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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, janeiro 15, 2012

Charge do Dia

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Veja homenageia "xerifão" da USP

Por Antônio David, no blog Viomundo:

Quem acessa o site da USP desde o dia 3 de janeiro dá de cara com esta manchete.




Em nada surpreende a homenagem, dada a notória afinidade entre o reitor e a dita revista, tão notória que não me darei ao trabalho de falar sobre.

O esgotamento do modelo policial

Por Maurício Caleiro, no blog Cinema & Outras Artes:

Em um intervalo de dois dias a polícia militar protagonizou cenas de brutal violência em três diferentes estados brasileiros: em Teresina (PI), a repressão aos jovens que protestam contra o aumento da passagem dos ônibus municipais reviveu cenas típicas de ditaduras, com a polícia do governador Wilson Martins (PSB) e do prefeito Elmano Férrer (PTB) demonstrando despreparo e sadismo, como pode-se constatar no vídeo abaixo.

O impasse, que completa uma semana, é grave e crescem os relatos de agressão gratuita por parte das forças oficiais (sendo que um policial declarou lamentar estar de folga justamente no dia em que seus companheiros de corporação “quebraram os estudantes”).



Os episódios de hoje prefiguram um massacre com mortes que certamente ocorrerá caso não se intervenha, com bom senso, na situação.

No menos difundido dos episódios, Vitória (ES) foi palco hoje de mais violência oficial – de novo, contra manifestantes que protestavam contra aumento das tarifas dos coletivos. Trata-se da repetição - por enquanto em menor escala - do tipo de episódio violento que teve lugar há seis meses na capital capixaba, sem que o resto do país tenha se dando conta de tais abusos. Na ocasião, os estudantes reagiram à violência com uma bela e pacífica manifestação.

Há dois pontos em comum entre as manifestaçõess de Teresina e de Vitória:

Demonstram que, ao menos para parcelas da população, os sucessivos aumentos de preços, que vêm disparando desde o final do governo Lula e tornam a inflação não-oficial (mas real) incomensuravelmente maior do que a oficial, tornaram-se insuportáveis – e a um ponto tal que há disposição para correr riscos físicos na luta para evitá-los

Em ambos, a mídia corporativa dos dois estados faz vistas grossas à violência - chegando a omiti-la - e tanto apoia o aumento das passagens quanto procura legitimar a ação policial.

Por fim, há a São Paulo demotucana, onde a violência policial é tão rotineira quanto os congestionamentos e os altos índices de poluição do ar, e que, nesta semana, vem oferecendo tal triste espetáculo em dose dupla: na despropositada ação policial na USP (que propiciou mais uma evidência de racismo e despreparo da PM paulista) e na populista e agora oficialmente suspeita repressão à Cracolândia.

Repensar o modelo

Esses três graves episódios, em pontos diferentes do Brasil, evidenciam, uma vez mais, a necessidade de repensar o modelo de ação policial no país. As polícias militares que a ditadura legou à sociedade civil já deram mostras mais do que suficientes de que não combinam com uma moderna sociedade democrática, a qual o Brasil aspira ser.

É um fato que os policiais são mal pagos e mal treinados – e que se faz, com frequência, uso politico (e politiqueiro) das forças policiais. Mas tais constatações já não são suficientes para consubstanciar uma plataforma de mudanças sem que se altere o atual modelo, pois as PMs, por sua própria história e natureza corporativa, tem reincidindo no vício da truculência e do encobertamento. As pesquisas sobre a visão que a população tem das forças policiais corrobora que, aos olhos de quem deveria servir e proteger, é essa a denegrida imagem que a PM desfruta.

Não se pode ficar preso eternamente a esse paradigma. As reformas, para um dia o Brasil ter forças policiais que combinem efetividade no combate ao crime com imagem positiva com a população, estabelecendo uma relação baseada na confiança e no trato civilizado, têm de ser, necessariamente, profundas.

A democracia, paradoxalmente, ao requerer a manutenção da violência nas mãos do Estado, impinge que as forças policiais não sejam privatizadas (o que, de resto, não seria minimamente desejável) e continuem sob o comando das autoridades eleitas. Isso não impede, no entanto, a sua urgente desmilitarização e profissionalização

É preciso, o quanto antes, planejar e executar meios para promover a transição entre as polícias militares e uma nova corporação profissional não-militar e com uma formação profissional que inclua não apenas o necessário preparo para as situações de confronto, mas uma formação humanística que assegure um comportamento de acordo com os tratados de direitos humanos dos quais o país é signatário.

