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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 02, 2011

“Se os tubarões fossem homens...


“Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais.
Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias, cabíveis se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim que não morressem antes do tempo.
Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres têm gosto melhor que os tristonhos.
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guelra dos tubarões.
Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos.
Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos.
Se "encucaria" nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.
Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista e denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.
Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.
As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que entre eles, e os peixinhos de outros tubarões, existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos
Da outra língua silenciosa, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, e haveria  belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelras seriam representadas como inocentes parques de recreio, nos quais se poderia brincar magnificamente.
Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelras dos tubarões.
A música seria tão bela, tão bela que os peixinhos sob seus acordes, a orquestra na frente entrariam em massa para as guelras dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos.
Também haveria uma religião ali.
Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião, e só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida.
Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros.
Os que fossem "um pouquinho maiores", poderiam inclusive, comer os menores. Isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim, mais constantemente maiores bocados para devorar, e os peixinhos maiores que deteriam os cargos, valeriam pela ordem entre os peixinhos, para que estes chegassem a ser professores, oficiais, engenheiro da construção de caixas e assim por diante.
Curto e grosso, só então haveria "civilização" no mar, se os tubarões fossem homens”.
(Eugen Berthold Friedrich Brecht)
*Aartedoslivrespensadores

Um presente de Natal para o Rio e para o Brasil

Quem passa pelo Elevado da Perimetral, no Rio de Janeiro, vê dois gigantescos navios atracados ali.
À esquerda de quem olha o mar, o OSX-1, o primeiro navio-plataforma que operará nos campos do empresário Eike Batista, na Bacia de Campos. À direita, ainda maior, um grande petroleiro, com a pintura fosca pelo tempo e o nome Petrobras pintado meio “a bangu”.
E se o cidadão continuar rodando por ali, entrar na ponte Rio-Niterói e olhar à esquerda verá ainda outro intenso movimento à esquerda, onde navios da Petrobras trabalham na recuperação do cais de atracação de um velho e imenso  estaleiro.
O navio com o nome Petrobras era um petroleiro chamado Titan Seema, construído em 93 e tornou obsoleto por ter um conjunto de máquinas já inadequado para viagens transoceânicas. Foi comprado por cerca de R$ 40 milhões pela Petrobras, preço de liquidação para uma nave de tem 326 metros de comprimento, 57 de largura e  capacidade para armazenar 1,4 milhões de barris de petróleo, 40% mais que o navio gigante que está ao lado dele, no cais do Rio.
O estaleiro era o Ishikavajima, abandonado há quase 20 anos, depois de ter sido o maior do Hemisfério Sul e empregar mais de dez mil trabalhadores. Foi inaugurado por Juscelino, como parte de sua divisão de tarefas: indústria automobilística para São Paulo, indústria naval para o Rio de Janeiro.
Escrevi, semana passada, que os dois veteranos vão se encontrar e renascer.
E este encontro começa em duas semanas, quando a Petrobras receberá as propostas dos estaleiros para assumirem e reformarem o Ishikavajima – que voltará a chamar-se Inhaúma, que era seu nome antes de os japoneses fazerem ali a sua planta naval. Nele, serão transformados o Titan Steel – agora P-74 – e três outros navios semelhantes, que se tornarão FPSO ( sigla que quer dizer Produção, Armazenamento e Transbordo Flutuantes) para operar nas áreas do pré-sal conhecidas como Franco e Libra, na Bacia de Santos.
O custo é estimado em R$ 2 bilhões de reais, que serão empregados no reforço estutural dos cascos, reforma e ampliação de instalações diversas, construção de alojamentos e a colocação de sistemas de ancoragem dinâmicos, que permitem à embarcação compensar o movimento de correntes, ventos e marés e permanecer estacionado no centro de uma teia de dutos ligados ma diversos poços de petróleo.
Depois de renovados, outra licitação, cujo valor deve se um pouco maior, escolhe os responsáveis pela instalação, sobre o navio, da planta de processamento de petróleo que vai deixar pronto para embarque um volume de “apenas”, 150 mil barris (um bilhão de litros) de petróleo por dia.
A opção pela compra de petroleiros usados, uma tradição na construção de FPSOs, explica-se pelo fato de que estes navios ficarão praticamente fixos e – recuperados e reforçados estruturalmente – custam apenas uma pequena  fração do que custaria fazer e equipar um novo. E, ainda, reduz o prazo que ocupam nos estaleiros, abrindo espaço para novas encomendas. O preço do casco, numa FPSO, é de apenas 5% do valor total.
A  reforma do estaleiro e os quatro navios-plataforma e suas instalações vão gerar nada menos que 11 mil empregos diretos e recolocar, outra vez, o Rio à frente de uma vocação que, há mais de 50 anos, Juscelino consagrou trazendo o Ishilavajima para cá.
A partir de junho do ano que vem, um a um, os quatro gigantes vão ficar ali, com suas proas quase invadindo as pistas da Ponte Rio-Niterói, como um símbolo monumental do que, hoje, quem cruza a Baía da Guanabara, já percebe: o renascimento de uma região que sofreu, como poucas, a discriminação e até o ódio de governos soturnos do período militar, que detestavam o Rio de Janeiro e suas tradições de alegria, irreverência e liberdade.
O carioca, que é gente que veio para cá de todos os lugares, ao contrário do que fizeram pensar, trabalha muito. Mas, durante mais de 30 anos, tiraram-lhe o emprego.
Trabalhamos tanto e com tanto gosto que podemos dar nova vida a quatro mamutes do mar, que recebemos agora,  e  e vamos cuidar de mandar embora para alto mar o mais rápido possível, dizendo-lhes: vão, vão lá para o meio do mar, enfrentar as ondas e as profundezas,  cuidar de tornar o Brasil mais rico e melhor, para todos os nossos irmãos, de todas as partes deste país.
*Tijolaço

