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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, novembro 07, 2011
Haddad explica por que a elite de SP odeia o ENEM
Saiu no Valor, pág. A8 :
Haddad diz que Enem será sua “grande bandeira” em SP
Por Cristiane Agostine | Valor
SÃO PAULO – O ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), disse hoje que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será uma “grande bandeira” de sua eventual campanha na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2012. O pré-candidato petista minimizou os problemas que marcaram a avaliação nos últimos três anos. Segundo Haddad, foram atos criminosos, e não falhas do ministério.
“O Enem será uma grande bandeira”, declarou o ministro na manhã de hoje, pouco antes de participar de um encontro do PT com a militância, em Guaianases, na zona leste da capital paulista. “Hoje o jovem de baixa renda tem acesso à educação superior por causa do Enem. Como é que vai obter uma bolsa do Prouni sem o Enem? Como vai para uma federal?”, afirmou Haddad, ao ser questionado sobre os problemas envolvendo a avaliação. “O Enem não é problema, mas sim a solução”, comentaram correligionários de Haddad, ao lado do ministro.
Na campanha, o ministro pretende mostrar o exame nacional como uma forma de ampliar o acesso da população mais carente ao ensino superior. “O paulistano tinha 10 mil vagas na USP, com 75% dessas vagas preenchidas por alunos da escola particular. Agora o jovem de escola pública tem 150 mil bolsas do Prouni e 150 mil bolsas das federais fazendo o Enem em São Paulo. Mudou a vida dele”, disse Haddad.
O ministro evitou falar sobre os problemas que marcaram o Enem em 2009, 2010 e 2011 e disse que não foram falhas de sua gestão à frente da Pasta . “O país não amadureceu ainda como um todo para perceber a grandeza desse projeto. Quando uma pessoa atenta contra um exame desses não percebe o mal que ele faz para um sistema que visa só melhorar as condições de vida da população”, declarou. “Crime, só combatendo”, afirmou Haddad.
…
(Cristiane Agostine | Valor)
E o que é a USP ?
Segundo colonista (*) que ocupa o espaço do Clovis Rossi na pág. 2 da Folha (**), “a implantação (sic) da USP, em 1934, foi um dos maiores acertos (sic) da oligarquia paulista. Era um projeto elitista, no sentido modernizador (sic) …”Projeto elitista no sentido modernizador …
Amigo navegante, esses arautos da elite (ou “novos ricos”) de São Paulo são imbatíveis.
Elitista modernizador …
Paulo Henrique Amorim
O palpite infeliz de Bill Gates
Fundador da Microsoft, Bill Gates passou pelo Brasil e disse, em entrevista a Patrícia Campos Mello, que nós precisamos colaborar mais com os países pobres.
Nós ajudamos, disse, mas é pouco. Já os Estados Unidos, seguiu, são o pais que mais ajuda os pobres no mundo.
Confesso que deve ser gostoso ser americano e pensar como Bill Gates. Ele parece firmemente convencido de que seu país fazem bem à humanidade.
Os Estados Unidos quebraram a economia mundial com seus derivativos. Torraram 4 trilhões de dólares em guerras que só contribuiram para elevar a tensão política e diplomática no planeta. Num esforço para recuperar o terreno perdido de suas empresas, os EUA mantém o dólar artificialmente baixo. Isso prejudica a industria dos países emergentes e atrapalha a criação de empregos.
Eu poderia lembrar outros exemplos mas acho que basta, não? Nenhuma dessas medidas contribuiu para o bem-estar da humanidade. Nenhum problema foi resolvido.
É certo que, com uma pequena fração desses ganhos, os EUA estimulam a filantropia. Nada contra os bons sentimentos. Mas vamos combinar que se trata de uma técnica conhecida: a mão que retira a riqueza com um caminhão devolve uma parte que cabe numa colher de sopa.
Deve ser bom ver o mundo como Bill Gates. Mas é dificil acreditar que seja verdade.
Amigo dele, Warren Buffett, bilionário e benfeitor, deixou toda sua herança para obras de caridade. Seus filhos receberam uma quantia tão pequena que devem ter ficado trauma pelo resto da vida, tamanha foi a malvadeza. Mas Warren Buffett admite que ainda assim não era suficiente.
