Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, novembro 25, 2011

Hoje

http://a6.sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-ash4/382887_10150362565699639_749059638_8399311_919743296_n.jpg

Quem está na roda?


Brincadeira de roda

Roda de capoeira, roda de chimarrão, roda de samba, roda de ciranda, roda de caipiririnha, lual, dança na tribo e em alguns passos o círculo se forma. Nos jardins de infância, sentadas no chão em rodas, as crianças aprendem brincando. Algumas escolas usam as carteiras em forma de círculo para ensinar, com o professor no papel de interventor e mediador dos temas debatidos. Nas ruas, quando se vê muita gente reunida, a forma geométrica é uma roda. Aliás essa é uma das cenas mais comuns em nossas cidades. E todos sabem que quando há um círculo de pessoas, normalmente dois ou três estão trabalhando e vários outros em volta palpitando. E não raro desses palpites surgem as soluções. 

Rodas são cuidadosamente planejadas por especialistas de alto nível para rodarem movidas por um motor e seus dentes engancharem tão perfeitamente uns nos outros que o produto sai prontinho, são as engrenagens.

Mas há outras rodas. Há os círculos fechados que ao contrário das rodas de ciranda, de dança ou trabalho, não se abrem às novidades. Quem está neles está, quem não está, de fora fica.


O governo brasileiro tem me parecido um destes. Uma máquina que está com engrenagens gastas, muito por culpa de óleo de péssima qualidade que foi usado até bem pouco tempo, mas a roda principal, aquela por onde a polia move todo o resto, está com problemas. E com isso as outras estão rodando em falso. Algumas estão até paradas e o produto final está sendo comprometido.

A economia, com toda a crise internacional, está sofrendo muito pouco, é verdade. Ainda. Os programas sociais estão sendo tocados, o projeto que vem sendo desenvolvido desde 2003 está andando, a miséria diminuiu, os índices de analfabetismo baixaram, o desemprego é mínimo.  Enfim temos muitas razões para estar felizes. Por que não estamos, então?

Porque ao mesmo tempo em que as planilhas nos mostram uma realidade boa, estamos vendo algumas áreas fundamentais sendo deixadas ou - espero que seja distração e não projeto - postas propositadamente em segundo plano. A cultura é uma delas.

Por outro lado, várias pessoas que atuam e têm história de luta em áreas fundamentais em que o nosso país é rico, porém miserável em termos de suporte oficial para seu desenvolvimento e difusão,  reportam dificuldade em conversar com os representantes do governo, apresentar projetos que beneficiariam grupos marginalizados historicamente, aos quais devemos incluir como forma de beneficiar a todos.

Então talvez a resposta ao por que não estejamos mais felizes seja essa: criamos muitas expectativas, elegemos uma pessoa que durante anos esteve no comando da casa civil -  que portanto conhece todas as engrenagens do governo - e representa um partido que nasceu de bases sociais onde a democracia, a roda, era uma prática cotidiana. Assim, o que esperávamos era que a roda fosse aberta, que todos tivessem a sua vez de jogar. E o que temos é uma roda fechada, quase uma caixa preta.

A comunicação é falha, os projetos apresentados já vêm prontos e passaram pelo crivo de umas poucas mãos. O debate, o palpite que até na semeadura de um canteiro de horta é sempre bem vindo, está sendo negado.  Além de comprometer o produto final – o objetivo, quero crer é uma sociedade mais igualitária, pois não? – está sendo implementado um sistema que contraria tanto a cultura histórica do partido da nossa presidenta, quanto, e pior, a rica cultura brasileira.

Seria bom voltar a brincar de roda e na brincadeira ir inventando as regras e talvez assim a roda não se feche.  
Samba de roda*Tecedora  

