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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 06, 2011

A BATRAQUIANA MANIPULAÇÃO MUSICAL DA REDE GLOBO Á SERVIÇO DO IMPÉRIO

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Luiz Müller: "Imagens de macaquinhos e cobras da Globo me convenceram. Sou a favor da Usina de Belo Monte!"

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Lüiz Muller em seu blog

Onças, cobras, macaquinhos, pererecas, araras “cor de ouro”, todas as imagens sempre muito bem musicadas, para emocionar a plateia. Foi no Globo Repórter de sexta [2/12]. Imagens que supostamente são da região. Sim, porque não dá para esquecer que a Globo é farta de imagens falsas. Eles transformaram até bola de papel em tijolo ou outro objeto contundente durante a campanha eleitoral, lembram? 
 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2utJDUPaZbqq0eTDyEf0jjb29lTo62Gc05oVvjINrFkCiEany8eYSMtfTdI2OTzV6_NPuech5tiVofHhx44qEvpXzPXQ8TyYHRRYEmkXrQpuegANK5-SUgVa_N3gwa_ZPa2Sixp0MS7QJ/s1600/globo_bolinha_(1).jpg
Mas supondo-se que todas as imagens sejam verdadeiras, vou externar aqui as razões pelas quais fiquei convencido de que a hidrelétrica de Belo Monte tem que sair ali mesmo, onde durante 30 anos foram realizados estudos de viabilidade econômica e ambiental foram feitos a respeito.
http://www.brasil247.com.br/get_img?ImageWidth=651&ImageId=82721
Seria engraçado, se não fosse trágico. Estas mesmas ONGs que, junto com artistas globais e o PIG, tanto batem em Belo Monte, nada fizeram com relação a Chevron e sua ganância poluidora. E nem me lembro de ter visto as mesmas organizações fazendo barulho quando explodiu a plataforma da British Petroleum no Golfo do México. 
http://www.aroundtheworld.com.br/antigo/joom/images/stories/junho10/aguas-negras3.jpg
A Rede Globo, depois que as redes sociais já tinham denunciado a Chevron e seu vazamento na Bahia da Guanabara, pegaram carona num helicóptero da mesma empresa para mostrar que a mancha de petróleo havia reduzido. Mas não disseram nada sobre o fato de que a Chevron estava é tentando roubar o petróleo do pré-sal.
http://www.sempretops.com/wp-content/uploads/Vazamento-de-%C3%93leo-da-Chevron-Problema-FOTO-8-663x444.jpg
Esta gente não esta preocupada com o meio ambiente. Eles estão preocupados porque o Brasil esta caminhando célere para se tornar uma grande potência mundial. É isto que está em jogo. 
http://n.i.uol.com.br/noticia/2010/06/17/animais-sofrem-com-o-vazamento-de-oleo-no-golfo-do-mexico-veja-as-fotos-1276777256194_615x300.jpg
Infelizmente há gente boa caindo nesta esparrela da preservação do meio ambiente no caso de Belo Monte. Sou a favor da preservação. Mas sou também a favor do desenvolvimento. E desenvolvimento se faz com energia elétrica, que Belo Monte vai gerar. É preciso sim garantir que haja compensações que garantam os mínimos impactos possíveis. É assim que se faz desenvolvimento sustentável.

Aliás, falando em desenvolvimento sustentável, alguém aí ficaria sem seu computador, sua televisão, sua máquina de lavar, seu ar condicionado, seu ferro elétrico, seu chuveiro, enfim, tudo aquilo que requer energia elétrica para funcionar? A indústria, os hospitais, o comércio, os serviços, tudo exige energia. Alguns dirão que é preciso buscar outras formas de energia, mais limpas. Também sou a favor. Mas isto tem custo. E a energia quem paga, é quem a utiliza, ou seja, nós. E o custo seria muito alto. 