Depois de olhar para a crise americana, concluiu que os ricos tem feito pouco para recuperar o país e escreveu um artigo dizendo que pessoas com sua fortuna deveriam pagar mais impostos. Mostrou que pagava, relativamente, menos imposto do que seus funcionários de renda muito menor. Buffett ficou do lado certo. Pouco depois, começou o Ocupe Wall Street, que denuncia uma economia onde 99% trabalham para enriquecer 1%.
*esquerdopata
Estão a ser repetidos erros económicos que levaram Hitler ao poder
Via Esquerda.net
Dois investigadores estudaram os cortes orçamentais e a agitação social na Europa entre 1919 e 2009. Um deles declara que a política económica e financeira de corte nos salários e nas despesas sociais foi o que os alemães viveram na década de 1930 e levou à ascensão de Hitler e alerta: “Repetir este erro é completamente imperdoável, em 2011”.
Exértico a alimentar pobres, Berlim, 1931 - Foto retirada da wikipedia
Joachim Voth e Jacopo Ponticelli são investigadores da universidade Pompeu Fabra de Barcelona e fizeram o estudo “Austeridade e Anarquia: Cortes Orçamentais e Agitação Social na Europa, 1919-2009”, que está disponível em inglês no site voxeu.org, o estudo e um sumário.
Em declarações à agência Lusa, Hans-Joachim Voth refere: “Quanto mais corto nos benefícios sociais, mais agitação social tenho. O nível expectável de agitação aumenta maciçamente à medida que cai a despesa do Estado”.
Segundo a agência, os dois investigadores estudaram os movimentos de contestação social ao longo de 90 anos, em 26 países, incluindo Portugal. O período que analisaram vai de 1919 a 2009, atravessando o ascenso do nazi-fascismo, uma guerra mundial, o fim do colonialismo e inúmeras revoltas e revoluções.
Ponticelli e Voth concluíram que os países que escolheram aumentar os impostos em vez de reduzir as prestações e serviços sociais enfrentaram menos contestação nas ruas.
“Ao ver o Estado cortar a despesa, ao dizer aos mais pobres que eles não têm prioridade, um número significativo vai decidir que este não é o género de sociedade em que querem viver”, salientou Voth à Lusa, comparando o fenómeno a um fogo – o fósforo pode ser uma causa exterior, mas o combustível são as razões que levam “tantas pessoas dispostas a assumir o pior e a decidir invadir as ruas” e partir para as formas mais extremas de contestação.
“Se tudo desabar na agitação social, haverá um segundo ciclo em que nos vamos deparar com menos crescimento e receitas fiscais ainda mais baixas. Depois tem que se cortar outra vez e vamos acabar numa espiral, vamos acabar por destruir grande parte do tecido social e político que mantém a estabilidade na Europa”, prevê Voth.
O investigador, nascido na Alemanha há 43 anos, diz mesmo que, no caso da crise na Grécia, a Europa vai “olhar para trás e ver que perdeu uma oportunidade gigante” para reforçar o continente e corrigir uma política económica e financeira que Voth compara mesmo àquela que levou à ascensão de Adolf Hitler.
“É o que os alemães viveram no início da década de 1930. A cada ano, o governo tomava novas medidas orçamentais, reduzia os salários da função pública, tentava equilibrar o orçamento e sempre que fazia isto a economia contraía ainda mais, as receitas fiscais era ainda mais baixas, o governo tinha de cortar mais e, no final, destruiu a democracia alemã”.
“Repetir este erro é completamente imperdoável, em 2011”, concluiu Voth.
Os insanos
Via Diário Liberdade
Laerte Braga
Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro do estado terrorista de Israel quer atacar o Irã e mobiliza apoios para essa insânia. Dentro e fora do seu país. Nos EUA, decisivo para as pretensões de Israel (mesmo hoje sob forte controle de grupos sionistas), falcões como são chamados os partidários das várias guerras inconsequentes que travam mundo afora tentam levar o governo Obama a apoiar essa desvairada loucura.
Um dos setores mais radicais do sionismo, o serviço secreto de Israel, a MOSSAD, se coloca contra a guerra, considera-a uma aventura. Militares norte-americanos já advertiram o governo que as consequências serão desastrosas em todos os sentidos em médio e longo prazo. Político, econômico e militar. Uma ação contra o Irã pode trazer como reação a unidade entre sunitas e xiitas e complicar a situação no Oriente Médio.