Anistia: OAB diz à ONU que o Brasil é um pária

O Conversa Afiada recebeu de amigo navegante o seguinte e-mail:

Gostaria de avisar que tanto a OAB, quanto o CEJIL (Centro de Justiça Internacional), enviaram ao Conselho de Direitos Humanos da ONU uma informação sobre o descumprimento pelo Brasil da sentença condenatória da Corte Interamericana de Direitos Humanos:

Ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas


A Ordem dos Advogados do Brasil, seguindo a disposição de seus estatutos que a obriga a promover a defesa dos direitos humanos, tem a honra de apresentar a esse Conselho as considerações que se seguem


Contrariamente a todos os seus vizinhos do cone sul da América Latina, o Brasil é o único Estado em que os responsáveis pelos crimes de Estado cometidos contra opositores políticos durante os regimes militares de exceção dos anos 60 a 80 do século passado, não foram submetidos a processo penal. Em abril de 2010, o Supremo Tribunal Federal brasileiro, em ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil, tendo por objeto a interpretação, à luz da Constituição e sistema internacional dos direitos humanos, de uma lei de auto-anistia promulgada em 1979 pelo último governo do regime militar, confirmou que os crimes mencionados acima foram abrangidos por essa anistia.


Entretanto, em novembro de 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, no acórdão Gomes Lund e outros vs. Brasil (Guerrilha do Araguaia), julgou e condenou o Estado Brasileiro pela prisão arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de 70 pessoas, por ocasião da Guerrilha do Araguaia entre 1972 e 1975. A Corte decidiu também que a auto-anistia decretada pela lei de 1979 é contrária à Convenção Americana sobre Direitos Humanos e carece, em consequência de efeitos jurídicos. Não obstante, os representantes da Presidência da República, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal declararam que o Estado Brasileiro não é obrigado a executar essa decisão.


Sem dúvida, essa controvérsia diz respeito ao funcionamento da Organização dos Estados Americanos e deve ser solucionada em seu âmbito. Mas o episódio não pode ser ignorado por esse Conselho. Aliás, a Alta Comissária dos Direitos Humanos das Nações Unidas, a Senhora Navi Pillay, declarou recentemente que o Brasil deve revogar a lei de anistia votada em 1979, em relação aos crimes cometidos pelos agentes do Estado contra oponentes políticos durante o regime de exceção.


Na verdade, o Estado Brasileiro adotou, há muito tempo, uma posição positivista, segundo a qual os tratados de direitos humanos somente entram em vigor, no plano nacional, após serem ratificados pelo Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal). Em 2004, uma emenda à Constituição (art. 5º, § 3º) precisou que “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.