E por que mesmo nós teríamos de pagar mais caro pela energia mais limpa e norte-americanos, chineses e europeus continuem pagando pouco por uma energia que polui violentamente o planeta? Alias, o Brasil é signatário do Protocolo de Quioto. E tem cumprido sua tarefa de reduzir a geração de poluentes. Quem não tem feito isto, são os norte-americanos, chineses e europeus, que aliás são donos da Chevron, da British Petroleum e outras milhares de empresas poluidoras.
http://portuguese.cri.cn/mmsource/images/2011/03/12/riben11.jpg
Mar do Japão depois da explosão da Usina Nuclear de Fukushima
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Então, eu quero continuar com as condições de vida que as novas tecnologias, movidas a energia, proporcionam. Quero que estas condições de vida possam ser dadas a todos os brasileiros e muitos ainda não as tem. Para isto, é preciso gerar mais energia. Gerando mais energia, ela também fica mais barata. E não teremos mais nenhum apagão. Quero também a preservação do meio ambiente, por que sei que também não dá para viver sem ele, assim como não dá para viver sem energia elétrica. Então, se trata de tirar a média entre um e outro, calcular as compensações necessárias e… continuar a crescer e distribuir a riqueza gerada, possibilitando que todos os brasileiros tenham o direito de acessar as benesses que o mundo oferece.



Clique aqui para ler “Tudo o que você gostaria de saber sobre a Usina de Belo Monte, mas não sabia para quem perguntar”
 

ELEIÇÕES NA RUSSIA - COMUNISTAS TORNARAM-SE A 2ª MAIOR FORÇA ELEITORAL E PODEM VOLTAR AO PODER POR VIA DEMOCRÁTICA

http://www.telanon.info/wp-content/uploads/2011/05/sem_futuro_Medvedev_Dmitry_Putin.jpg

Partido de Putin perde 77 vagas; comunistas ampliam votação 

O partido governista da Rússia, do primeiro-ministro Vladimir Putin, conseguiu uma maioria bastante reduzida no Parlamento nesta segunda-feira (5), depois de uma eleição manchada por várias denúncias de fraude a favor da situação. O partido perdeu 77 cadeiras nesta disputa, demonstrando o crescente desgaste do líder que manteve o poder durante mais de uma década e tem planos para retornar à Presidência no próximo ano.

O partido Rússia Unida – de Putin – obteve 49,45% dos votos no domingo, em comparação aos 64% de quatro anos atrás. A legenda garantiu 238 dos 450 assentos na Duma, a câmara baixa do Parlamento, segundo resultados quase 100% apurados. Os números representam uma perda de 77 vagas e da maioria de dois terços que o partido havia conseguido em 2007 e que permitia promover mudanças na Constituição sem grandes problemas.
O partido recebeu quase um terço de votos a menos do que em 2007, no pior revés eleitoral para Putin desde assumiu o poder em 1999. Foram 15 milhões a menos de votos.
O chefe da Comissão Eleitoral, Vladimir Churov, afirmou que, com 96% dos votos apurados, o Partido Comunista ficou em segundo lugar nas eleições, com 19,2% dos votos e 92 cadeiras. O Rússia Justa ficou em terceiro com 13,2% dos votos e 64 cadeiras, enquanto o nacionalista Partido Liberal Democrático conquistou 11,7% da votação e 56 lugares no Parlamento.
Denúncias
Mesmo este resultado já tão desfavorável ao Rússia Unida tem sido questionado por observadores internacionais e pela oposição. Todos apontam que os votos teriam sido inflacionados a favor da formação atualmente no poder. Os observadores afirmam que as eleições foram tendenciosas e favoreceram o partido governista, além de terem sido alvo de aparentes manipulações, incluindo introdução de votos nas urnas.

http://gdb.rferl.org/F996D5D8-9656-4669-926A-92661C554847_mw800_mh600.jpg

Já o Partido Comunista – que amplia sua representação de 57 para 92 assentos – afirmou que a eleição foi a mais suja desde o fim da União Soviética, em 1991. O líder comunista, Gennady Zyuganov (foto acima), denunciou que o partido governista sofreu uma "derrota arrasadora" nas eleições parlamentares de domingo, mas lhe deram até 15% de votos além dos que realmente obteve.
"As eleições foram absolutamente ilegítimas, tanto do ponto de vista jurídico quanto moral", afirmou Zyuganov em entrevista coletiva.
O político, que lidera a segunda força mais votada nas eleições legislativas, afirma que o partido Rússia Unida obteve 49,54% dos votos de acordo com os resultados oficiais não definitivos, mas foram "acrescentados entre 12 e 15%".
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Zyuganov acrescentou que o Partido Comunista da Rússia vai defender "na rua e no âmbito jurídico" a votação obtida por sua formação no pleito. Ele anunciou que recorrerão dos resultados de pelo menos 1.600 colégios eleitorais, onde as atas não correspondem com o cômputo paralelo realizado pelos observadores comunistas.
"Apesar do roubo de votos, dobramos nossa representação parlamentar. Os 90 mandatos nos dão a possibilidade de colocar uma série de iniciativas, incluindo a apresentação de uma moção de censura ao governo", afirma.
De acordo com os resultados oficiais não definitivos, os comunistas alcançaram quase o dobro dos votos obtidos há quatro anos.

