Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Chile: …prohibición del derecho a reunión, expresión, asociación, manifestación…

DECLARACION PÚBLICAA LA COMUNIDAD NACIONAL E INTERNACIONAL

La ComisiónÉtica Contra la Tortura ante la tramitación de la ley que sanciona las manifestaciones públicas, declara lo siguiente:
1. Con el impulso de este proyecto de ley en el Parlamento, el Gobierno del Presidente Piñera  y, en particular el Ministro del Interior Sr. Rodrigo Hinzpeter, le coloca una mordaza a la democracia y declara prohibición del derecho a reunión, expresión,  asociación, manifestación, similar al que establece la instalación del estado de sitio cuyo sentido es el control total de los cuerpos sociales y su inmovilidad ante acciones represivas
2. Con este proyecto de ley que ya ha sido aprobado en la cámara de diputados y que hoy ha sido visto en la Comisión de ciudadanía antes de su paso final en el Senado, serán objeto de sanción los organizadores de toda manifestación social y quienes participen en ellas. Piñera pretende aprobar esta ley durante estos meses de verano, para aplicarla a partir de marzo próximo, entendiendo que el movimiento estudiantil y sindical ya ha señalado que no detendrán las movilizaciones por la conquista de mayor democracia y justicia social. Pero ¿Sólo se busca amedrentar?
3. La opinión pública tiene que saber que las penas de prisión que se proponen van de 541 días (un año y medio) a 3 años de cárcel para quienes participen o hayan incitado, promovido o fomentado, desórdenes o cualquier otro acto de fuerza que importe paralizar o interrumpir algún servicio público, tales como los hospitalarios, los de emergencia y los de electricidad, combustibles, agua potable, comunicaciones o transporte; invadir, ocupar o saquear viviendas, oficinas, establecimientos comerciales, industriales, educacionales, religiosos o cualquiera otro, sean privados, fiscales o municipales; impedir o alterar la libre circulación de las personas o vehículos por puentes, calles, caminos u otros bienes de uso público semejantes; atentar en contra de la autoridad o sus agentes; usar capuchas que dificulten su identidad; causar daños a la propiedad ajena, sea pública, municipal o particular y consagra la actuación policial sin orden  previa para la existencia y ubicación de fotografías, filmaciones, grabaciones y, en general, toda reproducción de imágenes, voces o sonidos que se hayan tomado, captado o registrado y que sean conducentes a “esclarecer”  hechos que constituyan o puedan constituir delito y obtener su entrega voluntaria o una copia de las mismas, entre otras.
4- Con esta norma, el Estado y el Gobierno chileno, colocan a la ciudadanía por debajo de  los estándares que exige la normativa internacional de Derechos Humanos relacionada con los instrumentos que consignan los Derechos Civiles y Políticos y masifica la aplicación a la sociedad y a sus movimientos sociales de una especie de ley antiterrorista, que de aprobarse, sus negativas consecuencias nos colocarían como país, entre los más aberrantes desde el punto de vista del Derecho y del acceso a la Justicia.
5- Alertamos a la sociedad organizada y movilizada que estamos frente a un nuevo diseño represivo que busca desarticular e inmovilizar toda expresión del campo social que lucha por la conquista de sus derechos en uno de los países más desiguales, donde la obscena brecha entre ricos y pobres resulta a estas alturas, infranqueable.
6- Llamamos a los parlamentarios a no aprobar este aberrante proyecto de ley y convocamos a las organizaciones de defensa de los derechos humanos a informar a las diferentes organizaciones sociales sobre esta grave situación a fin que expresen su más rotundo rechazo.
.COMISION ETICA CONTRA LA TORTURA
Santiago, 7 de enero 2012
.POR LA LIBERTAD DE EXPRESION, ASOCIACION, REUNION, MANIFESTACION Y RECLAMO DE DERECHOS Y JUSTICIA SOCIAL, NO A LA LEY DE CRIMINALIZACION, NO A LA LEY MORDAZA ! 
*GilsonSampaio

Fidel: um robô para a Casa Branca

De volta a seus textos, a reflexão de Fidel Castro publicada hoje:

O melhor presidente para os Estados Unidos

A agência de notícias européia divulgou ontem de Sydney, na Austrália, que “um grupo de pesquisadores australianos da Universidade de New South Wales anunciou a criação de um filamento 10 mil vezes mais fino que um fio de cabelo,  capaz de condução eletricidade mais eficiência que fio de cobre tradicionais. “
“… Bent Weber, chefe do projeto na universidade da Austrália, em um artigo publicado na revista Science, disse que ” poder fazer as conexões de cabo no nível microscópico será essencial para o desenvolvimento de futuros circuitos eletrônicos. “
“O cabo físico foi criado pelo australiano e cadeias dos EUA de átomos de fósforo dentro de um cristal de silício. O nanofio tem apenas quatro átomos de largura por um de altura.”
“A descoberta é essencial na corrida internacional para desenvolver o primeiro computador quântico , máquinas  capazes de processar enormes quantidades de dados em segundos: uma série de cálculos que levam anos ou mesmo décadas, os computadores de hoje.
“Em um cabo de cobre tradicionais, a eletricidade é gerada quando os elétrons fluem ao longo de condutor de cobre, mas comoquando  o cabo  condutor torna-se menor, a resistência ao fluxo elétrico se torna maior.
“Para superar este problema, Weber e sua equipe usaram microscópios especialmente projetado com precisão atômica, permitindo-lhes colocar os átomos de fósforo em cristais de silício.
“Isso permitiu que o ato como nanofios de cobre, com os elétrons que flui com facilidade e sem problemas de resistência. “Estamos mostrando essa técnica torna  possível  minimizar os componentes à escala de alguns átomos”, disse Weber. “
“Se formos usar átomos como bits, precisamos de fios com a mesma escala de átomos”, observou a física Michelle Simmons, supervisor de trabalho.
Com estes avanços tecnológicos iinevitáveis que devem servir para o bem-estar da humanidade, lembre-se do que apenas quatro dias atrás  escrevi sobre o aquecimento global e da exploração acelerada do perigoso gás de xisto, em um mundo que em 200 anos consome as  energia fósseis acumuladas por mais de quatro bilhões de anos.
Agora imagine um Obama,bem articulado nas palavras,  na sua busca desesperada pela  reeleição, para quem o sonho de Luther Kingestão muito mais distantes  do que o mais próximo planeta habitável está da Terra.
Pior, qualquer dos congressistas  presidenciáveisrepublicanos, ou um líder  do Tea Party, carrega mais armas nucleares  em suas costasdo que idéias de paz em sua cabeça.
Imaginem por um minuto os leitores que a computação quântica possa multiplicar infinitamente a coleta e o processamento de dados que fazem, hoje, os computadores modernos.
Isso não torna  é óbvio que o pior de tudo é não esteja lá na Casa Branca de um robô capaz de governar os Estados Unidos com capacidade de evitar uma guerra que acabe com a vida de nossa espécie?
Tenho certeza que 90 por cento dos eleitores americanos inscritos, especialmente os hispânicos, os negros, e a crescente de classe média empobrecida votariam neste robô.
*Tijolaço

Charge do Dia

http://www.advivo.com.br/index.php?q=sites/default/files/imagecache/imagens-mutirao/imagens/snoopysweek.jpghttp://www.conversaafiada.com.br/wp-content/uploads/2012/01/charge-bessinha_eletrodomesticos_tv.jpg

Conformismo ou

“Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui“.


Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. Bem ao centro, havia uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado contra os que estavam no chão.
Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancada. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
Então os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.
Um segundo macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato.
Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu.
Um quarto, e afinal o último dos veteranos foi substituído.
Os cientistas, então, ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. Se possível fosse perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:
- “Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui“.
*Gilsonsampaio

domingo, janeiro 08, 2012

Guerra do Iraque: um milhão de milhões de dólares e um milhão de mortos depois...


6 de Janeiro de 2012
octopedia.blogspot.com
Fonte: octopedia.blogspot.com
Oito anos após o início da “Operação Liberdade do Iraque” (Operation Iraqi Freedom) a coligação liderada pelos Estados Unidos deixa no país um rasto de morte e destruição. 
Esta guerra terá tido um custo de um milhão de milhões de dólares, mas é sobretudo o custo humano que tem números arrepiantes: mais de 70 000 soldados americanos e cerca de 1 000 000 de iraquianos mortos, sem contar um número astronómico de feridos e deficientes.


A guerra dos números.

