Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 13, 2011

Lula e Marisa recebem ótima notícia dos médicos

Na manhã de segunda-feira, o presidente Lula estava um pouco apreensivo com os exames que iria fazer para avaliar os resultados da quimioterapia até agora, apesar da diminuição da rouquidão já indicar que as notícias seriam boas. Mas foi só sair o resultado que Lula e Marisa abriram esse sorriso enorme aí:

O Dr. Roberto Kalil Filho, médico do presidente Lula, trouxe excelentes notícias.

O tumor regrediu 75%, mostrando que o tratamento está tendo pleno êxito, com resultados excelentes (acima das expectativas dos próprios médicos).

Pelo tamanho do tumor, a cirurgia (que poderia deixar sequelas na voz) está totalmente descartada.

O médico Artur Katz afirmou: “Ele está no caminho que conduz à cura”.

O estado geral e clínico de Lula é muito bom, segundo Kalil.

Lula agora encerra a quimeoterapia com a terceira aplicação.

Em janeiro começará o tratamento com radioterapia, que deve durar entre 3 e 6 semanas.

O médico Paulo Hoff explicou que, mesmo com a redução do tumor, a radioterapia não pode ser deixada de lado. “Ela é importante porque é a parte curativa”.

A gente sabia que, em se tratando de Lula,  até na doença a esperança venceria o medo.
*osamigosdopresidentelula

Deputado Protógenes requer CPI da Privataria

No Maria da Penha Neles!
*comtextolivre

Cartolas brasileiros: um jogo sujo com sócios de peso como TV Globo, CBF e Corinthians

Cartolas brasileiros: um jogo sujo com sócios de peso como TV Globo, CBF e Corinthians
“Sou amigo do Ricardo Teixeira mesmo, sou amigo da Globo mesmo, apesar de ser gângster, não tenho problema não. Agora, eu vejo meu clube”, diz André Sanches, presidente do Corinthians em vídeo amador exibido pela Rede Record este ano.
Sanches, pra quem não sabe, era grande amigo do ex-dirigente mafioso Kia Joarabchian, denunciado pela Polícia Federal por lavagem internacional de dinheiro, entre outros crimes. (Acesse aqui matéria que conta toda a história)
Segundo fontes da reportagem, Kia ainda é o presidente de fato do clube paulista, enquanto Sanches é seu ‘laranja’.

*GilsonSampaio
Jornal da Record News fala sobre o livro "Privataria Tucana" - 

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Cuba anuncia primeira vacina contra câncer de pulmão

 

Produto é capaz de inibir o crescimento do tumor

Câncer pulmãoGetty Images
Publicidade
Cuba registrou a primeira vacina terapêutica contra o câncer de pulmão avançado no mundo. De acordo com jornal oficial Trabajadores, que fez o anúncio nesta segunda-feira (10), mais de mil pacientes já estão em tratamento com a vacina nomeada CimaVax EGF.
A responsável pelo projeto, Gisela González, do Centro de Imunologia Molecular (CIM) de Havana, explicou que a vacina oferece a possibilidade de transformar o câncer avançado em uma "doença crônica controlável".
Gisela explica que a CimaVax EGF é o resultado de mais de 15 anos de pesquisa direcionada ao tumor e não provoca efeitos adversos severos.
- A vacina é baseada em uma proteína que todos temos e que está relacionada com os processos de proliferação celular. Quando há câncer, [essa proteína] está descontrolada.
Gisela explicou que, como o organismo tolera "aquilo que é seu" e reage contra "o estranho", foi preciso elaborar uma vacina que produzisse anticorpos contra essa proteína, que já é própria do organismo.
A vacina é aplicada no momento em que o paciente conclui a terapia com radioterapia e quimioterapia. Ela ajuda a controlar o crescimento do tumor sem causar toxicidade, explica a pesquisadora.
Além disso, a vacina pode ser utilizada como um tratamento "crônico que aumenta as expectativas e a qualidade de vida do paciente". A pesquisadora declarou que, após alcançar seu registro em Cuba, atualmente o CimaVax EGF "progride" em outros países. Os médicos agora esperam poder utilizar a vacina para tratar outros tumores, como os de próstata, útero e mamas.
*R7

O que o Vaticano, o fim do socialismo soviético e a privataria tucana tem em comum?

