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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, novembro 20, 2011
Metrô, apagão e a pane tucana
Por José Dirceu, em seu blog:
A pane habitual e sistemática que paralisa o metrô paulistano a cada 48 horas em média, nesta 6ª feira (ontem) foi na linha Oeste, aquela da região de Pinheiros. Num intervalo de 32 minutos a linha parou duas vezes! Pior, no horário de rush, 7 da manhã. Dos ônibus aos quais os passageiros do sistema metroviário precisaram recorrer, transformados em "latas de sardinha", pelas imagens sobrava gente caindo pelas portas.
Motivo desta pane - estou me referindo só a de ontem, que deu prosseguimento à rotina de pane no sistema a cada dois dias em média: faltou energia. Segundo a Companhia de Transmissão de Energia Paulista (CTEP), em função de um desligamento errado pelo sistema automático de auto-proteção da rede.
Resultado: apagão não só no metrô, mas em 12 grandes bairros da capital e em 100 cidades do Estado. Desta vez, "só" 1,8 milhão de paulistas ficaram sem energia elétrica. Além disso, e em meio a isso, sem nada a ver com a pane habitual a cada dois dias, mas em decorrência de processo que já corre há tempos, a Justiça determinou o afastamento do presidente do metrô, a suspensão dos contratos e a paralisação das obras de prolongamento da linha 5.
Fraude. E o Palácio só tem olhos para uma velha briga política
Por quais razões? Indícios de fraude, levantados inicialmente pela Folha de S.Paulo, que detectou e registrou em cartório, três meses antes da abertura dos envelopes, a existência de licitação viciada, acerto entre empreiteiras na construção dessa linha. Cabe recurso e o metrô antecipou que vai recorrer por "medida de Justiça", porque os cálculos do Ministério Público (MP), de superfaturamento das obras "estão errados", partiriam de premissas equivocadas.
Enquanto isso Geraldinho Alckmin, o governador, encastelado em seu Palácio dos Bandeirantes prepara uma reforma do secretariado para disputar as eleições na capital contra... o grupo serrista. Acreditem se quiser!
Um apagão de energia que deixa sem luz elétrica quase 2 milhões de paulistas, milhares de paulistanos sem metrô e Alckmin, governador pela 3ª vez (março de 2001 a 2002 / 2003-2006 / 2011-2014) continua preocupado é com sua faxina para varrer o serrismo do Estado. Eles que se entendam, mas os serristas que se preparem! Vão virar pó em São Paulo. Não vai sobrar pedra sobre pedra deles na estrutura do governo do Palácio dos Bandeirantes nos próximos três anos.
Solucionar apagões de energia, panes no metrô, administrar.., deixa pra lá. A prioridade do tucanato é outra, é briga política.
*Miro
A pane habitual e sistemática que paralisa o metrô paulistano a cada 48 horas em média, nesta 6ª feira (ontem) foi na linha Oeste, aquela da região de Pinheiros. Num intervalo de 32 minutos a linha parou duas vezes! Pior, no horário de rush, 7 da manhã. Dos ônibus aos quais os passageiros do sistema metroviário precisaram recorrer, transformados em "latas de sardinha", pelas imagens sobrava gente caindo pelas portas.
Motivo desta pane - estou me referindo só a de ontem, que deu prosseguimento à rotina de pane no sistema a cada dois dias em média: faltou energia. Segundo a Companhia de Transmissão de Energia Paulista (CTEP), em função de um desligamento errado pelo sistema automático de auto-proteção da rede.
Resultado: apagão não só no metrô, mas em 12 grandes bairros da capital e em 100 cidades do Estado. Desta vez, "só" 1,8 milhão de paulistas ficaram sem energia elétrica. Além disso, e em meio a isso, sem nada a ver com a pane habitual a cada dois dias, mas em decorrência de processo que já corre há tempos, a Justiça determinou o afastamento do presidente do metrô, a suspensão dos contratos e a paralisação das obras de prolongamento da linha 5.