Nada justifica a perda de uma única vida, aqui estamos perante números aterradores. 
Oficialmente, terão sido 3 865 os soldados americanos vítimas da guerra do Iraque (1). A Associação dos Antigos Combatentes americanos aponta para mais de 70 000, o seja um número superior ao dos soldados mortos durante a guerra do Vietname que terão sido de  58 195. 
Segundo essa associação, terão morrido, no Iraque, 73 846 americanos, dos quais 17 847 soldados no campo de batalha e 55 999 do pessoal de apoio. 
Aparece também um número curioso, para meditar, é o número das chamadas doenças não-diagnosticas que terão sido de 14 874. 
O número de queixas interposto pelos soldados por deficiência adquirida durante a guerra é de 1 620 906, ao todo 36% dos soldados dizem-se vitimas de uma qualquer deficiência. 
Um assunto tabu é o número de suicídios de antigos combatentes que o Pentágono procura esconder. Só no ano de 2005, a televisão CBS, após um inquérito, descobriu 6 256, o que dá uma média de 120 suicídios por semana.
 
Mais de um milhão de iraquianos mortos.
O número exacto de iraquianos mortos durante esta guerra é difícil de estabelecer. Na realidade, ninguém sabe ao certo quantos iraquianos morreram durante este conflito. A frieza dos números aponta para um valor que varia entre 100 000 e 1,2 milhões de mortos, dependendo da fonte.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o ministério da saúde iraquiano, durante um inquérito realizado durante o ano de 2007, tinham chegado à conclusão de que teria havido 151 000 mortos iraquianos durante os primeiros 3 anos de guerra, ou seja uma média de 120 por dia.
Um outro inquérito da revista médica “The Lancet”, publicado em 2006 dava conta de mais de 600 000 iraquianos mortos. Este número arrepiante, significa mais de 500 mortos por dia e um total de 2,5% da população.
Por fim, o instituto de sondagens britânico Opinion Research Business (ORB) dava conta, em 2007, que 16% dos iraquianos entrevistados afirmavam ter tido um membro da família morto, e 5% dois. Chegaram à conclusão que, contas feitas, terá havido mais de um milhão de iraquianos mortos durante a guerra, numa população de 26 milhões de habitantes.
 
Estados Unidos abandonam um Iraque radioactivo.
Mais de 1820 toneladas de resíduos radioactivos (urânio empobrecido) rebentaram no solo iraquiano. Um enorme desastre ecológico. Em comparação, a bomba de Hiroshima tinha 64 kg, o que representa mais de 14 000 bombas de Hiroshima. 
Durante centenas de anos esses resíduos radioactivos irão continuar a matar. Alguns cientistas pensam que actualmente existe matéria radioactiva suficiente para matar um terço da população mundial.
Apesar de nunca terem sido encontradas armas de destruição massiva no Iraque, são os Estados Unidos que colocaram agora no terreno essas ditas armas, sob a forma de material radioactivo. A taxa de malformação congénita aumentou 600%.

Quanto maior a destruição, maior o negócio da reconstrução.
O custo da reconstrução do Iraque está avaliado em 100 mil milhões de dólares. O negócio do século. Praticamente tudo foi destruído pelos bombardeamentos: poços de petróleo, hospitais, estradas, aeroportos, portos, redes eléctricas e de água, escolas... 
As empresas escolhidas para a reconstrução são apenas seis, todas americanas, todas seleccionadas pelo ministério da defesa americano. A cabecear esta lista: Halliburton, cujo o antigo presidente era o vice-presidente americano Dick Cheney, o qual ainda faz parte do conselho de administração da filial Kellog Brown & Root. Também temos a empresa Bechtel Corp. que era presidida por George Shultz, antigo secretário de estado americano.
A principal diferença entre o plano Marshall e a reconstrução do Iraque é que o primeiro destinava-se a reconstruir o que os nazis tinham destruído durante a a guerra, enquanto que no Iraque, foram os próprios Estados Unidos que destruíram as redes de água, electricidade, aeroportos, escolas e hospitais. 
Tudo leva a crer que essa destruição foi premeditada, senão como explicar, por exemplo, o bombardeamento das redes de água e electricidade em Bagdade, quando os americanos não se cansavam de referir que as suas “bombas inteligentes” apenas destruíam com grande precisão objectivos bem definidos.
Como é o Pentágono que decide quais são as empresas que vão participar na reconstrução, os Estados unidos contrataram-se a eles próprios. Na escolha das empresas de reconstrução não intervêm quaisquer organizações internacionais.
Do ponto de vista puramente comercial, o acordo de Camp David, em 1989, previa que as empresas egípcias e israelitas teriam um tratamento preferencial nos casos em fossem necessárias reconstruções em países do Médio-Oriente. O Egipto nunca beneficiou desse tal acordo, enquanto que as empresas de Israel já obtiveram contratos de mais de 7 mil milhões de dólares.
Nota:
1- 4484 militares dos EUA mortos no Iraque, segundo icasualties.org (nota do TMI)
 