Essa disposição constitucional revela claramente a posição do Estado Brasileiro em matéria de direitos humanos, contrária ao consenso internacional. Os princípios e as regras de proteção da pessoa humana, a começar pelo jus cogens mencionado pela Convenção de Viena de 1969 sobre o Direito dos Tratados em seu art. 53, uma vez reconhecidos internacionalmente, não dependem, para entrar em vigor, de sua aceitação formal por parte dos Estados. É inadmissível, hoje, que um Estado sustente, como faz o Brasil, que seu direito interno se superpõe ao sistema internacional de direitos humanos.


Pareceu-nos, portanto, importante assinalar essa anomalia, por ocasião da submissão do Brasil ao exame periódico desse Conselho, quanto à proteção dispensada aos direitos humanos.

Navalha
O Conversa Afiada dedica este post a três notáveis juristas brasileiros.
Eros Grau, que relatou no Supremo a anistia à Lei da Anistia.
A Sepúlveda Pertence, que defendeu na OEA a anistia à Lei da Anistia.
E, last but not least, Gilmar Dantas (*), que sempre combateu a revisão da Lei da Anistia, com o argumento de que provocaria “desarranjo” institucional, como aconteceu em todos os países que o fizeram.
E não disse em que países houve o “desarranjo”.




Paulo Henrique Amorim


(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews  e da CBN se refere a Ele.

FMI pede grana.
E diz que Brasil resiste ao PiG


O Conversa Afiada reproduz texto do Blog do Planalto:


Diretora-geral do FMI diz que economia brasileira está solida e pode resistir aos efeitos da crise

A economia brasileira está sólida e pode resistir às dificuldades impostas pela crise. A avaliação foi feita hoje (1o) pela diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. Em visita ao Brasil, ela foi recebida pela presidenta Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. No encontro, foram discutidos a crise que atinge com mais seriedade os países da Europa e seus impactos nas economias emergentes.

No entanto, para a diretora do FMI, o Brasil está em situação favorável, resultado de uma política econômica amparada em “três pilares”: controle da inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal. Junto com a força do mercado interno, esses três pilares protegem a economia brasileira dos efeitos da crise.

“Compartilhei com a senhora presidenta nossas preocupações com a Zona do Euro e a expectativa que nossos parceiros europeus vão conseguir montar um conjunto forte para tratar os diferentes componentes da crise. E ouvi da presidenta o apoio do Brasil para reforçar e fortalecer o Fundo Monetário com aporte de recursos”, disse Lagarde na entrevista coletiva concedida no Ministério da Fazenda após reunião com o ministro Guido Mantega.

Na avaliação do ministro da Fazenda, a crise europeia está se agravando, o que exige o aporte de recursos adicionais para o Fundo Monetário Internacional. A preocupação, segundo Mantega, é que a crise chegue aos países emergentes.

“O FMI está mais forte que em 2008 e mesmo assim deveria se fortalecer ainda mais. O Brasil está disposto a colaborar com o aporte adicional de recursos através de acordos bilaterais de crédito. Não há quantia definida. Isso é uma discussão que nós fazemos com o BRICs. Porém, isso está condicionado às reformas de cotas que já foram acertadas em 2009/2010 e que nós tenhamos a colaboração também de outros países, como Estados Unidos e os europeus.”



Navalha
Chora, Cerra, chora !
Chora, Farol, chora !
Chora, Urubóloga, chora !
Chora, … , chora !
Paulo Henrique Amorim (às gargalhadas)


“É Pentágono/OTAN versus BRICS”