Trata-se de uma tarefa de décadas, mas que o Brasil precisará executar se pretende realmente um dia ser, de fato, uma democracia avançada.

A face do coporativísmo cucaracha ! - a grita de Marco Aurélio e o eco pelos R$ 856 milhões movimentados por juízes

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Com apoio em verificações do órgão de inteligência financeira do governo federal que atende pela sigla Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Eliana Calmon, soube de movimentações atípicas no valor de R$ 856 milhões,  no período de 2000 a 2010,  realizadas por magistrados e serventuários do Judiciário.
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Em 2008, dois integrantes da Justiça Militar de São Paulo e um do Tribunal de Justiça de São Paulo, movimentaram R$ 116,5 milhões.
Os fatos foram revelados na edição de hoje do jornal Folha de S.Paulo.  Sobre a Justiça Militar, até os vestibulandos em Direito sabem, apesar da previsão Constitucional, tratar-se de uma instituição com passado muito conhecido durante a ditadura  e nenhum futuro que justifique a necessidade de sua manutenção.
Nesta semana soube-se, por matéria assinada pelo jornalista e repórter especial  Frederico Vasconcelos, que um ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo era credor de R$ 1,5 milhão e o embolsou de uma só vez. Pior, tudo graças a um requerimento por ele feito na condição de desembargador e despachado, por ele próprio e favoravelmente, na condição de presidente do Tribunal.
Na história da Justiça paulista nunca se soube de um caso teratológico similar, em que o postulante-requerente e a autoridade-requerida eram a mesma pessoa. Nos mundos da deontologia (ética) e do  processo, quer administrativo quer jurisdicional, existe uma situação de impedimento inobservada no caso. Espera-se que tal decisão do ex-presidente Roberto Vallim Bellocchi não vire jurisprudência.
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Graças a uma liminar, concedida pelo ministro Ricardo Lewandowsky (foto acima), todas as apurações correcionais (fiscalizatórias) do CNJ na Justiça paulista estão proibidas. Lewandowsky é ministro  do Supremo Tribunal Federal (STF) e já integrou pela classe dos advogados pelo critério do quinto constitucional  o Tribunal de Justiça.
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Em maior espectro, o ministro Marco Aurélio Mello (foto acima), escolhido para o STF  por meio de nepotismo praticado pelo então presidente Fernando Collor de Mello, proibiu, por liminar dada no apagar das luzes do ano judiciário de 2011, as fiscalizações do CNJ em todo o  Judiciário.
As duas liminares foram obtidas pela Associação de Magistrados Brasileiros (AMB), que continua a contestar a legitimidade das ações do CNJ em geral e a determinação ao Coaf em particular.
De observar que o Coaf, órgão de inteligência financeira, tem, por lei em vigor desde 1998,  o dever de vigilância, assim como os bancos, e informar às autoridades movimentações financeiras fora do padrão. Portanto, operações suspeitas que precisam ser verificadas por órgão competente.  Exemplo: Alfonso Caruana, residente no Canadá e dado como maior traficante do mundo no final dos anos 90, informava às autoridades fiscais que recebia salário mínimo como empregado de uma empresa de lavagem de automóveis (car wash). O modesto e falso empregado, como levantado pelas autoridades financeiras do Canadá,  movimentava milhões nos bancos e era proprietário de mais de 10 gigantescos prédios de apartamentos e escritórios localizados em grandes centros urbanos canadenses. Só para lembrar, Alfonso sempre passava férias no Rio de Janeiro, na casa do tio Giuseppe Caruana (já falecido), condenado na Itália definitivamente por associação à Máfia.
Como a nossa Constituição adota o princípio fundamental de que todos são iguais perante a lei, ninguém está fora da vigilância do Coaf. E não há necessidade, ao contrário do entendimento corporativo do ministro Marco Aurélio, de autorização judicial para o Coaf vigiar juízes. Isto porque o Coaf não é órgão de investigação criminal. Ele só aponta movimentações atípicas, que podem ser lícitas (recebimento de herança ou prêmio de loteria) ou ilícitas (venda de sentenças e liminares).
O Coaf, pelo que se tem notícia,  examinou a movimentação financeira de 217 mil funcionários públicos judiciários, incluídos magistrados. Parêntese: juízes são funcionários públicos em sentido amplo e são funcionários do Poder Judiciário, em sentido estrito. Das verificações, o Coaf apontou para 3.400 casos de movimentação fora do padrão habitual. Em síntese, 3.400 servidores públicos que podem, por exemplo, ter ganhado na loteria, recebido heranças, verba de precatório desapropriatório ou vendido decisões, liminares ou de mérito. O ministro Paulo Medina, ex-presidente da AMB, foi afastado das funções, sem prejuízo de vencimentos e vantagens, por vender liminares. No caso, não foi o Coaf, mas o CNJ que apurou por conta própria.
Para Marco Aurélio, cabe às corregedorias estaduais e federais dos tribunais a exclusividade nas investigações, por força do princípio federativo.  Só que ele despreza o fato de o CNJ ter nascido em razão da impunidade consagrada nas corregedorias. Mais, o CNJ, pela Constituição, é órgão do Judiciário. Tem poder autônomo para investigar. No sistema federativo, admite-se órgão nacional  que se sobrepõe aos estaduais, mas Marco Aurélio ainda não percebeu.