Kassab segura verba de combate a enchentes

Quem vota num cara desses merece pasar por isso


Spresso SP 

O prefeito gastou apenas 8,3% da verba destinada à prevenção de enchentes e diz que a cidade está preparada para as chuvas de verão

A verba destinada para evitar os estragos das enchentes foi alvo da economia do prefeito Kassab em 2011. Segundo os dados da execução orçamentária atual, da verba destinada para evitar enchentes, a prefeitura reservou 22% e, dessa verba, somente 8,3% foram gastos efetivamente, o que equivale a apenas R$ 57,1 milhões de um total de R$ 683 milhões destinados a planos de preveção de enchentes.

No mês de outubro, durante vistorias às obras das galerias de águas pluviais da Água Branca, zona Oeste, Kassab afirmou que as demais metas previstas no orçamento deste ano ficarão para 2012, mas que, apesar disso, a cidade está “bem preparada”.

Os serviços mais prejudicados pelo baixo investimento estão relacionados à drenagem das águas das chuvas e à limpeza mecânica de córregos. Áreas que normalmente alagam, como a Bacia do Anhagabaú, no centro de São Paulo, ainda não tiveram as obras concluídas. De acordo com informações da Agenda 2012 do prefeito, as metas para a regularização de vazão, recuperação e reforço da rede de galerias pluviais no local tiveram licitação original revogada. As obras não passaram da fase do projeto e ainda está em estudo nova solução de engenharia para a conclusão do trabalho.

O Piscinão dos Machados, no bairro de São Mateus, ainda está em processo de edital e licitação. O Córrego Verde, do bairro de Pinheiros, parou na fase de desapropriação do imóvel, pois o Ministério Público Estadual acusa o projeto de falta de licenciamento ambiental. A bacia dos córregos Paraguai e das Éguas, na Vila Mariana, ainda está em fase de projeto, sem edital ou licitação. De nove obras de bacias, córregos e controle de vazão, cinco delas têm previsão de conclusão em dezembro de 2012, próximo ao fim de mandato de Kassab.
*cappacete