Poucos prestaram atenção, quando, semana passada, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Victoria Nuland anunciou, em linguagem cifrada, que Washington “deixará de atender a alguns dos dispositivos do Tratado das Forças Militares Convencionais na Europa [ing. Conventional Armed Forces in Europe (CFE) Treaty], no que tenha a ver com Rússia”. [1]
Tradução: Washington deixará de informar a Rússia sobre deslocamentos de sua armada global. A estratégia de “reposicionamento” planetário do Pentágono virou segredo.
BRICS cada vez mais cautelosos com as “intervenções humanitárias dos EUA-OTAN
É preciso atualizar algumas informações de fundo. Esse tratado, CFE, foi assinado nos anos 1990 – quando o Pacto de Varsóvia ainda era vigente, e cabia à OTAN defender o ocidente “livre” contra o que então estava sendo pintado como um muito ameaçador Exército Vermelho.
Na Parte I, esse Tratado CFE estabelecia significativa redução no número de tanques, artilharia pesadíssima, jatos e helicópteros de guerra, e dizia também, aos dois lados, que todos teriam de nunca parar de falar do Tratado CFE.
A Parte II do Tratado CFE foi assinada em 1999, no mundo pós-URSS. A Rússia transferiu grande parte de seu arsenal para trás dos Montes Urais, e a OTAN nunca parou de avançar diretamente contra as fronteiras russas – movimento que aberta e descaradamente descumpria a promessa que George Bush-Pai fizera, pessoalmente, a Mikhail Gorbachev.
Em 2007, entra Vladimir Putin, que decide suspender a participação da Rússia no Tratado CFE, até que EUA e OTAN ratifiquem a Parte II do CFE. Washington nada fez, nada de nada; e passou quatro anos pensando sobre o que fazer. Agora, decidiu que nem falar falará (“Washington deixará de atender”, etc. etc.).
Não se metam na Síria
Moscou sempre soube, há anos, o que o Pentágono quer: Polônia, República Checa, Hungria, Lituânia. Mas o sonho da OTAN é completamente diferente: já delineado num encontro em Lisboa há um ano, o sonho da OTAN é converter o Mediterrâneo em “um lago da OTAN”. [2]
Em Bruxelas, diplomatas da União Europeia confirmam, off the record, que a OTAN discutirá, numa reunião chave no início de dezembro, o que fazer para fixar uma cabeça-de-praia muito próxima da fronteira sul da Rússia, para dali turbinar a desestabilização da Síria.
Para a Rússia, qualquer intervenção ocidental na Síria é caso resolvido de não-e-não-e-não absoluto. A única base naval russa em todo o Mediterrâneo Ocidental está instalada no porto (sírio) de Tartus.
Não por acaso, a Rússia instalou seu sistema de mísseis de defesa aérea S-300 – dos melhores do mundo, comparável ao Patriot, dos EUA – em Tartus. E é iminente a atualização para sistema ainda mais sofisticado, o S-400.
Mais importante: pelo menos 20% do complexo industrial militar russo enfrentaria crise profunda, no caso de perder seus assíduos clientes sírios.
Em resumo, seria suicídio, para a OTAN – para nem falar em Israel – tentar atacar a Síria por mar. A inteligência russa trabalha hoje sobre a hipótese de o ataque vir via Arábia Saudita. E vários outros países também sabem, com riqueza de detalhes, dessa estratégia de “Líbia remix”, da OTAN.
Vejam o caso, por exemplo, da reunião da semana passada, em Moscou, dos vice-ministros de Relações Exteriores dos países do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) [3].
Os BRICS não poderiam ter sido mais claros: esqueçam qualquer tipo de intervenção externa na Síria; disseram, exatamente que “não se deverá considerar qualquer interferência externa nos negócios da Síria, que não esteja perfeitamente conforme o que determina a Carta das Nações Unidas”. [4] Os BRICS também condenam as sanções extras contra o Irã (são “contraproducentes”) e qualquer possibilidade de algum ataque. A única solução – para os dois casos, Síria e Irã – é negociações e diálogo. Esqueçam a conversa de um voto da Liga Árabe levar a nova resolução, do Conselho de Segurança da ONU, de “responsabilidade de proteger” (responsibility to protect - R2P). Esqueçam.
O que temos aí é um terremoto geopolítico. A diplomacia russa coordenou, com outros países BRICS, um murro tectônico na mesa: não admitiremos qualquer tipo de nova intervenção dos EUA – seja “humanitária” ou a que for – no Oriente Médio. Agora, é Pentágono/OTAN versus os BRICS.