Nazi/sionistas enfrentam dificuldades em Israel. As manifestações contra o governo de Netanyahu e suas políticas terroristas crescem, tomam vulto e podem vir a se transformar num problema político interno sério.
Obama tem vinte milhões de indigentes nos EUA, não sabe como fazer para aplacar os protestos do movimento OCUPA WALL STREET (mas a Polícia sabe, tem baixado o sarrafo. Não seria o caso de ajuda humanitária da OTAN para evitar violações sistemáticas dos direitos humanos?), está às voltas com as colônias da Comunidade Europeia em estado falimentar e tem pela frente a disputa eleitoral de 2012. Quer mais quatro anos para fingir que é negro e tem práticas políticas diferentes das de seu antecessor, por exemplo, George Bush.
Radicais de extrema-direita tanto em Israel como nos EUA não consideram a questão econômico/financeira como problema para uma guerra contra o Irã. É o contrário. Entendem que é preciso liquidar de vez com qualquer perspectiva adversa no Oriente Médio. A “Primavera Árabe” é encarada como risco para os interesses dos dois países – Israel e EUA – e o único dado que levam em conta é o poder bélico que dispõem. Na avaliação desses insanos, destruir o Irã, liquidar com a Revolução Islâmica, vai permitir que os ajustes econômicos se façam pelo terror e pelo medo, mesmo que a China e eventualmente a Rússia possam se inquietar com o a voracidade terrorista do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A. E antes que o mal cresça, a reação dos povos árabes, é necessário cortá-lo pela raiz. É o modo de pensar dos malucos do IV Reich. Temem, entre outras coisas, que os generais egípcios, subordinados a Washington, percam o controle da situação no país e grupos islâmicos, em eleições livres, se transformem em governos. Se vão conseguir ou não é outra história. Via de regra têm alcançado seus objetivos desde o primeiro mandato de George Bush.
As forças armadas norte-americanas, os serviços de inteligência e os interesses daquilo que o general Eisenhower chamava de “complexo industrial e militar” são maiores que a propalada “democracia” tanto nos EUA, como em Israel. E estão privatizados nos milagres do neoliberalismo. A isso se juntam interesses de banqueiros, apavorados com a possibilidade de alguma mudança de maior porte da ordem econômica mundial e essa vir a representar a perda de juros, extorsões, etc. O fracasso militar no Afeganistão, ou as perdas no Iraque não pesam na balança de qualquer raciocínio dessa gente, pelo simples fato que não raciocinam. Eles grunhem, é bem diferente.
Um holocausto nuclear, hipótese não descartada, já que o governo de Israel dispõe de pelo menos cem ogivas dessa espécie e ameaça usá-las, também não assusta os insanos de Washington e Tel Aviv. As cavernas sempre estarão prontas para acolhê-los. Os cidadãos de seus países, nem de longe. São adereços no processo político da barbárie. O resto do mundo então! A maneira de agir dos insanos cresce em ferocidade na exata proporção das dificuldades econômicas e financeiras.
Do ponto de vista militar o Irã é uma incógnita, embora se saiba que sua capacidade de defesa seja maior que a de outros países da região. A ideia de começar a guerra fomentando manifestações contra o governo iraniano e a Revolução Islâmica a partir de mercenários infiltrados, como fizeram na Líbia, pode se repetir. O maior risco segundo alguns observadores inclusive da própria MOSSAD é o nacionalismo árabe. A inconsequência dessa gente, o jeito banana de ser de Barack Obama, pode ser visto em sua totalidade na decisão de cortar suas participações na UNESCO – órgão das Nações Unidas voltado para a cultura e a educação – pelo simples reconhecimento da Palestina como Estado independente e o direito de um assento no organismo. Retaliação imediata e brutal do complexo terrorista.