Pano Rápido. Marco Aurélio, no curso de sua trajetória no STF, teve teses vencidas em questões constitucionais. Mais especificamente ficou vencido em 73% dos casos julgados pelo STF. A respeito da falta de poder correcional autônomo do CNJ, que representa a canhestra e socialmente prejudicial tese do ministro Marco Aurélio, espera-se, em proveito da democracia e da sociedade, que seja vencido mais uma vez.


Wálter Fanganiello Maierovitch
*MilitânciaViva

Opsss!,essa foi feia...!


O PSDB mentiu até para sua própria "militância", e acusou o ex-presidente Itamar Franco pela privataria da Vale.
http://www.diariodesorocaba.com.br/site2010/mgc/mgc/upload/noticia/1998-2871391-ITAMAR%20FRANCO%20SITE.jpg
O ex- presidente Itamar Franco (foto acima), deve esta sacudindo no túmulo, pois ele se opôs a esta privataria, com declarações públicas da época. Itamar é responsável pela privatização da CSN, mas não da Vale.  
A mentira se deu em texto do Instituto Teotônio Vilela (órgão de formação política do PSDB), para orientar a "militância" tucana a reagir ao livro "A Privataria Tucana".

Mas o texto é um desastre em mentiras e falsificações históricas, onde passa a impressão de que presidente tucano Fernando Henrique Cardoso tem vergonha de ter privatizado a Vale, e tenta jogar na conta de Itamar.
http://especiais.ig.com.br/zoom/wp-content/blogs.dir/7/files/fhc/fhc022.jpg
FHC - o maior privatarísta vivo do ocidente

http://www.itv.org.br/arquivos/upload/Brasil%20Real_90_privatizacao.pdf

Observe a picaretagem do texto. Nem o fato de citar o venda da Vale em 1997 (quando FHC já era presidente) atenua, pois joga a privatização da mineradora numa inventada "primeira fase" da qual a Vale faria parte no mesmo lote da CSN.

No texto envergonhado para enganar tucanos desavisados, FHC só entra na privataria das Teles.  
O leitor tucano teimoso deste texto poderia perguntar: Ahhh... mas então o governo Itamar já havia planejado a privataria da Vale, e apenas foi concluída no governo do FHC? Também não é verdade.

Só em junho de 1995, no governo FHC, a mineradora foi incluída na lista da privataria, conforme prova o decreto abaixo, assinado por FHC e Serra:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D1510.htm

  militanciaviva

MINISTRO DA DEFESA BRASILEIRO DIZ QUE POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO SERÁ REVISTA

http://www.clmais.com.br/public/noticias/01928_crop.jpg
O Brasil terá que repensar sua política de imigração devido aos impactos econômicos gerados pela entrada cada vez maior de estrangeiros irregulares no país, em busca de melhores condições de vida. A opinião é do ministro da Defesa, Celso Amorim, que por quase uma década foi ministro da Relações Exteriores, nos governos de Itamar Franco (1993-1995) e de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).
Amorim participou na manhã de hoje (13) de uma reunião com militares no Rio de Janeiro para se informar sobre as chuvas na região e falou sobre a recente imigração de haitianos para o Brasil.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRyigg2NAUuTBl8qyPirRrKyYGFgDxQnIss00WgxIehDlKcL560FqJXXtk1ml-phVj-G062poUfPalr_NG1opiA-cUrFORLvdho9vxxPLcqo83n4I-blWz0Fa5wrNfIHHFtqIyhyphenhypheneax_U/s1600/acre-sofre-com-invasao-de-imigrantes-do-haiti542x304_9614aicitonp16ig0ovo9st1rbq1qgn1tallo71.jpg
Milhares de haitianos tem entrado ilegalmente no Brasil através do Acre