Brasil, Índia e China estão acompanhando tão de perto quanto a Rússia, o que a França – sob o comando do neonapolêonico Libertador da Líbia, Nicolas Sarkozy – e a Turquia, os dois países membros da OTAN, estão empenhados e fazer hoje, sem qualquer limite ou contenção, contrabandeando armas e apostando em uma guerra civil na Síria, ao mesmo tempo em que tudo fazem para impedir qualquer tipo de diálogo entre o governo de Assad e a oposição síria, essa, em frangalhos.
Alerta máximo nos gargalos
Tampouco é segredo dos BRICS que a estratégia de “reposicionamento” do Pentágono implica mal disfarçada tentativa de impor, no longo prazo, uma “negativa de acesso” à marinha chinesa expedicionária [ing. blue-water navy, capaz de operar em alto mar], em acelerada expansão.
Agora, o “reposicionamento” na África e na Ásia tem a ver, diretamente, com os gargalos. Não surpreende que três dos gargalos mais cruciais do mapa do mundo é questão de alta segurança nacional para a China, em termos do fluxo do suprimento de petróleo.
Estreito de Ormuz
O Estreito de Ormuz é gargalo global crucial (por ali passam 16 milhões de barris de petróleo por dia, 17% de todo o petróleo negociado no planeta, mais de 75% do petróleo exportado para a Ásia).
O Estreito de Malacca é elo crucial entre o Oceano Índico e o Mar do Sul da China e o Oceano Pacífico, a rota mais curta entre o Golfo Persa e a Ásia, com fluxo de cerca de 14 milhões de barris de petróleo/dia.
E o Bab el-Mandab, entre o Chifre da África e o Oriente Médio, passagem estratégica entre o Mediterrâneo e o Oceano Índico, com fluxo de cerca de 4 milhões de barris/dia.
Thomas Donilon, conselheiro de segurança nacional do governo Obama tem repetido, insistentemente, que os EUA têm de “reequilibrar” a ênfase estratégica – do Oriente Médio, para a Ásia.
Assim se explica boa parte do movimento de Obama, de mandar Marines para Darwin, no norte da Austrália, movimento já analisado em outro artigo para Al Jazeera [5]. Darwin é cidade bem próxima de outro gargalo – Jolo/Sulu, sudoeste das Filipinas.
Estreito de Malacca
O primeiro secretário-geral da OTAN, Lord “Pug” Ismay, cunhou o famoso mantra segundo o qual a aliança Atlântica deveria “manter os russos fora, os americanos dentro e os alemães abaixo.” Hoje, o mantra da OTAN parece ser “manter os chineses fora e os russos abaixo”.
Mas o que os movimentos do Pentágono/OTAN – todos inscritos na doutrina da Dominação de Pleno Espectro [ing.Full Spectrum Dominance] – estão realmente fazendo é manter Rússia e China cada vez mais próximas – não apenas dentro dos BRICS mas, sobretudo, dentro da Organização de Cooperação de Xangai expandida , que rapidamente se vai convertendo, não só em bloco econômico mas, também, em bloco militar.
A doutrina da Dominação de Pleno Espectro implica centenas de bases militares e agora também de sistemas de mísseis de defesa (ainda não testados). O que também implica, crucialmente, a ameaça mãe de todas as ameaças: capacidade para lançar o primeiro ataque.
Pequim, pelo menos por hora, não tomou a expansão do Comando dos EUA na África, Africom, como ataque aos seus interesses comerciais, nem tomou o posicionamento de Marines na Austrália como ato de guerra.
Mas a Rússia – tanto no caso da expansão dos mísseis de defesa posicionados contra Europa e Turquia, como na atitude de “sem conversas” sobre o Tratado CFE, e posicionada já contra os planos da OTAN para a Síria – está-se tornando bem mais incisiva.
Esqueçam a conversa de Rússia e China, “competidores estratégicos” dos EUA, serem tímidos na defesa da própria soberania, ou dados a pôr em risco a própria segurança nacional. Alguém aí tem de avisar aqueles generais no Pentágono: Rússia e China não são, não, de modo algum, Iraque e Líbia.
Notas dos tradutores
[1] 23/11/2011, RIA NOVOSTI – “United States halts coopertion with Rússia on CFE arms treaty”
[2] 25/11/2010, Pepe Escobar, “EUA: como criança em loja de doces da OTAN”.
[3] Sobre a mesma reunião e o mesmo Comunicado Conjunto, ver 25/11/2011, MK Bhadrakumar, “BRICS bloqueiam os EUA no Oriente Médio”.
[4] “Comunicado Conjunto à Imprensa” (em inglês).
[5] 22/11/2011, Pepe Escobar, “Obama projects Pacific power” (em inglês).
Pepe Escobar, Al-Jazeera, Qatar
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
*Redecastorphoto