A superioridade militar desse complexo é indiscutível. O preço a ser pago esse não. De qualquer forma a insânia é de tal ordem que não se importarão de praticar ações militares de terra arrasada. Fizeram isso na Líbia. Ou massacram com o consentimento de governos locais, como o da Arábia Saudita, do Iêmen, ou ainda na Europa, como o da Grécia, ou despejam robôs travestidos de humanos e toneladas de bombas. Os pretextos são os de sempre. Armas químicas e biológicas que não existiam no Iraque. Violação dos direitos humanos na Líbia. Plano Colômbia para colonizar o país e instalar bases militares contra toda a América do Sul. Golpe militar em Honduras para afastar riscos de governo hostil. Todo um arsenal de mentiras geralmente ditas pelo primeiro-ministro britânico, mensageiro preferido de Washington e Tel Aviv. Londres é a pérola, o diamante, do império ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A. Tem um ar assim de rainha Elizabeth II, cheira a formol e traz destruição em sua genética. Um dos generais norte-americanos que defendem o plano de Israel de destruir o Irã, posto diante de uma pergunta sobre a reação dos chineses, respondeu assim – “e daí, vão nos atacar?”. Todo o poderio econômico da China, ou de quem quer que seja, ou venha a ser, é impotente contra a insânia de generais, políticos, banqueiros e grandes corporações empresariais montados em arsenais nucleares capazes de destruir o planeta centenas de vezes. A lógica dos insanos é a destruição.
Para figuras como Netanyahu pouco importa o que pensa boa parte dos cidadãos de Israel, ou do resto do mundo, desde que o poder terrorista possa ser mantido intacto. É ele que sustenta o poder econômico e permite as políticas históricas de saques, barbárie crueldade contra povos considerados inferiores. Por isso são insanos. Não há saída fora da luta nas ruas mesmo que o preço a ser pago seja alto. É uma questão de sobrevivência da espécie que se pretende classificada como humana e racional. E nem alternativas dentro do mundo chamado institucional em qualquer lugar. Está ruindo e a despeito de um bramir aqui e outro ali sujeita-se ao complexo terrorista.
Chegamos ao ápice da evolução.
Do processo civilizatório.
A insânia com o comando do leme.
EUA e Israel farão exercício militar conjunto com mais de cinco mil soldados
Via Ópera Mundi
De acordo com funcionário da Casa Branca, será o maior já realizado entre os dois aliados
Israel e Estados Unidos realizarão o “maior e mais significante” exercício militar conjunto já realizado na história entre os dois aliados. A afirmação foi feita neste sábado por Andrew Shapiro, secretário-adjunto de assuntos políticos e militares do Departamento de Estado norte-americano. As informações são do jornal israelense Haaretz.
Segundo Shapiro, que anunciou a decisão no Instituto de Políticas para o Oriente Médio em Washington, o exercício envolverá mais de cinco mil soldados dos dois países e irá realizar uma simulação de defesa antimíssil. “Exercícios conjuntos nos permitem aprender com a experiência israelense em conflitos urbanos e contraterrorismo”, disse.
O funcionário também revelou que, em breve, através de dispositivos legislativos, os dois países terão maior facilidade para comercializar armas, como já ocorre com Japão, Coréia do Sul, Austrália e Nova Zelândia, outros aliados dos norte-americanos.
"Nossa relação com Israel a respeito da segurança é mais ampla, profunda e intensa do que nunca”, disse Shapiro. Ele também afirmou que o fortalecimento militar israelense é uma prioridade top tanto para ele quanto para a secretária Hillary Clinton e o presidente Barack Obama.
Os EUA tem um contribuição anual de três bilhões de dólares com Israel, a qual, segundo Shapiro, a administração Obama continuará a honrar, mesmo em tempos orçamentários desafiadores.
Shapiro afirmou que a ajuda militar dos EUA para Israel é importante, pois ajuda a criar empregos para os norte-americanos. “Não damos essa assistência por caridade, nas porque também beneficia nossa própria segurança. E ajudamos Israel porque é de nosso interesse nacional fazê-lo”, disse Shapiro.
O funcionário acabou repetindo as conclusões do recente levantamento do Instituto, que argumento que o estado judeu é um aliado estratégico. “Se Israel se enfraquece, nossos inimigos se fortalecerão. Isso faria com que o conflito se espalhasse, o que seria catastrófico para os interesses norte-americanos na região. É a força militar israelense que poderá deter potenciais agressores e ajudar a forjar paz e estabilidade”.
O Irã e a perigosa aposta de Israel
Por Mauro Santayana, em seu blog:
Não se trata mais de hipótese: os falcões americanos e o governo britânico estão dispostos a apoiar ação militar de Israel contra o Irã, embora grande parte da opinião pública israelita advirta que essa aventura é arriscada. Aviões militares de Israel fazem manobras no Mediterrâneo e já se fala no emprego de mísseis de alcance médio contra o suposto inimigo. Seus líderes da extrema-direita, entre eles religiosos radicais, estimulam os cidadãos, com o argumento de que se trata de uma luta de vida ou morte.