por Sergio Bertoni
do ParanáBlogs 

_______________
À primeira vista, o Vaticano, o fim do socialismo soviético e a privataria tucana nada tem em comum e são considerados, por alguns,  fenômenos “isolados” no tempo e no espaço.
Porém, 3 livros publicados nos últimos 18 meses, Vaticano S.A (Gianluigi Nuzzi, Larousse, 2010),  Economia Bandida (Loretta Napoleoni, Difel, 2010)  e A Privataria Tucana (Amaury Ribeiro Jr., Geração Editorial, 2011) mostram que os 3 “fenômenos” tem em comum o modus operandis neoliberal de desvio criminoso de dinheiro público, sempre lavados por empresas ou bancos off-shores, e seu investimento em negócios legais ou espúrios,  fazendo com que de uma forma ou de outra a grana desviada volte aos corrputos e corruptores na qualidade de dinheiro limpo, legalizado no sistema bancário-financeiro internacional.
A lavanderia do Vaticano, através de seu IOR – Instituto para Obras Religiosas, também conhecido como Banco do Vaticano, pode ser considerada a mais antiga encravada na Europa continental, bem no centro de Roma.
Os esquemas relatados no livro de Gianluigi Nuzzi remontam ao papado de Paulo VI e conta como a grana ilegal de políticos,  empresários e bispos de vários países eram legalizados pela off-shore IOR, ou seja, Banco do Vaticano.
Baseado no arquivo secreto do Monsenhor Renato Dodozzi, morto em 2003), Vaticano S.A. revela escândalos políticos e financeiros da maior Instituição Religiosa do Mundo: a Igreja Católica Apostólica Romana.

O imenso arquivo do Monsenhor Dodozzi, que trabalhou no IOR, ficou guardado na Suíça até a sua morte e hoje acessível a todos, revela uma verdadeira e própria “lavanderia de dinheiro” no centro de Roma, utilizada também pela máfia e por inescrupulosos aventureiros políticos. Um paraíso fiscal que não se submete a nenhuma legislação, a não ser às sacras leis do Estado do Vaticano.
O livro mostra também como fundos “pessoais” do papa João Paulo II foram usados para financiar o sindicato polonês Solidariedade contra o regime socialista soviético.
Economia Bandida chegou ao Brasil após lançamentos de sucesso na América do Norte e Central, Europa e Ásia. Nele, Loretta Napoleoni disseca a extensa rede de ilegalidade existente no planeta – da indústria do sexo na Europa Oriental à rede chinesa de pornografia online, passando pela comercialização do Viagra e pelo tráfico de diamantes na África.

Não é um livro sobre as origens obscuras dos produtos que consumimos nem sobre as mentiras das campanhas publicitárias dos propagandistas da eterna juventude. Tampouco se trata de um manual antiglobalização ou de um manifesto pela revolução do consumidor.
Mostra o que há de comum entre o próspero comércio sexual do Leste Europeu, o escândalo dos empréstimos hipotecários podres nos Estados Unidos, a indústria chinesa de produtos falsificados e a filantropia das celebridades na África.  Descreve como biopiratas exploram a indústria do sangue, como os bandidos da pesca devastam os altos-mares, como a pornografia se desenvolve virtualmente no Second Life e como jogos como o World of Warcraft geram “suadouros” on-line, levando-nos a concluir que as indústrias bandidas estão se transformando em impérios globais e tornando-se regra descarada do sistema capitalista que antigamente procurava disfarçar-se sob negócios tidos como legais.
Mostra, enfim, como o mundo vem sendo remodelado por forças econômicas obscuras que vitimam milhares de pessoas comuns cujas vidas foram aprisionadas na fantasia do consumismo mundial. Napoleoni revela a arquitetura de nosso mundo.
Por sua vez, A privataria tucana nos traz a arquitetura de nosso Brasil “moderno” e, de maneira chocante e até decepcionante, relata a dura realidade dos bastidores da política e do empresariado brasileiro, em conluio para roubar dinheiro público.

