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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, dezembro 10, 2011

Participe da enquete "qual a melhor reação do Zé Privataria?" e concorra a prêmios


Oh vida, oh azar!!!



Puta que pariu que meeerda!


Me segura que eu to dando um troço...


Foda-se, tá tudo arregado mesmo, não deu no JN não aconteceu, e eu ainda vou ser presidente bando de proletários  


Ai, ai, ai...


Zuzubem, o negócio é tomar umas pra esquecer...


Ihhh, fedeu...


Xiiiii Aécinho, a casa ta caindo...
Não sei de nada não careca, cada um com os seus problema


Quem, eu? Se tá loco, não sei de nada!


Livrai-me dessa meu Santo Expedito


Ahhhhhhh!!!!!!!


Qualé o prêmio? Um Brasil livre da tucanalha...
*Cappacete

Charge do Dia

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1UwUxe4ivJ1A-bWEbSvZTAfCGTAJjbvDhO_Stz1OjMHE41h3pqsAQkxK4mzL8wAibcAikcNFOKGTKM0WHciTSsDVoHpMYsXj6SdRl7VEnAI-kfhGLSEFEiGTigy-7AIdpeezPCHefXXs/s1600/bessinha+%25281%2529.jpg

Se gritar "pega ladrão!", não fica um mermão, se gritar ....



Conversa Afiada

Como o livro do Amaury leva o FHC para a cadeia


Como diz o Amaury Ribeiro Junior, no “Epílogo” de “A Privataria Tucana”:

No México, o presidente Carlos Salinas de Gortari, santo padroeiro das privatizações (ele entregou o México ao Slim) fugiu para Nova York num jatinho.

O presidente da Bolívia, Gonzalo Sánchez Lozada, que entregou até a água do país, fugiu para Miami aos gritos de “ assassino !”.

Fujimori, o campeão das privatizações peruanas, admitiu pagar propinas ou “briberization” – expressão do Joseph Stiglitz, que o Amaury gosta de usar – no valor de US$ 15 milhões.

Na Argentina, ninguém, mais fala “Menem”.

Quando é para se referir ao herói da privatização argentina, “el saqueo”, o presidente Carlos Menem, se diz “Mendéz”, para não dar azar.

Menem fugiu para o Chile atrás de uma starlet e voltou para a Argentina munido de um mandato de Senador, para não ir em cana.

Aqui, levam o Fernando Henrique a sério.

Cerra, Ministro do Planejamento, e o Farol de Alexandria presidiram à maior roubalheira das privatizações latino-americanas.

Não há o que se compare !

O Daniel Dantas lavou e deslavou dinheiro.

O Carlos Jereissati e Sergio Andrade compraram a Telemar com ajuda de uma “briberization” ao Ricardo Sérgio.

A Vale também teve “briberization”, ofertada ao mesmo chefe da Tesouraria das campanhas de Cerra e Fernando Henrique.

O Ricardo Sergio lavou, deslavou, cuidou da filha do Cerra e do genro do Cerra.

O Farol de Alexandria entra no diálogo com o André Lara Rezende a tramar um lance da privatização.

Entre o Ministério das Comunicações e o BNDES entrava consorcio por uma porta, saía outro pela outra, entrava a Previ por um lado, o dinheiro do Banco Brasil por outro, a Elena saía por uma porta, o Arida entrava pela outra – tudo no limite da “irresponsabilidade !”.

“Se der m …”

Com o Amaury, deu, amigo navegante !

Deu “m…”

Roubaram em todos os tempos e modos, diria o Vieira.

Segundo o Aloysio Biondi, que analisou o papel das “moedas podres” e dos empréstimos do Mendonção no BNDES, O BRASIL DO FHC E DO CERRA PAGOU, PAGOU PARA VENDER AS EMPRESAS ESTATAIS.

O Amaury cita o Bresser Pereira: “só um bobo dá a estrangeiros serviços públicos como as telefonias fixas e móveis”.

“Um bobo ou esperto”, ponderou o Amaury.

Espertíssimo !

O Delfim costuma dizer que o Cerra e o FHC “venderam o patrimônio e endividaram o país !”.

Dois jenios !

E espertos !

(Para dizer pouco !, não é isso Rioli, Preciado ?)

E o FHC com isso ?

Nada ?

Presidiu a roubalheira e não vai parar na Justiça ?

Todo mundo roubava e ele ali, a ler Max Weber …

A roubalheira no primeiro andar e ele na cobertura a tomar vinho francês.

O Fujimori na cadeia, o Sanchez Lozada em Miami, o Salinas escondido num bunker na cidade do México, o Mendéz refugiado no Senado, e o Farol de Alexandria no Roda Morta e a pregar a Moralidade !

Como é que é Zé (clique aqui para ler como os amigos do Dantas se referem ao Zé, com carinho e afeto) ?

E o brindeiro Gurgel: vai encarar o FHC ?

Ele não sabia de nada, brindeiro ?

O pau comia solto lá embaixo e ele ouvia Wagner !

Viva o Brasil !

(Só o Visconti …)
*PHA

Bancos centrais se preparam para possível fim do euro

 

Por David Enrich, Deborah Ball e Alistair MacDonald | The Wall Street Journal – VALOR

