Nem ganhar na loteria ou vencer o American Idol. Fazer parte da Liga Nacional de Futebol pode requerer algum tempo na universidade, mas não a graduação. Todo o empreendedorismo requer uma nova ideia mercantil.
Entretenimento e esportes, loterias e programas de jogos e disputas, produtos de consumo de que as pessoas não tiveram necessidade por milhões de anos são agora as coisas que formam a cultura americana. Mas não são coisas, são lixo; não podem formar a base de uma sociedade humana estável e próspera. Esta é uma cultura governada meramente por um atributo: a riqueza, bem ou mal havida!
A capacidade humana de autoengano é sem limites. Os estadunidenses vêm se enganando com a crença de que a riqueza agregada, a soma total de riquezas, em vez de como ela é distribuída, dá certo. Não importa como foi obtida ou o que foi feito para se obter tal riqueza. A riqueza agregada é a única coisa que se tem em vista; é algo pelo que vale à pena destruir a nós mesmos. E mesmo que não o tenhamos alcançado ainda, em breve certamente o conseguiremos.
A história descreve muitas nações que se tornaram depravadas. Nenhuma delas jamais se reformou. Nenhum garoto bonito pode ser convocado para desfazer a catástrofe do Toque de Midas. O dinheiro, afinal de contas, não é uma coisa de que os humanos precisem para sobreviver, e se o dinheiro não é usado para produzir e distribuir as coisas necessárias, a sobrevivência humana é impossível, não importa o quanto de riqueza seja agregada ou acumulada.
John Kozy é professor aposentado de filosofia e lógica que escreve sobre assuntos econômicos, sociais e políticos. Depois de ter servido na Guerra da Coréia, passou 20 anos como professor universitário e outros 20 trabalhando como escritor. Publicou um livro de lógica formal, artigo acadêmicos. Sua página pessoal é http://www.jkozy.com onde pode ser contatado.
Tradução: Katarina Peixoto
*Carta Maior

WAGNER MOURA: "EU NÃO FALO COM A REVISTA VEJA"

Matéria extraída do Blog de Luis Nassiff, postada por José Luís Ribeiro da Silva.

Wagner Moura diz que revista Veja é "reacionária", "conservadora" e "elistista".
Wagner Moura diz que revista Veja é "reacionária", "conservadora" e "elitista".

Dando uma pausa na linha literária. Terminei de ler a entrevista do ator Wagner Moura na edição deste mês da revista “Caros Amigos”. Recomendo a leitura. Entre outros assuntos, o ator fala (ainda) sobre as polêmicas em torno do filme Tropa de Elite e diz o que pensa da mídia brasileira.
Wagner declarou, sem meias palavras, que não dá entrevistas à “Veja”, por considerá-la “uma revista de extrema direita brasileira”. Confira um aperitivo:
“A linha editorial da revista Veja, uma revista de extrema direita brasileira. Eu me lembro claramente de uma capa da revista Veja que me indignou profundamente, sobre o desarmamento, que dizia assim: “Dez motivos para você votar ‘Não’ “. Eu me lembro claramente da revista Veja elogiando Tropa de Elite pelos motivos mais equivocados do mundo. E semana sim, semana não está sacaneando colega nosso: Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini, de uma forma escrota, arrogante, violenta. Outro motivo é que na revista Veja escreve Diogo Mainardi! Eu não posso compactuar com uma revista dessas, entendeu? Conservadora, elitista. Então, não falo com a revista Veja, assim como não falo para a revista Caras. Agora, a mídia é um negócio complexo, importante. A imprensa brasileira, nessa episódio agora do Congresso, cumpre um papel sensacional. Achei ótimo o fim dessa lei de imprensa, careta, antiga. Acho que a imprensa tem que se sentir livre e trabalhar e quem se sentir agredido por ela entra em juízo e processa”.
Pegando carona na metáfora usada pelo ator em outro trecho da entrevista, muita gente ainda não tomou a pílula nem despertou para o deserto do real – são os que ainda estão conectados à Matrix. Felizmente, é uma espécie cada vez menos numerosa.
http://embolandopalavras.com.br/?p=73
*Historiavermelha

Selvageria contra Lula foi "ensinada" pela imprensa

Autor: Weden  no blog do Nassif

Não há porque o jornalista Gilberto Dimenstein se espantar com a falta de educação de leitores da Folha em relação à doença de Lula. Nem pode se supreender quando olhar as caixas de comentários dos portais do Estadão, do Globo e da Veja, por exemplo.