Faz uma denúncia vigorosa do que foi a chamada Era das Privatizações, instaurada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e por seu então Ministro do Planejamento, José Serra. Nomes, até agora blindados pela aura da honestidade e pela imprensa nacional, surgirão manchados pela descoberta de seus malfeitos.
O livro traz os documentos secretos e a verdade sobre o maior assalto ao patrimônio público brasileiro e o trânsito de fortunas tucanas até os paraísos fiscais.
O leitor perceberá que nas 3 publicações citadas tudo é SAGRADO, desde que garanta aos  neoliberais e a seus operadores os maiores, mais fáceis e rápidos lucros possíveis, pouco importando a origem ou legalidade das operações em que eles se envolvam.
Interesses  e direitos HUMANOS, nacionais, religiosos, políticos, economicos, sociais ou populares são descaradamente atropelados em nome do rápida e absurda concentração de renda e riquezas do vale-tudo do TUDO PELO CAPITAL.
*Tecedora

Como se cria o preconceito

*tecedora

Valdir Timóteo Leite, presidente do Movimento Inclusão Já.

Caros leitores (as),
Recebi a informação abaixo, do amigo Valdir Timóteo Leite, presidente do Movimento Inclusão Já. Veja a lei que foi aprovada pelo prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab. 



São mais de 30 anos de luta pela inclusão das pessoas com deficiência pelos Movimentos Sociais, e num piscar de olhos, o prefeito e os vereadores de São Paulo aprovam uma lei que está absolutamente na contramão da inclusão. Pelo visto eles preferem agradar os comerciantes do que assegurar os direitos das pessoas com deficiência, previstos em lei.
Veja o que diz nosso amigo, Valdir Timóteo, que está lutando há anos pela acessibilidade:
Vereadores e Prefeito da Cidade de São Paulo acabaram de condenar as pessoas com deficiência a mais 4 anos de exclusão contrariando as Leis Federais
Cada dia que passa fica mais longe o sonho de uma sociedade justa, onde todos possam viver e conviver juntos nos mesmos espaços de uso e atendimento ao público.
PREFEITO GILBERTO KASSAB SANCIONA LEI DANDO ANISTIA PARA COMÉRCIOS ESTABELECIDOS EM IMÓVEIS INACESSÍVEIS E IRREGULARES, E COM ESSA DECISÃO CONDENA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ATÉ 4 ANOS DE EXCLUSÃO.
Vamos pedir o fechamento do Congresso Nacional, visto que as Leis federais que tratam da acessibilidade não precisam ser respeitadas aqui em São Paulo, vejam que a municipalidade é quem está determinando o prazo para o não cumprimento imediato das Leis Federais, assim como demonstra abaixo:
Agora é lei, Auto de Licença de Funcionamento Condicionado, já sancionado pelo prefeito Gilberto KASSAB.
Os comerciantes de São Paulo que ainda não têm alvará de funcionamento de seu negócio ganharam um prazo de até quatro anos para regularizar a situação graças ao Auto de Licença de Funcionamento Condicionado, instituído pela Lei nº 15.499, de 7 de dezembro de 2011, aprovado pelos seguintes vereadores (as) (Projeto de Lei nº 189/10, dos Vereadores:
Abou Anni – PV, Adilson Amadeu – PTB, Adolfo Quintas – PSDB, Agnaldo Timóteo- PR, Alfredinho – PT, Aníbal de Freitas – PSDB, Antonio Carlos Rodrigues – PR, Arselino Tatto – PT, Atilio Francisco – PRB, AttilaRussomanno – PP, Aurélio Miguel – PR, Carlos Alberto Bezerra Jr. – PSDB, Celso Jatene – PTB, Chico Macena – PT, Claudinho – PSDB, Cláudio Prado – PDT, Davi Soares – PSD, Dalton Silvano – PV, Domingos Dissei – PSD, Donato – PT, Edir Sales – PSD, Eliseu Gabriel – PSB, Floriano Pesaro – PSDB, Francisco Chagas – PT, Gabriel Chalita – PMDB, Gilson Barreto – PSDB, Goulart – PSD, Ítalo Cardoso – PT, Jamil Murad – PC do B, João Antonio – PT, Jooji Hato – PMDB, José Américo – PT, José Ferreira-Zelão – PT, José Police Neto – PSD, Juliana Cardoso – PT, Juscelino Gadelha – PSB, Mara Gabrilli – PSDB, Marcelo Aguiar – PSD, Marco Aurélio Cunha – PSD, Marta Costa – PSD, Milton Ferreira – PSD, Milton Leite – DEMOCRATAS, Natalini – PV, Netinho de Paula – PC do B, Noemi Nonato – PSB, Paulo Frange – PTB, Penna – PV, Quito Formiga – PR, Ricardo Teixeira – PV, Sandra Tadeu – DEMOCRATAS, Senival Moura – PT, Tião Farias – PSDB, Toninho Paiva – PR, Ushitaro Kamia – PSD, Wadih Mutran – PP).
Trata-se de uma licença provisória de funcionamento, o PL 189/2010 —, aprovado pela Câmara Municipal em novembro e sancionado nesta quinta-feira pelo prefeito Gilberto Kassab.
Pela nova legislação, atividades comerciais, industriais, institucionais e de prestação de serviços instaladas em edificações irregulares podem continuar em funcionamento enquanto seus proprietários buscam cumprir as obrigações legais para a obtenção do Habite-se.
O Auto de Licença de Funcionamento Condicionado tem prazo de validade de dois anos e pode ser prorrogado por mais dois. O documento apenas será concedido pela Prefeitura se o proprietário do negócio comprovar que já deu início ao procedimento de regularização da edificação junto ao órgão competente.
O benefício é válido para atividades instaladas em imóveis com área total de até 1.500 m², e sua emissão se dará por via eletrônica, o que tornará o processo menos burocrático e facilitará a vida do pequeno e médio empreendedor.
Com a Lei 15.499 regulamentada pelo Executivo, os interessados deverão solicitar a licença provisória dentro de um período de 180 dias.
Para ler o texto da Lei 15.499 na íntegra, Clique Aqui.
http://www2.camara.sp.gov.br/dce/pg_0005.pdf
Mataram e enterraram todas as leis Federais que OBRIGAM os estabelecimentos de atendimento ao público a ter Acessibilidade, pois bem, com essa Lei Municipal FLEXIBILIZARAM as Leis 10.098/2000, Lei 10.099/2000 e o Decreto 5.296 de 2004, AGORA todas as Pessoas com Deficiência que fiquem mais quatro anos sem ter os seus direitos respeitados.
Lei 15.499 de 07 de Dezembro de 2011 Auto de Licença de Funcionamento Condicionado MAIS UMA VERGONHA NACIONAL QUE RETARDA O PROCESSO DE ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, DEIXANDO-AS MAIS UMA VEZ LONGE DE TER OS SEUS DIREITOS RESPEITADOS.
A MUNICIPALIDADE DEVERIA NOTIFICAR OS COMÉRCIOS IRREGULARES PARA QUE OS MESMOS SE ADEQUASSEM AS LEIS DE ACESSIBILIDADE, MAS PREFERIRAM DAR ANISTIA AOS COMÉRCIOS ESTABELECIDOS EM IMÓVEIS IRREGULARES E CONDENAR AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA A FICAR SEM SEUS DIREITOS RESPEITADOS.
*DeficienteCiente