Alguns bancos centrais da Europa já começaram a considerar planos de contingência para se preparar para a possibilidade de que os países deixem a zona do euro ou que a união em torno da moeda se desintegre, de acordo com pessoas a par do assunto.
Estão surgindo os primeiros sinais de que os bancos centrais estão pensando em como ressuscitar moedas baseadas em cédulas que já não são impressas desde que as primeiras notas de euro entraram em circulação, em janeiro de 2002.
Pelo menos um deles – o Banco Central da Irlanda – está considerando se precisará garantir acesso adicional às impressoras, caso precise produzir em série novas cédulas para sustentar o renascimento da moeda nacional, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
Fora da região dos 17 países que usam o euro, numerosos bancos centrais europeus estão de olho em medidas defensivas para se protegerem de efeitos colaterais adversos caso a zona do euro venha a se dissolver, disseram outras pessoas. Vários países, inclusive a Suíça, estão considerando possíveis substituições para o euro como ponto de referência externo, ou indexador, que eles usam para tentar manter estável o valor de suas moedas.
Os planos dos bancos centrais são preliminares, de acordo com uma pessoa a par do assunto. E não representam a expectativa de que a zona do euro esteja a caminho da dissolução.
Mas só o fato de que os bancos centrais estejam mesmo estudando essa possibilidade, que até poucos meses atrás estava fora de cogitação, ressalta como as condições estão se deteriorando rapidamente na Europa. Autoridades monetárias, bancos centrais e investidores em todo o mundo estão colocando suas esperanças no encontro de cúpula em Bruxelas esta semana para chegar à tão aguarda solução para a crise financeira do continente que já dura dois anos e foi iniciada pelas dúvidas sobre a capacidade dos países de pagar suas dívidas.
Há muito em jogo. Se os líderes europeus não conseguirem esfriar a crise, as dúvidas em relação à viabilidade do euro se intensificarão ainda mais. Muitas autoridades monetárias, banqueiros e outros especialistas temem que a dissolução da união vá não apenas reverter uma década de integração econômica, mas provocar também um caos financeiro.
Antes do lançamento formal do euro, em janeiro de 2002, um exército de organizadores gastou anos coreografando a logística do início da circulação da moeda, incluindo a impressão de bilhões de moedas e cédulas e a distribuição da nova moeda aos bancos e empresas em todo o continente. Desfazer o bloco, no mínimo, criaria uma grande confusão. Um dos vários desafios é que empréstimos e depósitos atualmente denominados em euros teriam que ser revertidos para outras moedas. E cada país teria que, individualmente, decidir se vão ressuscitar a antiga moeda e, nesse caso, com que rapidez voltar a produzir grandes quantidades de cédulas.
Em Montenegro, que usava o marco alemão antes de adotar o euro em 2002, as autoridades do banco central estão considerando quais seriam as opções, caso o euro deixe de existir. O país teria “uma grande variedade de alternativas, desde usar uma outra moeda internacional até introduzir uma moeda doméstica”, disse Nikola Fabris, economista-chefe do banco central de Montenegro. Mas a segunda opção esbarraria em um problema: Montenegro não está preparado para imprimir a própria moeda, disse ele.
A maioria dos bancos centrais da zona do euro mantém ao menos uma capacidade limitada de imprimir cédulas. Embora o Banco Central Europeu seja responsável por estabelecer a oferta de cédulas na zona do euro, a instituição, na realidade, não as imprime. O BCE delega esse trabalho aos bancos centrais dos países da zona do euro.
No ano passado, a Irlanda imprimiu 127,5 milhões de notas de 10 euros, de acordo com seu relatório anual. Este ano, estava entre os países encarregados de imprimir um total de 1,71 bilhão de notas de 5 euros.
Nas últimas semanas, autoridades do banco central da Irlanda tiveram discussões preliminares sobre a eventual necessidade de ampliar a capacidade de impressão no caso de uma ruptura da zona do euro ou caso a Irlanda deixe o bloco para retomar sua antiga moeda, a libra irlandesa, de acordo com pessoas a par do assunto. As autoridades já discutiram a reativação de antigas impressoras e a contratação de uma empresa privada, disseram as pessoas. “Estão sendo avaliadas várias coisas que não estavam sendo vistas há dois meses”, de acordo com uma pessoa que participou do encontro. Uma porta-voz do Banco Central da Irlanda não quis comentar.
Na Grécia, país que muitos consideram ser o que tem mais chances de deixar a zona do euro por conta de seus problemas fiscais, o banco central tem uma unidade de impressão de cédulas chamada Ieta. Construída em 1941, a gráfica localizada na região de Ática está aparelhada com “equipamentos modernos”, de acordo com o site do banco central grego. Mas nos últimos anos o trabalho de impressão em Ieta tem sido restrito. A Grécia tem sido um dos cinco ou seis países responsáveis pela impressão de lotes de notas de 10 euros, de acordo com o ECB.
Este ano têm fervilhado em Atenas rumores de que o Banco da Grécia estaria secretamente imprimindo dracmas, a moeda grega pré-euro. E-mails em tom de brincadeira circularam amplamente mostrando cédulas com a imagem do então primeiro-ministro George Papandreou. Os rumores foram em alguns momentos apontados como a causa das ondas de saque dos bancos de varejo da Grécia.
Um porta-voz do Banco da Grécia disse que a entidade não está buscando alternativas para ampliar sua capacidade de impressão. “Não houve nenhuma discussão sobre esse assunto”, disse ele.
Alguns euros são atualmente produzidos fora da zona do euro. Na cidade de Gateshead, no norte da Inglaterra, por exemplo, uma gráfica da De La Rue PLC imprime cédulas para vários países da zona do euro, de acordo com pessoas próximas do assunto.
A planta de Gateshead também é uma opção de reserva para o Banco da Inglaterra, que tem um contrato próprio com a De La Rue, para imprimir libras, de acordo com um porta-voz do Banco da Inglaterra.
A situação preocupa algumas autoridades do Banco da Inglaterra, de acordo com pessoas a far do assunto. O temor é de que, se a zona do euro se desintegrar, o parque gráfico de Gateshead possa ser soterrado por pedidos de nações que faziam parte do euro, para a impressão de suas moedas, disse a pessoa.
Embora alguns países da zona do euro tenham suas próprias gráficas, “podem surgir outras oportunidades em decorrência de uma possível desintegração do euro, já que muitos países menores não têm capacidade própria de impressão”, disse Tim Cobbold, diretor-presidente da De La Rue, num comunicado. Ele observou que normalmente são necessários cerca de seis meses para desenvolver uma moeda.
Na Suíça, que também não faz parte da zona do euro, o Banco Nacional da Suíça está considerando qual moeda ou cesta de moedas substituiria o euro como referência ou teto, de acordo com uma pessoa familiarizada com a situação.
Antes da criação do euro, o marco alemão era a principal referência para a Suíça – incluindo um período na década de 1970 quando o Banco Nacional da Suíça atrelou o franco ao marco para controlar a apreciação da moeda suíça. Hoje, assim como nos anos 70, a Alemanha é o maior parceiro comercial da Suíça, então, um novo marco alemão poderia em teoria substituir o euro, de acordo com a pessoa, embora o banco esteja considerando também outros cenários, como a formação de mais de um bloco cambial na Europa.
Autoridades do banco central da Bósnia e Herzegovina, cujo marco conversível é atualmente atrelado ao euro, poderiam adotar qualquer moeda forte que surja no caso da dissolução do euro, disse uma porta-voz. Antes de as autoridades na Bósnia terem atrelado a moeda ao euro, em 2002, eles a indexavam ao marco alemão.
A moeda da Letônia, o lat, também é indexada ao euro. O banco central não espera que o euro vá desaparecer, mas “pode-se esperar” que ele adote uma possível indexação a outra moeda entre as moedas de outros países europeus com “políticas fiscais prudentes” e com os quais a Letônia já tenha intensa relação comercial, disse um porta-voz do Latvijas Banka.
(Colaboraram Francesco Guerrera, Alkman Granitsas e Brian Blackstone)
*LuisFavre