Origens do Socialismo

Escrever sobre História do Socialismo, não é tarefa fácil, por mais que pensem o contrário. Verdadeiramente há muitas discordâncias sobre as origens históricas do socialismo.Por onde começar? Ou seja, a partir de quando podemos estabelecer o surgimento do socialismo?
Para G.D.H. Cole ("Historia del Pensamiento Socialista”), a palavra “socialismo” apareceu na imprensa pela primeira vez em 1832, no jornal “Le Globe”, dirigido por Pierre Leroux e foi empregada para caracterizar a doutrina de Saint-Simon. Mas o século XIX não registra somente o aparecimento da palavra “socialismo”. Segundo o mesmo autor, na mesma obra, a palavra “comunismo” também surgiu no século XIX e foi empregada pela primeira vez também na França, relacionada com algumas sociedades revolucionárias secretas que existiram em Paris durante a década de 30 daquele século, enquanto que por volta de 1840, a palavra “comunismo” passou a designar as teorias de Etienne Cabet expostas na sua obra “Viagem à Icária”.
Bem, se as palavras “socialismo” e “comunismo” só apareceram no século XIX (1830/1840), poderíamos determinar aquele século como marco inicial para uma História do Socialismo, ou do Comunismo?
Max Beer, na sua “História do Socialismo e das Lutas Sociais”, identifica a existência do comunismo, como teoria e como prática, desde a Antigüidade: como teoria através do pensamento de Platão, dos estóicos e do cristianismo; como prática nas formas de organização das sociedades palestina (hebreus) e gregas (Esparta e Atenas). Neste caso, poderemos nos orientar por Max Beer fixando a Antigüidade como marco inicial para nossa História do Socialismo, ou antes, do Comunismo?
E se descartarmos Max Beer, o que dizer de Rosa Luxemburgo (“O Socialismo e as Igrejas”) que nos fala de um “comunismo dos primeiros cristãos”? Poderemos acompanhar Rosa Luxemburgo?
Friedrich Engels não volta tanto no tempo. Em sua obra “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, defende que assim como o “materialismo moderno” é filho da Inglaterra do século XVII, o “socialismo moderno” é filho da França do século XVIII. No entanto, se o “materialismo moderno” não exclui a existência de um “materialismo pré-moderno”, pois os primeiros materialistas existiram na Grécia Antiga, do mesmo modo, admitir um “socialismo moderno” não deverá excluir a existência de um “socialismo pré-moderno”.
No "Manifesto do Partido Comunista", Marx e Engels chegam a reconhecer a existência de “sistemas socialistas e comunistas propriamente ditos” ligados aos nomes de Saint-Simon, Fourier e Owen. A expressão “propriamente ditos” quer significar que pode ter existido “sistemas socialistas e comunistas” que não eram “propriamente ditos”? Se assim for, esses últimos – os “não-propriamente ditos” - podem ter existido antes de Saint-Simon, Fourier e Owen.
A resposta a essas indagações, só será possível se verificarmos de qual socialismo (e de qual comunismo) estamos falando. Será que socialismo pode ser identificado com qualquer forma de pensamento que condene a propriedade privada? Para ser socialista basta lutar contra a desigualdade social e defender a repartição dos bens entre os que fazem uma determinada sociedade? Um sistema socialista se resumiria na organização de uma seita religiosa, na qual seus membros possam dispor dos bens em comum?
Ora, fala-se muito das tendências que estariam presentes nos movimentos camponeses na fase de transição do feudalismo para o capitalismo na Europa e na política agrária da esquerda jacobina durante a Revolução Francesa de 1789. O que sabemos é que os movimentos camponeses que se verificaram na Europa Ocidental, Central e Oriental nos séculos XV ao XVIII, reivindicaram o acesso às terras pelos trabalhadores do campo; a ala radical dos jacobinos, na fase que assumiu o poder em 1793, elaborou uma política agrária que propunha a repartição da propriedade. o que permitiria aos camponeses pobres o acesso às terras, antes monopólios da nobreza fundiária.