Fraude. E o Palácio só tem olhos para uma velha briga política
Por quais razões? Indícios de fraude, levantados inicialmente pela Folha de S.Paulo, que detectou e registrou em cartório, três meses antes da abertura dos envelopes, a existência de licitação viciada, acerto entre empreiteiras na construção dessa linha. Cabe recurso e o metrô antecipou que vai recorrer por "medida de Justiça", porque os cálculos do Ministério Público (MP), de superfaturamento das obras "estão errados", partiriam de premissas equivocadas.
Enquanto isso Geraldinho Alckmin, o governador, encastelado em seu Palácio dos Bandeirantes prepara uma reforma do secretariado para disputar as eleições na capital contra... o grupo serrista. Acreditem se quiser!
Um apagão de energia que deixa sem luz elétrica quase 2 milhões de paulistas, milhares de paulistanos sem metrô e Alckmin, governador pela 3ª vez (março de 2001 a 2002 / 2003-2006 / 2011-2014) continua preocupado é com sua faxina para varrer o serrismo do Estado. Eles que se entendam, mas os serristas que se preparem! Vão virar pó em São Paulo. Não vai sobrar pedra sobre pedra deles na estrutura do governo do Palácio dos Bandeirantes nos próximos três anos.
Solucionar apagões de energia, panes no metrô, administrar.., deixa pra lá. A prioridade do tucanato é outra, é briga política.
Quanta hipocrisia!O governo de São Paulo resolve percorrer bares que vendem bebida alcoólica.
Quanta hipocrisia!
O governo de São Paulo resolve percorrer bares que vendem bebida alcoólica a menores, em todo o estado, multando quem desrespeita a lei; o Congresso Nacional vota uma lei de “tolerância zero” para os bêbados que insistem em dirigir autos; a Rede Globo, através de Drauzio Varella, faz campanha feroz contra o uso do cigarro. Quanta hipocrisia! Ao mesmo em tempo que fazem isso, continuam pipocando na mídia propaganda de bebidas. Cervejas patrocinam torneios de futebol; Zeca Pagodinho alardeia a qualidade de determinada marca; nas novelas os ricos bebem champanhes e whiskies enquanto os pobres se divertem com a cerveja e a cachaça.
Vivemos a era da internet social, da globalização da economia, tempos de mudanças radicais, de quebra de padrões e paradigmas. A economia, os negócios, as relações pessoais e de trabalho, enfrentam uma nova realidade. Enquanto isto, a ameaça de mudança do clima nunca foi tão real. Ela vai transformar a vida dos indivíduos, dos governos e das empresas. A palavra urgência ganha um novo significado.
Prosseguem as negociações para a definição de novas metas de redução das emissões. Há uma enorme onda de reinvenções - nos negócios, na política, na vida cotidiana – a fim de guiar o planeta para uma vida mais saudável. Na contramão disto tudo, na área das bebidas alcoólicas, o setor vai se globalizando para o mal. Com seguidas operações de fusões e aquisições, as empresas se transformam em enormes conglomerados multinacionais com dezenas de marcas e um catálogo de tecnologias que lhes permitem combinações quase infinitas de marcas e produtos. Cada vez mais poderosas econômica e financeiramente, as fábricas de bebidas formam um lobby irresistível, um grupo de pressão quase indestrutível. Por maior que seja, por exemplo, a bancada evangélica no Congresso Nacional, nenhum parlamentar se dispõe a enfrentar o problema. Da mesma forma agem todos os congressistas.
E o uso abusivo do álcool não se toca, cresce. Não estou falando do etanol, este muito saudável para nossa economia e que ainda ajuda a diminuir a poluição do ar. Falo da droga álcool. Droga cujo consumo leva a outras drogas tão destrutivas quanto ela. Falo do incentivo ao uso de bebidas alcoólicas pela mídia, que leva a acidentes irrecuperáveis, famílias destruídas. E pergunto: até quando vamos fingir que nada está acontecendo? Até quando vamos continuar com essa hipocrisia? Até quando a bebida alcoólica vai ligar sua imagem a esportes saudáveis?