Toda cautela é pouca na avaliação política da questão de Israel. Em primeiro lugar há que se separar o povo judaico do sionismo e do Estado de Israel - que parece condenado a sempre fazer guerra. Como disse um de seus grandes pensadores, se todos os estados possuem um exército, em Israel é o exército que possui o estado. É explicável que, com sua história atribulada e as perseguições sofridas, sobretudo no século 20, sob a brutalidade nazista, os judeus se encontrem na defensiva. Isso, no entanto, não autoriza a insânia de sua política agressiva contra os palestinos em particular, e contra os muçulmanos, em geral.
A política belicista de Israel, alimentada pelos fundamentalistas, e estimulada pelos interesses norte-americanos, tem impedido a paz na região. Os palestinos são tão semitas quanto os judeus, embora muitos dos judeus procedentes da Europa não sejam semitas em sua origem étnica, posto que convertidos a partir do século VIII. Os dois povos poderiam viver em paz, se o processo de ocupação da Palestina pelos judeus europeus tivesse seguido outra orientação. Mas o passado não pode ser mudado.
Sendo assim, é tempo para o entendimento entre os dois povos – mas para parcelas das elites de Israel e seus patrocinadores americanos, a guerra é um excelente negócio. Sem a guerra, a receita de Israel – um território pobre de petróleo, tão próximo das mais pejadas jazidas do mundo – seria insuficiente para manter seu poderoso e bem remunerado exército e suas elites dirigentes, contra as quais começam a mover-se também os indignados, e com razão.
Israel nasceu sob o ideal de um sistema socialista baseado na solidariedade dos kibbutzim, mas hoje não se distingue mais dos países capitalistas. Os ensandecidos partidários da ação militar contra Teerã talvez imaginem que essa iniciativa tolha o reconhecimento do Estado da Palestina pela ONU, mas deixam de atentar para os grandes riscos da operação, apontados pelos judeus de bom senso. Em primeiro lugar há uma questão ética em jogo, que o mundo já medita há muito tempo: por que Israel pôde desenvolver as suas armas nucleares, e os outros países da região não podem investigar o aproveitamento do conhecimento nuclear para fins pacíficos? Em visão mais radical, mas nem por isso contrária à ética: porque Israel dispõe de 200 ogivas nucleares e os outros países não podem dispor de armas atômicas? O que os faz tão diferentes dos outros? Se o Estado de Israel se sente ameaçado pelos vizinhos, os vizinhos também têm suas razões para se sentirem ameaçados por Israel.
Façamos um rápido exercício lógico sobre as conseqüências de um ataque aéreo – que já não se trata de hipótese, mas de timing – de Israel às instalações nucleares do Irã. Como irão reagir a Rússia e a China e, antes das duas grandes potências, o que fará a Turquia? A Grã Bretanha, segundo informou ontem The Guardian, já está estudando participar de uma expedição contra o Irã e só o governo dos Estados Unidos – exceto alguns falcões - está relutante. Haveria, assim, uma aliança inicial entre Sarkozy, Cameron e Netanyahu contra o Irã.
Talvez os europeus e os próprios norte-americanos vejam nesse movimento uma forma de superar o acelerado descontentamento de seus povos contra a submissão dos estados aos banqueiros larápios. O encontro de um bode expiatório, como parece a propósito a antiga Pérsia, poderia ser uma forma de buscar a unidade interna de ingleses, franceses, norte-americanos – e judeus. É ingenuidade imaginar que o provável ataque se concentrará nas instalações de pesquisa nuclear. Uma vez iniciada a agressão, ela não se limitará a nada, e se repetirá o holocausto da Líbia, com seus milhares de mortos e feridos, em nome dos “direitos humanos” dos ricos.
O mapa geopolítico de hoje é um pouco diferente do que era em 1948 e 1967, quando se criou o Estado de Israel e quando ele se ampliou para além das fronteiras estabelecidas pela comunidade internacional.
É assustador pensar em uma Terceira Guerra Mundial, com novos atores em cena, entre eles possuidores das armas apocalípticas, como a China, o Paquistão e a Índia. Diante da insanidade de certos chefes de Estado de nosso tempo, é uma terrível probabilidade – e com todas as conseqüências impensáveis.