A selvageria, que se esconde muitas vezes sob o manto do anonimato, nada mais é do que a continuidade do primitivismo jornalístico praticado por muitos dos seus próprios colegas de trabalho, seja na Folha, seja nos outros veículos acima citados.



O modo como os blogueiros selvagens da Veja - com especial atenção aos dois leões de chácara Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes - se referem ao ex-presidente, e o ódio que eles encarnam, não é muito diferente do modo como alguns representantes de uma classe média deseducada - felizmente, minoritária - se refere àquele que saiu do poder com 80% de aprovação.



Exercícios de falta de educação e decoro jornalístico podem ser encontrados em editoriais - um espaço que, por definição, deveria representar a voz respeitosa dos veículos - do Globo, da Folha e do Estadão, com xingamentos e referências sem escrúpulos a Luis Ignácio da Silva.



Assim como a repulsa mostrada por comentaristas e parajornalistas contra os eleitores de Lula resultou num clima de xenofobia e preconceito jamais observado publicamente neste país, a voz carregada de nojo e ódio de uma Lucia Hipólito - que não conseguiu esconder o júbilo pela doença de Lula - ou de um Arnaldo Jabor, ou ainda de um Merval Pereira, produzem seus ecos no comportamento de leitores que não conheceram a civilidade e as regras de comportamento do espaço público.



Autores desqualificados produzem ou pelo menos atraem leitores desqualificados. Antes de se envergonhar dos leitores, Gilberto Dimenstein deveria se envergonhar de alguns nomes que compartilham com ele o mesmo ambiente midiático.
*BrasilMobilizado

PSDB e imprensa corrupta dizem que os aeroportos precisam melhorar , mas não conseguem administrar uma linha de metrô. Não "Veja" no "JN" !

Secretário de Transportes de SP diz que linha 4 tem "situação mais caótica" do metrô, mas dá nota 7,5

Janaina Garcia

Em São Paulo


Desorganização do metrô de São Paulo prejudica usuários

Foto 38 de 49 - Usuários se apertam para tentar embarcar em trem da linha 1-azul, na estação Sé, sentido Jabaquara, na manhã de sexta-feira (28). Desorganização "rouba" até 30% do tempo de viagem do usuário de metrô em São Paulo Mais Rodrigo Paiva/UOL
Anunciada como a “linha da integração”, a linha 4-amarela do metrô de São Paulo até ajuda o usuário a poupar tempo em comparação ao percurso que seria feito de carro ou ônibus. Ainda assim, uma coleção de problemas de fluxo e transferência de passageiros também fez a via ser classificada pelo próprio governo de São Paulo em uma pouco atrativa “situação mais caótica” dentro do sistema metroviário. 
 
 

Não "Veja" no "Jornal Nacional":Dívida total do governo brasileiro é a menor em 64 anos, diz BC

Portal Terra 
Luciana Cobucci
A dívida líquida total do governo atingiu, em setembro, saldo de R$ 1,4 trilhão, o equivalente a 37,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro - a soma de todas as economias produzidas no país. É o menor valor em relação ao PIB já registrado, segundo informou nesta segunda-feira o Banco Central (BC). A série histórica da autoridade monetária começa em 1947.
O superávit primário do governo federal (a economia feita para pagar os juros da dívida pública) atingiu R$ 8,1 bilhões em setembro.
O esforço fiscal, no entanto, não foi suficiente para pagar os juros da dívida de setembro, que ficou em R$ 17,2 bilhões. Assim, o déficit nominal - receita menos despesas - ficou em R$ 9,1 bilhões.
A meta para a economia do governo federal no ano é de R$ 127,9 bi. De janeiro a setembro, o governo já economizou R$ 104,6 bilhões, equivalente a 81,8% da meta para 2011.O governo central - Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social - economizou, em setembro, R$ 5,4 bilhões.
Os governos estaduais e municipais foram responsáveis por um superávit de R$ 2,2 bilhões. Já as empresas estatais tiveram déficit de R$ 46 milhões.