“Não dá para se tornar a sexta economia do mundo impunemente. Normalmente, as pessoas saíam do Brasil. O Brasil ficou melhor agora. As pessoas querem entrar no Brasil. Naturalmente teremos que estudar como agir diante dessa nova situação. 
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Não são apenas haitianos, mas brasileiros que estão voltando. Temos que procurar exercitar o mesmo espírito humanitário que está presente [com as Forças de Paz] no Haiti, de uma maneira compatível com os nossos meios.”
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Amorim lembrou que a crise no Haiti é quase permanente e, no que diz respeito às Forças Armadas brasileiras, o trabalho que deve continuar é o de contribuir para melhorar a situação do Haiti e assim sanar o problema da imigração. O Brasil comanda a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), desde abril de 2004. Mais de 2,2 mil soldados brasileiros encontram-se no Haiti.
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“Precisamos atuar de maneira equilibrada para que as pessoas não venham a encontrar aqui situações até mais graves, seja porque são exploradas por coiotes ou porque encontram condições em que não podem ser adequadamente tratados”.
http://oglobo.globo.com/in/3630573-f88-1bc/FT500A/Haitianos.jpg
No Brasil, os haitianos estão concentrados nas cidades de Brasileia, no Acre, e Tabatinga, no Amazonas. Os governos estaduais têm reclamado do caos social provocado pela imigração nas cidades. 
http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/files/2012/01/haiti.jpg
O Conselho Nacional de Imigração, vinculado ao Ministério do Trabalho, aprovou ontem (12) a concessão de vistos de trabalho em caráter especial aos haitianos que pretendem entrar no Brasil. 

A regra vai restringir a emissão de vistos condicionados aos cidadãos haitianos ao máximo de 100 por mês, requeridos diretamente na Embaixada do Brasil no Haiti, na capital, Porto Príncipe.
http://assets2.exame.abril.com.br/assets/pictures/23060/size_590_colera-haiti-epidemia.jpg?1296221871
Os 4 mil haitianos que já estavam no país antes da publicação da resolução do Conselho serão regularizados. Desses, 1,6 mil receberam visto de residência humanitária concedido pelo Ministério do Trabalho. Os haitianos que chegarem ao país e não estiverem com o visto serão notificados a deixar o país. Caso não deixem, serão deportados. A resolução está publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União.

Da Agência Brasil 
*MilitânciaViva

França: AA. Portugal: Eheh.

do informação incorreta

Admito: era uma previsão simples. Mas estava certa. O novo alvo das agências de rating é a França.
Depois de várias de ameaças, a França perde a notação máxima, tal como Áustria, passando ambas para AA.
Ainda não foi, contudo, emitido qualquer comunicado por parte da agência de ratings americana.
A Reuters já tinha anunciado que a S&P estava a avançar com o corte dos ratings soberanos dos países da zona euro e dos dezassete apenas dois escapam.
Alemanha, Holanda e Luxemburgo foram poupados segundo a agência francesa.
Alemanha, Hollanda e Luxemburgo escaparam...esquisito, não é? São os mesmos Países que, segundo as previsões, poderiam fazer parte do mesmo bloco de Berlim caso a Zona Euro explodir.
Em Dezembro de 2011 a S&P colocou 15 países sob um outlook negativo (França e Alemanha estavam incluídos), e defendeu que o stress sistémico estava a aumentar à medida que as condições de crédito se tornavam mais difíceis entre os 17 da zona euro. Desde esse momento o Banco Central Europeu tentou conferir alguma liquidez à banca através de compra da compra de títulos a três anos.
Nessa altura a agência de rating afirmou que iria inclusivamente, descer o ratings do Fundo de Estabilidade económica e financeira (FEEF).
Portugal está entre os 15 países colocados sob perspectiva negativa pela S&P. Foi considerado lixo pela Moody’s em Julho e pela Fitch no passado em Novembro. Até agora apenas a S&P mantém o rating de Portugal na escala BBB.
Pois, Portugal...Portugal está melhor e aqui vai o sinal que aponta para esta direcção: o ex-ministro Eduardo Catroga será recompensado por ter participado nas negociações com a troika com um salário anual de 639 mil Euros, mais ou menos 45 mil Euros por mês.