Eu não estou disposto a continuar fingindo. Lanço agora uma campanha para que a propaganda de bebidas alcoólicas pela mídia e o patrocínio delas a qualquer atividade, esportiva ou não, seja proibida, como fizeram acertadamente com o cigarro.
Por favor, envie esta mensagem a todos os seus internautas e, juntos vamos lutar pelo bem do futuro de nossos filhos e netos.
Vivemos a era da internet social, da globalização da economia, tempos de mudanças radicais, de quebra de padrões e paradigmas. A economia, os negócios, as relações pessoais e de trabalho, enfrentam uma nova realidade. Enquanto isto, a ameaça de mudança do clima nunca foi tão real. Ela vai transformar a vida dos indivíduos, dos governos e das empresas. A palavra urgência ganha um novo significado.
Prosseguem as negociações para a definição de novas metas de redução das emissões. Há uma enorme onda de reinvenções - nos negócios, na política, na vida cotidiana – a fim de guiar o planeta para uma vida mais saudável. Na contramão disto tudo, na área das bebidas alcoólicas, o setor vai se globalizando para o mal. Com seguidas operações de fusões e aquisições, as empresas se transformam em enormes conglomerados multinacionais com dezenas de marcas e um catálogo de tecnologias que lhes permitem combinações quase infinitas de marcas e produtos. Cada vez mais poderosas econômica e financeiramente, as fábricas de bebidas formam um lobby irresistível, um grupo de pressão quase indestrutível. Por maior que seja, por exemplo, a bancada evangélica no Congresso Nacional, nenhum parlamentar se dispõe a enfrentar o problema. Da mesma forma agem todos os congressistas.
E o uso abusivo do álcool não se toca, cresce. Não estou falando do etanol, este muito saudável para nossa economia e que ainda ajuda a diminuir a poluição do ar. Falo da droga álcool. Droga cujo consumo leva a outras drogas tão destrutivas quanto ela. Falo do incentivo ao uso de bebidas alcoólicas pela mídia, que leva a acidentes irrecuperáveis, famílias destruídas. E pergunto: até quando vamos fingir que nada está acontecendo? Até quando vamos continuar com essa hipocrisia? Até quando a bebida alcoólica vai ligar sua imagem a esportes saudáveis?
Eu não estou disposto a continuar fingindo. Lanço agora uma campanha para que a propaganda de bebidas alcoólicas pela mídia e o patrocínio delas a qualquer atividade, esportiva ou não, seja proibida, como fizeram acertadamente com o cigarro.
Por favor, envie esta mensagem a todos os seus internautas e, juntos vamos lutar pelo bem do futuro de nossos filhos e netos.
* Jeferson Malaguti Soares é membro da Executiva do PCdoB em Ribeirão das Neves/MG e colaborador deste blog.
*Observadoressociais
Conheça os malfeitos dos tucanos em SP
Demorou, mas finalmente a Justiça de São Paulo abriu a caixa preta tucana do Metrô paulistano. Um ano após a denúncia de jogo de cartas marcadas na licitação da Linha 5 - Lilás, a juíza Simone Gomes Rodrigues Cassoretti, da 9ª Vara da Fazenda Pública, baseada na ação movida por quatro promotores, suspendeu os contratos e mandou afastar do cargo o presidente do Metrô, Sérgio Avelleda, que foi presidente da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) na gestão do governador José Serra.
A Promotoria quer a anulação da concorrência e a condenação dos responsáveis, depois de calcular um prejuízo de R$ 327 milhões para os cofres estaduais. O governo do Estado alegou que as suspeitas não eram suficientes para anular a licitação e que isso vai atrasar a obraa. Anunciou que vai recorrer da decisão.