Ana de Hollanda e a ‘guerra de nervos’ da Cultura

BRASÍLIA - Após enfrentar um ano difícil à frente do Ministério da Cultura, marcado por críticas e poucas realizações, a ministra Ana de Hollanda anuncia, na próxima semana, o Plano Nacional de Metas da Cultura, depois de assinar um acordo com o Ministério da Educação, na área da leitura, que vai beneficiar quatro mil escolas e que buscará transformar jovens em agentes de leitura. Nesta entrevista, a ministra diz que 2011 foi duro por causa da crise internacional, que contingenciou o Orçamento, e também por causa das novas regras, aprovadas no Congresso, para convênios com ONGs. “Depois de todos os escândalos, as ONGs ficaram muito visadas”, comenta.
A ministra reforça que decidiu rever todas as ações da gestão anterior e comenta a proposta de nova legislação para os direitos autorais. Sobre esta, afirma que prevê a criação de um instituto para supervisionar entidades privadas como o Ecad, que arrecada e paga o direito autoral da música. Serena, conta que faz exercícios para lidar com as críticas e tentativas de desestabilização e sobreviver no que define como “guerra de nervos”. E diz que gostaria de continuar ministra para implantar programas que foram gestados neste ano, como o da Economia Criativa, atualmente em exame na Casa Civil. Mas faz questão de lembrar que a presidente é quem decide.
O GLOBO: A execução orçamentária do seu ministério está baixa neste ano. O que está acontecendo?
ANA DE HOLLANDA: Toda a sistemática ficou mais complicada. No início do ano, veio um decreto com restrições aos ministérios da Cultura e do Turismo. Restringia convênios com entidades privadas, que era a forma mais comum de se fazer convênios e repasses. Eles tinham que ser via prefeitura ou estado. Depois, (houve) mais dois decretos, inclusive agora em outubro, limitando esse tipo de convênio. A gente tentou ver se passava uma autorização para editais em que uma comissão julga entidades com mais de cinco anos. Não passou. Por exemplo: quero apoiar a Bienal de São Paulo, que já existe há 60 anos, ou a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). Mas não dá para fazer um repasse, a não ser que eu faça um grande edital para todas as entidades que podem se candidatar. Uma série de empecilhos foi gerando atrasos. Depois, com todos esses problemas com as entidades privadas, os escândalos, as ONGs ficaram muito visadas. A gente foi buscando saídas. Tivemos que trabalhar via editais, e isso atrasou. O edital tem um prazo de 45 dias, depois mais um prazo para saírem os resultados. Mas agora eles estão saindo, tem um grande de museus que logo vamos empenhar.
Críticos afirmam que a presidente Dilma Rousseff não dá tanta importância para a área de cultura, e por isso as liberações estão atrasando — o que também implica em críticas a seu trabalho...
Não é que não dê. A relação (com Dilma) não tem problema. Falo com a Miriam (Belchior, ministra do Planejamento), falo com a presidente, falo com a Casa Civil (ministra Gleisi Hoffmann). Então, os atrasos foram mais em função das crises. Uma consequência natural. A gente recua. O governo todo recuou em relação às entidades privadas. Em novembro teve um decreto para todos os ministérios, aquele dos convênios. Examinamos todos os nossos. Os que estavam em andamento eram 250, e 190 tinham algum tipo problema. Agora a gente entra em uma fase para resolver.
Essas dificuldades decorrem então do maior rigor que se buscou na liberação dos recursos, em função dos acontecimentos em outras pastas?
Em parte foi isso. Estamos trabalhando direto com a CGU (Controladoria-Geral da União). Eu também tive essa preocupação, no início do ano, de examinar todos os convênios. Isso foi pedido para a gente. Convênios foram suspensos, e teve gente que saiu se queixando nos jornais. Mas era isso. Nós pegamos os convênios do fim do ano, principalmente, e, antes de fazer qualquer pagamento, fomos ver por que convênios de todos os tipos foram feitos.
A senhora parece entusiasmada com o trabalho no ministério. Mas a impressão que temos, pelo que se lê, não é essa, é de esgotamento...
Não vou ficar me pautando pelo que estão dizendo. Este foi um ano de estruturação. No ano passado, foi aprovado o Plano Nacional de Cultura, e estamos fechando metas que vão até 2020. É uma política de Estado, não é apenas para este governo ou para este ano. (...) Nós temos um programa, que vai ser lançado já, o Mais Cultura com o Mais Educação, um convênio para várias ações juntando os ministérios da Educação e da Cultura (que inclui a capacitação de jovens para atuar como agentes de leitura, mediante pagamento de R$ 400, beneficiando cem mil famílias). (...) Sou otimista, porque tenho absoluta consciência do trabalho que está sendo feito.
Haverá mesmo redução no seu orçamento em 2012?