* Miro
Não se trata mais de hipótese: os falcões americanos e o governo britânico estão dispostos a apoiar ação militar de Israel contra o Irã, embora grande parte da opinião pública israelita advirta que essa aventura é arriscada. Aviões militares de Israel fazem manobras no Mediterrâneo e já se fala no emprego de mísseis de alcance médio contra o suposto inimigo. Seus líderes da extrema-direita, entre eles religiosos radicais, estimulam os cidadãos, com o argumento de que se trata de uma luta de vida ou morte.
Toda cautela é pouca na avaliação política da questão de Israel. Em primeiro lugar há que se separar o povo judaico do sionismo e do Estado de Israel - que parece condenado a sempre fazer guerra. Como disse um de seus grandes pensadores, se todos os estados possuem um exército, em Israel é o exército que possui o estado. É explicável que, com sua história atribulada e as perseguições sofridas, sobretudo no século 20, sob a brutalidade nazista, os judeus se encontrem na defensiva. Isso, no entanto, não autoriza a insânia de sua política agressiva contra os palestinos em particular, e contra os muçulmanos, em geral.
A política belicista de Israel, alimentada pelos fundamentalistas, e estimulada pelos interesses norte-americanos, tem impedido a paz na região. Os palestinos são tão semitas quanto os judeus, embora muitos dos judeus procedentes da Europa não sejam semitas em sua origem étnica, posto que convertidos a partir do século VIII. Os dois povos poderiam viver em paz, se o processo de ocupação da Palestina pelos judeus europeus tivesse seguido outra orientação. Mas o passado não pode ser mudado.
Sendo assim, é tempo para o entendimento entre os dois povos – mas para parcelas das elites de Israel e seus patrocinadores americanos, a guerra é um excelente negócio. Sem a guerra, a receita de Israel – um território pobre de petróleo, tão próximo das mais pejadas jazidas do mundo – seria insuficiente para manter seu poderoso e bem remunerado exército e suas elites dirigentes, contra as quais começam a mover-se também os indignados, e com razão.
Israel nasceu sob o ideal de um sistema socialista baseado na solidariedade dos kibbutzim, mas hoje não se distingue mais dos países capitalistas. Os ensandecidos partidários da ação militar contra Teerã talvez imaginem que essa iniciativa tolha o reconhecimento do Estado da Palestina pela ONU, mas deixam de atentar para os grandes riscos da operação, apontados pelos judeus de bom senso. Em primeiro lugar há uma questão ética em jogo, que o mundo já medita há muito tempo: por que Israel pôde desenvolver as suas armas nucleares, e os outros países da região não podem investigar o aproveitamento do conhecimento nuclear para fins pacíficos? Em visão mais radical, mas nem por isso contrária à ética: porque Israel dispõe de 200 ogivas nucleares e os outros países não podem dispor de armas atômicas? O que os faz tão diferentes dos outros? Se o Estado de Israel se sente ameaçado pelos vizinhos, os vizinhos também têm suas razões para se sentirem ameaçados por Israel.
Façamos um rápido exercício lógico sobre as conseqüências de um ataque aéreo – que já não se trata de hipótese, mas de timing – de Israel às instalações nucleares do Irã. Como irão reagir a Rússia e a China e, antes das duas grandes potências, o que fará a Turquia? A Grã Bretanha, segundo informou ontem The Guardian, já está estudando participar de uma expedição contra o Irã e só o governo dos Estados Unidos – exceto alguns falcões - está relutante. Haveria, assim, uma aliança inicial entre Sarkozy, Cameron e Netanyahu contra o Irã.
Talvez os europeus e os próprios norte-americanos vejam nesse movimento uma forma de superar o acelerado descontentamento de seus povos contra a submissão dos estados aos banqueiros larápios. O encontro de um bode expiatório, como parece a propósito a antiga Pérsia, poderia ser uma forma de buscar a unidade interna de ingleses, franceses, norte-americanos – e judeus. É ingenuidade imaginar que o provável ataque se concentrará nas instalações de pesquisa nuclear. Uma vez iniciada a agressão, ela não se limitará a nada, e se repetirá o holocausto da Líbia, com seus milhares de mortos e feridos, em nome dos “direitos humanos” dos ricos.