*GrupoBeatrice

O taxísta bailarino

 do Informação Incorrecta
Hoje estive num supermercado, o que já não é bom, e enquanto ficava na fila reparei em três coisas.
1. Os preços aumentaram de forma brutal.
Tá bom, é o que merecemos por causa da nossa intrínseca estupidez, não é que haja muito a dizer acerca deste assunto.
2. Numa outra fila havia uma mãe com um bebé nos braços.
Este estava embutido num casaco que parecia um colchão, estava vermelho como um pimento e fartava-se de chorar. E com razão, pois de facto estava a assar de forma lenta: eu, por exemplo, estava de mangas curtas (embora seja verdade o facto de eu ser exagerado no que diz respeito ao calor; doutro lado estou habituado à neve, não ao pseudo-frio português...).
Não é a primeira vez que reparo em situações similares e não entendo a atitude destes pais: não é que manter um bebé na casa dos 40º graus signifique torna-lo mais saudável. Aliás, acho ser exactamente o contrário: sem contar com a constante transpiração, da primeira vez que a criatura tiver verdadeiramente frio ficará logo com uma pneumonia, pois o corpo dela nunca terá tido a possibilidade de desenvolver as defesas naturais.
O máximo são os carrinhos para bebé com cobertura em plástico transparente: autênticas estufas onde não circula ar nem oxigénio, foram inventados para "proteger da chuva" mas na verdade são utilizados em todas as ocasiões, Verão incluído. Acho que o projectista deve ter sido um velho oficial das SS, antigamente empregado em qualquer campo de extermínio.
3. Mais à frente encontrava-se a caixa.
Uma rapariga bonitinha cujo papel era passar os artigos por cima do leitor óptico, fornecer sacos de plástico e perguntar qual a forma de pagamento: dinheiro ou cartão?
Um trabalho emocionante, sem dúvida.
Lembrei dos tempos do liceu quando um dia participei numa reunião dum grupo comunista ("Luta Comunista" ou algo de parecido): o assunto em debate era a alienação do trabalhador.
Solução: fazer que cada trabalhador fosse empenhado em vários trabalhos. Magnífico.
Eu fiquei logo fascinado por esta sociedade ideal onde os carros iam todos em marcha atrás e onde os telemóveis faziam travar os comboios.
- O senhor deseja também mudar o óleo?
- Mas eu tenho que ser operado de apendicite...
- Sim mas hoje o cirurgião é o mecânico.
Não sei, se calhar foi naquela altura que começou a minha desconfiança em relação ao Comunismo.
Mas o problema da alienação existe e disso não há dúvida.
Mais: não é apenas um problema de desenvolver um trabalho monótono e repetitivo: com o actual sistema é a mesma sociedade que fica a perder.
Por exemplo: Walner é taxista em Rio de Janeiro, por acaso uma profissão simpática. Talvez seja o melhor taxista de Rio, mas não poderia ser também um excelente pintor? Ou genial cientista? Ou grande músico? Ou o melhor escritor do planeta?
Porque não? Como podemos saber quais as melhores aptidões duma pessoa?
É dito que a escola serve também para isso. O que é uma mentira.
O menino Max, quando acabou a escola obrigatória, enfrentou o dilema: e agora? Qual escola? Os meus pais falaram com os antigos professores os quais não tiveram dúvidas: o menino é muito bom na Matemática, dotado mesmo.
Eu não sabia de ter este dom, por isso confiei e escolhi um endereço científico onde, óbvio, a Matemática abundava. E, de forma igualmente óbvia, o menino Max cedo descobriu a sua total aversão para tudo o que tinha a ver com números. De facto, não é que eu não goste de Matemática: simplesmente, perante uma equação, começam as tonturas, perda de memória, taquicardia, fibrilação e por fim o desmaio.
Na verdade odeio um universo onde 2 + 2 é sempre 4.
Então, que tinha acontecido? Duas coisas:
a diferença entre a matemática do ensino básico e aquela da escola secundária era abismal. Até quando tudo ficava resumido a operações elementares, o meu cerebrinho aguentava; ultrapassado este limite, as sinopses começavam a falhar. De facto, os professores (tal como os meus pais e até mesmo eu) não tiveram os instrumentos para avaliar o meu desempenho nesta área.
em breve descobri quais as matérias que  mais conseguiam estimular-me: línguas no geral, escrita, geografia, filosofia, história, música. Mas percebi isso só depois, porque o ensino básico não foi capaz de dar-me suficientes "dicas" acerca disso.
Agora, ampliamos o discurso. Quantos entre nós descobriram paixões ao longo da vida, entendo só depois ter acabado a própria formação? O problema é que após a formação começa o trabalho (com sorte nos dias que correm) e já não sobra muito tempo para cultivar outros interesses.
Outro exemplo: publiquei dois cd enquanto já trabalhava e sempre encarei a música como um passatempo e nada mais do que isso. Poderia ser eu um novo Beethoven? Duvido muito, além disso não gostaria de ficar surdo como ele. Mas, tal como Walner, poderia brilhar em outras áreas, algumas das quais se calhar nem consigo imaginar agora.
Estamos a falar, é claro, do potencial que cada um de nós tem e que a nossa sociedade não valoriza.
A menina da caixa com certeza terá atitudes bem mais interessantes do que transitar mercadoria por cima dum leitor óptico: mas nesta altura é o melhor que consegue, pois vive num País em profunda crise (Portugal!) e ainda fica satisfeita por ter um trabalho.
É um assunto complicado, sem dúvida, mas acho ser algo de extremamente importante, apesar de nem conseguir vislumbrar uma solução. Pois não é apenas a menina da caixa que fica a perder, é toda a sociedade que abafa um oceano de possibilidades.
Imaginem se fosse possível encontrar uma maneira para as pessoas exprimirem toda a potencialidade delas: teríamos os melhores cientistas, os melhores médicos, os melhores escritores, os melhores canalizadores, os melhores jardineiros, os melhores blogueiros...não, desculpem, isso já temos e sou eu.
Toda a sociedade ficaria a ganhar. E uma pessoa poderia distinguir-se em mais do que uma área: Walner poderia ser ao mesmo tempo o melhor taxista, o melhor bailarino de samba de Rio e um entre os melhores costureiros do Brasil (bailarino, costureiro...mah...).
Sempre pensei nisso acerca dos Países mais sub-desenvolvidos, aqueles onde as pessoas morrem de fome: quantos Einstein sofrem de disenteria nesta altura?
Ipse dixit.
*Gilsonsampaio