É uma boa notícia: só um País rico e fora da crise pode pagar os próprios dependentes 100 vezes o salário mínimo nacional.

Cá está, a retoma.
É tempo de festejar.


Ipse dixit.

Deleite 12 minutos impecables Galeano

sábado, janeiro 14, 2012

‘Impacto ambiental de Belo Monte foi ferozmente reduzido’

ESPECIAL
Pós-doutora em energia, a economista e professora da USP Virginia Parente critica a atuação de ambientalistas internacionais focada na preservação da Amazônia e conivente com o crescente uso do petróleo do mundo

A economista Virginia Parente, ex-executiva do mercado financeiro, defende a criação de um Copom energético

Por Josette Goulart | VALOR

De São Paulo
Em um ramo dominado pelas mais diferentes áreas da engenharia, a pós-doutora em energia, Virginia Parente, faz parte de uma minoria de economistas especializados e com atuação no setor. Aos 51 anos, a professora do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo ocupa hoje uma das duas cadeiras reservadas a conselheiros independentes da Eletrobras. Em sua primeira entrevista como membro do conselho, Virginia faz a defesa da usina hidrelétrica de Belo Monte e do uso da Amazônia para gerar energia. Ela critica a atuação de ambientalistas internacionais focada na preservação da Amazônia, mas conivente com o crescente uso do petróleo do mundo. Defende a criação de um comitê com status de Copom (Comitê de Política Monetária) para definir aproveitamentos hidrelétricos e de transmissão, para que licenciamentos ambientais sejam uma questão de governo. A conselheira revela que não existe preconceito na Eletrobras em relação a uma possível privatização das distribuidoras da empresa e defende a atual administração que, segundo ela, está preocupada em dar retorno econômico a seus acionistas. Veja a seguir os principais trechos da entrevista.
Valor: A conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável deste ano acontece no Rio e vai discutir basicamente a competitividade da energia renovável. O Brasil tem hoje essa energia sustentável para todos?
Virginia Parente: Nós devíamos ter muito orgulho de nossa matriz energética porque, comparada com a do mundo, nossa geração é muito melhor. Proporcionalmente temos muito mais energia vinda de fontes renováveis – hidreletricidade, biomassa, eólica – e há um esforço grande de universalização dos serviços de energia. Então eu creio que nós temos uma posição privilegiada e podemos vender os produtos ‘made in Brazil’ com esse selo, que o mundo tanto aprecia. Não quero dizer com isso que as fontes renováveis não tenham externalidades negativas, que é a expressão econômica, não tenham impactos na natureza, no ambiente ou mesmo impactos sociais relevantes, mas são muito menores do que outras fontes de energia.
Licença ambiental de hidrelétricas e de linhas de transmissão deveria ser tratada como os juros do Copom
Valor: Ambientalmente a questão da hidreletricidade é bastante controversa, basta ver os protestos em torno de usinas como a de Belo Monte. Grandes hidrelétricas são ambientalmente justificáveis?
Virginia: A hidreletricidade é mundialmente mais justificável do que energia gerada com qualquer combustível fóssil. Falo principalmente de óleos pesados, do próprio carvão, porque o efeito estufa é realidade e a energia é uma das principais fontes desse efeito. Se você tem energia ou algumas fontes que não causam efeito estufa e entre elas, a hidreletricidade, é claro que pula na linha de prioridade e fica na frente de outras. E mais uma vez com isso eu não quero dizer que ela não tenha problemas, porque tem. As novas renováveis, e estamos falando de eólica, biomassa moderna e energia solar, estão no varejo e não chegam a 3% da matriz mundial de oferta de energia. Então não se pode esperar resolver o problema de um mundo que está crescendo apenas com as novas renováveis. O Brasil consegue gerar mais de 90% de sua energia com renovável e desse total 98% é hidrelétrica, então não dá para se ter o sonho de uma noite de verão achando que se vai substituir isso num passe de mágica.
Valor: Isso significa que Belo Monte é um mal necessário?
Virginia: Belo Monte tem características boas e, como qualquer hidrelétrica de grande porte, ressalvas. Não tenho dúvidas de que o Brasil precisa de projetos estruturantes e de grande porte do ponto de vista energético. Não chamaria nem de mal necessário, pois Belo Monte está sendo atacada de vários lados, pelos que não gostam e os que gostam de hidreletricidade. Os que gostam porque acreditam que com as concessões ambientais feitas vai se gerar pouca energia. Mas não é pouca, são 4.500 MW de energia firme. Se pensar em Santo Antonio e Jirau, nenhum dos dois projetos chega a 4.000 MW.