O orçamento que temos é de R$ 1,79 bilhão. Teremos ainda as emendas individuais, cujo montante não é conhecido, mais cerca de R$ 400 milhões do Fundo do Audiovisual. Neste final de ano, ainda teremos a liberação de recursos que estavam contingenciados.
A senhora mandou para a Casa Civil um projeto de Lei de Direito Autoral. Afinal, haverá fiscalização do Ecad?
A gente prevê um instituto para supervisionar o Ecad. Esse organismo não terá poder para fiscalizar, mas vai acompanhar e pedir a prestação de contas. Uma vez constatadas irregularidades, ou quando feitas denúncias, será requerida uma investigação. Na proposta anterior, havia uma medida que era a suspensão, o que era incompatível com o fato de essas associações (arrecadadoras de direitos) serem de direito privado. Não se pode suspender, mas, se não estão cumprindo sua finalidade, a gente denuncia. E todos os anos elas terão de apresentar a prestação de contas. O ministério vai fazer um acompanhamento.
A criação desse instituto é posterior à aprovação da nova Lei de Direito Autoral?
A lei tem que ser aprovada (antes). A gente já está delegando ao ministério essa questão de acompanhamento, de supervisão, de cobrar das entidades todas uma prestação anual. As denúncias comprovadas serão encaminhadas. Quando assumi, havia muitas queixas do mundo da criação. No ano passado, houve uma consulta pública, e uma proposta foi enviada à Casa Civil. Meu primeiro passo foi tomar conhecimento disso. Depois, publicamos na página do ministério aquela proposta. Foram feitas contribuições, promovemos um seminário e apresentamos um novo texto, que não é uma nova lei, mas uma revisão da primeira proposta.
O Ecad vai sofrer controle?
A supervisão está prevista. Vai ter supervisão.
Por que a proposta prevê que o licenciamento de obras será registrado em um banco de dados central?
Isso é um avanço. Vamos criar o registro pela internet. Tudo o que for publicado e comercializado terá um registro com todas as informações em relação a quem cabem os direitos sobre aquela obra. Nesse registro, o autor vai informar até de que forma pode autorizar o uso de sua obra. A gente pensou nisso em função do escândalo que houve com o Ecad. Foi aquele caso do laranja (o motorista Milton Coitinho, denunciado pelo GLOBO em abril) que registrou como sendo dele obras de outros compositores. Eram músicas que estavam em cinema, televisão, audiovisual, e que não tinham obrigatoriedade de registro. Aquilo estava no vazio. Quando você grava um CD ou DVD existe um registro internacional. Temos que fazer esse registro para tudo. Uma música não lançada que está no meio de um filme terá registro em nome de fulano. Hoje você não sabe o que está em domínio público. Tem que ir ao Ecad. Se tivermos esse banco de dados, o Brasil inteiro vai poder acessar. Esse mundo da criação é gigante, e nele impera a confusão.
Por que o texto do projeto não é público?
Porque ainda está em discussão. Primeiro foi discutido no Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual, agora está na Casa Civil, passando por avaliação jurídica e recebendo contribuições de outros ministérios, antes que chegue às mãos da presidente para que ela possa mandar ao Congresso.
Qual é a sua avaliação sobre as críticas que recebe?
Acho que têm muita relação com o fato de que a área que assumi tinha vários candidatos. Hoje li nos jornais que tem um pessoal protestando. As pessoas que estão encabeçando isso são as mesmas que assinaram manifesto de repúdio a mim quando meu nome foi sugerido como um dos possíveis, em dezembro do ano passado. Recebo trocas de e-mails entre eles. A crítica maior não é do meio artístico ou do meio cultural ou dos empreendedores. Acho que está relacionada com essa coisa do direito autoral. Tem esse pessoal que é muito ligado à cultura digital que já está se aproximando, porque nós temos a diretoria de cultura digital aqui, e está havendo diálogo. Tem também as pessoas que querem outro ministro, aí a crítica é para qualquer passo que eu dê, não tem jeito. Sobre essa proposta de direito autoral, primeiro disseram que eu queria mudar tudo, depois que eu copiei o Juca (Ferreira, seu antecessor no cargo). Quer dizer: ou uma coisa, ou outra.
A senhora está entusiasmada? Deseja continuar no ministério?
Estou. É cansativo, é esgotante e desagradável ver algumas surpresas, coisas que não têm pé nem cabeça, mas sou bem resistente e não me deixo abalar por isso. É uma guerra de nervos. Estou fazendo exercícios para não entrar nela. As críticas sempre partem de quem tinha pretensão de ser ministro. A presidente me convidou, e para mim é uma honra e um grande desafio. É claro que ela tem que ter uma equipe de confiança e que desenvolva programas de acordo com a política que ela estabelece. Eu estou em diálogo permanente. Se ela quiser mudar, não vou criar resistências. Ela foi eleita por maioria imensa, e é ela que vai saber qual é a política que quer conduzir. Eu a apoio e respeito tudo.
* Colaborou Joelma Pereira

*esquerdopata