Ignocentes e ecopalermas


Belo Monte, a floresta e a árvore 
Por Rogério Cezar de Cerqueira Leite 
Que carnaval estão fazendo os ambientalistas e ecopalermas em torno da futura usina de Belo Monte, a ser implantada no médio Xingu, na Amazônia.
O primeiro crime, segundo eles, seria o sacrifício de 500 km² de mata, ou seja, a mesma área que, em média, tem sido desmatada a cada dois dias nesses últimos anos, devido ao comércio de madeiras e à invasão da soja e do gado na Amazônia.
Esse exército extemporâneo de Brancaleone é composto de conservacionistas de diversas espécies. Além de uma tribo de índios locais e de bem-intencionados, porém mal informados, estudantes e intelectuais, veem-se artistas de Hollywood e de outras culturas, malabaristas, fanfarrões e pseudointelectuais. Será que esses senhores deixaram de comprar móveis de mogno, ou se manifestaram perante seus governos, ou boicotaram a carne e a soja produzidas na Amazônia?
Será que percebem que a área alagada pelo projeto Belo Monte corresponde a tão somente 0,01% da Amazônia brasileira e que bastariam 0,025% do rebanho nacional de gado para invadi-la, dentro da média atual de ocupação? Ou seja, da maneira como está planejada Belo Monte, usina de fio d’água, não há no Brasil melhor opção do ponto de vista de sustentabilidade, que combine condições ecológicas e também financeiras.
Alguns talvez argumentem que, somando vários 0,01% do território da Amazônia, então se ocuparia parcela apreciável do território amazônico.
Ah, que bênção seria se tivéssemos mais uma meia dúzia de Belo Montes! Mas, infelizmente, não existem tais riquezas. Tudo bem, vão dizer os mais inteligentes e bem-intencionados “ignocentes” (neologismo composto por 50% de inocência + 50% de ignorância), mas e a biodiversidade?
Ora, qualquer espécie que esteja espontaneamente restrita a um território de 500 km², excetuando-se algumas confinadas a pequenas ilhas, já está em extinção. Só um ignorante pode pensar em perda de biodiversidade nessas circunstâncias. E é claro que muitos espécimes vão sucumbir, milhares, se não milhões de formigas, carunchos e talvez até alguns mamíferos. Em compensação, 20 milhões de brasileiros poderão ter luz em suas casas, muitos outros locais passarão a ter benefícios do progresso, poderão ver pela TV o “Programa do Ratinho”. Indústrias geradoras de emprego serão implantadas. É isso que os “ignocentes” não percebem. Eles veem a árvore, mas não percebem a floresta onde ela está inserida, sem a qual não pode a árvore sobreviver.
Quanto à questão social, é preciso lembrar que o caso de Belo Monte é muito diferente do de Três Gargantas, na China, onde a densidade da população ribeirinha era extremamente elevada. O governo chinês admite que precisou realocar 1 milhão de habitantes; outras organizações falam em 2 e até 3 milhões.
Em contraste, considera-se que, em Belo Monte, apenas dois ou três milhares de habitantes são computados e que, na mudança, ganhariam significativamente quanto a infraestrutura e conforto pessoal. Os índios da região amazônica são, em origem, seminômades, deslocando-se periodicamente sempre que recursos naturais se escasseiem devido ao extrativismo a que eles mesmos recorrem.
Portanto, dos pontos de vista cultural, psicológico e até mesmo material, contrariamente ao que pretendem alguns ambientalistas, o índio pouco ou nada sofrerá.
Vejamos por que são tão ingênuos esses bem-intencionados verdolengos. Se o Brasil for impedido de ampliar o aproveitamento do seu potencial hidroelétrico, será forçado a recorrer ao combustível fóssil, pois a energia eólica, embora desejável sob vários aspectos de sustentabilidade, não oferece segurança de fornecimento acima de certo nível de participação em um sistema integrado.
Além do mais, a distribuição de ventos pode mudar com as inexoráveis mudanças climáticas, devido ao aquecimento global. E, se jamais o pré-sal vier a se concretizar, não haverá como convencer os líderes governamentais de que usinas termoelétricas a óleo combustível serão prejudiciais à humanidade.
Será que tais ambientalistas não percebem que não deixam alternativa ao país senão o uso de combustíveis fósseis, o que acarretará, inelutavelmente, embora a longo prazo, a desertificação da Amazônia, dentre outras catástrofes? Com isso, não será apenas a meia dúzia de saimiris que perecerá nos 500 km 2 da usina Belo Monte, mas toda, ou quase toda, a biodiversidade da Amazônia e do resto do planeta.
Não percebem esses “ignocentes” que a usina e suas eventuais congêneres constituem a melhor arma que têm o Brasil e a humanidade para combater o aquecimento global e, com isso, defender a integridade da floresta Amazônica e das demais matas de todo o planeta?
________________________________________
*ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE , 78, físico, é professor emérito da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), presidente do Conselho de Administração da ABTLuS (Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron)

*Esquerdopata

Estudantes da USP protesta na Av. Paulista 

Mais de mil estudantes da Universidade de São Paulo (USP) realizaram uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde desta quinta-feira, em protesto contra a presença da Polícia Militar na Cidade Universitária, na zona oeste da cidade. Após percorrerem a via da Praça Oswaldo Cruz até a Avenida Consolação e retornarem no sentido Paraíso até o Masp bloqueando o trânsito, eles realizaram um ato que chamaram de "aula de democracia" no vão livre do museu.Fonte: IG.