Em sua decisão, a juiza Simone Casoretti justificou o pedido de afastamento do presidente do Metrô "em face das suas omissões dolosas" e alegou que com sua permanência ele poderia "destruir provas ou mesmo continuar beneficiando as empresas fraudadoras". Entre elas, estão algumas das maiores construtoras do país: Odebrecht, Mendes Júnior, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. Os contratos denunciados envolvem R$ 4 bilhões e 14 empreiteiras.
Casoretti considerou "indecente" a alegação do governo de que anular a licitação vai atrasar a inauguração da obra, prevista para 2015. "Há muito tempo o povo paulistano espera por obras de expansão do metrô". Para ela, o atraso na obra "não será tão desastroso quanto a continuidade de uma fraude, ou melhor, a chancela de um conluio entre particulares em benefício próprio". Se a ordem judicial não for cumprida, está prevista multa diária de R$ 100 mil.
A Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos alega que a decisão de seguir as obras mesmo após as denúncias "foi tomada após amplo processo administrativo no qual não se verificou qualquer fato incontroverso que justificasse o rompimento dos contratos".
O trecho suspenso pela Justiça tem 11 quilômetros e fica entre as estações Adolfo Pinheiro e Chácara Klabin, na zona sul da cidade. Reportagem publicada pela "Folha" em outubro de 2010 revelou que os vencedores da concorrência já eram conhecidos seis meses antes.
Perto dos valores envolvidos nas fraudes denunciadas em São Paulo, os malfeitos do ministro Carlos Lupi agora parecem coisa de bufão amador. Aguardam-se as próximas manifestações dos marchadeiros e das marchadeiras dos protestos anticorrupção.
*comtextolivre
Radicalização na USP ressuscita estilo CCC
Panfleto apócrifo distribuído no campus usa imagem de Vladmir Herzog morto como ameaça contra "os estudantes maconheiros"; "suicídio é triste!", ironiza texto, ao feitio das piores peças do Comando de Caça aos Comunistas; na mídia, colunista Reinaldo Azevedo registra BO sobre ameaça que teria sofrido; voltamos aos anos de chumbo?
O que está acontecendo com a atual geração de estudantes da maior universidade brasileira? Nesta sexta-feira, dia histórico em que a presidente Dilma Rousseff, diante de todos os chefes militares, instituiu a Comissão da Verdade para apurar os crimes da ditadura, um documento apócrifo, ao estilo das piores peças do antigo Comando de Caça aos Comunistas, foi distribuído na USP. Com uma imagem do jornalista Vladimir Herzog morto, trazia a mensagem "Suicídio é triste" e foi endereçado aos estudantes "maconheiros". Teria sido produzido por radicais de direita que, a partir da defesa da presença da PM na USP, tese abraçada pela maioria dos estudantes, avançam para o enfrentamento ideológico da pior espécie.
Também no dia de hoje, o colunista Reinaldo Azevedo, da revista Veja, classificado como "fascista" pelos estudantes que ocuparam a reitoria da USP, registrou um boletim de ocorrência contra ameaças que estaria sofrendo de grupos mais à esquerda na universidade. Gente que, segundo o colunista, teria dito: "Vou te quebrar na rua". Nas últimas semanas, Reinaldo ironizou os estudantes que ocuparam a Reitoria, chamados por ele de "remelentos e mafaldinhas".
Entre um episódio e outro, as eleições para o Diretório Central dos Estudantes foram adiadas, com acusações de golpe de parte a parte. Rodrigo Souza Neves, da chapa "Reação", que se coloca contra a direção atual, foi acusado de portar uma arma. E este, por sua vez, denuncia uma farsa eleitoral que teria sido perpetrada pelos grupos que hoje dominam o DCE.
O clima é de tensão, numa radicalização gerada, em grande parte, pelos que evitam discutir os temas levantados pelos estudantes e incitam ódio e preconceito na política.
Por outro lado, ao cobrirem o rosto e impedirem o trabalho da imprensa, os estudantes ditos de esquerda também colaboram para tensionar ainda mais o ambiente.
As pontes para o diálogo estão rompidas.
E o que se vê na USP são cenas que remetem aos piores momentos da ditadura militar.