Charge do Dia

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcoVaOMQGTuFRUrRREAlVXo7Z3htLzcjdKm6NtTliC_TaMXW6cXUg6MsCIKD_5_fFIwlsqyRlOWeeOGMvPFaNhztf5fz-E0qiRg82yTpKq5hvIN6-jmKbvqsmChUpwGxAL9G-PRwixTFcS/s1600/399299_10150418895550978_631310977_8368518_2015598920_n.jpg

Os intelectuais orgânicos do totalitarismo financeiro







O que move o partido-imprensa 
Merval Pereira, Miriam Leitão, Sardenberg, Eliane Cantanhêde, Dora Kramer e outros mais necessitam ser analisados pelo que são: intelectuais orgânicos do totalitarismo financeiro. O conteúdo de suas colunas representa a tradução ideológica dos interesses do capital financeiro.
Gilson Caroni Filho
A leitura diária dos jornais pode ser um interessante exercício de sociologia política se tomarmos os conteúdos dos editoriais e das principais colunas pelo que de fato são: a tradução ideológica dos interesses do capital financeiro, a partitura das prioridades do mercado. O que lemos é a propagação, através dos principais órgãos de imprensa, das políticas neoliberais recomendadas pelas grandes organizações econômicas internacionais que usam e abusam do crédito, das estatísticas e da autoridade que ainda lhes resta: o Banco Mundial (BIrd), o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial do Comércio (OMC). É a eles, além das simplificações elaboradas pelas agências de classificação de risco, que prestam vassalagem as editorias de política e economia da grande mídia corporativa. 
Claramente partidarizado, o jornalismo brasileiro pratica a legitimação adulatória de uma nova ditadura, onde a política não deve ser nada além do palco de um pseudo-debate entre partidos que exageram a dimensão das pequenas diferenças que os distinguem para melhor dissimular a enormidade das proibições e submissões que os une. É neste contexto, que visa à produção do desencanto político-eleitoral, que deve ser visto o exercício da desqualificação dos atores políticos e do Estado. Até 2002, era fina a sintonia entre essa prática editorial e o consórcio encastelado nas estruturas de poder. O discurso "modernizante" pretendia - e ainda pretende - substituir o "arcaísmo" do fazer político pela "eficiência" do economicamente correto. Mas qual o perigo do Estado para o partido-imprensa? Em que ele ameaça suas formulações programáticas e seus interesses econômicos?
O Estado não é uma realidade externa ao homem, alheia à sua vida, apartada do seu destino. E não o pode ser porque ele é uma criação humana, um produto da sociedade em que os homens se congregam. Mesmo quando ele agencia os interesses de uma só classe, como nas sociedades capitalistas, ainda aí o Estado não se aliena dos interesses das demais categorias sociais.
O reconhecimento dos direitos humanos, embora seja um reconhecimento formal pelo Estado burguês, prova que ele não pode ser uma instituição inteiramente ligada aos membros da classe dominante. O grau maior ou menor da sensibilidade social do Estado depende da consciência humana de quem o encarna. É vista nesta perspectiva que se trava a luta pela hegemonia. De um lado os que querem um Estado ampliado no curso de uma democracia progressiva. De outro os que só o concebem na sua dimensão meramente repressiva; braço armado da segurança e da propriedade.
O partido-imprensa abomina os movimentos sociais os sindicatos (que não devem ter senão uma representatividade corporativa), a nação, antevista como ante-câmara do nacionalismo, e o povo sempre embriagado de populismo. Repele tudo que represente um obstáculo à livre-iniciativa, à desregulamentação e às privatizações. Aprendeu que a expansão capitalista só é possível baseada em "ganhos de eficiência", com desemprego em grande escala e com redução dos custos indiretos de segurança social, através de reduções fiscais.
