Sem nenhum pudor e na mais absoluta falta de criatividade os neo-udenistas usam as mesmas armas e os mesmos métodos para atingir fortemente a democracia, conquistada duramente pelos democratas e patriotas deste País na luta contra a ditadura implantada no Brasil em 1º de abril de 1964 pelos militares golpistas a serviço das oligarquias tupiniquins e do imperialismo norte-americano.
Os ares que se respira hoje são praticamente os mesmos de 1948 com a cassação do mandato da bancada comunista no Congresso Nacional; muito parecido com os de 1954 que levaram Getúlio Vargas ao suicídio; e igualzinho ao de 1964 com violentos ataques da velha mídia conservadora, venal e golpista contra o governo democraticamente eleito, que levou à deposição do presidente João Goulart que tinha a aprovação de mais de 60% da população. Agora, até “manifestações” contra a corrupção estão sendo realizadas, lembrando de longe as marchas da tristemente célebre TFP – tradição, família e propriedade.
Quando os ditames constitucionais são insistentemente desrespeitados e nada acontece é sinal de que a democracia está seriamente ameaçada. A presunção da inocência é desconsiderada pela velha mídia que, numa verdadeira inversão de valores, nega que o ônus da prova cabe a quem acusa. Num cínico e cretino editorial, o jornal Estado de São Paulo, na ânsia de ver Orlando Silva fora do Ministério do Esporte, sustenta que
“não importam as provas, não importa o processo, a acusação basta”. Quanta hipocrisia!
O que mais preocupa é ver o Ministério Público de braços cruzados diante de tamanha aberração e acinte contra o Estado Democrático de Direito, que objetiva derrubar o governo democrático e popular da presidente Dilma Rousseff, que hoje tem a aprovação que nenhum governo teve no mesmo período de gestão. Nos livramos da ditadura militar mas não conseguimos ainda nos livrar da ditadura midiática comandada por meia dúzia de famílias.
Essa mesma mídia, que na realidade é o maior partido de oposição, e que tem como núcleo o GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão), tentou de todas as maneiras inviabilizar e até criminalizar a candidatura de Dilma Rousseff, acusando-a de terrorista, abortista, criminosa, assaltante, marionete do Lula e outras baboseiras repetidas pelos colunistas e demais jornalistas e amestrados. Antes, tentou evitar a vitória do ex-operário metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva e, 2002 (conseguiu em 1989 e 1994) e fez de tudo para inviabilizar o seu governo e até defendeu o seu impeachment.
A história da imprensa brasileira está prenhe de exemplos do jornalismo de esgoto. Aqui praticado há décadas. É oportuno lembrar do triste papel da velha mídia repetindo à exaustão o relatório do geólogo ianque Walter Linck que afirmava que não existia petróleo no Brasil; quem não lembra da Escola Base, em São Paulo, vítima da histeria midiática contra os seus diretores acusados, sem provas, da prática de pedofilia, levando setores da população a depredar a escola e tentar contra a vida dos seus diretores. Provada a inocência dos diretores, nenhuma matéria se retratando do crime cometido.
Quem não se lembra também, mais recentemente, do crime da Veja – sempre a Veja -contra o então presidente da Câmara dos Deputados, o peemedebista gaúcho Ibsen Pinheiro, acusado, também sem provas, de participar do escândalo dos Anões do Orçamento e de ter depositado em paraísos fiscais milhões de dólares, sendo por isso cassado por corrupção em 1994?
O grande líder caribenho José Martí ensinava que
“deve fazer-se em cada momento, o que em cada momento é necessário “. E no momento, em nosso País, o mais necessário é a regulação da mídia. É dever do Estado promover a pluralidade da comunicação. Sem a democratização da comunicação seremos reféns do baronato da mídia. O exemplo da Argentina deve ser seguido e não há mistério: basta um bom projeto, uma ampla mobilização da sociedade e determinação política do governo. Foram justamente esses três itens que permitiram à Argentina aprovar, há dois anos, um novo marco regulatório para a comunicação, segundo avaliação do professor Damian Loreti, da Universidade de Buenos Aires, e integrante da comissão que elaborou a chamada “Ley de Medios”.
Proposta é que não falta. Há menos de um mês o ministro brasileiro das Comunicações, Paulo Bernardo, recebeu do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) uma série de propostas sobre o marco regulatório da mídia, muitas delas tiradas da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, realizada em Brasília, exatamente há dois anos. O ministro Paulo Bernardo, ao que tudo indica, e a exemplo da maioria dos petistas, tem medo do GAFE. Genuíno se pela de medo da Globo.
É inconcebível que a denúncia de um bandido seja apresentada à sociedade como verdadeira e o acusado, inocente, não tenha direito ao mesmo espaço para se defender. Essa velha mídia conservadora, venal e golpista denuncia, julga e condena a seu bel prazer sem que o Ministério Público e a Justiça se manifestem e impeçam essa aberração. É inconcebível que os jogos da seleção brasileira de futebol e do campeonato brasileiro só comecem depois da novela das nove da TV Globo.
A Rede Globo, surgida do financiamento ilegal do grupo norte-americano Time-Life, defendeu o golpe militar de 1º de abril de 1064 e deu irrestrito e incondicional apoio ao terrorismo de Estado; elegeu Fernando Collor de Mello e o outro Fernando – o Coisa Ruim -, e tentou impedir a eleição de Lula e da presidenta Dilma Rousseff. E continua dando as cartas. A mais recente aberração aconteceu no último domingo 13, quando dezenas de soldados da Polícia Militar do Rio de Janeiro ficaram mais de uma hora em pé, no sol quente, esperando que terminasse a corrida da Fórmula 1 transmitida pela Globo, para dar início ao hasteamento das bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro.
O baronato da mídia quer impedir os avanços do povo brasileiro conquistados a partir de 2003 e com isso eclipsar a democracia. Porém como afirmou categoricamente o então deputado federal constituinte Maurício Grabois, líder da bancada do Partido Comunista do Brasil, no seu último discurso na Câmara dos Deputados, na véspera da cassação dos mandatos comunistas no final de 1948, olhando para o deputado fascista Flores da Cunha, da UDN,
“a elite quer eclipsar a democracia, mas a democracia é invencível!”Ou derrotamos a ditadura da mídia ou ela aniquilará a nossa tenra democracia!