Cristão não consegue justificar seu dogma


*comtextolivre

Deleite Mercedes Sosa Misa Criolla









segunda-feira, dezembro 05, 2011

Avanti Popolo

Discurso de Lenin


*OpensadordaAldeia

A ultra-direita digital

A Oposição na Sociedade 
Por Marcos Coimbra 
O que chamamos oposição, na maior parte das vezes, diz apenas respeito ao mundo da política institucionalizada. Fundamentalmente, aos partidos oposicionistas, seus representantes, organizações e (poucos) filiados.
Uma das razões para isso é que é modesta, no Brasil, a atuação de grupos de pressão e associações civis voltadas para a política. Existem, mas são, ainda, pouco relevantes.
Há, no entanto, outra oposição, extra-partidária e fora do Estado, que se manifesta no âmbito da sociedade. Ela é diferente da anterior, e tende a ser, a cada dia, mais significativa.
Não estamos nos referindo, simplesmente, aos eleitores de oposição, aqueles que, de maneira sistemática, votam nas legendas hoje oposicionistas, não votam no PT e costumam não gostar de Lula, dos petistas e de tudo que fazem. Os que se definem como antagônicos ao “lulopetismo”. Esses existem desde sempre.
Entre a oposição formal, exercida pelos partidos, e o eleitorado de oposição, constituído por cidadãos individualizados, estamos vendo nascer e se desenvolver uma “nova militância” oposicionista.
Não foi em 2011 que começamos a perceber sua existência. Desde a eleição de 2010, no mínimo, já era identificável.
Por enquanto, é incipiente, mas parece crescer e se tornar mais vigorosa ideologicamente. É um fenômeno espontâneo, que acontece à margem dos partidos e que não resulta de sua atuação.
Seu lugar por excelência de formação e desenvolvimento é a internet. É nela que seus integrantes se reconhecem, estabelecem comunicação, fazem proselitismo.
Não é unificada por um ideário. Ao contrário, seu denominador comum fundamental é uma negação: o antipetismo. No fundo, não se entusiasma na defesa de nada. O que quer é “acabar com o PT”.
Essa hostilidade ficou particularmente evidente quando Lula foi diagnosticado com câncer. Foram tantas as manifestações enraivecidas, misturando júbilo, espírito de vingança e condenação por ele estar sendo tratado em um hospital de ponta, que até alguns adversários mais bem educados se assustaram.
Em suas ideias, misturam-se noções de várias origens. Algumas são típicas do conservadorismo clássico, outras vêm do nacionalismo de direita. Às vezes, são ultraliberais, outras de um antiliberalismo feroz.
Ela desconfia dos partidos e dos políticos, repele a “intervenção do estado na vida privada”, e quer acabar com os impostos. Costuma detestar o esquerdismo e abominar o “politicamente correto”.
Uma parte da mídia, especialmente algumas revistas e jornais, se reporta, cada vez mais, a ela. Nessas publicações estão alguns de seus heróis e os porta-vozes mais radicais, facilmente reconhecíveis pelo uso de violência verbal. São os valentões da palavra.
A agressividade que consomem é transferida para sites de relacionamento, blogs e intervenções pessoais, em comentários nas redes sociais e no noticiário. O Twitter é um dos lugares onde mais aparece, pois enseja a expressão emocional imediata.
Há certa semelhança entre essa militância e a ultradireita americana do chamado Tea Party: ambas surgiram naturalmente (ainda que com o incentivo do grande capital, lá de empresários da indústria química, aqui dos conglomerados de mídia), querem “purificar” a política e são fortemente anti-estatistas e antitributação.
A diferença é organizacional, pois o Tea Party, que nasceu em 2009, já está estruturado, embora continue a ser um movimento sem liderança centralizada, composto por entidades locais e indivíduos sem vínculos estreitos. (Apesar disso, houve mais de cem candidatos ao Congresso americano, na eleição de meio-período de 2010, que receberam a chancela do movimento - dos quais 32% se elegeram).
Por aqui, essa nova militância ainda não conseguiu passar pelo teste da mobilização. Permanece verbal e passiva, com baixa capacidade de se apresentar nas ruas. Os protestos anticorrupção convocados pela internet no segundo semestre, por exemplo, que pareciam significativos, terminaram sendo fracassos de público.
Que relação se estabelecerá entre essa oposição na sociedade e a oposição partidária? Estará em gestação um Tea Party à brasileira?
Em 2010, Serra procurou fomentar os sentimentos dessas pessoas, para os utilizar na campanha. Seus assessores chegaram a criar peças de comunicação específicas para açular o antipetismo na internet. A onda anti-aborto foi deflagrada e sustentada por lideranças religiosas ligadas a ele.
Quem cria ventos, se arrisca a colher tempestades. O PSDB precisa pensar se o que quer é ser a voz partidária desses militantes.
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Lágrimas no funeral do Bem-Estar Social

Carta Maior

Ministra do Trabalho italiana, Elsa Fornero, não consegue conter o choro ao explicar a parte do arrocho de 30 bilhões de euros anunciado neste domingo pelo primeiro ministro Mário Monti, que penalizará fortemente o sistema previdenciário do país.

Idade mínima de aposentadoria foi elevada para 62 anos no caso das mulheres e 66 anos para os homens. Até 2018, a idade única será de 66 anos. A antecipação de pedidos de aposentadoria até lá exigirá um mínimo de 41 anos de contribuição para mulheres e de 42, no caso dos homens. Pensões acima de 936 euros foram congeladas; aquelas abaixo desse valor serão corrigidas apenas parcialmente.

Trata-se de um arrocho de sangue sobre as gerações mais velhas, que congela e corrói o amparo social justamente quando mais se necessita dele na curva final da vida, uma ruptura de valores e laços compartilhados que desmantela as bases do Estado do Bem-Estar Social pelo qual muitos dos que agora estão sendo descartados lutaram.

Na cena asséptica e pastosa da solenidade montada para vestir de fatalidade contábil aquilo que é uma expropriação de renda em benefício dos rentistas, Elsa Fornero destoou. Em lágrimas, não conseguiu concluir o raciocínio justificatório para a palavra 'sacrifício'. Precisou interromper a explicação sobre os detalhes do pacote sendo substituída então por Monti, o tecnocrata elegante, na verdade um bloco granítico e calculista a serviço dos mercados, explicitamente reconhecido como um interventor deles no Estado italiano.

Veja a cena, expressiva da tensão gerada pelo desmonte do Estado do Bem-Estar Social numa União Européia em que a sobrevivência, ou a derrocada final, da moeda única será decidida esta semana, na reunião de cúpula de Bruxelas, nesta 6ª feira.