Quando lemos os vitupérios dos seus principais articulistas contra políticas públicas como Bolsa Família, ProUni e Plano de Erradicação da Pobreza, dentre outros, temos que levar em conta que trabalham como quadros orgânicos de uma política fundamentalista que, de 1994 a 2002, implementou radical mecanismo de decadência auto-sustentada, caracterizada por crescentes dívidas, desemprego e anemia da atividade econômica.
Como arautos de uma ordem excludente e ventríloquos da injustiça, em nome de um suposto discurso da competência , endossaram a alienação de quase todo patrimônio público, propagando a mais desmoralizante e sistemática ofensiva contra a cultura cívica do país. Não fizeram- e fazem- apenas o serviço sujo para os que assinam os cheques, reestruturam e demitem. São intelectuais orgânicos do totalitarismo financeiro, têm com ele uma relação simbiótica. E é assim que devem ser compreendidos: como agentes de uma lógica transversa.
Merval Pereira, Miriam Leitão, Sardenberg,  Eliane Cantanhêde, Dora Kramer e outros mais necessitam ser analisados sob essa perspectiva. É ela que molda a ética e o profissionalismo de todos eles. Sem mais nem menos.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

*esquerdopata

Kassab, o burguês higienista!

SABATINA GILBERTO KASSAB - 14.10.2008;O atual prefeito e candidato a prefeitura Gilberto Kassab pelo partido DEM, e sabatinado no teatro Folha. Brasil - Foto: Fernando Donasci/Folha Imagem.O burguês e higienista prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que tem sua administração (?) marcada por polêmicas como defensor da burguesia e de uma política que pretende acabar com a miséria de uma maneira bem peculiar, mandando os miseráveis para bem longe da Capital Paulistana. Exemplos não faltam, como a denúncia do Sindicato dos Guardas  Civis Metropolitanos de São Paulo, Carlos Augusto Souza Silva, que apresentou um documento em que confirma a orientação para que a corporação retire a população em situação de rua do centro da capital, o descumprimento da promessa aos “diferenciados” da capital paulistana, os catadores de material reciclável, a que Prefeitura de São Paulo aproveita incêndio para desalojar Comunidade do Moinho e tantas outras que fica difícil enumerar, agora vem dizer que não sabia da operação da polícia na cracolândia.
De acordo com um dos tentáculos do PIG, a Folha, “o prefeito Gilberto Kassab (PSD) disse que não foi avisado do início da operação da cracolândia. Ele visitou ontem as obras de um complexo destinado ao atendimento de pessoas de rua, dependentes de álcool, crack e outras drogas”.
Ainda de acordo com o jornaleco, Kassab disse que a inauguração será até o início fevereiro, a um custo de R$ 8 milhões.  A informação de que o prefeito não fora avisado foi publicada ontem por outro integrante do PIG, o jornal "O Estado de S.Paulo".
cracolândiaA operação começou sem que o complexo que ele visitou estivesse pronto. O prefeito minimizou o episódio, sob o argumento de que a prefeitura tem outros locais para encaminhar os dependentes de crack.
Mas o que se tem visto são os dependentes de crack vagando desnorteados, aos bandos, por outros pontos da Capital Paulistana, sem que nenhuma medida social efetiva tenha sido tomada pela prefeitura.
Por: Eliseu 