Como o PiG vai tentar
desconstruir o Amaury

O Farol de Alexandria, que iluminava a Antiguidade e o PiG (*), hoje, já deu a senha, na “coletiva” palpitante que concedeu ao UOL (é 472ª esta semana).

Clique aqui, na pág. A10,  para captar a secreta essência do vácuo.

O UOL é da Folha (**), paga os salários da Folha e, portanto, para o Fernando Henrique é uma zona de conforto tão aquecida quanto o salão do Celso Kamura para a Patricia Poeta.

O Farol disse que o Amaury já foi processado.

Sim, o Amaury explica no livro.

Foi processado numa trampa tucana, como explica Leandro Fortes, na Carta Capital.

É o que demonstrou o Amaury: Cerra grampeia e se faz vítima de grampo.

Não é isso, Dr Itagiba ?

O indiciamento do Amaury não apaga todas as provas da lavanderia tucana impressas no livro.

Mas, o PiG vai por aí.

A outra vertente será ignorar.

Mas, isso é perda de tempo.

O Mubarak tinha completo controle da imprensa do Egito.

E o Rei Farouk também.

Com a internet, os tucanos de São Paulo não passarão mais de Resende.

Serão reduzidos ao que sempre foram.

Uma UDN ácida, medíocre, golpista, que apita no PiG e em nenhum outro lugar.

Talvez no salão do Celso Kamura.

Em tempo: outra arma mortal será, sempre, o Sírio Libanês. Quem sabe La Bergamo não descobre que o Amaury fez fimose no Sírio, depois de velho ?


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
PHA

Capítulo 8 do livro "A Privataria Tucana"