Valor: As Organizações Não-Governamentais (ONGs), boa parte delas internacionais, criticam Belo Monte pelo fato de estar localizada em meio a Floresta Amazônica. É preciso explorar a Amazônia?
Virginia: O meu olhar sobre a Amazônia é a de que ela não é intocável. O cuidado é que tem que ser irretocável. O que significa que não se pode fazer um aproveitamento na Amazônia só do ponto de vista econômico, ou seja, pegar um rio ou um pequeno bioma e destruir. Colocar dez hidrelétricas em uma mesma região. Um estudo do WWF mostra que os rios funcionam como veias que drenam toda a floresta e se cortamos todas as veias, a região apodrece. Então não se pode usar a lógica apenas econômica. Mas a Amazônia não pode ser intocável do ponto de vista hidrelétrico.
Valor: O governo federal, entretanto, tem extrema preocupação com a modicidade tarifária.
Virginia: Se formos racionalizar, a prioridade de todo governo é a oferta de energia. Porque, se falta energia, é muito sofrimento. As empresas demitem, dão férias coletivas, a economia encolhe e as pessoas vão se formando e não conseguem emprego. A segunda prioridade é que é a modicidade tarifária. Por várias razões, mas principalmente por sermos um país eletro e energo-intensivo. Então parte importante do PIB é gerada com produtos nos quais a energia é um custo relevante. Além disso, a renda per capita do brasileiro não está entre as mais elevadas do mundo, o que significa que não dá para pagar contas elevadas de energia. Logo, a modicidade tarifária é uma meta importante pelo ponto de vista industrial e também do bem estar das famílias. Mas a questão da natureza se sobrepõe à modicidade tarifária. Os leilões de energia são feitos para perguntar quem faz da maneira mais econômica e competitiva um empreendimento, em uma região, onde um estudo prévio já foi feito e essa região já foi liberada.
Valor: Nos leilões de obras estruturantes, a participação da Eletrobras se tornou fator determinante de preço. A senhora concorda com esse papel assumido pela estatal?
Virginia: Existe um discurso que diz que sem a Eletrobras sobraria mais espaço para a iniciativa privada. Entretanto, eu vejo vantagens nesse mix de participações público e privadas. Quando a Eletrobras participa dos leilões o preço final costuma de fato ser mais baixo porque há ganhos dos dois lados. A empresa privada se sente confortável porque se tiver problemas na frente vai ter um parceiro cujo maior sócio é o governo brasileiro, e que de alguma forma vai estar do seu lado para explicar as contendas. A percepção de risco acaba sendo menor. Já para a Eletrobras é bacana ter um parceiro privado porque dá uma disciplina de custos mais fortes. O que se verificou no Brasil, historicamente, é que quando a Eletrobras não participa do leilão os preços são mais altos, então quem se apropria desses preços não é a população e sim o empreendedor. É uma combinação interessante. Os projetos são exaustivamente discutidos nas várias instâncias da Eletrobras e também no próprio conselho de administração do qual eu faço parte.
Não há preconceito em privatizar empresas distribuidoras, mas no momento a orientação é torná-las eficientes
Valor: No caso de Belo Monte, e até das usinas do Madeira, números como o retorno do investimento não chegaram ao conhecimento dos acionistas, mesmo depois de todos os contratos de fornecimento fechados. Não falta transparência?
Virginia: É possível que essa seja uma área que precisemos apertar mais, para que a comunicação melhore. Não é fácil comandar uma empresa que tem tantas pautas e o governo como um dos principais acionistas. É preciso satisfazer gregos e troianos e não perder eficiência. E controlar para que custos não fujam ao que foi planejado. E em uma empresa como a Eletrobras, com tradição maior em engenharia do que em economia, esse é um grande desafio. Eu pedi muitas explicações, como conselheira, da participação da Eletrobras em Belo Monte e essas informações me foram dadas. E pedi um olhar multidisciplinar: sociológico, de assistência social, de indenização justa, de minimização de impactos, de prioridade (precisamos começar mesmo por esse projeto?). Fiz um ‘check list’ de coisas que gostaria de saber para ser convencida, antes de dar um parecer favorável. E eu fui convencida.
Valor: Que argumentos foram mais fortes para lhe convencer?