"Ação da polícia na cracolândia parte de visão higienista"

cracolandia-operacao-policia-sao-paulo-20120104-12-size-598Desde terça-feira (3), a Polícia Militar comanda a Operação Sufoco contra o tráfico de drogas na Cracolândia, centro de São Paulo. Dividida em três fases, a medida pretende “criar um ambiente seguro” para ações sociais e de saúde a usuários de crack, além de manter a região da Nova Luz, que passará por uma revitalização a ser concluída em 2026, sem novos grupos de dependentes e criminosos.

A ação é, porém, criticada por especialistas por comprometer o trabalho dos agentes da Secretaria Municipal de Saúde que tentam criar uma relação com os usuários para propor o tratamento voluntário. “Uma medida repressiva resulta no oposto do pretendido”, diz Dartiu Xavier, psiquiatra e diretor do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes da Unifesp.
O especialista destaca que medidas repressivas sem propor auxílio ou ajuda aos dependentes são equivocadas e ineficientes. “As pessoas estão incomodadas com indivíduos se drogando na rua, mas se este é o grande mote para a ação, há uma medida higienista”, afirma. E completa: “Essa situação é atribuída à droga, mas a causa do problema é a exclusão social, ausência de moradia e saúde.”A polícia pretende identificar traficantes e cortar a chegada do crack na região no prazo de um mês, com a ajuda de 100 policiais que atuam na área 24 horas por dia. Segundo a organização, houve estudos e reuniões preparatórias para a operação, que, ao diminuir a quantidade da droga nas ruas, espera forçar dependentes a procurar ajuda. “Os usuários vão simplesmente ir para outros bairros buscar novos fornecedores”, aponta Dartiu.
Rosângela Elias, coordenadora da Área Técnica de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, defende que a tática da polícia pode ser útil para apoiar usuários em tratamento. “Essas pessoas sabem onde encontrar o crack, mas se em um momento de ‘fissura’ enfrentarem dificuldades para achar a droga, isso pode ajudá-las a se esforçar mais contra o vício.”A coordenadora afirma que agentes de saúde já acompanham a movimentação dos dependentes, dispersados após a operação da polícia no centro, para mapear a nova concentração dos usuários e manter o fornecimento de ajuda médica. Segundo Elias, apesar de ser uma operação em parceria com a PM, a Secretaria não participa das ações de repressão. “Temos objetivos diferentes, a polícia precisa enfrentar o crime, o tráfico de drogas e fornecer segurança pública”, declara. “Os agentes de saúde não podem se misturar com a repressão, pois trabalham com vínculos de confiança.”Em 2009, a região também foi alvo de uma operação da polícia, que acabou abandonada por falta de recursos. Agora, a polícia espera conseguir aumentar a cooperação da Justiça para a internação compulsória. “Esse é o tipo de tratamento com a menor eficácia, tem até 98% de recaída”, destaca Xavier.
Elias aponta, contudo, que a prefeitura tem outras opções disponíveis para os dependentes. A cidade conta com 70 unidades de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), serviços de atenção integrados na cracolândia e hospitais gerais em rede. “Construímos uma rede para dar maior atenção a essa população e vamos analisar os pacientes que forem chegando para ver a melhor forma de ajudá-los.”Até a tarde de quinta-feira (5), a operação havia prendido quatro pessoas, realizado 538 abordagens e capturado dez condenados. Além disso, a PM informou que mais de sete toneladas de lixo foram removidas da região e prédios abandonados ocupados por dependentes foram esvaziados.
Por: Vermelho, via CartaCapital
 *Ocarcará