O Primo mais Esperto de José Serra
O perdão de uma dívida milionária no Banco do Brasil.
E o apoio do BB para estrear na privataria...
Preciado vai à luta e compra três estatais sob FHC.
Com a benção de Ricardo Sérgio e o dinheiro da Previ.
Altos negócios com um paraíso natural da Bahia.
A trajetória do empresário espanhol naturalizado brasileiro Gregório Marín Preciado, 67 anos, é um exemplo de como laços de família funcionam como chaves para abrir muitas portas, escancarar novas oportunidades e levar vantagem sem fazer muita força. Desde que passou a integrar o clã dos Serra, os horizontes do
primo Preciado expandiram -se consideravelmente. Casado com uma prima em primeiro grau do ex-governador de São Paulo, Preciado arrebatou vantagens bancárias distantes das que arrebatariam mortais comuns, brasileiros ou espanhóis. Ou você, leitor, obteria, munido somente de sua integridade e seus belos olhos, um abatimento de seu débito com o Banco do Brasil de R$ 448 milhões para irrisórios R$ 4,1 milhões? (30) Uma redução amiga de 109 vezes o valor da pendência, decididamente, não é para qualquer bico.
Mas para bico de tucano, com certeza é...
A chave mágica gira pela primeira vez para o contraparente de José Serra em 1983. Catapultado pelo apoio do poderoso primo, Preciado toma assento no Conselho de Administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público estadual. O governador era Franco Montoro e Serra, seu secretário de planejamento.
Os tucanos ainda não eram tucanos e abrigavam-se no ninho do PMDB, de onde logo bateriam asas, acusando a velha legenda de antro de fisiologismo, pecha que a história, essa matrona sarcástica, cobraria do próprio PSDB um pouco adiante. O primo de Serra permanecerá no Conselho de 1983 a 1987.
Mas é com os cofres do Banco do Brasil que o primo do peito irá se encontrar. Em agosto de 1993, Preciado toma um empréstimo equivalente a US$ 2,5 milhões na agência Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo (SP). O financiamento, em nome das empresas Gremafer Comercial e Importadora Ltda. e Aceto Vidros e Cristais Ltda. (31) que, na época, tinham vários títulos protestados na praça, demora a ser liberado.
Quando ocorre a liberação, as duas empresas de Preciado, atoladas em dívidas, não conseguem pagá-lo. No ano seguinte, acontece a primeira renegociação. Mas não é honrada. Apenas a Aceto paga uma parcela — referente a outubro de 1994 — do seu débito.
Corre o ano de 1994 e Preciado está mordendo a lona. Já deve aproximadamente R$ 20 milhões, que não pode pagar ao Banco do Brasil. Mas pode doar, por meio das endividadas Gremafer e Aceto, a bolada de R$ 87.442,82 para a campanha do primo Serra ao Senado. O BB ajuda a bancar as investidas empresariais de Preciado
e este ajuda a bancar a candidatura do primo. O depósito consta da prestação de contas do candidato à Justiça Eleitoral.
O tempo passa e o banco público não vê a cor do seu dinheiro.
Enquanto isso, a Gremafer vende R$ 1,7 milhão em imóveis. Mesmo assim, por bizarro que possa parecer, Preciado emplaca um segundo empréstimo no BB. Em novembro de 1995 — com FHC presidente e Serra senador — o inadimplente Preciado extrai não apenas um financiamento de montante ainda superior ao primeiro: US$ 2,8 milhões. De lambuja, uma nova e camarada renegociação permitiu-lhe abater R$ 17 milhões do passivo anterior! Aliás, depois disso, a Gremafer vendeu mais R$ 2,2 milhões em imóveis.
Para o BB rumariam apenas R$ 160 mil.
“Totalmente exótico”, registrou o Ministério Público Federal na ação cautelar de improbidade que moveu contra Preciado e duas dezenas de pessoas físicas e jurídicas em 2004. Mais do que exótico, ilegal. Dirigentes do BB “estão envolvidos num complexo de relações espúrias, mesclando negócios públicos com conexões políticas com altos funcionários do governo”, acentuou a ação. “A renovação sucessiva de operações sem liquidez, com garantias inidôneas e insuficientes, configura ato de improbidade”, agregou.
Perdoado e ainda agraciado com crédito farto, o primo de Serra, novamente, não salda sua dívida. Documentos do BB, citados pelo MPF, sinalizam que Preciado, em vez de pagar o devido e sanar suas empresas, teria aplicado os recursos em negócios pessoais, entre eles a lavanderia Mr. Clean e as empresas Petrolast, Gamesa do Brasil, Iscar, Porto Marín, além da fábrica de ferramentas Fhusa, esta na Espanha. E na aquisição de imóveis.
Em 1998, quando o poderoso diretor da área internacional, Ricardo Sérgio de Oliveira, mandava e desmandava no BB, a generosa direção do banco perdoou mais uma fatia substancial da dívida do apreciado primo. Apesar do passado e do passivo de mau pagador. De uma só tacada, desbastaram-se R$ 57 milhões da frondosa dívida. Nada mau. Preciado devia, então, R$ 61,3 milhões e passou a dever R$ 4,1 milhões. O MPF reparou que o próprio Preciado, em nota à imprensa, calculou sua dívida total — turbinada pela inadimplência e a elevada taxa de juros — em 140 milhões (R$ 448 milhões ao câmbio da época). O primo do hoje candidato tucano à Presidência da República ainda culpou “as draconianas regras do sistema bancário”, as quais identificou como “perseguição”.
Devendo milhões ao Banco do Brasil, com suas empresas arruinadas ou à beira da bancarrota, Gregório Marín Preciado é uma carta fora do baralho. Certo? Nada disso. Acontece que o empreendedor, primo e sócio de Serra, não é homem de se intimidar com pouca coisa. Quando se abriu a porteira dourada dos grandes negócios das privatizações na Era FHC, Preciado, num estalar de dedos, transmutou-se em player global para jogar o jogo pesado da privataria. E foi às compras. Representante da empresa Iberdrola, da Espanha, montou o consórcio Guaraniana, que adquiriu três estatais de energia elétrica: a Coelba, da Bahia; a Cosern, do Rio Grande do Norte; e a Celpe, de Pernambuco.
Parece mágica, mas não é. É algo bem mais soturno, movido não pela mão invisível do mercado, mas pela mão onipresente do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira que, no exercício desmesurado do seu cargo, obrigou o Banco do Brasil e a Previ, a caixa de previdência dos funcionários do BB, dois lugares onde dava as cartas e jogava de mão, a entrar na dança de Preciado.
Seu poder chegou a tal exacerbação, que o BB associou-se a uma empresa representada por um notório e contumaz devedor do banco.
Ricardo Sérgio operava diretamente no BB, atuando na Previ por intermédio do diretor, João Bosco Madeiro da Costa. Ex-assessor de Ricardo Sérgio no banco, Madeiro da Costa desfrutava de tal intimidade com o ex-chefe, que os dois se tratavam por “boneca”. Foi Ricardo Sérgio quem indicou Madeiro da Costa para a Previ, que cumpriu fielmente as ordens recebidas. E a Previ realizou um negócio fabuloso, digno de constar em um manual da estupidez negocial.
Na composição do consórcio, a Previ entrou com 49% do seu capital, cabendo à Iberdrola, 39%; e ao BB, 12%. Na hora do desembolso, tocou à Iberdrola participar com R$ 1,6 bilhão; e o banco público, com R$ 500 milhões. E a Previ? Bem, a Previ depositou R$ 2 bilhões, de forma que entrou com a maior de todas as somas e, mesmo assim, não detinha o controle acionário do empreendimento. Pagou para o sócio comandar! Um case emblemático de como o dinheiro público pode servir de alavanca para alienar patrimônio público em favor de interesses privados.