Mentiras e negociatas abalam credibilidade da Editora Abril


*Blogdamilitância

Suplente do demo Agripino Maia é preso


Por Altamiro Borges

O suplente do senador Agripino Maia (DEM-RN), o tucano João Faustino, foi preso na manhã de hoje (24) no rastro da Operação “Sinal Fechado” da Polícia Federal. Ele é acusado de comandar o milionário esquema de corrupção na inspeção veicular do Detran. Após o exame de corpo de delito no Instituto Técnico-Científico de Polícia, o tucano se disse “um home do bem” – ou será do DEM?

Em seu perfil no twitter, o presidente nacional dos demos fez questão de defender o seu rico aliado: “O passado de João Faustino é suficiente para garantir a credibilidade ao que ele venha a dizer sobre esse assunto”. A situação do DEM é infernal. O partido corre o sério risco de extinção após perder vários mandatários para o recém-criado PSD do prefeito Gilberto Kassab.

O inferno dos demos

O Rio Grande do Norte é – ou era – um dos últimos redutos do DEM. A governadora Rosalba Rosado, a única que sobrou na sigla, está em queda nas pesquisas de opinião. Já a prefeita Micarla de Sousa, uma demo travestida de verde (PV), também é detestada pela sociedade, alvo de constantes protestos em Natal. E agora ainda pinta a prisão do rico tucano, suplente de Agripino Maia. A coisa está feia! 
 

PT debate regulação da mídia

Por Renato Rovai, na revista Fórum:

O PT convidou aproximadamente 30 entidades empresariais e da sociedade civil que atuam na área da comunicação para discutir na sexta-feira (dia 25) o marco regulatório do setor. A intenção do partido é intensificar o debate dessa questão e, nas palavras do deputado Rui Falcão, presidente do partido, lhe dar robustez.

Deleite Sá e Guarabira Zé Rodrix

O que os russos pensam de Obama


*OJumento

Rito amazônico entra na Lista do Patrimônio Imaterial da Unesco


O ritual yaokwa da tribo amazônica Enawenê-nawê, que vive no Mato Grosso, entrou nesta quinta (24) na Lista do Patrimônio Imaterial da Unesco como forma de expressão que precisa de proteção urgente, ao lado de outras sete manifestações do mundo todo.

http://www.qir.com.br/wp-content/uploads/ritual-de-%C3%ADndio.jpg
A decisão foi tomada pelo Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, que está reunido em Bali até o dia 29, indicou a Unesco em comunicado emitido em Paris.

http://acritica.uol.com.br/amazonia/Indigenas-Enawene-Nawe-sobrevivencia-hidreletricas_ACRIMA20110329_0108_15.jpg
A organização detalhou que "o rito yaokwa e a biodiversidade que celebra representam um ecossistema extremamente delicado e frágil, cuja continuidade depende diretamente da conservação deste último".

http://www.forumdoc.org.br/2011/wp-content/uploads/2011/10/Yakwa-Banquete-de-esp%C3%ADritos-VNA-Enawene-Nawe.jpg
Todo ano, durante os sete meses da estação seca, os Enawenê-nawê honram os espíritos yakairiti através deste ritual, com o fim de manter a ordem social e cósmica.
http://christianeperes.files.wordpress.com/2010/05/99010004.jpg
Divididos em dois clãs, os indígenas se alternam nas duas partes do rito: enquanto alguns organizam expedições de pesca por toda a região, os outros preparam oferendas para os espíritos, 
http://www.midianews.com.br/imagens/noticias/5/Ritual_enawene29052010173305_med.jpg
além de tocarem e dançarem.

http://farm4.static.flickr.com/3568/3420805047_873aac7079.jpg
O comitê da Unesco também decidiu incluir na lista de manifestações ameaçadas a dança saman da Indonésia, a fabricação dos barcos lenj do Golfo Pérsico, a narração dramática iraniana naqqali, a sociedade secreta dos kôrêdugaw e rito da sabedoria de Mali, a epopeia maure T'heydinne da Mauritânia, a técnica de interpretação do canto longo dos flautistas limbe da Mongólia e o canto xoan da província vietnamita de Phú Tho. 
*MilitânciaViva