O mapa geopolítico de hoje é um pouco diferente do que era em 1948 e 1967, quando se criou o Estado de Israel e quando ele se ampliou para além das fronteiras estabelecidas pela comunidade internacional.
É assustador pensar em uma Terceira Guerra Mundial, com novos atores em cena, entre eles possuidores das armas apocalípticas, como a China, o Paquistão e a Índia. Diante da insanidade de certos chefes de Estado de nosso tempo, é uma terrível probabilidade – e com todas as conseqüências impensáveis.
domingo, novembro 06, 2011
Os paraísos fiscais e a hipocrisia do G20
Na cúpula de 2009, o G20 definiu como prioridades a reforma do sistema financeiro e o combate aos paraísos fiscais. De lá para cá o balanço é vergonhoso. Os paraísos fiscais são só estão mais ativos do que nunca, como, sobretudo, seguem funcionando ativamente em países como Suíça e Luxemburgo e em potências mundiais como EUA, Japão e Inglaterra. Cerca de 800 bilhões de euros saem dos países do Sul todos os anos para esses paraísos fiscais.
Vídeo da campanha francesa Ajudemos o dinheiro a sair dos paraísos fiscais
O sistema financeiro, os paraísos fiscais, os impostos às transações financeiras, o nível de decisão dos países emergentes, os temas que deviam ocupar o centro da cúpula do G20 ficaram na sombra. A crise grega engoliu a sexta cúpula do G20 celebrada na luxuriosa cidade de Cannes, na Costa Azul francesa. A agenda da cúpula foi se modificando sob o peso da crise da dívida. A última versão da reunião dos países ricos e emergentes devia estar consagrada a apresentar uma rota de fuga para tirar do marasmo os 17 países da zona do euro e o passo forçado da economia mundial e ao papel que poderiam desempenhar na retomada econômica do planeta as nações emergentes como o Brasil e a China.
Não aconteceu nem uma coisa nem outra. O eixo franco-alemão monopolizou a cúpula mediante uma sólida ofensiva contra o Primeiro Ministro grego Yorgos Papandreu, para obrigá-lo a aceitar o plano de ajuste europeu em troca de um novo pacote de ajuda europeu de 8 bilhões de euros, sem passar por um referendo que, frente à surpresa geral, Papandreu sugeriu antes da cúpula. O espetáculo final mostrou o que os analistas internacionais vem anunciando há anos: o Ocidente se desloca para as suas margens. O vespertino francês Le Monde reumiu muito bem a situação com a manchete de seu editorial de primeira página: "Em Cannes, o festival das novas potências".
Os ricos de antes, EUA e União Europeia, tem os bolsos vazios e nadam em um mar de inoperância disfarçado com um aluvião de boas intenções. Frente a eles, Brasil e China se afirmam como um eixo de sólida responsabilidade. O G20 representa 90% das riquezas mundiais, recorda o Le Monde. O editorial destaca sem concessões que esta cúpula "consagrou como nunca o novo mapa da geoeconomia mundial". A Europa está pendurada no fio grego e os Estados Unidos em seus déficits abismais.
Atenas é uma vítima indefesa: a Grécia está de joelhos, com uma crise política interna de grandes proporções que pode conduzir à demissão de Papandreu, bloqueado pelas greves, a um passo de sair do euro e com as caixas vazias. A luta pelo plano de ajuste, os oito bilhões de euros de ajuda à Grécia, o referendo adiantado por Yorgos Papandreu, a zona vermelha em que estão a Itália e a Espanha, dois países por sua vez membros do G20 e da zona do euro, e a extensão da crise da dívida ao conjunto da zona do euro varreram a agenda do G20.
Apesar da mudança de rumo forçada pela densidade dos desarranjos mundiais, cabe perguntar-se qual é verdadeiramente a influência real que tem o G2O nas realidades do planeta, em um contexto onde os países emergentes que integram o G20 também se vêem ilhados em suas demandas pela própria dinâmica da crise. A resposta cabe em um exemplo tomado das medidas adotadas pelo G20 há dois anos. Os dois grandes cavalos de batalha do G20 ficaram no nada: a reforma do sistema financeiro mundial e os paraísos fiscais.