Investigar este submundo onde a política serve como gazua para o enriquecimento privado nunca foi fácil. Preciado, por exemplo, deveria comparecer à CPI do Banespa (2002) para esclarecer suas relações com Vladimir Antonio Rioli, José Serra e Ricardo Sérgio de Oliveira. O PSDB, porém, travou sua convocação, mesmo contra a vontade do presidente da CPI, Luis Antônio Fleury (PMDB) e do aliado dos tucanos e relator da comissão Robson Tuma (PFL).
Preciado é o caminho para chegar até Serra e, assim, o “Espanhol” precisa de proteção. Porque protegê-lo significa impedir que toda a história desabe no colo dos caciques da sigla.
A vida é dura, mas Preciado não pode se queixar. Se o Banco do Brasil levou a pior na convivência com ele, o primo de Serra vai bem obrigado. Continua sendo dono da Aceto e da Gremafer.
É também o proprietário da Porto Marin Empreendimentos Imobiliários.
Hoje, é dono de uma mansão de US$ 1 milhão em Trancoso, paradisíaco recanto do Sul da Bahia. É o mesmo oásis que a família Serra busca para recuperar-se da árdua labuta para ganhar o pão de cada dia. Neste santuário da elite paulistana, como a empresária Eliana Tranchesi, dona da butique Daslu; e de vips globais, caso da top model Naomi Campbell; foi que José Serra passou o réveillon de 2010. Em Trancoso, Serra costumava hospedar-se com o primo. Daquela vez, porém, quem o recebeu, durante oito dias, foi a filha Verônica, proprietária de outra mansão.
Não se sabe se Serra trocou alguma ideia com o primo Preciado, mas o certo é que o “Espanhol” continua na ativa. Na Bahia, ele retornou ao noticiário enrolado na apropriação conturbada da ilha do Urubu, outro éden baiano, situada nas imediações de Trancoso.
Preciado e a ilha juntam-se por meio de uma decisão tomada pelo então governador baiano, Paulo Souto (DEM), em 2006, no apagar das luzes de seu governo. Não seria a primeira vez que uma iniciativa de Souto favoreceria o primo de Serra. Em 1997, o senador pefelista Antonio Carlos Magalhães luzia como o grande oligarca e centro do poder do Estado e fizera Souto, um de seus pupilos, sentar-se no trono baiano.
Como vender patrimônio público no Brasil da década de 1990 era um imperativo da mudernidade, Souto levou a leilão a Companhia Elétrica da Bahia, a Coelba, negociada por R$ 1,7 bilhão. Do outro lado do balcão estava justamente Preciado, como representante da multinacional Iberdrola no consórcio Guaraniana. A venda da estatal para o consórcio do primo de Serra foi saudada pelo então ministro de Minas e Energia de FHC, Raimundo Brito, como “um sucesso” e “um prêmio“ ao governo baiano que “vem administrando a empresa com seriedade e responsabilidade pública e empresarial”.
O affaire “ilha do Urubu” é diferente, mas também envolve concessão generosa de propriedade pública que, ao fim e ao cabo, favorece o parente do ex-governador paulista. Derrotado pelo petista Jacques Wagner nas eleições de 2006 e esvaziando suas gavetas no Palácio de Ondina, Souto foi à forra contra a Bahia e os eleitores e despachou um saco de bondades custeadas pelos cofres estaduais, que incluiu a outorga a particulares de 17 propriedades rurais, 12 imóveis e 1.042 veículos do Estado. É o que revelou denúncia do deputado Emiliano José (PT/BA), ampliada na imprensa. (32) Das terras outorgadas, uma foi a ilha do Urubu, considerada uma das áreas mais valorizadas do litoral do Atlântico.
Aconteceu assim: Souto doou a ilha a cinco integrantes da família Martins — Maria Antônia, Benedita, Ivete, Joel e Angelina — que a reivindicavam havia 30 anos. Pescadores e pequenos comerciantes, os Martins habitavam a ilha desde o começo do século passado. Os cinco aquinhoados só poderiam vender a ilha cinco anos após recebê-la em doação. No entanto, quatro meses após, Preciado tomou posse das terras pela pechincha de R$ 270 mil.
Até então, a relação entre Preciado e os Martins fora tumultuada.
É que o Espanhol também invocava a condição de proprietário da ilha obtendo, inclusive, da Justiça baiana, um mandado de reintegração de posse. O oficial de Justiça Dílson José Ferreira de Azevedo deu um testemunho eloquente sobre os métodos de convencimento aplicados pelos prepostos do primo de Serra.
Azevedo contou que, chegando à ilha, no dia 26 de outubro de 2006, encontrou apenas um casal de velhos — Maria Antônia e Joel Martins — à sombra de uma árvore. Os dois foram oficiados sem qualquer atrito. Entretanto, com a presença de empregados de Preciado, deflagraram -se as hostilidades. Nas palavras do oficial de Justiça à Vara Cível e Comercial da Comarca de Porto Seguro, os capangas dos autores (além de Preciado, a mulher dele, Vicência Talán Marín) “procederam a derrubada e queima do barraco ali existente”. Transcorridos dois meses, “Maria e Joel venderiam a mesma terra a quem lhes havia derrubado e incendiado a casa”. (33)
Em 2008, Preciado negociou seus direitos possessórios sobre 112 hectares da ilha para a empresa Bella Vista Empreendimentos Imobiliários. A Bella Vista é controlada pela Dovyalis Participações S.A, presidida pelo especulador belga Philippe Ghislain Meeus.
Preciado, que adquiriu as terras por R$ 270 mil, vendeu-as por R$ 5 milhões a Meeus. Hoje, este pedaço de terra, supostamente o mais valioso da orla sul-americana, valeria dez vezes mais. Preciado passou adiante a ilha, mas permaneceria proprietário de mais de 160 hectares na valorizadíssima região de Porto Seguro.
O lance final de Souto ao deixar o governo gerou uma disputa feroz. A começar pelo fato de que, além dos cinco Martins beneficiados, muitos outros membros da mesma família apresentavam-se como posseiros no lugar, alguns deles desde a década de 1930.
A confusão aumentou com o ingresso de um novo elemento na briga: os índios Pataxó. Com faixas com dizeres como “Nós somos os donos da ilha do Urubu”, um grupo de pataxós, chefiados pelo cacique Arakati, realizou um protesto no local e fez uma ocupação simbólica em fevereiro de 2010. Arakati afirma defender os direitos das índias Iracema e Vandelita Alves Martins, filhas do pataxó Aloísio Martins que, em 1964, teria recebido 56 hectares da fazenda Rio Verde — ilha do Urubu — da prefeitura de Porto Seguro.
No começo de 2010, um parecer da Procuradoria Geral do Estado declarou nula a doação da terra. Foi uma resposta à ação popular movida contra Souto que tramita na 8ª. Vara da Fazenda Pública, do Tribunal da Justiça da Bahia, e que acabou aplainando o caminho do primo de Serra. A iniciativa da ação foi do advogado Rubens Freiberger, em nome das duas índias.
Atribulações jurídicas à parte, a ilha parece estar em perigo. Em maio de 2010, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou duas vezes a empresa Trancoso Bio Resort Agropecuária Ltda. sob acusação de crime ambiental. A Bella Vista também foi penalizada. As duas empresas são vinculadas ao milionário Meeus.