É bom observar, no entanto, que em ambos os casos, não se tratava de eliminar a propriedade privada da terra, mas de limitar essa propriedade, facilitando o acesso às terras aos camponeses, transformando-os também em proprietários. Evidências de comunismo? O máximo que podemos admitir, é que uns e outra defenderam a implantação de um "igualitarismo agrário", que não pode ser, de forma alguma, identificado com o comunismo, no sentido moderno do termo.
Talvez a partir de uma definição do que seja socialismo e/ou comunismo, poderemos estabelecer se uma História do Socialismo pode ser iniciada na época dos “Atos dos Apóstolos” , ou da descrição de uma ilha imaginária (“Utopia”, “Icária”, “Nova Atlântida”), ou da publicação de “O Testamento de Jean Meslier” ou mesmo de “Le Nouveau Christianisme”?
Como definir socialismo e comunismo se os conceitos mudam de significados no processo de desenvolvimento histórico? Por acaso o conceito de democracia na Grécia Antiga conserva o mesmo sentido da democracia na França do século XVIII? O conceito de povo na Roma escravista é o mesmo conceito de povo nos fins do século XIX?
Evidentemente o sentido que damos aos termos socialismo e comunismo neste século XXI, não tem o mesmo sentido que davam ao socialismo e ao comunismo aqueles que os defendiam e os propagavam nos séculos XVII e XVIII, pois com toda certeza socialismo e comunismo naqueles séculos abrigavam concepções diferentes, como diferentes são as idéias de um Thomas More em relação às de um Jean Meslier, de um Jean Meslier em relação às de um Saint-Simon, de um Saint-Simon em relação às de um Robert Owen. Mas mesmo diferentes em seus significados, todos aqueles "socialismos" não devem conservar alguma coisa em comum?
No Prefácio que escreveu para a edição inglesa de 1890 do "Manifesto do Partido Comunista", Engels, referindo-se ao fato do Manifesto não ter sido chamado de Manifesto Socialista, assim se justifica:
Em 1847, esta palavra servia para designar dois gêneros de indivíduos. De um lado, os partidários dos diferentes sistemas utópicos, especialmente os owenistas na Inglaterra e os fourieristas na França, ambos já reduzidos a simples seitas agonizantes. Do outro lado, os numerosos curandeiros sociais que queriam, com suas panacéias variadas e com tôda espécie de cataplasmas, suprimir as misérias sociais, sem tocar no capital e no lucro. (MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. 2,ed. São Paulo:Escriba, 1968, p. 18-19)
Para Engels, naquela época, se chamava comunista todo aquele que defendia "a necessidade de uma completa mudança social", já socialista era aquele que com "panacéias variadas e com todas as espécies de cataplasmas", queria "eliminar os males sociais" sem mudar as condições responsáveis pela existência daqueles males. Ou seja, (...) "em 1847, o socialismo era um movimento burguês (a middle-class movement), o comunismo um movimento operário."
Isto significa, entre outras coisas, que socialismo não é sinônimo de movimento revolucionário, nem de uma sociedade qualitativamente nova. Razão pela qual os autores do "Manifesto" chegam a estabelecer uma verdadeira tipologia de socialismo: o socialismo feudal, o socialismo sacro, o socialismo pequeno-burguês, o socialismo conservador, etc.
Nesta altura é possível admitir que a palavra socialismo pode se referir a qualquer tipo de movimento que defenda que as relações entre os homens sejam pautadas pela melhoria das condições de vida e de trabalho da população, pela maior distribuição dos bens entre os cidadãos. . . mas nada disso implicaria na real transformação da estrutura econômico-social da sociedade, na eliminação da propriedade privada dos meios de produção, no fim da exploração do homem pelo homem.
Referências:
BEER, Max. História do socialismo e das lutas sociais. Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, s/d.
COLE, G.D.H. Historia del pensamiento socialista. Mexico: Fundo de Cultura Economica, 1974, vol. 1.
ENGELS, Friedrich. Do socialismo utópico ao socialismo cientifico. São Paulo: Global, 1984.
LUXEMBURGO, Rosa. O socialismo e as Igrejas. 2.ed. Rio de Janeiro: Achiamé, 1981.
MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. 2.ed. São Paulo: Escriba, 1968.
Aluizio Moreira
*História Vermelha