Virginia: Sobretudo o de que não vai se fazer uma usina usurária. Você tem 11 mil MW instalados para aproveitar um terço disso justamente porque se abre mão de muitos impactos ambientais, que foram reduzidos. Foram extremamente reduzidos. Ferozmente reduzidos. A ponto de ter sido questionado, tecnicamente, se valia à pena construí-la. Vale, porque o Brasil precisa de quantidades expressivas de energia. O Brasil tem uma legislação ambiental das mais rigorosas do mundo, então aprovar milhares de projetos em picadinho é muito complicado. E com Belo Monte se tem, em uma tacada, quantidade de energia que dá segurança energética ao sistema. Uma Pequena Central Hidrelétrica, por exemplo, vai até no máximo 50 MW. Precisaríamos de 300 PCHs para equivaler a uma Belo Monte. Imagina aprovar 300 projetos, encontrar 300 rios aproveitáveis, fazer com que 300 pequenas obras ficassem prontas ao mesmo tempo. E sem contar que elas custariam duas ou três vezes por unidade de energia o preço do megawatt da grande hidrelétrica.
Valor: Esse pensamento vale para a eólica?
Virginia: A eólica tem uma questão mais grave em relação à intermitência e falta de um histórico maior de medição de vento. Não se tem ainda certeza do fluxo de energia. E mesmo que se tenha, a eólica exige um ‘back up’. Para preservar água no reservatório, por exemplo. Onde vai estocar a energia eólica? Bateria é impensável. Não existe essa tecnologia. A água é a forma de estocar logo, ainda precisamos desse mix de energia, que reduz riscos de abastecimento. Mas é fato que nossa eólica está se comportando quase como uma energia de atacado. Começou com pequenas fazendas e agora elas estão tão grandes que quase são comparadas a hidrelétricas de médio porte. Aí surge outra questão que é como equacionar essa energia que vai entrar nos sistemas de transmissão. Esse é o novo desafio da energia eólica. Estamos falando de parques que vão produzir 250 MW, 100 MW de uma vez. São quantidade expressivas e têm impacto na rede de transmissão. E não temos tradição de transmitir energia eólica nesse montante. Nem o mundo tem.
Valor: Isso pode trazer algum tipo de instabilidade para o sistema?
Virginia: Não. Isso traz desafios de como equacionar o comportamento da eólica, que antes era de varejo.
Valor: A cada mês as atas das reuniões do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) apontam para um percentual maior de linhas de transmissão atrasadas. A explicação cai, invariavelmente, em problemas de licenciamento ambiental. É esse, de fato, o único problema?
Virginia: Eu acho que o maior problema é de fato esse e eu gostaria que essa questão de licenciamento ambiental no Brasil fosse tratada como os juros do Copom [Comitê de Política Monetária]. Ninguém questiona judicialmente quando o Copom se reúne e estabelece juros, pois existe um respeito e um entendimento de que o melhor esforço foi feito e que aquele nível de juros é o necessário para que se tenha uma estabilização. Quando se define um projeto de energia não existe essa governança, esse consenso, esse respeito. Não existe esse fórum privilegiado. Não existe um Copom com a mesma força na área de energia. Então é necessário que se consiga transformar o Comitê de Política Energética em um Copom, capaz de decidir pelo menos pior. Toda vez que se sobe juros tem um lado positivo e um lado negativo. Os juros são elevados para controlar a inflação, para desacelerar a economia. Mas tem o lado ruim de desacelerar. Sempre tem o lado ruim. Mesmo quando se define leiloar um aproveitamento elétrico para um parque eólico, os efeitos negativos ambientais existem. Os aproveitamentos deveriam ser concedidos e determinados por um Comitê reconhecido, pelo governo que os brasileiros votaram. Precisaríamos ter uma orquestração na área de energia e de meio ambiente – que agora se tornou mais fácil pelas pessoas que estão nesses cargos e que têm um entendimento pessoal maior. Poderia depender menos das pessoas e de um arranjo institucional mais robusto. É claro que devemos ter discussão ampla para licenciamento, questionamentos. Mas os atrasos são complicados. Os bancos não deixam de subir juros por causa de liminares, mas os projetos de energia deixam de ser feitos porque entram uma enxurrada de liminares depois de a licença ter sido aprovada. Tivemos anos de ‘default’ termelétrico no Brasil. Foram tantas liminares que o governo se viu acuado, “vai faltar energia”, então construiu térmicas até que se resolvesse isso. E fizemos térmicas mais caras, mais poluentes.