É o ocaso da razão.
Marco Damiani
*Brasil 247
*Brasil 247
sábado, novembro 19, 2011
O Brasil de Pelé ou o Brasil de Neymar?
Pelé… Lembro do Walter Abrahão – que inovou e passou a chamar o Pelé de “Ele”. O jogo inteiro: cada vez que tocava na bola, “Ele”. O Walter só pronunciava o nome Pelé quando era jogada espetacular, eminência de gol. Acelerava a narrativa: “Passe genial de Pelé!… “Jogada magistral de Pelé!”… “Um golaço de Pelé!”
As imagens de Pelé em preto e branco feitas na década de 60 me pouparam de ver a ditadura – que nada era mais espetacular para um garoto que ver o Pelé jogar. Mas na campanha do Tri, em 1970, dava pra senti-la por toda parte, ao vivo e a cores. Era o auge do regime militar. A época em que a ditadura fez a maioria de suas vítimas. O slogan era “Brasil: ame-o ou deixe-o” e a trilha sonora “Noventa milhões em ação”. O presidente, general Médici, carimbou a “Revolução” na Seleção. Foi pessoalmente visitar os jogadores e AVISOU que era obrigatório ganhar a Copa. “Entrou” um almirante, o Nunes, na comissão técnica da seleção. Marcação cerrada. Às vésperas do mundial, mandaram trocar o técnico João Saldanha porque ele era “suspeito de ter simpatia” pelo PCB. “Simpatizante de comunista não pode ser tri-campeão”: Zagalo pegou a seleção prontinha.
Em 75, quando Pelé aceitou a oferta “irrecusável” do Cosmos e foi jogar nos EUA, abriu a porteira para o capital estrangeiro chegar e levar jogador de baciada. Teve uns que levaram ainda na incubadeira. Os clubes e craques brasileiros eram tão ineptos para negociar, que favoreceram o surgimento do intermediário. E todos sabemos que este sujeito só torce para o próprio bolso.
Depois de 4 décadas de ofertas europeias irrecusáveis levando nossos talentos, o Brasil virou o jogo. Até o Wagner Ribeiro, comerciante de jogadores que está em todas (impressionante isso, né?), assinou o contrato que disse um NÃO definitivo aos europeus. O Real peitou o Euro e levou! Neymar vai receber salário de gente grande. Como o do Messi ou do Cristiano Ronaldo. Isso cheira uma economia que pulou fora do neoliberalismo a tempo, está sendo bem conduzida há 9 anos e já é considerada a 6a do mundo?
A postura do presidente do Santos diante do mau humor dos empresários espanhóis por voltarem para casa de mãos vazias, mostra como nos distanciamos do velho Brasil, colonia tropical das elites do primeiro mundo. Luis Álvaro chamou-os de arrogantes com mentalidade colonizadora.
O “fico” de Neymar teve um motivo de valor inestimável, acima da força da grana: o garoto tem ORGULHO de jogar no Brasil. Ao contrário de muitos atletas, alguns impregnados do complexo de vira-latas dos tempos de FHC, Neymar não correu para os braços da galera européia para sentir-se a azeitona da empada.
Molecagens como esta irritam as socialites da Folha. Que mania de independência têm esses jovens! Essa impaciente idéia fixa por autodeterminação… As madames não perdoam Santos e Neymar por desprezarem seus amigos europeus. Não perdoam os estudantes da USP por exigirem autogestão. Seu governador valentão (rendido pelo PCC em 2006) precisou de 400 homens da tropa de choque da PM armados com fuzis de guerra, apoio logístico de helicópteros e toda a tropa do PiG, para enfrentar os “perigosos” 72 estudantes da Faculdade de Filosofia da USP, dentre eles 24 meninas. (O que o PSDB tem contra a educação em São Paulo? Na gestão passada foi a vez de Serra descer o cacete nos professores da rede pública naquela que ficou conhecida como a “greve do vale-coxinha“. Agora, de novo, o PSDB parte para a ignorância em São Paulo.