A exemplo de Ricardo Sérgio, além da lavanderia do Banestado, do MTB Bank e da Beacon Hill, o Espanhol não teve nenhuma dificuldade em aprender a fórmula das poções milagrosas para arrecadar dinheiro em operações tecnicamente implausíveis. No final da década de 1990, Preciado descobriu que o Socimer International Bank — mal-afamada instituição financeira de capital espanhol — estava atuando clandestinamente no país. Na ocasião, o banco havia mergulhado em um escândalo que causou US$ 200 milhões de prejuízos a cerca de cinco mil clientes. Grosso modo, o Socimer captava dinheiro de pequenos investidores sob o pretexto de aplicar em títulos na dívida de países emergentes como o Brasil e o Chile. Seria uma transação corriqueira, se os títulos realmente tivessem sido comprados e todo o ervanário não tivesse desaparecido.
Em 2002, ao vasculhar processos judiciais e fazer um levantamento na Junta Comercial de São Paulo, (34) descobri que o Socimer, mesmo liquidado, estava atuando como instituição financeira em território brasileiro sem a autorização do Banco Central. Embora sua subsidiária no país, a Socimer do Brasil, pudesse apenas, legalmente, comercializar produtos de importação e exportação, o banco efetuava empréstimos e ajudava empresas e empresários a repatriar valores. Em 15 de outubro de 1997, por exemplo, o banco foi fiador de operação no montante de R$ 2 milhões em que o liquidado Milbanco repassou os créditos de seus correntistas ao Banco Industrial do Brasil. Obtidos durante uma busca de quase dois meses nos cartórios e na Justiça de São Paulo, os documentos revelam que as operações do Socimer eram feitas por meio de contratos particulares à margem das leis financeiras.
A papelada mostra que, no mesmo ano, Preciado recorreu ao mesmo banco para trazer US$ 1,3 milhão das Bahamas, outro paraíso fiscal do Caribe, por meio de uma simulação de empréstimo.
Na ocasião, os representantes do banco no país admitiram ao autor que não tinham autorização para realizar esse tipo de transação. Só que, ao contrário do que aconteceu com os correntistas que faliram ao comprar a papelada fantasma do banco, a tentativa de aplicar golpe no Brasil — pelo menos com Preciado — não deu certo. O Socimer teve de ingressar com um processo de execução na Justiça de São Paulo para receber a bolada trazida do Caribe. Foi graças ao processo, em fase de conclusão, que o autor teve acesso aos detalhes da transação. Mais uma vez as ligações entre o ex-tesoureiro de campanha do PSDB e Preciado vêm à tona. Nos autos do processo, Preciado confessa possuir dívida de R$ 82 mil com Ronaldo de Souza — ex-sócio e testa de ferro já falecido de Ricardo Sérgio. A justificativa alegada para a dívida é a aquisição de um terreno.
Disposto a provar que todas as denúncias são somente intrigas da oposição, Preciado está publicando suas memórias sob o título Vida Aberta. Veiculadas em capítulos, desde o começo de 2010 no site da família, (35) a narrativa aborda a trajetória de Preciado e de suafamília no Brasil. Preciado conta, por exemplo, que o pai dele, Gregório Marín Burdio, perseguido pelo ditador Francisco Franco, teve de abandonar Zaragoza, na Espanha, em meados do século passado. Foi assim que começou a história dos Marín Preciado em solo brasileiro. Os laços de amizade com José Serra, reforçados na década de 1960 em São Paulo, são também tratados detalhadamente.
“Aos 20 anos, retomei meus laços de amizade com a família Serra e Talán, que conhecera no Mercado Central e reencontrei Bidu (Vicência Talán Marín), paixão e amor à primeira vista. Minha esposa há 43 anos e prima -irmã, por parte de mãe, de José Serra.” O Espanhol volta a falar de Serra ao retratar a história do exílio do ex-governador durante o regime militar.
“Naquela época do nosso namoro (entre Preciado e Bidu), entre 1963 e 1964, Serra era presidente da União Nacional dos Estudantes.
Discursos incendiários, João Goulart, Revolução Militar, exílio.
Primeiro para a Bolívia. Me lembro da ida com o meu sogro, Pedro Talán, à embaixada da Bolívia no Rio de Janeiro, despedida para o exílio numa noite típica de São Paulo em um hotelzinho pequeno, em frente ao aeroporto de Congonhas.”
De acordo com o Espanhol, a proximidade com Serra o teria levado a participar da fundação do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e da campanha em favor da redemocratização.
Garante que teria ajudado a viabilizar a ideia de Alexandre Dupas de fazer o placar das Diretas Já, (36) além de angariar recursos para a publicação do livro A transição democrática que deu certo. As constantes viagens de Preciado ao exterior, onde Serra estava exilado, acabaram estreitando os laços entre os dois. “Encontrei-o em Nova York, na Ithaca Cornell University. Conheci brasileiros exilados, alguns hoje expoentes na política. Serra voltou do exílio sozinho.
Mônica e filhos ficaram nos Estados Unidos e ele morou em minha casa durante quase um ano. Nesse período, em inumeráveis reuniões noturnas, nasceu o germe da transição, da volta à democracia, começou-se a organizar-se o MDB com Ulysses Guimarães, FHC, Franco Montoro e José Gregori.”
Preciado justifica que só foi nomeado conselheiro do Banespa, durante o governo Franco Montoro, devido à influência de peixes graúdos do então MDB. Diz ter sido indicado para o cargo por Ulysses Guimarães e pelo próprio Montoro. O nome de Serra não é citado. “Ganhamos as eleições em São Paulo e participei ativamente de quase todas as campanhas. Graças a essas amizades, os saudosos Franco Montoro e Ulysses Guimarães me indicaram para o Conselho de Administração do Banespa. Luiz Carlos Bresser Pereira aprovou meu histórico e indicação. Permaneci nos dois primeiros anos, ao longo do mandato de Bresser como presidente do banco. Quando Fernando Milliet assumiu o cargo, fui confirmado ao cargo para mais dois anos por minha conduta ilibada.”
Em outubro de 2010, o blog deu um tempo para as memórias. E concentrou-se nas notícias da festa de 90 anos da sogra de Espanhol, Tereza Chirica Talán. A festa reuniu cerca de 80 parentes das famílias Serra e Preciado, no Ópera Bar, tradicional casa noturna no bairro de Pinheiros, Zona Oeste da Capital paulista. Em plena campanha presidencial, Serra não pôde comparecer. Em dezembro, Preciado reuniu novamente a família, desta vez para comemorar o aniversário, também de 90 anos da mãe, Assunción Preciado Graciano, em Santo André, na região do Grande ABC. Ao discursar, Preciado não conseguiu segurar a emoção. Antigos aliados do senador Antonio Carlos Magalhães, que nunca morreu de amores por Serra, os adversários baianos de Preciado ironizam. Dizem que o Espanhol, hoje totalmente livre de dívidas, também costuma se emocionar em festas ao lembrar do apoio que sempre recebeu no país. “Viva el Brasil”, costuma brindar Preciado. “Viva la privatización”, emendam seus inimigos.
(30) A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo -se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,20 por um dólar. O caso foi revelado em 2002 pelo jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo.
(31) Gremafer Comercial e Importadora Ltda., de São Bernardo do Campo (SP), e Aceto Vidros e Cristais Ltda., de São Paulo (SP). A Gremafer trabalhava com a importação de ferramentas.
(32) “Ilha do Urubu, o paraíso traído”, matéria de Leandro Fortes em Carta Capital, edição de 05/11/2009.
(33) Idem.
(34) “O paraíso fiscal é aqui”. Amaury Ribeiro Jr. em IstoÉ, edição de 18/09/ 2002.
(35) gregoriomarinpreciado.blogspot.com.
(36) O painel expunha à população o nome dos parlamentares que votavam a favor e contra as Diretas Já.
*comtextolivre