Valor: E poucos protestaram…
Virginia: O mundo acadêmico protestou. Mas é impressionante ver os ambientalistas se preocupando com a Amazônia e não com o pré-sal, por exemplo, que está aí a quilômetros de profundidade no mar. Se acidentes acontecem no Golfo do México por que não se tem a mesma metralhadora tão possante como a que foi usada contra Belo Monte? Tem uma coisa de ideologia internacional em que se tem aceitação de petróleo muito mais forte do que hidreletricidade, o que é uma desinformação muito grande do meu ponto de vista.
Valor: Mas o fato é que 76% dos projetos de transmissão estão atrasados. Isso pode eventualmente significar um desabastecimento?
Virginia: Claro que atrasos preocupam. Mas as linhas atuais são robustas para suportar os próximos anos de crescimento. E em infraestrutura se trabalha com folga. Ainda com atrasos, não acho que vá ocorrer desabastecimento. Pode acontecer de projetos que contavam em antecipar seus fluxos de caixa serem impactados. Um projeto hidrelétrico que ficou pronto seis meses antes, e a linha não acompanhou, o empreendedor não vai ter esse ‘upside’ do investimento. E isso pode prejudicar a rentabilidade do projeto e ser contabilizado como risco em projetos futuros, exigindo preços mais elevados, o que prejudica a modicidade tarifária. Não vejo risco de abastecimento, mas potencial encarecimento de projetos futuros.
Valor: No Estado de Goiás existe um problema sério, apontado pelo próprio CMSE, de que algumas linhas vão atrasar a entrega da energia para algumas empresas.
Virginia: Certamente é possível ter problemas pontuais. Mas no cômputo do Brasil como um todo não vejo problema grave porque tínhamos um PIB programado para crescer 4% ou 5% ao ano, e que não vai se concretizar. Quando o PIB baixa para 3,5%, se tem uma sobra de capacidade muito grande. Sobra de linhas de transmissão também. Eventualmente em uma região ou outra é possível que aconteça algum gargalo, mas se olhar de maneira macro, a desaceleração mundial se reflete aqui e acaba dando uma folga grande.
Valor: Ainda falando de Goiás, recentemente a Eletrobras divulgou que vai ser sócia da Celg, distribuidora de energia do Estado. A estatal tem capacidade de absorver a Celg, visto que ela tem seis distribuidoras sob sua administração há mais de uma década e até agora não as tornou eficientes?
Virginia: A situação da Celg é completamente diferente da situação das outras distribuidoras que a Eletrobras tem gerenciado. A Celg está em região muito boa e proporcionalmente tem baixa inadimplência. Tem qualidade boa de recebíveis futuros. Ela deve tributos, encargos e etc, e por isso não tem direito a reajustar a tarifa, o que a torna deficitária. Mas é um problema administrativo que eu diria que não é crônico, é um problema sanável. A Celg tem potencial de recuperação muito grande e é uma forma para a Eletrobras reaver os recebimentos atrasados que tem lá. Essa operação foi exaustivamente discutida no conselho e todos chegamos à conclusão de que seria uma operação importante e interessante de ser feita. A questão das outras distribuidoras é um ponto que sempre revisitamos e queremos que elas se tornem mais eficientes, mas é uma situação mais complexa e de solução de mais longo prazo.
Valor: A privatização seria uma boa saída para as seis distribuidoras federalizadas?
Virginia: Eu não posso me manifestar em relação a isso porque o que eu penso vai se confundir com o que o conselho ou a Eletrobras pensam. Não sei nem como posso abordar esse ponto, acho que nem poderia responder a pergunta. O que eu diria, sem dúvida de estar falando a verdade, é que não há preconceito com a privatização e que isso é sempre questionado por um ou outro gestor. Sempre se volta a pensar sobre esse assunto. Será que não vale à pena? Mas por enquanto a orientação é: vamos tentar mais um pouco e fazer o melhor. Vamos continuar tentando transformar essas empresas para que deem retorno. E começa com a redução da inadimplência desses locais, que é altíssima. Mas não há preconceito, isso posso lhe garantir, quanto a privatizar ou não.
Valor: A Eletrobras é uma boa ação para seus acionistas?
Virginia: Ela tem retorno contábil, mas ainda não tem retorno econômico atraente. Mas está no caminho mais acelerado para isso, atualmente, porque o presidente José da Costa é preocupado com a eficiência econômica e não só com qualidade técnica. Pequenas melhoras podem dar um resultado muito grande. As ações estão defasadas em relação ao potencial.
*Luis Favre