As madames da elite-botox Cansei 2011/ Regional-SP, não perdoaram o Brasil por ter-se “entregado” ao PT em 2002. E nunca vão perdoar Lula por ter chacoalhado as camadas sociais depois de séculos de “harmonia”.
O PiG odeia Neymar. Por isso vendeu-o 365 vezes este ano. Emergente famoso, bem-sucedido, filhote da era Lula/Dilma? Manda pra longe, desbota seu verde-amarelo. O PiG precisa desmistificar, negar qualquer brasileiro famoso e bem sucedido. Principalmente os que surgiram depois de 2002…
A Folha deu 15 minutos de fama às socialites que sempre desprezaram o povo brasileiro. Há pérolas no vídeo delas que mostram falhas de alfabetização. Como aos 1m50s, “… nós não estamos “se” mobilizando…, ou aos 4m38s, … os jovens “é” o futuro do nosso país…
Brasil estranho esse, não é mesmo madame? Aviões apertados, shopping-centers apertados, avenidas apertadas, clubes apertados, escolas apertadas, salões de beleza, supermercados… Sentem-se sufocadas, as peruas. Mesmo no luxo onde vivem (que certamente não adveio de honestidade ortodoxa e enriquecimento 100% lícito). Todo mundo vê. Vestem o patriotismo mais fajuto da paróquia e escondem de si mesmas os mais rasos sentimentos de preconceito racial e social.
Para os europeus dos anos 60, o Santos de Pelé era uma atração tropical, exótica, que apresentava um rei eleito pela plebe a quem toda a mídia reverenciava. Tratavam-nos como o país do futebol e do Carnaval. Ou seja, o país do circo.
O Santos de Neymar é o exemplo de um Brasil independente e autodeterminado que não se curva mais ao primeiro mundo. Tivemos a ousadia de negar-lhes nosso maior craque.
Imaginem Neymar em 2014, na “Copa do PT”, para desespero da oposição e sua mídia. Zagalo diria: “Vocês vão ter que me engolir”!
Estudantes convidam Alckmin para aula sobre democracia
Da CartaCapital
Uma aula de democracia para Alckmin
O governador disse que estudantes precisavam de aula de democracia. Foto: Agência Brasil
Por Clara Roman
Em assembleia realizada na quinta-feira 17 de novembro, os estudantes da USP decidiram montar um cronograma de protestos que inclui um convite ao governador de São Paulo Geraldo Ackmin (PSDB) para participar de uma “aula pública sobre democracia” promovida por professores e movimentos sociais. A aula-protesto, marcada para o dia 24, na Avenida Paulista, é uma resposta ao governador que, no auge da crise provocada pela ocupação da reitoria da USP, declarou que os alunos detidos na ação precisavam “de uma aula de democracia”.
A assembleia determinou também que os protestos marcados contarão com uma passeata e terão como bandeira os temas “Fora Rodas” e “Fora PM”.
A plenária, que contou com cerca de 3.000 pessoas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), decidiu adiar as eleições para o Diretório Central dos Estudantes, que ocorreria na próxima semana, para março de 2012 e também a manutenção da greve. Além disso, os estudantes aprovaram a inclusão do ponto “estatuinte” na pauta de reivindicações do movimento. Com isso, os alunos pedem que se rediscuta o estatuto da universidade com o mesmo peso decisório entre discentes, docentes e funcionários.
Na terça-feira 8 de novembro a Tropa de Choque executou uma ação de reintegração de posse da reitoria da USP, ocupada por estudantes há seis dias. Os alunos reivindicam a retirada do convênio entre a instituição e a Polícia Militar para a instalação de bases da Polícia Comunitária no campus.
O convênio foi assinado em maio, poucos dias depois da morte do aluno de Ciências Atuariais Felipe Ramos Paiva em uma tentativa de assalto na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA). No final de outubro, uma batida da PM iniciou um confronto com estudantes e polícia.
*LuisNassif
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