Este último tema é o mais ilustrativo da inoperância política das grandes potências que compõem o G20. Se o saneamento do sistema financeiro e a idéia de introduzir um imposto sobre as transações financeiras permanecem como meros discursos, o combate contra os paraísos fiscais deu lugar a um pacote de medidas adotadas na cúpula do G20 que se celebrou em Londres em abril de 2009. Desde então até agora, o balanço é vergonhoso. Os paraísos fiscais não só são mais frutíferos que antes mas, sobretudo, na lista dos mais fluídos figuram países ocidentais como a Suíça ou Luxemburgo, e potências mundiais como os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha e a Grã Bretanha.
A campanha francesa “Ajudemos o dinheiro a sair dos paraísos fiscais”, lançada antes da cúpula francesa do G20, revela que 800 bilhões de euros saem dos países do sul a cada ano. O território britânico das Ilhas Virgens conta com 23.000 habitantes, mas tem 830.000 empresas registradas através das quais se lava dinheiro, se evita o pagamento de impostos e outras tantas transações ilícitas.
A organização internacional Tax Justice Network, TJN (Rede mundial pela justiça fiscal), sintetizou em um informe publicado antes da cúpula de Cannes o fracasso rotundo de todas as disposições adotadas pelo G20 em Londres. A Tax Justice Network analisou 73 jurisdições e sua atuação nos mercados financeiros. As conclusões são veementes: no índice sobre a “opacidade financeira” das 73 jurisdições, a Suíça ocupa o primeiro lugar. A TJN destaca que a Confederação helvética “reúne as condições ótimas para esconder a evasão fiscal internacional, a lavagem de dinheiro e outras transações financeiras ilícitas”.
Pior ainda: a TJN esclarece que, na verdade, o primeiro paraíso fiscal do planeta é. . . a Grã Bretanha. De fato, se fosse atualizado o índice sobre a opacidade financeira, incluindo as ilhas britânicas de Jersey e Guernsey, se conclui que “o Reino Unido é o primeiro paraíso fiscal do mundo e se constitui atualmente no ator de maior peso no que se refere ao sigilo bancário”. Separado, o Reino Unido ocupa a décima terceira posição, Jersey a sétima, as ilhas Virgens britânicas a décima primeira e Guernsey aparece na posição número 21.
A classificação elaborada pela Rede mundial pela justiça fiscal através de 15 parâmetros apresenta outra surpresa: A Alemanha e os Estados Unidos (dois membros do G20) figuram entre os 10 Estados mais opacos.
Washington está na quinta posição e Berlin na nona. Nessa mesma lista, Luxemburgo figura na terceira posição, Hong Kong na quarta, o Japão na oitava e a Bélgica na décima quinta. A frase pronunciada pelo presidente francês na cúpula de Londres é irreal... e irrealizável: ”a era do sigilo bancário terminou”, tinha dito Nicolas Sarkozy em abril de 2009. Mas a era continua pujante.
A investigação da Tax Justice Network põe ao descoberto uma evidência: o intercâmbio de informação mediante centenas de acordos bilaterais subscritos desde 2009 não serviu para nada. Pelo contrário, a maioria dos paraísos fiscais recupera mais dinheiro que antes da famosa missa de 2009. O índice da Tax Justice Network foi elaborado segundo duas medidas: os obstáculos que se colocam diante dos pedidos de informação por parte das autoridades de outros países e a relevância da jurisdição no mercado financeiro global. A investigação depois qualifica de 0 a 100 pontos o comportamento das jurisdições investigadas em uma quinzena de temas que vão desde a publicação de dados, o sigilo bancário até o registro de fundações.
As já célebres Ilhas Caimã, Jersey, Belize, Barbados ou Gibraltar estão sendo alcançadas por Luxemburgo, Estados Unidos, Japão ou Alemanha. O G20 tinha se proposto a revisar a eficácia de sua política contra os paraísos fiscais na cúpula de Cannes. A crise da zona do euro corre o risco de dilatar a análise. No entanto, os dados proporcionados pela campanha francesa “Ajudemos o dinheiro a sair dos paraísos fiscais” e pela Rede mundial pela justiça fiscal provam que nada mudou, que o mal se incrementou e que aqueles que respaldam medidas contra os paraísos fiscais, no seio do próprio G20, são os mesmos que depois, atrás da porta, contribuem para a sua expansão.
Veja aqui o ranking atualizado dos paraísos fiscais.
*comtextolivre
sexta-feira, novembro 04, 2011
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