sexta-feira, dezembro 09, 2011

A reportagem de Amaury é um processo penal.

West Bay, Tortola, Ilhas Virgens:o esconderijo dos privatas brasileiros no Caribe
O livro de Amaury Ribeiro Júnior são dois, que me consumiram a noite e a manhã, numa escandalizada leitura.
Um dos livros, com 200 páginas, conta a histórias de um time de lavadores de dinheiro, todos girando em volta de José Serra, durante e depois do criminoso processo de privatizações.
Há os “amicci” – Ricardo Sérgio, Vladimir Rioli e Daniel Dantas – e a “famiglia” – a filha, Verônica, o genro, Alexandre Bourgeois e o “primo” Gregório Marín Preciado – com suas contas e contratos na Ilhas Virgens, na paradisíaca cidade de Tortola.
Ou, mais precisamente, em caixas postais, como a  P.O. Box 662.
A Caixa Postal 662 é o endereço predileto do crime financeiro organizado. Muito mais perigosa e criminosa que qualquer fortaleza do tráfico.
É lá, por exemplo, que “fica” a AES Holdings, braço criado pela AES americana, talvez para não conspurcar o Cemitério Nacional de Arlington, cidade da Virgínia onde fica sua sede, onde repousam os herois da democracia americana. E outra caixa postal vizinha, a PO Box 31106, ficam a AES Cemig, a AES Tietê, a AES Brazilian Holdings e uma dúzia de outras, de nomes muito interessantes, como a AES Treasure Cove, ou “Buraco do Tesouro”…
Voltemos aos livros do Amaury.
O “segundo livro”, de 120 páginas, é uma fantástica coleção de provas. Os registros, transferências de dinheiro, as operações, a entrada de dinheiro com capitalizações fajutas de empresas, o tráfico de influência, a gestão temerária, a advocacia administrativa, a corrupção estão retratadas, em inglês e português, nos seus mínimos detalhes, no que deve ter sido uma longa e penosa missão de reportagem.
Reportagem? Não, “os livros” de Amaury não são  uma reportagem.
Deveriam ser olhados como a instrução de um processo criminal.
É a ísso que o Ministério Público está desafiado.
Amaury Ribeiro já “instruiu os autos”.
É com os senhores, senhores promotores.
PS. Estou em São Paulo, onde será lançado o livro, com um debate ao vivo sobre a obra, a partir das 20 horas. O Tijolaço transmitirá.
*Tijolaço

Os “ocupas” e a desigualdade econômica

Por João Alexandre Peschanski *


O movimento global dos “ocupas” – acampamentos de estudantes e trabalhadores em áreas públicas de centenas de cidades em todo o mundo – iniciados no segundo semestre de 2011 tem entre suas principais bandeiras a crítica à desigualdade econômica.

De fato, a distribuição de renda e patrimônio em várias sociedades é estarrecedoramente desigual: nos Estados Unidos, de acordo com estudos do governo de 2008, 1% da população controla quase 25% da renda, 15 pontos percentuais a mais do que controlava em 1980. No Brasil, onde se comemora estar próximo ao nível de desigualdade estadunidense, a concentração de riqueza é ainda maior.

A crítica dos “ocupas” é especialmente pertinente num contexto global de taxa
do desemprego crescente, em que aumenta a parcela da população economicamente vulnerável: de acordo com a Organização Internacional do Trabalho, a taxa global de desemprego atingiu níveis recordes nos últimos três anos. Os “ocupas” pelo mundo, em especial o de Wall Street, Nova York, onde os protestos começaram em setembro e chegaram a reunir 15 mil pessoas, se definem como a mobilização dos “99%”, isto é, da parcela da população negativamente afetada pela desigualdade econômica.

O igualitarismo democrático radical, cerne da bandeira dos “ocupas”, é um princípio fundamental das tradições intelectuais e correntes políticas progressistas. De modo amplo, pode ser definido como a defesa de que todas as pessoas tenham o mesmo acesso a recursos e capacidades para participar das decisões da sociedade, especialmente das que as afetam. Uma discussão mais profunda desse princípio pode ser encontrada em As utopias reais (Alameda Editorial, no prelo), do pensador estadunidense Erik Olin Wright.