A REY MUERTO, REY PUESTO.O ENTERRO DA “IBEROAMERICA” E O BATISMO DA CELAC.

Não faz mais de um mês, em Assunção, no Paraguai, foi sepultado, sem choro e sem velas, o projeto neocolonial que embalou os sonhos da Espanha, nos anos 90, de voltar a exercer, com a ajuda de conhecidos neoliberais de plantão, algum poder real na América Latina.
Naqueles anos nefastos, de submissão e desnacionalização da economia, os espanhóis, do alto da ilusão conquistada pelo dinheiro recebido a fundo perdido dos países mais ricos da Comunidade Européia - e graças aos baixos juros cobrados pelos bancos europeus, quando comparados com o preço do dinheiro na América Latina - compraram dezenas de nossas empresas, e tentaram institucionalizar o termo “iberoamérica” para referir-se a este pedaço do planeta. Acreditavam que eram a oitava economia do mundo e que iriam sentar-se à mesa do G-7.
Hoje, o G-7, substituído de fato pelo G-20 - clube do qual a Espanha não faz parte - é uma ficção estratégica. O grupo do qual mais se fala, na mídia internacional, atende pelo nome de BRICS. Consolidaram-se, na América do Sul, o Mercosul, a UNASUL e o Conselho de Defesa Sulamericano. A Espanha está a dois passos de falir, com uma dívida externa de 165% do PIB e mais de 22% de desemprego.
Foi nessa situação, de duro aprendizado histórico, que os espanhóis insistiram em organizar, nos últimos dias de outubro, na capital paraguaia, mais uma cúpula “iberoamericana”.
Para a reunião, trouxeram o então primeiro-ministro José Luis Zapatero, e o Rei Don Juan Carlos, que ficaram – como bons navegantes – a ver navios, já que os presidentes da Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Honduras, Nicarágua, República Dominicana, Uruguai e Venezuela não compareceram.
Trinta dias depois, o Presidente Hugo Chaves (a quem o Rei da Espanha ousou lançar, com arrogância, a ofensa de um por que no te callas ? ) exercita, com prazer, a oportunidade de colocar - com um belíssimo tapa de luvas - sua majestade em seu devido lugar, recebendo, com pompa e circunstância, entre hoje e terça-feira, 32 Presidentes e Chefes de Estado de paises ao sul do Rio Grande, para a reunião de fundação, em Caracas, na Venezuela, da CELAC - Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe.
A organização da CELAC mostra que no início deste século XXI, nós já estamos maduros para discutir nossos próprios assuntos e forjar, com base na cooperação e no respeito mútuo, nosso destino, sem a presença incômoda, quando não constrangedora, dos Estados Unidos, de Portugal e da Espanha.
O slogan da cúpula de Caracas já diz tudo: CELAC - El camino de nuestros Libertadores. O sonho de Simon Bolivar e do brasileiro Abreu e Lima, que foi seu general na gesta libertadora por uma América Latina livre e mais unida, estará, a partir da próxima semana, mais perto de se realizar.

Charge do Dia

A história se repete

João Faustino à esquerda; Paulo Preto não aparece na foto.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Diretório do PT pede criação de CPI contra Kassab por caso Controlar


Partido diz que prefeito desrespeitou o motorista paulistano e pede nova licitação para o sistema
 
Daiene Cardoso - Agência Estado
SÃO PAULO - Em nota divulgada nesta quarta-feira, 30, a executiva municipal do PT anunciou o apoio à bancada do partido na Câmara dos Vereadores de São Paulo para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as irregularidades entre a prefeitura e a empresa Controlar apontadas pelo Ministério Público.
O partido, que faz oposição ao prefeito Gilberto Kassab, acusa a administração do PSD de desrespeitar os motoristas paulistanos que fazem a inspeção veicular. "Considerando da mais alta gravidade a situação apresentada, a executiva decidiu apoiar a iniciativa da Bancada do PT na Câmara Municipal de pedir uma CPI para apurar os fatos", diz a nota.
Os petistas criticam o "abuso de preço" cobrado dos motoristas, os quais se submetem à vistoria sem garantias "de um controle efetivo sobre a emissão de poluentes, finalidade única da inspeção veicular".
O diretório do PT defende também a revogação do contrato com a Controlar e a abertura de nova licitação para o serviço. Enquanto a situação não é definida, o partido propõe que as vistorias sejam suspensas.
Ontem, a base aliada do prefeito conseguiu barrar o pedido de instalação de uma CPI na Câmara. A oposição, capitaneada pelo PT, não conseguiu sequer convocar o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, para dar explicações aos vereadores. Eduardo Jorge foi um dos fundadores do PT e deixou o partido em 2003 para integrar o PV. O secretário e o prefeito tiveram os bens bloqueados pela Justiça.
Eleições. Essa é a primeira mobilização do diretório municipal contra o prefeito desde que o PT anunciou a pré-candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à sucessão municipal. No anúncio da escolha de seu nome, Haddad deu indícios de que não pretende poupar a administração de Kassab na campanha de 2012.
"O sentimento da militância do PT é de mudança, e não de continuidade. O que caracteriza o partido quando ele se apresenta à cidade como de oposição ou de situação é isso: o sentimento de continuidade ou de mudança. As coisas precisam mudar em São Paulo", avisou o petista.