A favor da desigualdade

Dois argumentos são geralmente citados a favor da desigualdade econômica. Primeiro, argumenta-se que, para o sistema econômico se manter produtivo, é preciso gerar incentivos para as pessoas trabalharem e investirem, sustentados na existência de desigualdades. Políticas de redistribuição econômica, nessa perspectiva, reduzem os incentivos para trabalhar, o que faz com que os pobres não se esforcem para melhorar sua condição de vida e se reproduza uma ética do trabalho débil. Os ricos, seguindo essa lógica, têm menos incentivo para investir seus recursos se houver redistribuição, o que leva a uma estagnação da economia. A desigualdade econômica, de acordo com esse primeiro argumento, mantém o dinamismo do sistema produtivo e, como estimula a criação de empregos e uma ética do trabalho forte, beneficia toda a população, ricos e pobres.

Segundo, argumenta-se, a desigualdade de renda e patrimônio não é necessariamente um indicador de pobreza absoluta, o que realmente gera mazelas sociais. Índices de desigualdade podem indicar uma maioria de pessoas em bons apartamentos e uma minoria em castelos, por exemplo. Nesse sentido, a desigualdade econômica é, na teoria, compatível com uma sociedade sem carências materiais e, o que realmente importa, é dar um mínimo a toda a população.

O primeiro argumento não tem fundamento teórico e comprovação empírica. Não leva em consideração o poder dos diferentes atores no mercado; é o mundo das fábulas dos manuais de economia, os mercados livres, onde ninguém exerce seu poder para enriquecer às custas dos outros e do dinamismo econômico. Mas indivíduos e grupos com o poder de determinar investimentos comandam a base da sobrevivência da maioria da população, o acesso ao emprego, e, abusando de seu poder, bloqueiam políticas de redistribuição. Empiricamente, não há evidência de que o crescimento econômico seja acompanhado de redução da desigualdade econômica, uma das derivações do primeiro argumento.

Efeitos negativos

Para rejeitar o segundo argumento, é preciso provar que a desigualdade econômica tem um efeito negativo independente na sociedade e economia, isto é, independente do acesso a bens básicos de consumo. É isso que provam dois estudos recentes, o ensaio Politics of Inequality [A política da desigualdade] do sociólogo canadense David Calnitsky e The Spirit Level: Why Greater Equality Makes Societies Stronger [O nivelador: Por que mais igualdade fortalece as sociedades] dos cientistas sociais ingleses Richard Wilkinson e Kate Pickett.
Esses estudos mostram que, em países desenvolvidos, sociedades desiguais tendem a ter piores taxas de expectativa de vida, mortalidade infantil, alfabetização, obesidade, gravidez precoce, transtorno mental, uso de drogas, violência, mobilidade social, participação política e autonomia econômica das mulheres. Isso implica, por exemplo, que, quanto mais desigual a sociedade, maior a proporção de pessoas com transtornos mentais.

A desigualdade econômica mina sistematicamente o funcionamento democrático. Isso se dá por pelo menos dois mecanismos. Primeiro, os ricos têm acesso mais fácil aos tomadores de decisão e capacidade de influenciá-los, de modo legal ou ilegal. Segundo, há um viés nas arenas políticas para atender aos interesses da parcela da população que controla os fluxos de investimento. Isso porque, se não há investimentos, se fragiliza o mercado de trabalho, prejudicando os trabalhadores (menos emprego) e onerando o Estado (menos arrecadação de impostos e mais repasses a políticas sociais). Mesmo em sistemas democráticos, propostas políticas que não atendem aos interesses dos ricos são muitas vezes deixadas de lado, por mais que gerem benefícios reais à sociedade.

Os “ocupas” põem justamente na pauta política a discussão de alternativas a
regimes econômicos desiguais e a experimentação do igualitarismo democrático radical. E, a não ser os ricos, que de fato saem perdendo, participar dessa discussão é do interesse de toda a população.


Publicado originalmente no Jornal dos Juízes para a Democracia nº55 e no jornal Brasil de Fato nº457.
__________
*João Alexandre Peschanski é sociólogo, coorganizador da coletânea de textos As utopias de Michael Löwy (Boitempo, 2007) e integrante do comitê de redação da revista Margem Esquerda: Ensaios Marxistas. Organizou o dossiê “Novas perspectivas do socialismo” no novo número da revista, Margem Esquerda 17.
*Tecedora

Emenda 29: sem dúvida, uma vitória do Planalto e do Congresso 

Aprovada, finalmente, pelo Congresso Nacional, a regulamentação da Emenda 29, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC-29) que disciplina a aplicação de recursos na área da Saúde. Vitória de ponta a ponta do governo, que conseguiu rejeitar, inclusive, a regra que a oposição tentou impor, de destinação de 10% das receitas da União para o setor. Norma, aliás, que ela não cumpre nos Estados que governa.
Pela regulamentação, ficaram valendo as normas atuais - para a União, a aplicação em Saúde do orçamento do ano anterior, mais a variação do PIB; para os Estados, 12% da arrecadação; para os municípios, 15%. A regulamentação traz, ainda, a vantagem de definir as ações que podem ser efetivamente classificadas como gastos com Saúde.

Prevê, inclusive, punições e sanções para quem descumprir as novas regras. Acaba, assim, com a "festa" de muitos prefeitos e governadores que faziam manipulações e chegavam a contabilizar gastos com aposentadorias, restaurantes populares, segurança pública e asfaltamento de ruas como dinheiro destinado à Saúde.

Fim da "farra" de governadores e prefeitos da oposição


A regulamentação da Emenda 29 é, assim, uma vitória do governo, da gestão da presidenta Dilma Rousseff. Vamos ver, agora, se os governos tucanos vão cumprir a legislação, ou vão fazer como fizeram com o piso nacional dos professores. Este, não só não cumpriram - nem cumprem - como recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de arguir uma inexistente inconstitucionalidade da lei.
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